11 de março de 2018

“Odeio pretos e pardos”, diz professor de Instituto Federal



Um professor de Turismo e Geografia do Instituto Federal de São Paulo causou indignação ao publicar no seu perfil no Facebook um post racista. José Guilherme de Almeida estava em viagem para o Nordeste e postou que “odeia pretos e pardos”. O professor apagou o seu perfil no Facebook, mas como a internet é rápida, circula nas redes sociais o print da publicação.  (Com informações do Blog Segunda Tela).



10 de março de 2018

Com 71% dos votos em conferência, Guilherme Boulos é o pré-candidato do Psol à presidência



A Conferência Eleitoral do PSOL aprovou em definitivo, neste sábado (10), os nomes para compor a chapa de pré-candidatos à Presidência pelo partido em 2018: Guilherme Boulos e Sônia Guajajara.


Guilherme Boulos e Sônia Guajajara forma chapa do Psol à presidência. (Crédito da Foto: Mídia Ninja).


A chapa fecha um longo processo de conversas do partido na construção de uma sólida aliança com diversos movimentos sociais do país, que ofereceu os nomes ao PSOL na Conferência Cidadã, no último dia 3. Boulos, que teve quase 71% dos votos da conferência, concorreu à indicação, no partido, com Plínio de Arruda Sampaio Jr., Hamilton Assis e Nildo Ouriques.

O simbolismo da chapa de pré-candidatos não poderia ser maior: o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se junta a uma das maiores representantes dos povos indígenas brasileiros. Com 35 anos, Boulos é o pré-candidato mais jovem da história política do país.

Em sua fala, Guilherme Boulos reforçou a construção da aliança durante anos. “Não nos encontramos agora. Esse encontro acontece há anos: lutando por direitos, contra o golpe, pela democracia e por outro projeto de Brasil. Ela expressa uma unidade na luta concreta”.

O agora pré-candidato oficial do PSOL também falou da importância da plataforma Vamos!, construída no âmbito da frente Povo Sem Medo, que realizou dezenas de debates em todo o país e acumulou mais de 150 mil interações online, em um processo de construção de uma alternativa programática para o Brasil.

Boulos elencou alguns dos pontos principais da pré-candidatura, como o combate aos privilégios do “andar de cima” da economia brasileira, a radicalização democrática, com plebiscitos e referendos para todos os temas fundamentais, e o combate à direita junto à superação da estratégia da conciliação de classes na política.

Nós queremos disputar o projeto de país. Não teremos uma candidatura apenas para demarcar espaço dentro da esquerda brasileira. Vamos apresentar uma alternativa real de projeto para o Brasil”.

Sônia Guajajara, agora oficialmente pré-candidata à Vice-Presidência (ou co-presidenta), saudou a Conferência Eleitoral do PSOL junto a outras representantes do movimento indígena. “O momento é grave e urgente. É de transformação. Para nós, povos indígenas, estar participando desta conferência é estar inserido no processo de transformação do Brasil”.

Ela afirmou, ainda, que os povos indígenas, que sempre estiveram na linha de frente da resistência, agora querem ocupar os espaços de decisão do país. “Nós resistimos ao mais brutal processo de expulsão de nossos povos. Sempre fizemos a luta contra o agronegócio, o capitalismo, as grandes pecuárias, a especulação imobiliária. E hoje ainda nos chamam de ‘invasores'”, disse. (Com informações do Psol 50).

Assista à fala completa de Guilherme Boulos na Conferência Eleitoral do PSOL:


           

Entre a opressão e a liberdade: Jovens altaneirenses tentam reviver mais uma vez “Paixão de Cristo”



Circulou na rede social facebook na noite desta sexta-feira, 10, informações constatando que jovens do município de Altaneira, na região do cariri, estão querendo trazer de volta para apreciação do público à peça Paixão de Cristo. O desejo desses jovens foi perceptível quando Raimundo Soares Filho resgatou publicação de seu Blog de Altaneira em abril de 2012.

