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A identidade comunista não está ultrapassada

 

Foto histórica dos 13 presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, na base aérea do Galeão, Rio de Janeiro, antes de partirem para o exílio no México, em setembro de 1969. Registro marca a história da luta armada de esquerda no Brasil. Outros dois presos políticos foram agregados ao grupo na ida ao México. Fonte: Wikipedia.

Por Alexandre Lucas, Colunista

Teve um tempo em que negar a identidade comunista era uma necessidade de sobrevivência individual e coletiva. Os comunistas tiveram de usar pseudônimos, entrar na clandestinidade, desaparecer dos holofotes oficiais e silenciar a sua existência, ao mesmo tempo que precisaram reafirmar princípios e aglutinar forças políticas para derrotar os períodos de Estado de Exceção no país: Estado Novo e a Ditadura Militar.

Na história brasileira, as organizações comunistas foram as mais atacadas: O PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e o PCB (Partido Comunista Brasileiro), principais organizações dos comunistas no país, tiveram seus dirigentes e militantes presos, torturados, perseguidos e assassinados.  Há cerca de 100 anos, os comunistas tem que conviver e enfrentar cotidianamente a intensa campanha anticomunista, nos mais diversos níveis e segmentos da sociedade. A campanha anticomunista tem capilaridade social e é difundida pelos diversos aparelhos ideológicos do estado, que vai desde as instituições religiosas, escolas ao conglomerado de empresas de comunicação e de produtos.   O discurso da classe dominante é a narrativa da manutenção do estado burguês, da ditadura da burguesia, ou seja, a luta anticomunista se justifica para elites econômicas, detentoras do capital, como mecanismo de redução e esfacelamento da organização, dos espaços de poder e das conquistas da classe trabalhadora.

Os comunistas, a partir de amplo leque de forças políticas do campo democrático e progressista, tiveram papel essencial no processo de redemocratização do país, após 21 anos de ditadura militar. Desde os meados da década oitenta do século passado, os comunistas e suas organizações podem usar suas cores, suas siglas e seus símbolos como a foice e o martelo que simboliza historicamente o entrelaçamento do proletariado e do camponês.

Com a abertura democrática no país, crescem também as abordagens de percepção social, as formas de organização e de luta da sociedade. Formas isoladas de perceber e resolver os problemas sociais vão ganhando espaço e fragmentando a luta pela transformação social. É notório neste período o crescimento do conceito de “orguinização” da sociedade, crescimento das mais diversas ONG com discursos de substituição do papel do estado, como também do denominado movimento identitário.  As quais têm demandas socialmente negadas e que precisam ser fortalecidas no seio da luta da classe trabalhadora pelo seu processo de emancipação.

A redemocratização continua impondo aos comunistas e as suas organizações o enfrentamento ao anticomunismo e ao mesmo tempo a defesa de princípios teóricos sobre a concepção das relações geradoras de exploração e opressão. 

A todo tempo tentam impor uma narrativa de que ser comunista está ultrapassado, como se as relações de exploração, opressão e a desigualdades sociais e econômicas tivessem sido superadas.

As últimas eleições demonstraram uma peculiaridade que precisar ser percebida no contexto de aglutinação de forças sociais de caráter orgânico. A direita de feição fascista e a chamada da esquerda identitária, ambas tiveram um bom desempenho eleitoral, a partir da afirmação de seus princípios e uma comunicação com o mesmo teor, isso não aconteceu de forma relâmpago, mas processual.

Os comunistas hoje não precisam mais esconder as suas identidades. Vivenciamos uma atmosfera política favorável à ampliação da comunicação e da formação que reafirma a  identidade comunista. 

A identidade comunista se afirma a partir dos princípios teóricos e não se assemelha ao achismo, espontaneísmo e idealismo.  Refirmar Lênin continua sendo atual: "Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário". Ao mesmo a  identidade comunista deve se incorporar a uma comunicação que  reafirme a sua própria identidade.  A Coca-Cola por exemplo, maior símbolo do capitalismo no mundo, não abre não da sua identidade, não se bebe Coca-Cola sem rótulos. No campeonato de futebol os times não jogam sem termo, para não confundir os torcedores. No campo da política os comunistas não podem jogar sem sua identidade. É se reafirmando que os comunistas fazem crescer a sua militância e a sua densidade eleitoral. É possível se afirmar, sendo amplo, falando para além dos pares e sem negar identidades e princípios.