14 de novembro de 2021

Confira os principais temas que podem cair na prova de Ciências Humanas do Enem

 

O ideal é dedicar até três minutos para cada questão durante o Exame. (FOTO/ Shutterstock).

Marcada para o primeiro dia de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 21 de novembro, a prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias contempla as disciplinas de história, geografia, sociologia e filosofia, divididas em 45 questões. Para muito além de apenas decorar conceitos ou datas, é importante que os estudantes deem total atenção ao que está sendo demandado em cada questão, para evitar erros e a perda de tempo. 

De acordo com Thiago Cavalcanti, professor de história, o ideal para a reta final de estudos é focar na resolução de questões e administrar bem o tempo. Assim, o ideal seria dedicar três minutos para cada questão. Outra dica é não achar que uma pergunta fácil é uma pegadinha e perder tempo em busca de uma resposta alternativa. Logo após marcar, o correto é seguir adiante nas resoluções. 

Em relação aos temas que podem surgir na prova de história, Thiago reforça que o Enem não trabalha com uma cronologia. Ou seja, não necessariamente as questões sobre o Brasil Império serão seguidas pelo período da República, por exemplo. 

O professor destaca que existem três elementos das questões que os alunos precisam se atentar. “O primeiro deles é o texto, que vai trazer os elementos importantes para que ele entenda a questão. O segundo é o comando, que vai dizer o que ele precisa extrair do texto. E o terceiro são as alternativas que seriam complementos corretos a esse comando.”

A seguir, professores destacam as principais cobranças de cada matéria. 

HISTÓRIA

Grécia

Idade Média

Contato entre europeus e nativos, guerras, alianças, assimilação e resistência

Mudanças no mundo do trabalho, crescimento do pensamento liberal.

Revoluções burguesas

O século XIX, imperialismo, etnocentrismo, eugenia

Revolução Industrial

Brasil Colônia, Império e República 

Período entre guerras de 1914 a 1945

Guerra Fria e descolonização.

Segundo o professor Thiago Cavalcanti, existe o mito de que a Era Vargas e o período da Ditadura Militar não são cobrados no Enem por estarem ausentes nas duas últimas edições regulares, mas alerta que o regime militar caiu na edição digital e no Enem PPL, voltado para a população privada de liberdade, de 2020. Logo, o estudante precisa estar preparado para todos os contextos.

GEOGRAFIA

Geografia Agrária

Meio Ambiente

Globalização

Urbanização e questões ligadas à chamada Geografia Física (clima, relevo, vegetação e hidrografia).

O caderno de Humanas vem dando uma grande importância à Geografia nos últimos exames, sendo a disciplina mais cobrada. O entendimento das relações entre o meio social e o meio natural e suas consequências é o eixo norteador das questões. Além disso, a Geografia também é fundamental para o repertório utilizado na elaboração da redação do Enem”, explica Gildezio Santana, professor de Geografia e Atualidades. 

Para a edição deste ano, um tema que pode surgir é a geopolítica do Oriente Médio, em decorrência dos 30 anos da Guerra do Golfo, 20 anos do 11 de setembro e 10 anos da Primavera Árabe. 

SOCIOLOGIA

Cultura

Instituições Sociais

Transformações técnicas e tecnológicas

Cidadania, Democracia e Movimentos Sociais

A sociologia tem a possibilidade de ‘passear’ por todas as seis competências das Ciências Humanas do Enem e por praticamente todas as 30 habilidades propostas com muita facilidade. Tem se tornado fundamental pela possibilidade avaliativa e crítica que são exigidas na prova”, comenta Alexandre Neto, professor de Humanas.

 O professor explica que a cultura brasileira é o alicerce da prova. Assim, aspectos como resgate da memória, patrimônio, produção, aspectos comparativos, nascimentos de expressões culturais e outros assuntos referentes à cultura são comuns na prova do Enem. “Lembrar que a prova tem caráter social humanitário, que a condição humana amplamente defendida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e seguida pela constituição Brasileira em seu Art. 05 são bases para toda a prova do Enem.”

FILOSOFIA

Ética e Justiça

Filosofia antiga grega clássica

Idade Moderna

Sobre a avaliação deste ano, o professor Ítalo Gomes recomenda observar autores contemporâneos como Zizek e Byung-Chul Han. Além disso, é importante elaborar mapas mentais ou tabelas com os pensamentos dos clássicos gregos, de Kant, Descartes e Maquiavel, que sempre estão presentes. 

