6 de novembro de 2017

Educadores condenam proposta do Escola sem Partido contra Paulo Freire


Movimentos ultraconservadores querem tirar de Paulo Freire o título de Patrono da Educação Brasileira. Proposta legislativa de autoria do Escola sem Partido obteve as 20 mil assinaturas necessárias para que o Senado discuta a 'desomenagem'. Especialistas ouvidos pelo DIA condenam a iniciativa. O jornal também enviou, terça-feira, perguntas a 182 nomes escolhidos aleatoriamente da lista remetida ao Senado. Veja o resultado da sondagem ao lado.


Segundo o pedido, proposto por Stefanny Papaiano e cheio de erros de português (em destaque), "Paulo Freire é considerado filosofo de esquerda e seu metodo de educação se baseia na luta de classes, o socio construtivismo é a materialização do marxismo cultural, os resultados são catastroficos e tal metódo ja demonstrou em todas as avaliações internacionais que é um fracasso retumbante. O professor Pierluigi Piazzi ja alertava para o fracasso do metodo e vemos na pratica o declinio da eduacação brasileira, não é possivel manter como patrono da nossa educação o responsavel pelo metodo que levou a educação brasileira para o buraco". Não foi dito quais seriam essas avaliações.

A meta era atingir 20 mil assinaturas em quatro meses, número exigido para que a proposta se tornasse sugestão legislativa. Mas em apenas um mês parou na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado.

A lei que condecorou o pedagogo foi apresentada pela deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) e sancionada pela presidente Dilma em 2012. Erundina conversou com O DIA. "Esse fato inusitado é incompreensível", resume. "Freire recebeu dezenas de títulos de doutor honoris causa em diversos países, mas o Brasil não reconhece o nosso patrimônio humano", emenda. "Não me surpreende que esse retrocesso dos direitos e das conquistas do povo esteja acontecendo, mas me entristece e nos envergonha diante do exterior." O patrono foi secretário da Educação de São Paulo, durante a gestão de Erundina como prefeita (1989-1992).

Ideal iluminista

Daniel Medeiros, doutor em Educação Histórica pela UFPR, considera a iniciativa uma agressão. "Quem quer tirar esse título do Paulo Freire não o ofende nem agride, pois que já está morto e enterrado há tempos. Agride a ideia de uma Brasil livre para todos", destaca. "Esse título não lembra apenas a pessoa que ele foi, mas a causa que ele representou: a buscar, incessantemente, efetivar a máxima iluminista de liberdade, igualdade e fraternidade", completa.

Secretário estadual de Educação, Wagner Victer afirma que a ação do Escola sem Partido é descabida. "Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro foram grandes ícones referenciais para a formação do sistema educacional do país", assinala. "As homenagens aos brasileiros devem ser feitas em função das suas contribuições ao país. Desqualificar contribuições históricas acaba alimentando conflitos de maneira desnecessária", pontua.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, foi diplomático. "A discussão sobre o projeto que propõe mudança no título de patrono da Educação concedido ao educador Paulo Freire está no âmbito do Legislativo. O ministro afirma que respeita o debate democrático e que, a despeito de quaisquer visão ideológica, Freire teve um papel histórico na Educação brasileira", diz nota.

Frente tenta barrar a iniciativa

Respeitado educador, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) também acha o movimento "um absurdo completo". "As pessoas que fazem isso querem partidarizar a nação. Freire é um patrimônio do Brasil, e não da esquerda, como esse pessoal pensa." E promete: "Eu vou estar na linha de frente dos que vão lutar para que essa vergonhosa partidarização do simbolo nacional não progrida".

Educadores e entidades de todo o país já se movimentam para manter o nome de Paulo Freire como Patrono da Educação Brasileira. O manifesto de defesa, organizado pelo Instituto Paulo Freire, também angariou mais de 20 mil assinaturas na internet.

Comissão tem como arquivar

Ainda sem data prevista, os 19 senadores da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa vão debater e emitir um parecer sobre a ideia. Caso a comissão a aprove, o que demanda maioria simples, a sugestão vira proposição legislativa e é encaminhada à Mesa para tramitar como projeto de lei.

