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A ambiguidade política de Ciro Gomes. Por Luis Felipe Miguel


Ciro no Fórum da Liberdade, onde foi acusado de dar uma "pescotapa" em um membro do MBL, o youtuber Mamãefalei. (Foto: Reprodução/ DCM).


Ciro Gomes tem, sim, algum prestígio eleitoral. Tem uma retórica explosiva que projeta a imagem de “cabra corajoso” e ganha adeptos.

Mas o que quer Ciro Gomes? Sua ambiguidade em relação à perseguição contra o presidente Lula o coloca objetivamente do lado de lá da linha divisória que separa quem defende a democracia e quem compactua com o arbítrio no Brasil.

Ciro é um político experiente e atilado. Sabia perfeitamente o que estava fazendo quando deixou de prestar solidariedade pública a Lula em São Bernardo. “Ah, mas ele estava em Harvard com Anitta”. Pois é. Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo.

Depois ele dá declarações chochas contra a seletividade da Lava Jato e as manobras do STF, mas faz questão de defender a prisão antes do trânsito em julgado e de declarar que não acredita que Lula seja um prisioneiro político. Fica claro que ele não quer fechar as portas para o eleitorado antipetista. Cálculo eleitoral esperto? Talvez. Mas tentar acessar este eleitorado sem enfrentar seus preconceitos é dar curso livre à criminalização da esquerda, que é o ponto de chegada do antipetismo.

Ciro não pôde ir a São Bernardo, mas foi a Porto Alegre. Esteve ontem no Fórum da Liberdade, que é o evento central do esforço de propaganda do ultraliberalismo (em sua versão neofeudal, “libertariana”) no Brasil. A edição deste ano, além de uma sessão especial contra o governo da Bolívia, conta com estrelas do quilate de Leandro Narloch, Rodrigo Constantino, Lya Luft (esqueçam a escritora sentimentaloide, ela é há décadas uma feroz defensora do latifúndio) e ninguém menos que Sérgio Moro. Ciro participou de uma mesa com os candidatos presidenciais da direita – João Amoedo (Novo), Henrique Meirelles (PMDB?), Flávio Rocha (MBL), Marina Silva e Geraldo Alckmin. Jair Bolsonaro, convidado, não foi. O que um candidato que quer ocupar o campo da esquerda foi fazer num evento desses, legitimando-o?

Acho muito improvável que Ciro se disponha a uma conversa séria com a esquerda. Para mim, sua estratégia é apostar nessa ambiguidade e com ela chegar no segundo turno contra alguém como Alckmin ou Bolsonaro, quando o apoio da esquerda virá de graça. Vai dar certo? Não sei. Os planos infalíveis de Ciro Gomes costumam ter o mesmo destino daqueles do Cebolinha.

Torço para que não dê certo porque, francamente, é cilada, Bino. (Com informações do DCM).

“O que guia minhas iniciativas é a obrigação com o Brasil”, disse o presidenciável Ciro Gomes


Ciro sobre Lula: "Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento".
(Foto: Reprodução/ Wikimedia).


Com Lula preso em Curitiba, grupos “protofascistas” passaram a canalizar seu ódio em direção ao presidenciável Ciro Gomes, do PDT. Um dessas organizações ofereceu mil reais a quem dirigisse impropérios ao ex-ministro em um restaurante em São Paulo.

Um youtuber reacionário, responsável por um programa de gosto duvidoso chamado “Mamãe, falei!”, famoso por supostamente confrontar seus entrevistados, espalhou a falsa notícia de que teria sido agredido pelo pedetista, boato rapidamente desmentido pelas cenas do encontro. 

Considero isso tudo um sinal dos tempos”, minimiza o presidenciável.

Sobre as críticas a sua ausência nos atos contrários à prisão de Lula, Ciro Gomes pede “refúgio na história”.  Nos 16 anos em que Lula exerceu o poder, diretamente ou por meio de aliados, afirma, “eu o apoiei”. A detenção do ex-presidente, diz, lhe causa “angústia e aflição”.

Segundo o ex-ministro, engana-se quem espera dele um alinhamento automático e acrítico por afinidade ideológica ou simpatia. “Tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento”.

