14 de fevereiro de 2018

Paraíso do Tuiuti é vice-campeã na Sapucaí e 'campeã do povo' nas redes sociais



Apesar de sagrar-se vice-campeã no carnaval carioca, a escola de samba Paraíso do Tuiuti é aclamada nas redes sociais como campeã do povo nesta quarta-feira (14). Tão logo foram consolidados os resultados do jurado, a quadra da escola em São Cristovão, na zona central do Rio de Janeiro, passou a comemorar o resultado como se fosse campeã. No twitter, a #TuiutiCampeãDoPovo ficou entre os assuntos mais comentados do país.

A Tuiuti entrou na Sapucaí no primeiro dia de desfiles do grupo especial do carnaval carioca para conseguir o melhor resultado de sua história. O desfile polêmico foi consagrado por "lavar a alma" do povo brasileiro, como dizem muitos internautas. Além de um samba-enredo nota 10 sobre a continuidade da escravidão no país mesmo após a abolição, ganharam destaque fantasias e alegorias com críticas políticas.

A escola levou para a avenida uma representação do presidente Michel Temer (MDB) vestido de vampiro em uma fantasia chamada "Vampiro Neoliberalista". Levou também manifestantes como fantoches, com roupas análogas à da seleção brasileira, o que virou símbolo das manifestações pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2015; e patos com cifrões nos olhos, representando o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao impeachment, além de criticar a reforma trabalhista capitaneada por Temer.

Agora, a Paraíso da Tuiuti realiza mais um desfile no sábado (17), junto das campeãs do carnaval carioca. O diretor de carnaval da escola, Thiago Monteiro, disse que a conquista do vice-campeonato foi o resultado do trabalho de um grupo. “Acabamos de mostrar que, com trabalho e dedicação, [a escola] pode ser competitiva. Parabéns para o grupo", afirmou.

A escola de samba campeã do carnaval de 2018 no Rio de Janeiro é a Beija-Flor de Nilópolis. A escola apresentou o enredo "Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, baseado no livro de terror Frankenstein, de autoria de Mary Shelley, que completou 200 anos.

Na obra, um cientista dá vida a uma criatura construída com partes de pessoas mortas, tornando-se uma figura feia. No desfile, a figura foi usada para críticas a problemas sociais como corrupção e desigualdades.

Em uma disputa apertada, a campeã ficou apenas um décimo à frente da segunda colocada, a Paraíso do Tuiuti.

As escolas de samba foram avaliadas em nove quesitos: alegorias e adereços, bateria, fantasia, samba-enredo, comissão de frente, evolução, harmonia, mestre-sala e porta-bandeira e enredo.  (Com informações da RBA).

A Paraíso do Tuiuti realiza mais um desfile no sábado, junto das campeãs do carnaval carioca. (Foto: Mídia Ninja).



Vasconcelos, Carnavalesco da Tuiuti faz uma sugestão aos manifestoches: “Seria bom as pessoas pararem para pensar”


Jack Vasconcelos, carnavalesco da Tuiuti, deu entrevista para o jornal O Dia. Algumas perguntas e respostas:

O DIA: Seu desfile teve tom crítico à política vigente. O senhor é filiado a algum partido político ou um cidadão inconformado o atual governo?

 Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função.

O presidente vampiro do neoliberalismo foi entendido por todos como sendo Michel Temer. A última ala como uma crítica à Reforma Trabalhista. Foi um posicionamento político?

Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel.

Acha que a Sapucaí é um bom espaço para isso?

No Carnaval as pessoas liberam aquilo que guardam dentro delas durante o convívio social educado e civilizado no resto do ano. E o Carnaval sempre foi o espaço para esse tipo de ideia, para as pessoas colocarem para fora o que sentem, aquilo que elas querem gritar. E na verdade o que eu sou é uma antena. Vou captando essas ideias, anseios à minha volta e construindo o meu trabalho. Porque o meu trabalho representa uma comunidade, os anseios de parte da população.

(…)

Algumas pessoas disseram que se sentiram desrespeitadas. O senhor teve esta intenção?

Sinto muito (se alguém se sentiu ofendido). Seria bom as pessoas pararem para pensar antes de tomar a decisão de seguir uma moda ou algo que uma campanha de jornal ou de TV diga para elas fazerem. (com informações do DCM e do O Dia)



Jack Vasconceleos, carnavalesco da Tuiuti. (Foto: Reprodução/ DCM).