A relatoria está a cargo da senadora Fátima Bezerra (PT-RN). "Lamento profundamente que chaguemos a esse ponto de alguém tomar a iniciativa de propor um projeto de lei para desomenagear a envergadura e a trajetória de Paulo Freire. Isso tudo é um reflexo dos tempos de intolerância em que vivemos. Tenho certeza de que meu parecer vai ser aprovado, essa insensatez não passará. Essas propostas são um desserviço ao povo."

Quem é Paulo Freire e o que ele representa

Morto em 1997, Paulo Freire é um dos mais famosos pedagogos brasileiros e ficou conhecido por defender uma educação voltada à "formação da consciência política". Em sua obra máxima, 'Pedagogia do Oprimido', o intelectual reforça que a Educação tem um papel fundamental para a superação da dicotomia social entre "opressores" e "oprimidos".

É o terceiro pensador mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo, segundo levantamento feito pela London School of Economics em 2016. 'Pedagogia do Oprimido' é o único título brasileiro a aparecer na lista dos 100 livros mais requisitados nas listas de leituras exigidas pelas universidades de língua inglesa.

Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de "educação bancária". Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores.

Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque, para ele, a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o autoaprendizado. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu.

O que dizem alguns dos apoiadores do abaixo-assinado

Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, o marechal Roberto Trompowski e Olavo de Carvalho, além de Pierluigi Piazzi, citado na proposta, foram algumas 'alternativas de patronos' dadas pelos apoiadores que responderam ao DIA por e-mail. A reportagem perguntou, também: "Você assinou petição sobre o patrono da Educação brasileira?" e "Qual sua opinião sobre os rumos do segmento no país?". Veja respostas:

"Paulo Freire contribuiu sobremaneira para o atual estágio de falência da educação no Brasil. Hoje, o que mais necessitamos é de foco e disciplina", escreveu Tales Villela.

"Formei-me no Ensino Médio público faz nove anos. Percebo uma queda na qualidade da Educação, falta de interesse dos alunos, insuficiência profissional dos professores, e o principal, aumento do viés ideológico de esquerda nas escolas, fruto da pedagogia do oprimido. Perceba nossos níveis educacionais comparados a outros países, os números falam por si só. De que adianta um país que goza de ensino público, aumento da população com nível superior, sendo que a maioria destes são analfabetos funcionais?", pondera Blademir Andrade de Lima.

Williamn Bull faz coro. "Infelizmente o rumo tem sido ruim nos últimos anos, com o abandono do ensino dando lugar à doutrinação ideológica. Em quase todas as disciplinas pode-se notar o viés ideológico quando aplicadas, seja por meio dos livros didáticos, seja pela prática de muitos professores", explica Willian, que sugere Anísio Teixeira no lugar de Freire.

"Paulo Freire não tem qualidade para ser o patrono da Educação brasileira, temos nomes que verdadeiramente contribuíram para essa causa de forma real, e não de forma política e perversa que só visava a tornar a Educação ineficaz e manter o povo como massa inculta", sublinha o funcionário público Arthur Gustavo Brito de Faria, 41 anos. "Por culpa de Paulo Freire, as escolas se tornaram fabricas de pessoas inaptas, onde o conhecimento não é fundamental e sim a assistência social", emenda. "Eu admiro Rui Barbosa, não só um educador, mas também um homem que entendia que a formação do cidadão depende da educação formal, ampla, e voltada para ciência", cita.

"Gente como o Paulo Freire, num país sério, seria considerado um terrorista", ataca Gilberto 'O Rabugento'. "Tenho 65 anos, e nesse tempo só vi um Brasileiro com "B", o e saudoso Darcy Ribeiro, que infelizmente ficou reduzido como pai dos Brizolões", assinala.

MBL de novo no centro do debate

O Escola sem Partido pulsa na mesma batida do Movimento Brasil livre, protagonista de recentes atos conservadores que dividiram opiniões. "O MBL está combatendo a pseudo unanimidade da esquerda", afirma Edson Nunes, ex-presidente do Conselho Nacional de Educação e sub-reitor da Candido Mendes. "O governo do PT usou o Paulo Freire como símbolo. Uma batalha por quem controla a cultura é o que está acontecendo atualmente", resume.

Henrique Sobreira, doutor em Educação pela Uerj, discorda. "O MBL se tornou uma instituição que resolveu perseguir pessoas ou instituições que se identificam com um discurso de esquerda. O caminho é esse de terrorismo de intimidação. A invasão a uma palestra sobre os 100 anos da Revolução Russa foi um absurdo", afirma.