CartaCapital: Após a prisão do Lula, o senhor parece ter se tornado o novo alvo de movimentos como o MBL e quejandos...

Ciro Gomes: Isso não começou após a prisão do Lula. Está anunciado faz tempo que a tática desses grupos protofascistas é me provocar e tentar insuflar o pessoal contra mim. Vou ser obrigado a tornar mais cuidado daqui para frente. Eu viajava displicentemente, sem segurança, e gostaria de continuar assim, mas percebo que, de agora em diante, até por conta da minha crescente responsabilidade para com o País, terei de me proteger. Continuarei a viajar de avião de carreira, mas tomarei maiores cuidados. Considero isso tudo um sinal dos tempos.

CC: O senhor também foi cobrado, desta vez pelo chamado campo progressista, por supostamente não sair em defesa do ex-presidente de Lula de forma mais contundente. Como responde a essas críticas?

CG:  Tem de ter muita paciência para entender o que o PT e o ex-presidente Lula passam neste momento. Isso tudo me causa muita angústia e aflição. Deus sabe o quanto eu gostaria de não ter de testemunhar esse momento, mas sou candidato à presidência da República, caso, no tempo certo, o PDT aceitar essa candidatura, e tenho obrigação com o País. Isso guia minhas iniciativas e meu comportamento. Sobre a minha relação com o Lula, peço refúgio na história. Por 16 anos, Lula, diretamente ou por meio de aliados, exerceu o poder. E neste período, sem faltar nenhum dia, eu o apoiei.

CC: O senhor teme que as eleições não aconteçam?

CG: Não. Acho que elas vão acontecer. Não há força organizada no Brasil para estabelecer uma ruptura da Constituição a ponto de suspender o calendário eleitoral. Por mais que haja impertinências e manifestações de comandantes militares, não vejo senão um profundo profissionalismo nas Forças Armadas. Elas sabem que não é seu papel romper com a Constituição.

CC: O que o senhor espera do Supremo Tribunal Federal em relação às prisões em segunda instância?

CG: O Brasil trava um debate mal sistematizado, mal esclarecido, a respeito da escola do direito em vigor na nossa tradição. No nosso caso, que herdamos a tradição lusitana, vale o que está escrito. E o que está escrito é de uma clareza meridiana: é presumida a inocência de qualquer paciente cujo transito em julgado de sentença condenatória não tenha se consumado. E ainda está escrito que sentença transitado em julgado é aquela contra a qual não se pode mais levantar nenhum recurso. Portanto, se for a escola tradicional, é flagrante que a prisão em segunda instância é um violação.

No direito moderno, consuetudinário, principalmente amparado pelo pensamento anglo-saxão e que parece influenciar uma ala dos ministros do STF, diz que em nenhum país moderno existem quatro graus de jurisdição a um julgamento por crime comum. Todos exaurem a condenação em segunda instância. Só chegam à terceira temas de indagação constitucional ou principiológica, o que não é o caso em questão.

CC: Qual discurso será capaz de alcançar os eleitores em um país tão conflagrado como o nosso?

CG: Escolhi o caminho do equilíbrio e desconsidero toda e qualquer conveniência oportunista, mesmo aquelas que tão somente me beneficiem. Em momentos de insegurança jurídica e política, é preciso apostar na inteligência do povo. A franqueza e a sinceridade são fundamentais. Dizer sem medo se A é A ou B é B, mesmo se isso desagradar os amigos ou favorecer os inimigos. (Com informações de CartaCapital).


“Há uma escalada protofascista no Brasil”, diz Ciro Gomes



No Senado francês, em Paris, o presidenciável Ciro Gomes, do PDT, comentou a situação política brasileira e os disparos contra a caravana do ex-presidente Lula.

Há uma escalada protofascista no Brasil, animada fundamentalmente na Internet”, avalia. “Ela é estimulada por alguns quadros da política brasileira. Uma parte relevante da direita brasileira começa a fazê-lo, mesmo sem uma vontade explícita de que isso aconteça”.

O pré-candidato à presidência participou de vários eventos na Europa. Na passagem pela França, Ciro Gomes concedeu uma entrevista à RFI.