O professor ressalta que as questões de filosofia não são interpretativas, ou seja, as respostas não estão dentro do texto base e é preciso conhecer o discurso dos autores. “Você tem que, a partir do pensamento filósofo, chegar a uma conclusão por alguma proposta dependendo da habilidade da questão para resolução dela. Então, é muito importante que o aluno tenha o conhecimento não só do conteúdo, mas também que saiba o comando da questão, ou seja, que entenda o que a questão quer.

USE A NOTA DO ENEM

A Unifor preparou um ambiente especial para os alunos tirarem as principais dúvidas sobre o Enem. Por meio de cadastro no portal oficial do Vem Enem, os estudantes podem conferir apostilas, vídeos de professores, simulados e outros conteúdos para potencializar os resultados na prova, tudo de forma gratuita.

Inclusive, o ingresso dos alunos na Unifor pode ser realizado com a nota obtida no Enem, o que facilita o acesso dos estudantes.

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Com informações do Diário do Nordeste.

Com inflação já em alta, conta de luz pode ficar até 21% mais cara em 2022

 

Segundo o IPCA-IBGE, gasto com energia residencial subiu 30% em 12 meses. (FOTO/ Reprodução).

A energia elétrica, um dos itens que alimenta a alta a inflação, vai provocar um severo reajuste na conta de luz no ano que vem. Na semana que passou, o IBGE informou que o IPCA de outubro (1,25%) foi o maior para o mês em quase 20 anos. O índice oficial da inflação no país já soma 10,67% em 12 meses.

De acordo com a área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o reajuste tarifário médio em 2022 deve ser de 21,04%, para cobrir o “rombo” da crise deste ano. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo e posteriormente confirmadas por outros veículos. Segundo nota da Aneel, essas informações “correspondem a estimativas preliminares baseadas em cenários hipotéticos que ainda não consideram as medidas de atenuação tarifárias que serão implementadas em 2022”.

Coma crise hídrica no país, o governo acionou as usinas termelétricas, mais onerosas. Ainda assim, mesmo com a aplicação da bandeira de escassez hídrica nas contas pagas pelo consumidor, a agência fala em déficit de arrecadação. Há ainda um gasto relativo a compra emergencial de energia de reserva.

O Ministério de Minas e Energia deve apoiar novo empréstimo às distribuidoras para cobrir custos extras com geração de energia. Isso para evitar que o custo seja integralmente repassado à conta de luz dos consumidores em 2022 – que é um ano eleitoral.

Segundo os dados do IPCA-IBGE, a energia elétrica residencial subiu 19,13% no ano e 30,27% nos últimos 12 meses. Perde para a gasolina, com 38,29% e 42,72%, respectivamente.

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Com informações da RBA.

13 de novembro de 2021

Agora é Lei! Estatuto da Equidade Racial garante direitos à população negra do Pará

 

(FOTO/ Reprodução/ Brasil Escola).

De autoria do deputado Bordalo (PT), foi publicada nesta sexta-feira (12) no Diário Oficial do Estado do Pará e sancionada pelo Governador do Estado Helder Barbalho a Lei nº 9.341 que institui o Estatuto da Equidade Racial no Pará e se estabelece como o primeiro Estatuto Estadual da região Norte, um marco histórico para a legislação paraense.

Na semana que antecede a celebração do  Dia Nacional da Consciência Negra, a Lei nº 9.341 objetiva garantir à comunidade negra do Pará a abertura de oportunidades, a defesa dos direitos raciais individuais e difusos, ou seja, que atende a população negra em sua coletividade. A proposição abrange um conjunto de regras e princípios jurídicos que visam coibir a discriminação racial.

Esses princípios abrangem direitos fundamentais como saúde, educação, trabalho, acesso à terra e à moradia, cultura, esporte e lazer, além de assegurar que a herança e participação da população negra estejam presentes nas produções veiculadas nos órgãos de comunicação do Estado.

Uma das diretrizes da Lei são os programas de ação afirmativa que vão se constituir em políticas públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sócio-raciais e de gênero e demais práticas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do Estado do Pará e do País.

Para o autor da lei, deputado Bordalo, o Estatuto da Igualdade Racial, que passou a ser denominada de Estatuto da Equidade Racial, altera o padrão civilizatório do país, deixando para trás o padrão trazido pelo escravismo, pela opressão de raça, o preconceito e a forma não-igualitária como as pessoas negras são tratadas na nossa sociedade.