13 de fevereiro de 2018

Leonardo Boff critica servidão dos jornalistas da globo e diz ter pena de Leilane


(Foto: Reprodução/ Brasil 247).

O teólogo e escritor Leonardo Boff destacou nesta terça-feira, 13, as manifestações e críticas que o grupo Globo tem recebido neste carnaval. Em sua página no Twitter, Boff questionou como os jornalistas das empresas da família Marinho têm suportado tanto constrangimento.

"Com é que os jornalistas homens e as jornalistas mulheres da Globo estão suportando tanto constrangimento do que se viu e ouviu no Carnaval? É duro ter que assumir a ideologia retrógrada do Grupo Globo. Tenho pena da @LeilaneNeubarth", escreveu Boff.

Ao mencionar a jornalista Leilane Neubarth, Boff se referiu ao vídeo que viralizou nas redes sociais, que mostra a jornalista saindo do sério em transmissão ao vivo, quando um grupo de sambistas canta que "vai dar PT" atrás dela. 

            


"Os símbolos dizem mais que as palavras.O que a Tuiuti mostrou em símbolos tem mais efeito do que tudo o que nós,eu e outros dissemos em artigos e em twitters contra o golpe dado contra o Brasil.É mais que indignação.É desmascaramento da atual situação vergonhosa do governo atual", disse também Leonardo Boff.

A jornalista respondeu a Boff. "Com todo respeito, @LeonardoBoff guarde sua pena para as pessoas que passam necessidade ou precisam da sua ajuda. Eu sou uma profissional realizada, uma mãe feliz e uma mulher muito amada", disse Leilane.

"Jornalismo escravizado"

Além de Leonardo Boff, o jornalista Florestan Fernandes Júnior também criticou os jornalistas da Globo na cobertura do carnaval, especialmente da apresentação da escola Paraíso do Tuiuti.


"Ninguém no estúdio da Globo se atreveu a narrar o que via. Uma cena patética e constrangedora. Durante longos minutos as imagens mostravam uma plateia vibrando com o carro alegórico que trazia em destaque um Temer Vampirizado", retrata Florestan. "Só faltou a Tuiuti mostrar os repórteres escravos dos senhores da comunicação que não têm liberdade sequer para dizer o que todos viram em cores e ao vivo", diz ele (com informações do Brasil 247).

Confira as principais referências historiográficas do “Paraíso do Tuiuti”, uma das escolas de samba mais faladas de 2018


A Escola de Samba “Paraíso do Tuiuti” que entrou na Sapucai na primeira noite de Carnaval do Rio de Janeiro trouxe um enredo politizado ao fazer criticas contundente acerca do fim da escravidão através de um passeio pela historicidade. Do passado ao presente, a escola enfocou temas como a ausência de emprego e a perda de direitos em decorrência do golpe jurídico-parlamentar-midiático ocorrido de forma efetiva em 17 de abril de 2016 quando a Câmara dos Deputados autorizou para ter prosseguimento no senado o processo de impeachment da presidente Dilma. 

O Temer (MDB) que assumiu a presidência em 12 de maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) não escapou das críticas e foi percebido como um vampiro e cheio da grana – em contradição ao seu discurso que prega a crise financeira do país. No fim da apresentação não podia falar o grito de “Fora Temer. Tudo isso com transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão. A emissora levou um tapa na cara como saudação.

Para a construção do enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, a escola que tem como presidente Renato Ribeiro Martins e carnavalesco Jack Vasconcelos precisou recorrer a várias fontes historiográficas, como “A Escravidão na África”, de Paul E. Lovejoy, “Dicionário da escravidão negra”, de Clovis Moura, “O Abolicionismo”, de Joaquim Nabuco, “A Escravidão no Brasil”, de Jaime Pinsk, “A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato”, de Jessé Souza, “Escravo ou Camponês? O protocampesinato negro nas Américas”, de Ciro Flamarion Cardoso, dentre outras.

Clique aqui e confira integra das referências historiográficas utilizadas pelo “Paraíso da Tuiuti”.