Parte [da direita] é protofascista mesmo, e outra parte permite isso, veja o exemplo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, ao invés de pura e simplesmente condenar [o ataque à caravana de Lula], que é o que se impõe a qualquer democrata, afirmou como primeira reação que o PT está colhendo o que plantou”, acrescentou. “Nada justifica isso, por mais antagonismo que haja. Eu, por exemplo, tenho muitos antagonismos recentes com parte da burocracia do PT e com parte de seu comportamento estratégico, mas não é razoável aceitar que a bala, a pedra e a violência substituam o argumento no debate político”.

Ciro Gomes afirma que não é possível ainda dizer se [o ataque] foi ou não um crime político. “É preciso que nós não nos antecipemos. O que devemos fazer é pedir pressa e eficácia na apuração. Imediatamente uma fração da direita fala em armação. Não podemos deixar que um fato dessa gravidade, com motivações tão potencialmente graves, tenha sua investigação atrapalhada”, avalia. “Se foi de fato um atentado com intenção ainda que sem sucesso de matar o ex-presidente, temos aí uma coisa absolutamente grave, num país que tem 64.700 homicídios nos últimos doze meses e onde a escalada do crime organizado produz uma impunidade de quase 92%”.

Na medida em que o banditismo começa a puxar o enfrentamento com o poder político, isso significa um conjunto de ideias e valores. (...) É o crime organizado se sentindo mais empoderado. É preciso exigir que as autoridades apontem e punam os culpados”, sinaliza.

Ciro Gomes não acredita, porém, que a escalada de violência no Brasil possa adiar o processo eleitoral em 2018. “Evidentemente que a nossa baixíssima tradição democrática e o momento em que estamos, do nosso ponto de vista, sob um golpe de Estado, permitem especulações de toda natureza porque as instituições centrais já foram golpeadas e há uma certa incapacidade das autoridades judiciais do país de impor esta ordem do Estado de direito democrático”, afirma.

Mas para que isso acontecesse [adiamento das eleições], deveria existir um poder, que não parece existir na nossa realidade contemporânea, capaz de subjugar as regras da Constituição. No passado foi uma interrupção militar, e hoje, diga-se, a bem da verdade, os militares têm se comportado com grande profissionalismo”.

Pouco importa o que eu defenda [em relação à candidatura de Lula], o ideal para o País é que todos nós pudéssemos nos apresentar, independentemente de nossa linha partidária, e que o grande juiz fosse o povo, depois de um generoso e fraterno debate que nos permitisse ajuizar o grave e complexo problema socioeconômico do país e as formulações de estratégia”, considera.

Entretanto há uma lei em vigor no Brasil, a lei da Ficha Limpa. E ela é de uma transparência absoluta, que não permite dubiedade na interpretação. A lei diz pura e simplesmente que o cidadão ou a cidadã, condenados em segundo grau de jurisdição, fica sem o direito de ser candidato(a). Portanto, é flagrante que o Lula não será candidato”, afirma. (Com informações de CartaCapital).


Ciro Gomes: a internet emula o fascismo. (Foto: Wikimedia).

Em primeiro dia de caravana, Ciro diz que "quadrilha de bandidos" governa o Brasil


Ciro cercado de apoiadores aos pés do Padre Cícero. (Foto: Fábio Lima/ O Povo).

Pré-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes iniciou a caravana "Rumo 12 - Um Brasil de Gente que Ousa Fazer Diferente" na tarde desta quinta-feira, 1º, no município de Caririaçu, a 466 km de Fortaleza. O ex-governador do Ceará foi recebido por multidão no Município e deu o tom da agenda que pretende emplacar nas eleições deste ano, falou da experiência como gestor público, criticou a taxa de desemprego, a violência e atacou o atual Governo Federal. "Não posso me aquiterar vendo o Brasil sendo governado por uma quadrilha de bandidos, eles não querem que a gente use as palavras para o povo não entender o que está acontecendo: mais da metade do dinheiro que o povo brasileiro paga de imposto está sendo levando para meia dúzia de barão para a especulação financeira", criticou o ex-ministro e ex-governador.


Ciro chegou acompanhado do irmão, ex-governador Cid Gomes. (Foto: Fábio Lima/ O Povo).