Grupo mexeu até no Enem

O Escola sem Partido conseguiu alterar até as regras do Enem, cuja primeira prova será realizada hoje. A Justiça Federal suspendeu o item do edital que prevê nota zero para quem desrespeitar os direitos humanos na redação. A decisão é provisória e, até o fechamento desta edição, na sexta-feira, estava mantida. A redação do Enem será aplicada hoje. No pedido em tramitação no TRF1, a Associação Escola Sem Partido, autora, sustenta que a regra não apresenta critério objetivo e tem "caráter de policiamento ideológico".  (Com Informações de O Dia).

O Enem e os surdos e o que aprendemos


O Enem resolveu falar de surdez. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 solicitou aos os candidatos escreverem sobre os “desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Obviamente, para nós pessoas com deficiência é um tema conhecido. Sabemos das questões envolvidas, da complexidade, da luta e disputas que envolvem o campo da surdez. Inclusive poderiam os alunos sem deficiência afirmar que tal solicitação diferencia os candidatos, visto que eles, os sem deficiência, estariam menos preparados para discutir o tema? Não, pois seus colégios deveriam prepará-los, afirmaria o MEC, numa batalha judiciária sem fim… E o STF o que diria?

Bem, do jeito que o STF julgou a ação da relação entre direitos humanos e a redação do Enem, podemos esperar tudo.

A respeito disso, aliás, fiquei a imaginar, poderiam propor os candidatos a eliminação dos surdos, uma eugenia estatal? Pelo parecer do STF, sim. Não teriam zero. Medo dos tais liberais do STF.

O campo surdo é um campo enorme. Cerca de 350 mil brasileiros tem surdez profunda, absoluta, e quase um milhão e oitocentos mil tem surdez grave no Brasil. Grande parte deles é usaria da Língua Brasileira de Sinais, LIBRAS. Uma parte menor usa implante coclear, e passou a ouvir. Uma parte perdeu a audição depois de já alfabetizada, e são usuários de língua portuguesa, e oralizados. Alguns são usuários de línguas de sinais específicas. Há por exemplo a URUBU-KAAPOR – LSKB, a língua de sinais brasileira utilizada pelos índios da tribo Urubu-Kaapor, situada ao sul do estado do Maranhão e com alto índice de surdez. Ela difere das línguas de sinais dos índios americanos, pois esta é uma língua de sinais intratribal, enquanto aquelas são intertribais. Não sabemos quantas línguas indígenas ou intra-cidades para surdos existem, pois fora a etnografia de Everton Luís Pereira, “FAZENDO CENA NA CIDADE DOS MUDOS”, sobre uma língua de sinais numa cidade do Piauí, pouco se escreveu sobre o tema no Brasil.

Além do desconhecimento, a briga pelo campo é enorme. Os surdos são disputados pelos agentes de educação, pelos intérpretes, pelos evangélicos, que os analisam como “povo não alcançado pelo Evangelho”, e por isso talvez a pauta do Enem. MAIS MEDO. Para que alcancem autonomia as LIBRAS precisam ser fortalecidas com grandes vocabulários e glossários, propostas que levantamos em humanas, na ANPOCS.

Os surdos costumam brigar entre si, os implantados, os usuários de Libras, os oralizados, e acredito que essas brigas são construídas pelos agentes do campo que os querem isolados do mundo. Sem poder. Eles precisam se unir.

Seu discurso, de que não são pessoas com deficiência, mas uma forma de diversidade humana, nos mostra como a deficiência é um conceito que desagrada, e precisa ser discutido, ontologicamente.

A presença do tema no Enem fará o Ensino Médio provavelmente prestar atenção em subgrupos da discussão da deficiência, discutindo cegueira, doenças raras, deficiência intelectual, eugenia, autismo, síndromes, acessibilidade, desenho universal, gênero e deficiência, ente outros. Mais que discutir o tema, altamente específico, a proposta revela o despreparo que todos temos em lidar com a questão da diversidade humana. (Por Adriana Dias, na Revista Fórum).

(Foto: Reprodução/ Revista Fórum).