Beija-flor levou a intolerância e a corrupção para a avenida: “os filhos abandonados da pátria que os pariu”


Seguindo os passos de outras escolas que politizaram a Sapucaí, como Paraíso do Tuiuiti e Mangueira, na segunda-feira 12 foi a vez da Beija-Flor de Nilópolis fazer a sua crítica à política nacional. Última a cruzar a avenida, a escola optou por fazer um paralelo entre Frankstein, romance de Mary Shelley que completa 200 anos e as mazelas brasileiras.

A partir do samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, a escola resgatou o romance, essencialmente o fato de Frankstein ser lançado à própria sorte depois de criado, para questionar quem são os abandonados dessa pátria, quem são os que abandonam os filhos à própria sorte?

As 36 alas buscaram refletir as desigualdades sociais, a falta de respeito e o amor com o que é diferente. A ala “Imposto dos Infernos, por exemplo, trouxe a crítica à taxa cobrada desde o ciclo do ouro e relembrou o Brasil como o país que tem maior carga tributária. Já a ala “Corte da Mamata – Quadrilha no poder trouxe os passistas como ratos e abutres para mostrar os interesses dos líderes políticos. A corrupção também foi destaque na avenida, satirizada com colarinhos brancos e caixas de pizza.

A escola também não deixou de lado temas como a violência no Rio de Janeiro, a morte de policiais, a intolerância religiosa e das torcidas de futebol. O carro “A Intolerância”, por exemplo, fez menção a questões como xenofobia, preconceito, discriminação, feminicídio, racismo, rancor e homofobia. A cantora Pablo Vittar representou a luta contra a intolerância de gênero e Jojo Todynho a luta pela intolerância racial e xenofobia.

O desfile da escola agradou a arquibancada e repercutiu positivamente nas redes sociais. A Beija-Flor entrou nos trending topics do Twitter com média de 45 mil posts. (Com informações de CartaCapital).

A violência no Rio de Janeiro foi um dos temas retratados pela Beija-For. (Foto: Mauro PIMENTEL/ AFP)

12 de fevereiro de 2018

Quem pariu o clima de loucura na política não pode reclamar de Luciano Huck


Não acredito que Luciano Huck esteja preparado para governar o país. Mas como (ainda) vivemos em uma democracia, ele tem todo o direito de disputar o cargo mais alto da República se assim quiser e se cumprir os trâmites legais para tanto.

Tem sido interessante, contudo, a quantidade de políticos do PSDB nacional que vêm reclamando de sua intenção de competir.  Com já disse aqui, uma parte do partido, ao forçar um impeachment com provas frágeis (lembrando que a razão da cassação de Dilma Rousseff não foi a corrupção, mas os decretos de crédito suplementar e pedaladas fiscais) ao invés de esperar por um julgamento do caixa 2 de campanha (que contava com evidências concretas), ajudou a esgarçar instituições.

Depois, ao apoiar o grupo fisiológico e corrupto ligado a Michel Temer em nome de reformas que interessavam ao mercado financeiro e a grandes empresas e imaginando uma transição política que possibilitasse sua própria eleição à Presidência, o PSDB ajudou a construir o clima de vale-tudo. A publicização dos casos de corrupção, que jogaram para baixo a popularidade de Temer e a de Aécio Neves, levaram ambos a se abraçarem em nome da sobrevivência como parte do processo.

A percepção de perda de representatividade, de corrosão das instituições e de descrédito com a política continua crescendo. Esse clima abre caminho para algo novo. Que pode ser bom ou ruim. Esse ''novo'' irá governar com um Congresso Nacional que tende a ser mais sinistro do que esse que está aí, provando que Tiririca estava errado: pior do que está, fica. E, juntos, nos levar a algum lugar nunca antes visto, inclusive para longe da democracia. Afinal de contas, no fundo do poço, há sempre um alçapão.

Há uma disputa inútil nas redes sociais para saber quem seria o responsável por colocar Michel Temer em nossas vidas. Afinal, o desejo por governabilidade fez com que o PT acolhesse ele e seu grupo, com carinho, na chapa presidencial. E o desejo por retornar ao poder fez com que o PSDB conspirasse ao seu lado e, depois, lhe desse arrimo. O PT, de certa forma, ainda está pagando o preço. Agora, o PSDB também ajoelha no milho. Como é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um tucano ser enviado à cadeia, a resposta será eleitoral. Os baixos índices de intenção de votos em Geraldo Alckmin têm mostrado isso.