Ao chegar à Câmara Municipal, ele foi carregado por apoiadores. Ciro chegou ao local acompanhado do irmão, Cid Gomes, do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, e de André Figueiredo, presidente estadual da sigla. "É o empurrãozinho que eu preciso para enfrentar esse desafio pela frente", afirmou o Ciro. Durante o discurso à multidão, ele chegou a se emocionar em alguns momentos. "É pela emoção que volto ao Ceará".

Segundo Figueiredo, a ideia é fazer cinco rotas pelo Ceará, além de estabelecer novas caravanas em outros estados do País. "O Brasil precisa de um homem corajoso, competente, que não tenha medo de quem quer que seja e, acima de tudo, abrace a causa do Brasil", disse o líder estadual da sigla.

Pré-candidato abraça apoiadores na Câmara Municipal de Caririaçu. (Foto: Fábio Lima/ O Povo).

Luppi também ressaltou a "coragem" de Ciro. E destacou a gestão do pedetista no Governo do Ceará. "O Brasil precisa de um homem igual a este, precisa de um homem de coragem, que além da competencia, da oratória e da honestidade possa mostrar ao povo o que já fez. O Ceará é modelo para o Brasil, é modelo de gestao e administração. Isso começou com ele", afirmou.

Caravana

O pedetista e companheiros devem percorrer 12 municípios do Cariri até sábado, 3. A ideia da direção do partido é filiar vários líderes políticos da região, incluindo prefeitos, vereadores, secretários municipais, estruturando base de apoio para a campanha do ex-ministro.

De acordo com pesquisas de intenção dos votos, Ciro é um dos principais benefíciados no caso de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não ser candidato. O petista, líder em intenção de votos nas pesquisas, foi condenado por unanimidade em segunda instância no caso do triplex em Guarujá, São Paulo, e ainda deve submeter a candidatura ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No mês passado, o pedetista engrossou o tom contra o PT. "É mais fácil um boi voar do que o PT apoiar alguém", disse em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.

Já nesta quinta-feira, 1º, ele comentou sobre o ex-presidente enquanto falava à multidão que se reuniu em Caririaçu. "Estamos vendo o que estão fazendo com o Lula, não vão deixá-lo se candidatar, e minha responsabilidade crescer por quatro porque estão querendo fazer uma eleição de carta marcada, onde o interesses do povo pobre não terá sua representação e o baronato possa ganhar o poder não mais pela mão lisa do golpe, mas encantando a população numa eleição", atacou.

Ele também criticou o desemprego no País e o aumento da violência. "Como se explica, num país como o nosso, com poteciais tão extraordinarios, ter mais de 12 milhões de desempregados?", questinou. (Com informações do O Povo).

O grave erro de Ciro Gomes


Ciro Gomes é um candidato a presidente deveras interessante.

Sua visão dos problemas brasileiros reúne um conhecimento profundo de economia ao objetivo genuíno de melhorar as condições de vida do povão.

Ciro bate constantemente no rentismo e na concentração de renda absurda do nosso país. Foi linha de frente na luta contra o golpe. É, portanto, um aliado do campo de esquerda.

Dito isto, suas posições sobre a imprensa hegemônica são decepcionantes, para dizer o mínimo.

Ciro participou ontem de um tal “2º Encontro Folha de Jornalismo”. Foi entrevistado pela colunista Mônica Bergamo.

O início é constrangedor. Ciro elogia a Folha e sua dona, a família Frias, por prestar informações plurais e fidedignas.

Apenas o episódio da ficha criminal falsa de Dilma Roussef, divulgada em 2009 pela Folha, desmente espetacularmente os elogios de Ciro. A própria Folha admitiu depois (aqui) que não poderia assegurar a autenticidade da ficha mas complementou, de forma cretina, que a autenticidade também “não pode ser descartada”.

De lá para cá a coisa só piorou. A Folha é um veículo a serviço do capital e faz um jornalismo absolutamente desonesto, muitas vezes bandido, mentindo e manipulando loucamente para atacar a esquerda, além de ter sido uma das grandes propulsoras do golpe de Estado que Ciro tanto combateu, em um conluio aberrante com o sistema de justiça.

