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NIEMEYER ESTAVA PRESTES A COMPLETAR 105 ANOS |
Símbolo
da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, de 104 anos, que morreu na
noite desta quarta (5), é apontado como um dos mais influentes na arquitetura
moderna mundial. Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na
arquitetura. A capital Brasília é apenas uma das suas numerosas obras
espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.
Dono
de um espírito inquieto e permanentemente em alerta, Niemeyer lançou frases que
ficaram na memória nacional. Ao perder mais um amigo, ele desabafou: “Estou
cansado de dizer adeus”. Em meio a um episódio de mais violência no Rio de
Janeiro, perguntaram para Niemeyer se ele ainda se indignava, a resposta foi
rápida e objetiva. “O dia em que eu não mais me indignar é porque morri.”
Em
1934, Niemeyer se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
De princípios marxistas, ele resistia ao que chamava de arquitetura comercial.
Até 2009, ele costumava ir todos os dias ao escritório, em Copacabana, no Rio
de Janeiro. A frequência caiu depois de duas cirurgias –uma para a retirada de
um tumor no cólon e outra na vesícula. Em 2010, foi internado devido a um
quadro de infecção urinária.
Ao
longo da sua vida, Niemeyer associou seu trabalho à ideologia. Amigo de Luís
Carlos Prestes, ele se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e emprestou
o escritório para organizar o comitê da legenda. Durante a ditadura (1964-985),
ele se autoexilou na França. Nesse período foi à então União Soviética.
Em
2007, Niemeyer presenteou Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, com uma
escultura na qual há uma imagem monstruosa que ameaça um homem que se defende
com a bandeira de Cuba. No mesmo ano, foi alvo de críticas pelo preço cobrado,
no valor de R$ 7 milhões, pelo projeto de construção da sede do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Independentemente
das polêmicas, Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção
de Brasília. Os cartões-postais da cidade foram feitos por ele, como a
Igrejinha da 307/308 Sul, construída no formato de um chapéu de freira cuja
obra durou apenas 100 dias.
O
Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o
primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958. Na obra, os
pilares que Niemeyer desenhou para a fachada do prédio, passaram a ser o
emblema de Brasília.
A
sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios
da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal
(STF) e o Congresso Nacional – formado por duas semiesferas simbolizando a
Câmara dos Deputados (voltada para cima) e o Senado (voltada para baixo).
Porém,
um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana.
Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma
passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados.
Em
janeiro deste ano (2012), Niemeyer enterrou a filha Anna Maria, de 82 anos, que
morreu em consequência de um enfisema pulmonar, no Rio. Desde então, segundo
amigos, o arquiteto passou a sair menos de casa e ficou mais fechado.
Créditos:
Carta maior