Diz que é a favor da Cultura, mas não apoia a Paixão de Cristo”, disse o blogueiro de forma crítica ao entrar naquela “brincadeira do diz que” e republicar o texto com o título ‘A Paixão de Cristo emociona altaneirenses e visitantes’. A peça há anos deixou de ser encenada em Altaneira e as que poucas foram realizadas causaram polêmicas e crises entre as instituições que possuem os maiores números de adeptos (segundo dados compilados pelo IBGE 2010), a Igreja Católica e, nos períodos em análise, a Igreja Internacional da Graça de Deus.

A encenação da peça “Paixão de Cristo” em Altaneira deixou transparecer que a convivência pacífica entre católicos e protestantes não era de todo visível, mas bastava um motivo para ela se revelar como é, de fato, na grande maioria das vezes, conflituosa e cheia de “esse terreno é meu”, “esses fieis são da minha igreja e não podem se misturar”.  Quem não se lembra do trágico episódio “O Pátio do Conflito”?  Em 2012 participantes da peça chegaram a solicitar o pátio da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que foi negado pelo então Pároco, Alberto, sem justificativas convincentes. Depois, informações dos próprios “atores” e “atrizes” amadores (as) deram conta de que o padre tinha marcado um evento religioso no dia da encenação.

Mas a história do conflito entre o “líder” (do período) católico e os construtores do evento religioso, cultural e histórico ganharia mais um capítulo e que desnudaria o lado retrógrado, arcaico e intolerante do pároco. “A Palhaçada”. Foi com essa expressão que o “chefe” da Igreja Católica de Altaneira denominou a Peça que encenava diversas passagens bíblicas, como a crucificação de Jesus Cristo. A atitude do “líder” religioso católico gerou indignação, revolta e repúdio de várias pessoas, como o do Educador Popular, Cícero Chagas, que mais uma vez transcrevemos:

Intolerância religiosa. Até quando teremos que conviver com ela?Quando pensamos que estamos dando passos significativos para a convivência harmoniosa entre as crenças religiosas somos surpreendidos com atitudes medievais, vindas de uma estrutura religiosa cheia de atrocidades a história é testemunha de quantas injustiças foram cometidas.  

Depois de tanto tempo e tantas injustiças pensei que ela tivesse aprendido, mas parece que na cartilha que veio para Altaneira-CE essa pagina estava faltando, só isso justifica as atitudes medievais que vêm sendo tomadas por parte do Gestor desta instituição que por motivos alheios ao nosso conhecimento não aprova a união das crenças religiosas existente no nosso município para realizarem o resgate da Peça da Paixão de Cristo assumida sempre pelos jovens que em outrora eram Católicos e por motivos parecidos, hoje são Evangélicos e transcendendo os limites da religião se uniram aos jovens católicos para juntos com a Secretaria de Cultura realizares a Paixão de Cristo.

Para esse gestor digo: Toda ditadura tem começo meio e fim

A atitude do pároco acabou por reprimir o desejo artístico dos altaneirenses que desde 2012 não mais realizaram a encenação. Porém, a liberdade parece que quer conflitar mais uma vez com a opressão. Em comentário na postagem supracitada acima, Pedro Rafael afirmou que esse ano “a galera jovem, de forma independente, se organizaram e estão ensaiando para resgatar a Peça Paixão de Cristo, de forma simples mas muito bem feita”.

Mas o grupo denominado “independente” por Pedro nasceu dentro da igreja, como deixou entrever o obreiro Vinícius Freire. Ao comentar a postagem em destaque neste texto, Vinícius disse ter conversado com o grupo e afirma “eles até onde eu sei não conseguiram patrocínio ainda” e prega otimismo ao dizer que “para o próximo ano há uma possibilidade de fazer a peça completa com apoio da secretaria de cultura com mais participantes tbm” e completa:

Não posso deixar de parabenizar tbm o atual pároco por ter permitido a existência do grupo de jovens”. 