A primeira pergunta da entrevista é sobre Lula. O próprio Ciro, após respondê-la, brinca que quer falar um pouco das suas próprias ideias ao invés de falar do ex-presidente, “se não sai na Folha amanhã ‘Ciro mete o pau no Lula'”.

Elementar, meu caro Gomes.

Ciro sacou de pronto qual a grande motivação para que fosse convidado ao evento – gerar manchetes contra Lula a partir de críticas vindas do campo da esquerda – e mesmo assim prestou-se ao lamentável papel.

Perguntado sobre a regulação da mídia, Ciro repetiu a estúpida frase de Dilma e disse que “a melhor regulação da mídia é o controle remoto. (…) Quer mudar de canal? Muda de canal. Não precisa o governo regular”.

Na resposta anterior ele mesmo havia criticado o fato de que a mídia no Brasil é controlada por cinco famílias e uma igreja e tem uma linha ideológica única. Do que serviria o controle remoto, então? Deve ser para a pessoa escolher qual veículo de direita, anti-povo e antidemocrático irá manipulá-la.

Diz que hoje há o contraponto da internet, mas esqueceu de dizer que a brutal concentração de mídia no país tem um poder de fogo incomparavelmente maior do que qualquer post de blog ou em rede social.

A Globo, Folha e demais integrantes da máfia midiática são as grandes responsáveis pelo caos golpista no qual estamos metidos.

Seu papel no golpe de 2016 e na perseguição a Lula é fulcral. Sem a pesada manipulação midiática – a qual só é possível porque não há qualquer regulamentação que faça com que a imprensa expresse a pluralidade política da sociedade – a Lava Jato simplesmente não teria como fazer o que fez.

Por suas falas, Ciro aparenta ignorar tudo isso, o que não me parece provável, dada a sua inteligência. A outra hipótese é que finja ignorar deliberadamente, para talvez tentar angariar alguma simpatia dos barões da imprensa.

Caso a segunda tese seja mesmo a correta, Ciro comete um equívoco grosseiro.

Ele está sendo poupado pela velha mídia até agora porque suas críticas a Lula servem aos interesses da direita.

Assim que Lula estiver definitivamente fora do páreo, as baterias do oligopólio de mídia se voltarão para qualquer candidato do campo progressista.

Ciro cedo ou tarde será o alvo do massacre midiático que ataca impiedosamente qualquer candidato a presidente não alinhado ao projeto político da direita.

O controle remoto não vai ajudá-lo. (Por Pedro Breier, no Cafezinho).

Ciro Gomes. (Foto: Fórum).

Nas eleições, o Brasil estará entre um futuro e a mesmice


(Paulo Pinto/ Fotos Públicas).

A leitura dos intérpretes do Brasil, particularmente de Raymundo Faoro, nos permite concluir que a história brasileira anda em círculo e, a rigor, permanece sempre no mesmo lugar. Não há uma espiral capaz de projetar o País para o futuro. De décadas em décadas ocorrem pequenas rupturas na linha desse círculo, mas logo são recompostas, seja pela via do recurso às armas, seja de arranjos conciliadores ou de golpes parlamentares-judiciais, como foi o último caso.

O caráter circular da história brasileira é impositivo, determinado pela vontade das elites, cujos grupos hegemônicos podem variar, mas mantêm sempre o mesmo objetivo: aprisionar o Estado e usá-lo como instrumento de acumulação de capital, numa relação de extorsão contra a sociedade e contra os trabalhadores, lançando mão de vários mecanismos para alcançar as metas.

Os resultados desses processos têm se traduzido na ausência de um Estado universalizante, na precariedade dos direitos sociais, civis, quando não dos políticos. Numa ordem jurídica e policial enviesada contra os pobres, os índios, os afrodescendentes, as mulheres e outros grupos minoritários. Na perpetuação da desigualdade e da pobreza. No fomento proposital na produção de carências em áreas como saúde, educação e cultura. Na inviabilização do desenvolvimento industrial e tecnológico e na degradação ambiental.