Já disse isso aqui antes, mas achei que valia a pena retomar à medida em que cresce a possibilidade de candidaturas outsiders à política se consolidarem. A democracia representativa falhou em garantir o respeito aos anseios de sociedades plurais e complexas. Isso não significa, por outro lado, que a solução seja negar a política e suas instituições. Que podem não ser perfeitas, mas é o que temos neste momento.

A alternativa a isso, historicamente, passou por saídas rápidas, vazias, populistas e, não raro, autoritárias e enganosas. Porque não há nada mais político do que algo que se diz não-político. E temos vários exemplos de não-políticos, quase-políticos, mais-do-que-políticos e não-sou-nem-deixo-de-ser-político, na fila de espera.

Pior do que saber que haverá uma tempestade no horizonte é não conseguir nem enxerga-lo. E os que reclamam da fumaça que turva a vista foram os mesmos que atearam fogo em tudo. Três vezes loucura. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

(Foto: Leonardo Benassato/ Reuters).

Desfile da Tuiuti contra o golpe foi tapa na cara da Globo


Com um enredo que começou com a crítica sobre o fim da escravidão, trazendo a questão para os dias de hoje, com a falta de trabalho e a perda de direitos em decorrência do golpe, o desfile na primeira noite da Sapucaí foi um cara na tapa da Globo.

Isso porque mostrou, com transmissão ao vivo da emissora, um Michel Temer vampiro e endinheirado e um grito de 'Fora, Temer' no encerramento, além da crítica às manifestações pelo impeachment de Dilma que foram tão incentivadas pela emissora.

Confira relatos publicados no Facebook:

Por Kátia Gerab Baggio

Parabéns ao Paraíso do Tuiuti!

O samba-enredo e o desfile foram um tapa na cara das direitas brasileiras — e da Rede Globo —, com sua defesa explícita da CLT e da Previdência Social.

No enredo da Tuiuti, as precárias condições de vida dos negros e pobres, e a destruição dos direitos trabalhistas e sociais, significam o atual cativeiro social.

E o último carro foi sensacional, com os representantes do grande capital, os rentistas do mercado financeiro, os batedores de panela de verde e amarelo, os médicos que se insurgiram contra o "Mais Médicos" e o "Vampiro neoliberalista"!

Como disseram os carnavalescos, o samba-enredo e o desfile foram um "grito de resistência"!

Para mim, a escola campeã de 2018!!!

P.S.: E meus parabéns ao carnavalesco Jack Vasconcelos!


Por Pio Redondo       

A Paraíso do Tuiuti arrasou, com imensa adesão do público. Fez história, porque está tendo imensa repercussão aqui e no mundo todo.

O enredo começou questionando o fim real da escravidão, abriu o desfile com negros algemados e trouxe a crítica para os dias de hoje.

Favelas, falta de trabalho, trabalho escravo no campo e as perdas de direitos imposta pelo golpe.

Não poupou nada: Temer vampiro endinheirado, paneleiros e patos e amarelinhos manipulados pelos ricaços. Até neoliberalismo pintou.

No final, um integrante com um Fora Temer.

Ousadia pura, como nunca antes, e na tela da Globo.

O samba começa assim:

"Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado
Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz".

(Com informações do Brasil 247).

Desfile da Tuiuti contra o golpe foi tapa na cara da Globo. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).

11 de fevereiro de 2018

Jair Bolsonaro sugere metralhar a Rocinha para resolver conflito no local



O presidenciável Jair Bolsonaro resolveu dar sua receita para resolver a guerra da Rocinha, no Rio de Janeiro, em um grande evento dirigido a para empresários e investidores, promovido pelo BTG Pactual. As informações são do blog do Lauro Jardim, de O Globo.

Diante de uma plateia de mil executivos do mercado financeiro, Bolsonaro disse que mandaria um helicóptero derramar milhares de folhetos sobre a favela, avisando que daria um prazo de seis horas para os bandidos se entregarem. Terminado esse tempo, se eles continuassem escondidos, metralharia a Rocinha. Ao final da exposição, ele foi aplaudido pelo público. (Com informações de O Globo e da Revista Fórum).

Jair Bolsonaro. (Foto: Renato Araújo/ Agência Brasil).