Sendo assim, a peça, antes reprimida, tem grande possibilidade de ocorrer com tranquilidade, já que tem a “benção” do padre atual.

Sem falsos moralismos. A atitude que o pároco Damião vem tomando desde que chegou a Altaneira é digna dos parabéns. Não deveria ser por se tratar de um dever sacerdotal, mas acaba merecendo registro ante as de outrora que alimentavam a rivalidade, o confronto e desunião entre as pessoas.

Encenação da peça "Paixão de Cristo" em Altaneira (2012). (Foto: Heloísa Bitu).




9 de março de 2018

'Queremos levar a nossa indignação para dentro da política', diz Boulos, pré-candidato a presidência



Em meio à crise institucional e ao golpe parlamentar que ataca os direitos dos trabalhadores, uma nova forma de fazer política deve surgir no país, espera o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST), Guilherme Boulos, que teve no sábado (3) seu nome lançado como pré-candidato à Presidência da República. "Eu sou o pré-candidato mais jovem da história do país, e não acredito que isso seja um problema. Se tempo de participação na política institucional fosse credencial e garantia de avanços, o governo Temer seria o melhor da história do país", diz Boulos, que se filiou ao Psol na tarde da última segunda-feira (5).

Ativista e idealizador da plataforma Vamos!, ele propõe "dialogar e construir política de um outro jeito". "Achamos que parte da descrença e desesperança das pessoas com a política é porque ela se distanciou das pessoas. Hoje existe um abismo entre Brasília e o Brasil. Queremos levar a nossa indignação para dentro da política. Esse é o sentido dessa candidatura".

Sobre as análises segundo as quais sua candidatura pode dividir a esquerda, ele obviamente discorda. "A esquerda precisa saber separar unidade de diversidade", diz Boulos.

Segundo ele, a campanha que deverá fazer com a vice, Sonia Guajajara, o Psol e os movimentos sociais será uma proposta de "aliança com os setores mais dinâmicos da luta, da sociedade civil, um encontro de gerações, de setores que enfrentaram a ditadura a jovens como a Ana Júlia, que ocupou escola", afirma, em referência à jovem paranaense que em 2016 foi um dos símbolos das ocupações das escolas secundaristas pelo país.

Segundo algumas análises, sua candidatura é positiva por promover debate dentro da esquerda. Já para outras, sem Lula, seu nome pode fragmentar ainda mais a disputa eleitoral e a esquerda. Como vê essas análises?

Nós entendemos que a esquerda precisa saber separar unidade de diversidade. Temos vários pontos em comum: a luta contra Temer, a defesa da democracia, dos direitos, o enfrentamento do golpe. E nesses pontos temos que estar todos juntos. Como temos estado, nas ruas e nas mobilizações. Mas é importante também compreender que existem diferenças de projetos, de rumos, de caminhos, inclusive no sentido de tirar as lições do golpe.

No nosso entendimento, o golpe representou um fechamento de momento histórico no país, em que se aprofundaram as contradições, a sociedade e a política se polarizaram, e não há mais espaço para avanços sem conflito. Não há mais espaço para composições políticas com setores que deram o golpe. Essa diversidade é saudável para a esquerda e é importante que se apresente também no processo eleitoral.

Que diferenças haveria em sua campanha em dois cenários: com a participação de Lula e sem a presença dele na eleição?

Nós defendemos incondicionalmente o direito de ele ser candidato. A condenação do Lula foi sem provas, política, o judiciário se comportou como partido político ao condená-lo com o interesse evidente de tirá-lo do processo eleitoral. Não defendemos isso apenas no gogó. Temos feito na prática.

O MTST foi à frente da casa do Lula retirar o MBL quando eles foram lá provocar, mobilizou em peso as suas ocupações para todos os atos em defesa da democracia e contra a condenação dele. Esse é um posicionamento do qual a gente não abre mão. Agora, a minha candidatura tem a ver com a defesa de um projeto de país. Não com o fato de o Lula ser ou não candidato.