A história tem mostrado que os grupos de interesse que lideram esse verdadeiro assalto ao Estado se alternam e se compõem, ora as elites agrárias, o estamento, setores industriais, comerciais, militares, setores financeiros, e assim por diante. De modo geral, esses setores se compõem com interesses internacionais de forma subalterna para bloquear a projeção global do País.

O tucano Alckmin provavelmente absolverá os votos anti-Lula. Dúvida: Ciro Gomes e o ex-presidente serão capazes de formar uma aliança? (Foto: José Antônio Teixeira e Wanezza Soares).
Os instrumentos fiscais regressivos, os subsídios, políticas públicas igualmente regressivas, a sonegação e a corrupção são os meios prediletos que esses grupos utilizam para se apoderar dos recursos retirados da sociedade, intermediados pelo Estado e entesourados e capitalizados por essas facções predatórias das elites.

A livre competição de mercado por meio de métodos racionais e um capitalismo ascendente orientado pela inovação passam longe das terras brasileiras. O discurso liberal sempre foi uma farsa para acobertar o assalto aos recursos públicos. Os destinos do Brasil enquanto nação, o seu lugar no mundo e o bem-estar do povo não são preocupações fundamentais desses grupos particularistas.

Apenas em três momentos foi possível produzir tênues rupturas na linha circular da nossa história: com Getúlio Vargas, que teve de lançar mão de instrumentos de força para se impor. Com João Goulart, que chegou à Presidência pelas circunstâncias do acaso.

E com Lula, que, pela sua liderança e seu carisma, gerou imensa esperança entre os pobres e espoliados do nosso povo. Apesar de se compor com grupos das elites, a continuidade desses processos no sentido de usar o Estado como meio de universalização de direitos, de justiça e de igualdade foi interrompida pelos golpes militares ou judicial-parlamentares.

A condição necessária para o Brasil ter um futuro minimamente razoável consiste na superação da pobreza e da desigualdade, na garantia de direitos, na revolução educacional (condição de um salto tecnológico) e no acesso à saúde e educação para o povo. Somente a superação desse nó será capaz de gerar emprego, renda e inclusão de forma mais sustentável e, consequentemente, o desenvolvimento econômico e social.

A grande batalha política e ética de 2018 consiste em saber se faremos uma aposta nessa possibilidade de futuro ou se vamos permanecer na mesmice do círculo histórico que nos aprisiona. A questão dramática que se apresenta é que ainda estão em curso desdobramentos do golpe judicial-parlamentar, cujo principal ponto consiste em barrar a candidatura do único com chances eleitorais de chegar lá e provocar uma fenda nesse círculo perverso: Lula.

Com Lula na liderança de todas as pesquisas, com Jair Bolsonaro em segundo lugar, com o governo incapaz de gerar um polo atrativo de poder, com um candidato de centro-direita como Geraldo Alckmin apresentando dificuldades e com o fracasso do aventureirismo do novo via João Doria e Luciano Huck tem-se aqui um retrato de como deverá marchar o cenário até o início da campanha. Podem surgir em variações aqui e ali, se apresentarem novos candidatos, mas mudanças substantivas deverão ocorrer  somente após o início da campanha. A Lava Jato deve continuar a produzir alguns efeitos sobre esse ambiente.

Se o cenário se definir em torno das candidaturas que estão mais ou menos postas, sem a entrada de uma grande novidade, de um outsider que tenha a capacidade de desequilibrar, mesmo com todas as dificuldades apresentadas pela candidatura Alckmin, o fato é que o efeito contágio que a figura de Temer e de seu governo suscitam deve levar o centro-direita a se articular com o candidato tucano em uma chapa PSDB-PMDB. Seria a chapa do golpe. Assim, aos  poucos, Alckmin tenderá a ser o desaguadouro das articulações e dos votos anti-Lula. Sem estrutura e com um perfil agressivo que beira a violência, Bolsonaro irá aos poucos se desinflar.

Não se pode aceitar com naturalidade um Judiciário parcial, liderado pelo STF, que rasgou a Constituição em diversos momentos ao longo dos últimos anos. (Foto: Nelson Jr/STF).
Se nada de extraordinário surgir, a tendência é a de que haverá um segundo turno entre Lula e Alckmin, repondo a polarização das duas últimas décadas. Além da movimentação dos candidatos, haverá uma disputa preliminar para a montagem das duas frentes. Lula deveria buscar agregar todo o campo democrático e progressista e tentar cindir o PMDB, capturando parte dele.