“O Pará tem que ser uma terra de direitos, uma terra de oportunidades, uma terra onde todos e todas, independente de raça, credo, orientação sexual possam ser felizes parabenizo o movimento negro do Pará, em particular o Cedenpa por esta vitória. É uma vitória da sociedade paraense e que iniciemos a partir daqui uma nova etapa, uma etapa de progresso civilizatório transformando o Pará numa terra de direitos assegurados e de reconhecimento aos negros e as negras do Pará”, declara o parlamentar.

ESTATUTO

O Brasil já possui um Estatuto de Igualdade Racial, determinado pela Lei Nº 12.288/2010, que em 2020 completou uma década, contudo até hoje o Pará não possui políticas específicas voltadas à população negra, como afirma Amador.

O Estatuto da Igualdade Racial adota os princípios da Lei Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que cria o Estatuto de Igualdade Racial e que em 2020 completou uma década. A proposição trata de questões específicas do Estado como, por exemplo, alterações das leis estaduais n° 5.810, de 24 de janeiro de 1994, nº 6.941, de 17 de janeiro de 2007.

A sua construção foi feita a partir da realidade e especificidades do Pará, resultado de debates e análises coletivas entre o mandato do Deputado Bordalo e o movimento negro do Pará. A primeira reunião ocorreu em março de 2020, na sede da Assembleia Legislativa, onde foi montado um Grupo de Trabalho que debateu sobre a construção do PL a partir daí inúmeras reuniões foram realizadas. Com a pandemia, reuniões virtuais. No dia 15 de março o projeto foi protocolado à mesa diretora da Alepa e desde lá o Deputado Bordalo trabalhou para que a proposição fosse aprovada como Lei.

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Com informações do site do Dep. Bordalo.

11 de novembro de 2021

Gilberto Gil é eleito para Academia Brasileira de Letras

 

(FOTO/ Reprodução).

Na tarde desta quinta-feira (11), o músico baiano Gilberto Gil, de 79 anos, foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Gil teve 21 votos, enquanto o poeta Salgado Maranhão teve 7 votos e o autor e crítico literário Ricardo Daunt não foi votado.

A vaga ficou disponível após o falecimento do acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, em maio do ano passado. A cadeira 20 tem como patrono o médico e jornalista Joaquim Manuel de Macedo e já pertenceu a um dos fundadores da ABL, Salvador de Mendonça. Também foram ocupantes da cadeira Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.

Gilberto Gil é cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical. No currículo, o artista tem dois prêmios Grammy Awards, nos anos de 1998 e 2005. Ele também ganhou duas vezes o Grammy Latino, em 2001 e em 2002. Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela Unesco. O novo imortal tem uma extensa discografia com mais de 50 álbuns.

Mudanças na ABL

Na semana passada, a Atriz Fernanda Montenegro foi eleita à cadeira 17, sendo a única candidata à vaga. Na ocasião, a atriz de 92 anos recebeu 32 votos. Fernanda se tornou a primeira atriz a receber o título.

Faltam mulheres negras

A Academia Brasileira de Letras ainda não elegeu nenhuma mulher negra. Em 2018, a ABL elegeu Cacá Diegues para a cadeira número 7 para vai substituir o cineasta Nelson Pereira do Santos. Na ocasião, ele derrotou outros dez candidatos, entre eles Conceição Evaristo, a escritora, de 71 anos, que tem seis livros publicados e já venceu o Jabuti, o mais tradicional prêmio da literatura brasileira.

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Com informações do Notícia Preta.

Câmara de Altaneira aprova feriado para o dia Nacional da Consciência Negra

 

Câmara de Altaneira aprova feriado para o dia Nacional da Consciência Negra.
Zumbi e Dandara Palmares são símbolos da luta contra o racismo e a exploração.
(FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

A Câmara de Altaneira aprovou nesta quarta-feira (10) o Projeto de Lei 026/2021 que institui feriado no município no dia 20 de novembro, data em que simboliza todo um histórico de luta e de resistência da população negra que por mais de três séculos foi escravizada. Marca também a morte de um dos principais líderes e defensores da comunidade negra, o Zumbi dos Palmares.

Apresentado pelo vereador e presidente da casa, Deza Soares (PT), o PL destaca que a data ainda que incluída no calendário escolar, não é efetivamente cumprida mesmo depois de 18 anos e não é feriado em todos os municípios. Levantamento feito pelo Blog Negro Nicolau dão conta de que pouco mais de mil municípios decretaram o dia como feriado e apenas cinco estados instituíram o feriado legalmente.

Na justificativa, ele afirmou que esta propositura contribui para que o grupo que representa mais de 56% da população, possa se sentir contemplado, além de demonstrar que Altaneira, por meio deste parlamento, está acenando positivamente para reconhecer a importância da negritude na formação do país.