Alguns analistas consideram que você é muito pouco conhecido e não tem experiência eleitoral. Qual o peso disso?

Olha, eu sou o pré-candidato mais jovem da história do país, e não acredito que isso seja um problema. Se tempo de participação na política institucional fosse credencial e garantia de avanços, o governo Temer seria o melhor da história do país. Ele está há 50 amos na política e é um desastre. Então, ter experiência parlamentar e política não significa necessariamente uma boa credencial.

Eu milito há mais de 15 anos no movimento popular, construí a minha atuação política na luta social junto às pessoas e debatendo projeto e política, a exemplo do que fizemos na plataforma Vamos! no ano passado, com debates em todas as regiões do país – mais de 50 debates –, dialogando e construindo política de um outro jeito.

Achamos inclusive que parte da descrença e desesperança geral com a política é porque ela se distanciou das pessoas. Hoje existe um abismo entre Brasília e o Brasil. Queremos levar a nossa indignação para dentro da política. Esse é o sentido dessa candidatura.

Até onde sua proposta conseguirá ser bem sucedida na tentativa de aglutinar setores da esquerda em torno dela?

Veja, aglutinar os setores de esquerda e buscar fazer frentes, entendimentos sempre que possível, é algo importante. Nós vivemos um momento de retrocessos democráticos, de avanço de pautas conservadoras, de risco de retrocessos ainda maiores, como expressa a candidatura de Jair Bolsonaro, como expresso na intervenção militar no Rio de Janeiro.

Ou seja, há aqueles que querem impor para a crise da Nova República uma saída de ainda mais atraso. Em relação aos temas democráticos, à defesa dos direitos sociais, é preciso ter pontes amplas na esquerda. Mas reitero que isso não é contraditório com a necessidade de se colocar as diferenças que existem.

A esquerda precisa saber ter unidade naquilo que é comum e respeitar a diversidade em termos de programa e de projeto. Nós temos uma proposta para o país. Uma proposta de que é necessário centrar um programa no combate à desigualdade e no resgate da democracia. E combater a desigualdade no Brasil é enfrentar privilégios, é fazer por exemplo reforma tributária, enfrentar o poderio dos bancos, as grandes corporações.

Sem esse tipo de enfrentamento não é possível hoje um projeto popular para o país. Por isso, nosso programa é um programa de mudanças estruturais. Essa ideia de querer recompor um centro, de fazer um novo pacto de conciliação não é viável no país e não é o programa que defendemos. Isso não nos impede de estarmos juntos nas batalhas democráticas e nas batalhas amplas por direitos sociais.

Alguns setores do Psol receberam mal sua filiação, sua posição de pré-candidato, porque não teria sido debatido internamente no partido. Como vê isso?

Em relação ao Psol, acho natural que existam posições diferentes sobre projeto e candidatura. Todo partido precisa ter pluralidade. Não queremos uma organização e um partido com pensamento único. Isso é uma coisa que a direita é que gosta de cultivar. Agora, minha pré-candidatura junto com a Sonia Guajajara tem o apoio de 70% da militância do Psol.

E o procedimento de escolha dessa chapa foi definido no congresso do Psol praticamente por consenso e será na conferência eleitoral, que vai acontecer no próximo sábado (10) com delegados indicados proporcionalmente pelo próprio congresso.

É natural que haja discussão, é importante que haja o debate, mas é ainda mais importante que estejam todos juntos a partir do momento que se defina quem será a candidatura que representará o Psol nessas eleições.

Para além disso, o projeto que defendemos não é uma candidatura estritamente do Psol. O que está se construindo é uma aliança do Psol com setores do movimento social, com o MTST, com a Apib, Midia Ninja, com um conjunto de movimentos que têm construído um acúmulo de debates de projeto para o país.