Uma questão que surge é se Lula e Ciro Gomes poderão se compor. Do ponto de vista dos interesses sociais e do futuro do País, a composição é desejável e necessária. As idiossincrasias pessoais de um e de outro deveriam se submeter aos ditames do interesse da sociedade. Líderes autênticos, em regra, devem submeter os seus humores pessoais às determinações dos interesses da sociedade e do País.

O campo que apoia Lula precisa enfrentar outras batalhas.

A mais importante consiste em garantir sua candidatura, mesmo que pela força das mobilizações de rua. A interdição de sua candidatura deve ser algo inaceitável e essas forças devem estar dispostas a produzir um impasse se sua candidatura não for acolhida. É preciso deixar claro que uma eleição sem Lula será ilegítima e que isso abrirá as portas para a desobediência civil e para a exasperação dos conflitos sociais e políticos.

Não se pode aceitar naturalmente as decisões e o jugo de um Judiciário parcial e persecutório, que contribuiu para destruir a constitucionalidade do País. Um Judiciário que tem na sua cumieira o STF, que rasgou a Constituição ao entregar ao Senado e à Câmara dos Deputados o poder de decisão judicial para salvar Aécio Neves e outros corruptos.

O outro desafio da candidatura Lula consiste em construir um programa que supere os limites do que foram os 13 anos de governos petistas. Além de enfrentar de forma mais contundente os desafios da desigualdade, da pobreza, do trabalho, da renda, dos direitos, com destaque para educação e saúde, esse programa deveria ter uma forte ênfase reformista.

Em dois sentidos: 1. Remoção dos mecanismos iníquos que geram a desigualdade e a injustiça. 2. Reconstruir as instituições e a economia, buscando criar um Estado ágil, eficaz e confiável e uma economia sustentável, compatibilizada com os desafios tecnológicos, sociais e ambientais do século XXI.

Somente assim o Brasil poderá almejar um lugar melhor no mundo. As candidaturas dos partidos de esquerda terão um papel importante para pressionar Lula e o PT a saírem dos limites a que se enredaram nos 13 anos de governos petistas. Farão isso se apresentarem programas sérios, viáveis e se fizerem um debate convincente com a sociedade. (Por Aldo Fornazieri, na CartaCapital).

*Aldo é professor da Escola de Sociologia e Política (FespSP)

Ao recusar apoio do MDB, Ciro Gomes diz: “Essa quadrilha precisa ser afastada”


Ex-ministro e ex-governador do Ceará, o pré-candidato a presidente da república pelo PDT, Ciro Gomes, descarta, com ênfase, um eventual apoio do MDB a sua campanha. Em entrevista ao jornalista Walter Santos, editor da Revista Nordeste, Ciro fala de seus planos em um eventual governo, caso seja eleito, e diz já estar preparando algo voltado para o desenvolvimento, especialmente para a região.

Questionado sobre com quem tem conversado para firmar alianças, ele respondeu: “Nós estamos também sozinhos nesse instante, mas temos uma conversa profunda com o PSB e o PCdoB, seria nossa aliança preferencial. Sem excluir ninguém, mas, com todo respeito a quem pensa diferente, eu não quero o apoio do MDB”.

Ele continua: “É preciso botar o MDB na oposição e o Brasil precisa destruir esse monstro fisiológico e corrupto que hoje sangra o país por todos os ângulos. Evidentemente, sempre tendo a justiça de excepcionalizar alguns peemedebistas que são respeitáveis – eu respeito o Jarbas Vasconcelos, eu respeito o Requião, enfim, ficando aqui em dois, pois o terceiro já não é mais tão fácil de lembrar. Mas essa quadrilha aí tem que ser afastada, banida do centro do poder brasileiro, porque eles destruíram o governo FHC, destruíram o governo Dilma, na base da fisiologia, do clientelismo, introduziram essa instabilidade política no país e agora com o componente golpista criminoso. Então, tirando esse, nós vamos conversar. Preferencialmente PSB e PCdoB”.