Tornar o dia em que se relembra toda uma história de resistência e de luta da população negra do país, é uma das 11 (onze) propostas do Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade apresentado pelo professor e fundador deste Blog, Nicolau Neto, junto aos poderes executivo e legislativo no mês de maio do ano em curso.

Com a aprovação que ocorreu por unanimidade, Altaneira se torna o primeiro município do Ceará a instituir o 20 de novembro como feriado e entra para a seleta lista que conta com pouco mais de 1.000 que já fizeram o mesmo. Altaneira é também o primeiro do Ceará que conta com um Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.

A propositura segue agora para a sanção do poder executivo municipal.

Clique aqui e confira o Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.

9 de novembro de 2021

A potência do Povo Negro

 

O Enem 2021 é considerado o mais branco da história. (Foto/Pexels).

O Brasil passa por uma das maiores crises de sua história. A falta de emprego, a volta da fome e um número absurdo de alunos fora da escola são alguns exemplos das mazelas que estamos enfrentando. E nós, jovens negros, estamos sendo atingidos diretamente com o descaso deste governo.

Já em 2020, o IBGE divulgou dados de 2019 mostrando que, dos 10 milhões de jovens brasileiros entre 14 e 29 anos de idade que deixaram de frequentar a escola sem ter completado a educação básica, 71,7% são pretos ou pardos. E isso não são só números! Em minhas “andanças” pelas escolas públicas do Brasil, conheço tantos jovens negros potentes que deixam a escola para trabalhar e ajudar a renda da família… Quando vejo e escuto isso, mesmo com todo um trabalho de resgate que tento fazer, penso no futuro do Brasil…

Penso neste futuro que estará perdendo essas potências. Lembro que, assim como eu, que quero ser a primeira da minha família a cursar uma Universidade, existem tantos outros jovens negros que também desejam realizar este sonho. Mas me revolto em saber e ver que existe um enorme descaso do Governo Bolsonaro com as políticas públicas que dificultam a entrada de tantos na faculdade. E isso não é achismo meu. Temos prova, o Enem de 2021 é o mais branco e elitista desde 2009, de acordo com dados do levantamento feito pelo Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior).

O resultado da política de extermínio de Bolsonaro será sentida. Daqui a quatro, cinco, seis anos, não teremos grande parte da juventude negra se formando. Perde o Brasil, perde a economia, perdemos todos. Por isso, é imprescindível que lutemos agora, com toda força que temos, contra o desmonte nas escolas, contra a evasão escolar, contra a fome.

Neste novembro negro, assim como os demais meses do ano, vamos mostrar a nossa força para resgatar o nosso povo fora da escola. Vamos participar de campanhas, nos posicionarmos politicamente e mostrarmos que somos potência! Ninguém tira o Trono de Estudar!

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Por Rozana Barroso*, originalmente no Notícia Preta.

*Tem 22 anos, natural de Campo dos Goytacazes (RJ), é estudante de cursinho pré-vestibular popular, ativista da Educação e presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)

Secretário de Cultura do Estado participará de ato de entrega do projeto Urbanístico e Paisagístico na Comunidade do Gesso

Comunidade do Gesso, em Crato-CE. (FOTO/ Reprodução/ Whatsapp).

O projeto contemplou a construção de escadarias, corrimões, calçadas, canteiros, espaços de convivência, oratórios e revitalização de terreiros culturais. O trabalho envolveu mão de obra da própria comunidade. De acordo com os integrantes do Coletivo Camaradas, essa ação visa ocupar criativamente a cidade e ao mesmo atrair para localidade ações artísticas, culturais e bem-estar social.         

O projeto também está servindo para consolidar o Sítio Urbano do Gesso, experiência reconhecida por lei municipal, que compreender as margens da linha férrea, no percurso da comunidade. O Sitio Urbano é um exemplo de agricultura urbana que envolve participação comunitária, cuidado coletivo e gestão pública.  

Além da intervenção urbanística e paisagística, o projeto beneficiou cerca de 16 organizações que atuam no Território Criativo do Gesso.

O secretário de Cultura Estado do Ceará, Fabiano Piúba foi um dos articuladores nacionais pela aprovação da Lei Aldir Blanc que contribuiu para reduzir os impactos na economia da cultura no período pandêmico.  

Deverão participar do ato, outros representantes da Secretaria de Cultura do Estado, representantes de pontos de cultura, coletivos, associações comunitárias, universidades, gestores municipais e mestres da cultura popular.