Isso se expressou na Conferência Cidadã, que nós fizemos no último sábado, uma conferência extraordinária. Ali estavam intelectuais, artistas, um conjunto de movimentos sociais como não se via há muito tempo na esquerda. Num projeto de pensar o futuro, de pensar o país, de resgatar a esperança.

Isso expressa o tipo de campanha que queremos fazer, em torno de uma ampla aliança, que não é aliança com os partidos tradicionais. É uma aliança com os setores mais dinâmicos da luta, da sociedade civil, um encontro de gerações, de setores que enfrentaram a ditadura a jovens como a Ana Júlia, que ocupou escola e estava na nossa conferência. De uma diversidade de vozes e de setores. Essa é a cara da campanha que nós queremos.

Ele voltou a defender o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser candidato e acrescenta: "Não defendemos isso apenas no gogó. O MTST foi à frente da casa do Lula retirar o MBL quando eles foram lá provocar". (Com informações da RBA).

"Não defendemos o direito de Lula se candidatar apenas no Gogó. Mas é importante também compreender que existem diferenças de projetos, de rumos, de caminhos", diz pré-candidato à presidência.
(Foto: José Lucena/ Futura Press/ FolhaPress).


Caso de Racismo na FGV: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”, diz universitário



Um aluno da Faculdade Getulio Vargas (FGV), no Centro de São Paulo, tirou uma foto de outro estudante da mesma instituição e compartilhou em um grupo de whatsapp com a frase: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. A vítima registrou boletim de ocorrência por injúria racial e o autor da foto foi suspenso da faculdade por 3 meses.

O agressor, de acordo com o boletim de ocorrência, é Gustavo Metropolo que, logo após a mensagem se espalhar pelas redes internas, retirou todos os seus perfis das redes sociais.

A Fórum tentou entrar em contato através do seu celular, mas ele não atendeu.

Em um grupo da GV no Facebook, a vítima conta que foi chamada pela Coordenação de Administração Pública na terça-feira (6) e informada que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto com a frase.

No post, a vítima diz que o colega teve atitude “covarde”. “Tão perto de mim…porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, diz post publicado em grupo da faculdade no Facebook.

Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”

O boletim por injúria racial foi registrado no 4º Distrito Policial da Consolação, na região central da cidade, nesta quinta-feira (8).

Em nota, a FGV afirma que ante “possível conotação racista da ofensa” “aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”.

O comentário ofensivo foi feito em grupo privado do qual o ofensor fazia parte, sem qualquer participação, ainda que indireta, da FGV. Ante a possível conotação racista da ofensa, firme em sua postura de repúdio a toda forma de discriminação e preconceito, a FGV, tão logo tomou conhecimento dos fatos, tal qual prevê seu Código de Ética e Disciplina, de imediato aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso de suas atividades curriculares por três meses, estando impedido de frequentar a escola, sem ressalva da adoção de medidas complementares, a partir da apuração dos fatos pelas autoridades competentes”, diz o texto.

O Diretório Acadêmico Getúlio Vargas disse, por meio de nota, que uma carta de denúncia será apresentada à Congregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do aluno.

Reiteramos, ainda, nosso profundo repúdio ao ocorrido. Nossa gestão assumiu o DAGV com o compromisso de trabalhar junto aos coletivos por uma faculdade mais inclusiva e democrática, e por um ambiente universitário verdadeiramente acolhedor a todos e todas que nele estão”, diz a nota.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também se manifestou e pediu “basta de preconceito”.

Vivemos num país livre. Infelizmente essa liberdade muitas vezes é tão somente formal. As desigualdades de renda, classe, gênero e de cor nas terras de Machado de Assis, Dandara, Luís Gama, Carolina de Jesus, Joaquim Barbosa e Thais Araújo, nos dizem que indivíduos ainda são cerceados de ser quem realmente são. Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coletivo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”

Nota de Repúdio Cursinho FGV

Nós, do Cursinho FGV, expressamos nosso repúdio ao ato de racismocontra um dos alunos da Escola de Administração de Empresas (EAESP), denunciado terça-feira dia 06/03, dentro da Fundação, praticado por um ex-docente do Cursinho FGV. Tendo a situação chegado ao nosso conhecimento no dia 08/03 após ter sido divulgado em grupos da FGV.