Primeiro dia do Enem tem 273 participantes eliminados


O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 terminou neste domingo, 5, com 273 participantes eliminados, informou o Ministério da Educação (MEC). Em 2016, o exame já registrava 3.942 eliminações ao final do primeiro dia, e outras 4.780 no segundo dia. Foram 93,07% a menos de estudantes eliminados ante ano passado. Os 273 participantes equivalem a 6,92% do resultado registrado em 2016.

De acordo com o MEC, a aplicação, tranquila e sem ocorrências graves, justifica a ampliação e a diversificação da estratégia de segurança adotada a partir desde ano. O Enem 2017 estreou a prova personalizada e o uso de detectores de ponto eletrônico e, segundo o Ministério, teve a maior cobertura de detectores de metal desde que o recurso começou a ser usado: 100 participantes por detector. Do total de eliminados, 264 o foram por descumprimento de regras gerais do edital e nove por porte de objetos proibidos identificados pelo sistema de detecção de metal.

Para o ministro da Educação, Mendonça Filho, o modelo do Enem aplicado em dois domingos está se mostrando bem interessante, com grande aceitação dos participantes e aprovação geral positiva. “Temos uma clara percepção de satisfação, por parte dos candidatos, sobre a divisão da aplicação do Enem em dois domingos”, afirmou. “Nós continuamos acompanhando e assegurando que a segunda etapa, no próximo domingo, dia 12, vai ocorrer dentro da mesma normalidade e tranquilidade para os estudantes de todo o país.”


Mendonça Filho reforçou que o dia de provas transcorreu de forma calma e tranquila em todo o país. “Foram poucos casos e situações que exigem uma atenção operacional a mais por parte dos consórcios e de todo o Ministério da Educação, que está mobilizado, via Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, autarquia vinculada ao MEC], para a aplicação do Enem 2017. Isso se traduz em mais tranquilidade para os estudantes que estão se submetendo ao exame.” (Com informações O POVO ).

(Foto: Evilázio Bezerra/ O POVO).

5 de novembro de 2017

STF autoriza redação que fere os direitos humanos no Enem



A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu neste sábado (4) autorizar as redações que ferem os direitos humanos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O caso chegou ao STF através de um pedido da procuradoria-geral de República (PGR) e da Advocacia Geral da União (AGU) para suspender a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou recentemente a revogação da regra prevista no edital do exame.

A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por sua vez, atendeu a um pedido da Associação “Escola Sem Partido”, que alegou que a regra atentava contra a liberdade de expressão.

O cumprimento da Constituição da República, impõe, em sua base mesma, pleno respeito aos direitos humanos, contrariados pelo racismo, pelo preconceito, pela intolerância, dentre outras praticas inaceitáveis numa democracia e firmemente adversas ao sistema jurídico vigente. Mas não se combate a intolerância social com maior intolerância estatal. Sensibiliza-se para os direitos humanos com maior solidariedade até com erros humanos e não com mordaça. O que se aposta é o eco dos direitos humanos garantidos, não o silencio de direitos emudecidos”, disse a ministra.

O ENEM começa neste domingo (5) com as provas de redação, português, literatura, língua estrangeira, história, geografia, filosofia e sociologia. Mais de 6,7 milhões de candidatos estão inscritos. (Com informações da Agência Brasil).

(Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil).

4 de novembro de 2017

Com Fábio Carneirinho, Waldonys e espetáculo Ch@furdo, Mostra Sesc traz shows gratuitos para Altaneira


Com idealização do Departamento Regional do Sesc Ceará, a Mostra Sesc Cariri de Culturas chega este ano a sua 19ª edição, tornando a região caririense em um verdadeiro celeiro das mais diversificadas manifestações artísticas e culturais.

No último dia 16 de agosto, o órgão divulgou a relação de artistas e grupos que irão participar do evento entre os dias 10 e 14 de novembro do ano em curso. Segundo a lista, serão mais de 75 trabalhos. Mais de 20 espetáculos de artes cênicas, 11 de audiovisuais, 15 de artes visuais, 10 de literatura e 12 de músicas de artistas de todo o país.

Ainda conforme o Sesc, grupos como “As Bahias e a Cozinha Mineira e Mombojó”. Nomes da música como Céu e Ellen Oléria, Paralamas do Sucesso, o paraibano Chico Pessoa, o cantor e compositor Luiz Fidélis, dentre outros estão entre aquelas (as) que irão atrair grande público.