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Texto encaminhado ao Blog por Francisco Nascimento.

8 de novembro de 2021

Enem 2021: Governo Bolsonaro recomeça a temporada de sacanear estudantes

 

Jair Bolsonaro e o ministro Milton Ribeiro. (FOTO/ Reprodução/ Facebook/ Jair Bolsonaro)

Fazer Enem é uma longa corrida de obstáculos, ainda mais quando você é pobre. O governo Jair Bolsonaro, ao invés de ajudar a suavizar o caminho dos estudantes, coloca areia movediça, lagos com jacarés, canhões de raio laser e cercas eletrificadas no meio.

Como a nota do Exame Nacional do Ensino Médio é usada para a seleção em universidades dentro e fora do país, a prova é um momento em que o governo federal deveria garantir segurança e tranquilidade aos estudantes. Mas a gestão Jair Bolsonaro, por incompetência ou sadismo, tem transformado o antes, o durante e o depois em um inferno desde 2019.

Nesta segunda (😎, a 13 dias do Enem 2021, 29 servidores do Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação, pediram exoneração de seus cargos. Desses, 27 trabalham em áreas ligadas à prova, de acordo com reportagem do UOL. Com essas, são 31 demissões do Inep em uma semana.

No pedido de dispensa, citam a "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep". Danilo Dupas, presidente do órgão, é acusado por servidores de tomar decisões sem critérios técnicos, realizar assédio moral e se omitir de responsabilidades.

O bafafá começa a nova temporada de dores de cabeça imposta pelo governo Bolsonaro aos estudantes. Neste ano, o responsável pela lojinha é o pastor Milton Ribeiro, o ministro da Educação que acredita que crianças com deficiência estudando junto com as demais "atrapalha".

A realidade apontou que o principal problema envolvendo o Enem, mais do que ideologia, seria a incompetência aliada à soberba e à falta de transparência.

Com o MEC transformado na Casa da Mãe Joana já sob o ministro Ricardo Vélez Rodríguez, com pessoas que não ficavam no cargo o suficiente para esquentar a cadeira, sem planejamento, comando ou autocrítica e tendo sido loteado com grupos de extrema direita, o ministério tornou-se mais vulnerável a falhas.

O resultado veio a galope. Mais de 170 mil estudantes enviaram reclamações ao MEC por conta de sua nota no Enem 2019.

Alguns registraram representações no Ministério Público Federal, exigindo revisão geral da correção da prova, auditoria transparente nos processos e suspensão da seleção pelo Sisu (o Sistema de Seleção Unificado) enquanto tudo não fosse resolvido. As reclamações pipocaram nas redes sociais logo após o então o ministro Abraham Weintraub ter dito que aquele tinha sido "o melhor Enem de todos os tempos" em 17 de janeiro de 2020.

Quando os problemas do Enem 2019 ainda se faziam sentir, o governo federal veio com outra bomba, mantendo as datas para a realização do Enem 2020, desconsiderando que milhões de alunos do ensino médio de escolas públicas estavam com os conteúdos atrasados devido à pandemia de coronavírus. Foi tomar o caldo de uma segunda onda sem tempo de respirar após a primeira.

O Ministério da Educação chegou ao ponto de veicular uma campanha em que justificava para esses jovens que era legal ser largado à própria sorte. Dizendo que "a vida não pode parar", que "é preciso ir à luta", "se reinventar", "superar", quatro jovens atores pedem para que todos "estudem", "de qualquer lugar", "de diferentes formas", pois "seu futuro já está aí".

Enquanto a vida nas boas escolas particulares seguiu seu curso na pandemia, com plataformas de educação à distância, rico material didático e professores minimamente treinados para aulas pela internet, aulas em realidade virtual, na maioria das escolas públicas, estudantes foram obrigados a entrar em férias. Depois, a se conectar com uma realidade precária de ensino à distância, não por culpa dos docentes e dos gestores educacionais, mas pelas deficiências de parte do sistema público. Muitas casas não tinham acesso à internet, outras nem computador.

Fazer Enem é uma corrida de obstáculos, ainda mais quando você é pobre, como disse acima. Bolsonaro parece querer deixar claro que só os fortes devem sobreviver.

A menos, é claro, que você tenha o sobrenome "certo". Como mostrou a história da admissão da filha de Bolsonaro no concorrido Colégio Militar de Brasília sem passar pelas provas como os outros mortais, nós temos meritocracia sim. Pena que, por aqui, ela é hereditária.

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Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog. Lei a íntegra aqui.