Como entidade estudantil que visa promover a diversidade dentro da Fundação Getúlio Vargas e a promoção do acesso à educação de maneira geral, é com grande tristeza e revolta que enxergamos o ocorrido. Possuímos o ingresso de nossos alunos na Fundação Getúlio Vargas como objetivo e passamos a imagem da Fundação como um ambiente convidativo e enriquecedor, porém, diante episódios hostis como esse, nos sentimos desacreditados. Consideramos absolutamente inadmissível a perpetuação desses comportamentos dentro do ambiente acadêmico e, por essa razão, enfatizamos a importância de medidas que efetivamente combatam esse tipo de conduta.

Uma vez que o referido aluno não faz parte de nosso corpo docente desde outubro de 2017, gostaríamos de declarar aos atuais e antigos alunos do Cursinho FGV que a Fundação é um espaço nosso, e que vamos continuar o ocupando mesmo que isso gere incômodo e desconforto em um ambiente no qual os privilégios ainda são evidentes, mas que têm caído a cada dia.

O Cursinho FGV aguarda um posicionamento oficial da Escola de Administração de Empresas (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas e da Congregação da Fundação Getúlio Vargas. Por fim, gostaríamos de oferecer nossos sentimentos e nosso apoio à vítima do ocorrido e ao Coletivo 20 de novembro. (Com informações do G1 e da Revista Fórum).


A postagem racista à esquerda e o autor à direita.  (Foto: Reprodução).

8 de março de 2018

Câmara torna crime importunação sexual em espaço público



A importunação sexual - também conhecida como assédio - em transporte coletivo, por exemplo, era considerada apenas uma contravenção penal passível de multa. Com a aprovação de um projeto de lei, o comportamento passa a ser crime com pena de reclusão de um a cinco anos.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (7) um substitutivo da deputada Laura Carneiro (sem partido – RJ) ao projeto de lei 5452/16, da senadora Vanessa Graziottin (PCdoB – AM), que tipifica o crime de divulgação de cenas de estupro, aumenta a pena para estupro coletivo e incluiu na proposta o crime de importunação sexual (também conhecido como assédio), este último oriundo de vários projetos sobre o tema.

Um deles é o projeto 6722/2016, de autoria de Maria do Rosário (PT-RS) e Zé Carlos (PT-MA). Até então, a legislação só prevê punição para assédio sexual praticado por superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pela proposta aprovada, a importunação sexual em espaços públicos, como ônibus ou metrô, passa a ser crime, com pena de detenção de um a cinco anos. Hoje, esse comportamento é classificado como contravenção penal, punido somente com multa. Entende-se como importunação sexual o ato libidinoso com o objetivo de satisfazer o assediador.

No ano passado, estouraram na imprensa inúmeros casos de assédio em transporte coletivo.

Embora qualquer pessoa possa ser sujeito ativo dessa prática, esse tipo de constrangimento covarde geralmente é cometido por homens, tendo como vítimas as mulheres. Segundo ela, o projeto enfrenta o constrangimento que as mulheres enfrentam, seja no transporte coletivo, seja em qualquer ambiente público. Toda forma de assédio deve ser combatida e esta sessão será histórica neste sentido”, disse a deputada federal Maria do Rosário.

Por ter sofrido alteração, o projeto volta para apreciação do Senado. (Com informações da Revista Fórum).

(Foto: Reprodução/ Revista Fórum).