Segundo informações constantes do site oficial do município de Altaneira, o grupo “Ch@furdo de Dona Zefinha” será um das atrações a animar o público no próximo dia 12. A inclusão do município na programação da mostra é fruto da renovação da parceria entre a prefeitura e o Sesc ocorrida no último dia 10 de outubro.

O espetáculo “Ch@furdo de Dona Zefinha” – que em 2017 completa mais de 20 anos de atuação- ocorrerá partir das 18h30min, na Praça Manoel Pinheiro de Almeida (Calçadão Municipal).

Ainda não há confirmação, mas já ocorre rumores de que o sanfoneiro Fábio Carneirinho e o forrozeiro Waldonys completarão a programação na cidade alta. 

A programação da Mostra Sesc Cariri Cultural é inteiramente gratuita e aberta ao público.

Sanfoneiro Fábio Carneirinho. (Foto: Reprodução/Facebook).



Ex-ministra Nilma Lino lançará livro que conta história do negro brasileiro



A ex-ministra da Igualdade Racial, Nilma Lino, lança às 9:00 do próximo dia 05/11/17, domingo, o livro *“O Movimento Negro Educador’*. A obra discute a presença do movimento negro como importante ator social e político que tem educado e reeducado a sociedade brasileira sobre os direitos da população negra e pressionado o Estado a implementar políticas antirracistas.

O livro é resultado da trajetória acadêmica e política da professora Nilma e apresenta parte das reflexões do seu pós doutorado realizado com o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, em Coimbra.

O evento será realizado na rua Monsenhor Nogueira, 70, bairro Chácara, no Centro de Betim. *A entrada é de graça e quem participar vai receber certificado*. Além de escritora, Nilma Lino é também doutora em Antropologia e ex-reitora da Universidade Federal Unilab-CE .

Durante o encontro a ex-ministra irá fazer uma palestra sobre a atual conjuntura do movimento negro brasileiro. Hoje, a luta contra a discriminação racial e social exige ações rápidas e programas emergenciais que possam contribuir para mudanças e conscientização da sociedade como um todo.

Entre os participantes, representantes da(o): - Cor Brazil (Associação Cultural Afro Brasileira Betim Cor Brazil Zumbi dos Palmares); Arca (Associação de Reintegração da Criança e Adolescente); Centro Cultural Dona Antônia; Educafro Minas. (Por Jésus Lima, em seu Facebook).


3 de novembro de 2017

Movimento negro repudia declarações da ministra Luislinda Valois


Entidades representantes do movimento negro no país divulgaram nota hoje (3) em repúdio a declarações da ministra dos Direitos Humanos do governo Michel Temer, Luislinda Valois. Ontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, a ministra defendeu o direito de receber R$ 61,4 mil por mês, somando dois vencimentos, como desembargadora aposentada e como ministra.

A ministra chegou a dizer que com o salário de R$ 31 mil por mês “é difícil se vestir, se alimentar, calçar e ir ao salão de beleza”. Afirmou também que trabalhar em Brasília sem uma remuneração à altura seria como trabalho escravo. Depois da entrevista, já diante de repercussões negativas, a ministra desistiu do pedido de acumular os vencimentos.

Entendemos que reivindicar privilégios e participar de um governo que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país, é um contra-senso”, afirma a nota do movimento negro.

Confira a nota de repúdio às declarações da ministra

As entidades do movimento negro brasileiro repudiam as declarações da ministra Luislinda Valois, que assim como fez o ministro do STF Gilmar Mendes, ao fazer referência a tragédia da escravidão que submeteu milhares de negros a uma condição perversa e desumana – um crime contra a humanidade, declarado pela ONU – apropriou-se de forma oportuna desse fato histórico trágico para obter benefícios próprios relativos ao seu salário.

Não obstante não nos furtamos em observar que esse ano o Juiz Sérgio Moro percebeu o salário superior ao teto constitucional durante vários meses e a justificativa para tal descalabro são as generosas cestas de auxílios e adicionais eventuais comumente utilizados no expediente do sistema de justiça para burlar o teto constitucional e assim beneficiar milhares de juízes Brasil afora. O que também representa uma violência para a sociedade brasileira como um todo.

Voltando a Ministra Luislinda, entendemos que reivindicar privilégios e participar de um governo que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país é um contra-senso.