No dia Internacional da Mulher, mulheres ocupam Jornal O Globo em defesa da democracia



Protesto no Dias Internacional da Mulher, 800 mulheres de diversos movimentos populares ocuparam o parque gráfico do jornal impresso no Rio de Janeiro, que pertence ao grupo Globo Comunicação. O objetivo da ação, iniciada às 5h30 da manhã, é denunciar a atuação decisiva da empresa sobre a instabilidade política brasileira. Elas destacam a articulação da Globo no processo do golpe, desde o impedimento da presidenta Dilma em 2016 até perseguição ao presidente Lula, para inviabiliza-lo como candidato em uma eleição democrática.

Participaram mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos Agricultores, além de moradoras de comunidades da cidade. “A Globo promove os golpes em pró de seus interesses empresariais, não interessa as consequências para o país. Por isso ela é criminosa. Ela não é inimiga só dos trabalhadores, ela é inimiga de toda a nação”, afirmou Ana Carolina Silva, do Levante Popular da Juventude.

Intervenção contra os direitos

As mulheres também deram visibilidade ao caráter político e contrário aos direitos do povo da intervenção militar no Rio de Janeiro. Com o mote “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição” elas lembram que o próprio golpista Michel Temer declarou que vai suspender o decreto caso tenha maioria na Câmara e no Senado para votar a reforma da Previdência.

Para Maria Gomes de Oliveira, da Direção do MST, se trata de uma questão eleitoral e de um processo de coação social. “A Globo e os articuladores desse processo abordam a intervenção militar no Rio de Janeiro como medida de segurança. Ao mesmo tempo em que ela promove o medo para manter a classe trabalhadora calada, Temer e aliados se aproveitam de um anseio da sociedade para esconder sua estratégia eleitoral”, explica.

A dirigente ressalta ainda que a empresa tem interesses econômicos na Reforma da Previdência. “A globo opera ativamente na política para manter seus lucros e o monopólio sobre a mente das pessoas. No caso da previdência, ela está diretamente ligada à Mapfre Seguros, uma empresa que presta serviços de previdência privada”. Para ela, o momento caracteriza um desvio de função das Forças Armadas. “Tanques e soldados armados com fuzil não resolvem a violência. Os militares deviam cuidar de proteger nossa soberania, inclusive as riquezas como o petróleo, a água, as terras, que o golpista está entregando numa bandeja para o capital internacional”, afirma.

Ana Paula Silva destaca que a taxa de desemprego beira a 12% e, assim com o desmonte de serviços básicos de educação e saúde, são fatores que contribuem para o aumento da violência. “O crime se combate com o desenvolvimento de uma política de segurança e não com intervenção militar. Sabemos que o caminho é crescimento econômico e políticas públicas para o povo, mas para garantir isso precisamos retomar a democracia que perdemos com o golpe. Garantir eleições sem fraude é central para barrar os ataques aos direitos dos brasileiros”, garante a militante.

Decadência

O parque gráfico ocupado é o maior da América Latina. Sua construção foi, em parte, financiada pelo BNDES, com o montante de R$ 217 milhões, em valores atuais. Ele foi projetado para a impressão de 800 mil jornais diários, mas a média de produção do O Globo em 2017 não passa de 130 mil exemplares/dia, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Ou seja, não utiliza nem 50% da capacidade produtiva.

Este lugar é um elefante branco a serviço da desinformação. Com tanto recurso público investido, deveriam ao menos se dignar a fazer um jornalismo de qualidade. Não é à toa que o jornal está em decadência. As trabalhadoras não engolem mais as mentiras e manipulações da Globo”, afirmou.

A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem por lema a célebre frase de Rosa Luxemburgo “Quem não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”. (Com informações do Levante Popular da Juventude e do Brasil 247).

Mulheres ocupam Jornal do O Globo. (Foto: Reprodução Brasil 247).