A ministra é voz de um governo de privilégios e privilegiados que quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de inclusão racial. Além de silenciar-se frente ao racismo religioso e às violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades quilombolas em todo o país.

Além de afrontar a dignidade da população negra, a posição da ministra é um atestado cabal da falta de compromisso com o combate ao racismo e com verdadeira cidadania de negros e negras. Não resta dúvida que estamos vivendo um momento em que a violência contra as mulheres, negros, grupos LGBT, quilombolas e índios está se naturalizando e a posição equivocada da ministra é um retrato desses ataques.

A nomeação dessa senhora é reveladora do desapreço que o governo Temer tem pela comunidade negra e o gravíssimo problema do racismo no Brasil.

Também é sintomático o fato de o Presidente Temer olhar para o Brasil e não conseguir enxergar os milhares de homens e mulheres negras com altíssimo nível de comprometimento político com os anseios e demandas da população negra para ocupar qualquer cargo na Esplanada dos Ministérios, ou estaria ele ciente de que a maioria de nós jamais compactuaria com um governo ilegítimo que se instituiu através de opressões, desmandos e violências?

A ministra não representa o povo negro, não representa as mulheres negras e nem aqueles que lutam pelo fim do racismo.

Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo!

#ForaTemer

Assina:

Convergência Negra - Articulação Nacional do Movimento Negro Brasileiro.

Subscrevem:

Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN
Agentes de Pastoral Negros - APNs
Círculo Palmarino
Coletivo de Entidades Negras - CEN
Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN
Quilombação
Rádio Exu - Comunicação Comunitária de Matriz Africana
Movimento Negro Unificado - MNU
Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana - REATA
UNEGRO - União de Negras e Negros Pela Igualdade
Enegrecer - Coletivo Nacional de Juventude Negra
Movimento Consciência Negra de Butia - RS
Setorial de Combate ao Racismo da CUT
Soweto

Com informações da RBA

A ministra disse que com o salário de R$ 31 mil por mês é difícil se vestir, se alimentar, calçar e ir ao salão de beleza.
(Foto: Arquivo/PSDB).

Vítima de perseguição ideológica, Judith Butler recebe apoio de intelectuais



A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) divulgou nota em apoio à vinda da filósofa Judith Butler ao Brasil, bem como ao exercício de sua liberdade de expor seus argumentos, proposições e discussões que não acreditamos poder ser cerceadas. A visita da intelectual estadunidense, com participação confirmada no colóquio Os fins da democracia – estratégias populistas, ceticismo sobre a democracia e a busca por soberania popular sido criticada ferozmente pelo MBL e pelo ator de cinema pornográfico Alexandre Frota.

De acordo com o comunicado da entidade que congrega 111 programas de pós-graduação em Antropologia, Ciência Política, Ciências Sociais e Sociologia em todo o país, “uma mordaça sobre a fala de Butler é uma ameaça para todos e todas nós, cuja vida acadêmica e intelectual não pode prescindir desta liberdade”.

Ainda segundo a nota, "um trabalho intelectual cuja premissa é a liberdade de pensamento, a possibilidade de crítica, e a capacidade de colocar em debate questões relevantes para o conjunto da sociedade, no entanto, está ameaça por grupos que pretendem impedir a vinda de Butler ao Brasil, a realização do seminário e o livre diálogo de ideias."

Em entrevista ao jornal Extra Classe, editado pelo sindicato dos professores da rede privada do Rio Grande do Sul (Sinpro RS), Butler afirmou que os integrantes do MBL e Frota "estão no meio de um pesadelo de sua própria criação".

O evento é promovido pela Universidade da Califórnia em Berkeley e a USP. Está prevista a participação de professores de diversas outras universidades estrangeiras, como Humboldt Universität, Boğaziçi University, Université de Paris VII e de Universidade de Buenos Aires, entre outras.

Doutora em Filosofia pela Universidade de Yale, professora na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde leciona no Departamento de Literatura Comparada e no Programa de Teoria Crítica, Judith Butler é autora de 15 livros, dos quais seis traduzidos no Brasil por diferentes editoras. (Com informações da RBA).

Ao jornal Extra Classe, Butler disse que integrantes do MBL e Frota "estão no meio de um pesadelo 
de sua própria criação". (Foto: Reprodução/ Youtube).