7 de março de 2018

Só 10% das mulheres negras têm ensino superior no Brasil



As mulheres estudam por mais anos que os homens. Entre as pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de homens que completou a graduação é de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens. No entanto, o porcentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os homens pretos ou pardos (7%). Os dados fazem parte da pesquisa "Estatísticas de gênero", divulgada na quarta-feira 7 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo comprova, ainda, que embora as mulheres avancem mais nos estudos, elas seguem ganhando menos que os homens. As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim elas ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens.

Segundo o IBGE, vários fatores contribuem para as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Por exemplo, em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os homens (10,5 horas).

Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra 10,5). Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro da de homens (28,2% das mulheres ocupadas, contra 14,1% dos homens).

Em função da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem compelidas a buscar ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível”, explica a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo, complementando que “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens”.

Mesmo trabalhando mais horas, a mulher segue ganhando menos. Apesar da diferença entre os rendimentos de homens e mulheres ter diminuído nos últimos anos, em 2016 elas ainda recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos dos homens. Uma combinação de fatores pode explicar essa diferença. Por exemplo, apenas 37,8% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres; essa diferença aumentava com a faixa etária, indo de 43,4% de mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de idade até 31,3% no grupo de 60 anos ou mais.

Outros aspectos, como a segregação ocupacional e a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de rendimentos. “Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glass ceiling”, explica Bárbara Cobo: “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”. Na categoria de ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença era ainda mais evidente: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016.

A diferença entre homens e mulheres começa na infância e se aprofunda ao longo da vida escolar. Em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar líquida (proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens.

Isso significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar. Na desagregação por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, ante 19,9% das mulheres brancas. Comparando-se gênero e cor ou raça, o atraso escolar das mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou pardos (42,7%).

Saúde das mulheres

A pesquisa do IBGE traz também dados da saúde reprodutiva das mulheres. Do total de mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97,4% tinham sido atendidas pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de saúde especializado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que chegaram a ser atendidas em pelo menos quatro consultas foram 93,9%.
Na desagregação por cor ou raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresentam desigualdade: enquanto 98,6% das mulheres brancas foram atendidas em no mínimo uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez, entre as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96,6%.

Quando o parâmetro é ter frequentado no mínimo quatro consultas, o percentual foi de 95,4% para as mulheres brancas e 92,8% para as mulheres pretas ou pardas. Essas desigualdades se acentuam regionalmente: na região Norte, por exemplo, o percentual de mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo quatro consultas (98,5%) superou o de mulheres pretas ou pardas (87,9%) em mais de dez pontos percentuais.

Ainda segundo a pesquisa, 72,3% das mulheres de 18 a 49 anos em uniões sexualmente ativas e que não estavam na menopausa utilizavam algum método para evitar a gravidez, ou seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utilizavam qualquer método contraceptivo. No Norte (68,4%) e Nordeste (71,5%) os percentuais estavam abaixo da média nacional.

Com isso, a taxa de fecundidade adolescente era de 56 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19 anos de idade.

Entre as regiões, as menores taxas estavam no Sul (45,4 por mil) e Sudeste (45,6); no outro extremo, a região Norte registrou 85,1 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos. A menor taxa entre as unidades da Federação foi do Distrito Federal, 38,6. O Acre apresentou a maior taxa de fecundidade, 97,8 nascimentos por mil mulheres de 15 a 19 anos, ou cerca de um nascimento para cada dez mulheres adolescentes.

A pesquisa

Para chegar aos dados divulgados hoje o IBGE compilou informações de suas pesquisas e de fontes externas para elaborar as Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Esses indicadores estão agrupados em cinco temas: estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e tomada de decisão; e direitos humanos das mulheres e meninas.

As informações são das pesquisas do IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD e PNAD Contínua), Projeções da População, Estatísticas do Registro Civil, Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), além do Ministério da Saúde, Presidência da República, Congresso Nacional, Tribunal Superior Eleitoral e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.  (Com informações de Carta Capital).


Cotas aumentam a inserção de negros na universidade, mas mostram que o caminho da igualdade ainda é longo.
(Foto: Victória Damasceno).