Sobre um eventual apoio do PT, que lançará o ex-presidente Lula, disse que seria “bem-vindo”, mas que “é mais fácil o boi voar”. Ciro aproveitou para fazer críticas também aos tucanos: “O PT é o principal partido que a democracia brasileira produziu junto com o PSDB e eles, ao invés de cooperarem, brigaram em São Paulo e, ao brigar em São Paulo, racharam o Brasil nessa briga de ‘coxinhas’ e ‘mortadelas’, que num certo momento foi conveniente para eles e agora introduziu o ódio, o sectarismo, a radicalização da política que está fazendo muito mal ao país”.

Por isso é preciso que o PT ceda o lugar a um novo desenho, mas eles não são capazes, nem mesmo de aprender com as lições dos erros graves que cometeram. Portanto, eu respeito, mas tenho que dizer que eu gostaria, né, para não dizer que ‘as uvas estão verdes’”, disse.


Para Ciro, o quadro brasileiro está “tão intrincado e complexo que a população basicamente está procurando ficha limpa, está procurando experiência, capacidade de formulação, está procurando uma vida pública anterior que seja observável, e, assim, parodiando o Rei Roberto Carlos, esse cara sou eu. Mas esperem um pouco que vocês não precisam acreditar não, a tarefa de atravessar o Rubicão é minha. Eu enfrento interesses poderosíssimos”. (Com informações Revista Nordeste, do Brasil 247 e da Revista Fórum).

Presidenciável Ciro Gomes (PDT - Ceará) dispensa apoio do MDB. (Foto: Reprodução Revista Fórum).

“Ciro faz mal para ele próprio”, diz Lula


O ex-presidente Lula falou sobre as críticas que o pré-candidato à presidência, Ciro Gomes (PDT), tem feito a ele. Em conversa com jornalistas nessa quarta-feira (20), no Instituto Lula, em São Paulo, o petista elogiou seu provável adversário no próximo ano, mas disse que o ex-ministro deve ter “cuidado” com o que fala.

O Ciro faz mal para ele próprio. O problema do Ciro não é que os ataques dele vão me prejudicar. Vão prejudicar a ele mesmo. Nem tudo o que a gente pensa a gente pode falar. Na hora em que pensa bobagem, não fala”, disse em conversa com jornalistas no Instituto Lula nesta quarta-feira, 20. “Mas eu gosto dele, sou muito agradecido a ele”, continuou.

Lula disse ainda que Ciro precisa utilizar a inteligência para ganhar as eleições. “Tem que ter cuidado com as palavras. Quando o Ciro tomar a decisão de ser candidato de verdade, ele terá que saber que o que a gente fala pesa muito, contra a gente mesmo”.

Bolsonaro

Sobre o deputado Jair Bolsonaro (PSC), outro pré-candidato ao Planalto, Lula disse avaliou que não é possível fazer uma campanha eleitoral “destilando ódio”.  “A urna é um lugar de depositar esperança. Na urna você não deposita ódio”. (Com informações do 247).

(Foto: Reprodução/ 247).

Crescimento de Ciro já preocupa direita


A cúpula do PSDB avalia que, sem Lula na disputa, aumentam as chances de o governador Geraldo Alckmin estar no segundo turno, mas, na esquerda, é o ex-governador Ciro Gomes (PDT) quem cresce, principalmente no Nordeste.

O crescimento de Ciro, aliado ao potencial de transferência de votos do ex-presidente Lula —apontado pelo Datafolha como o melhor cabo eleitoral do Brasil— já preocupam os adversários.

Desde que o julgamento de Lula foi marcado, Ciro tem subido o tom de suas críticas ao petista. (Com informações do 247).

Ciro Gomes tem crescido nas pesquisas. (Foto: Reprodução/247).



Ciro Gomes: “Nem todos os políticos são ladrões. Eu não sou”


Em evento realizado em Santos, no litoral de São Paulo, o pré-candidato à presidência pelo PDT ressalta a desilusão do povo brasileiro com a classe política e debate temas nacionais, como a crise econômica e o processo sucessório.

A população começa o processo sucessório com uma desconfiança grave na própria narrativa da política e não faltam razões para isso. No entanto, o importante é perceber que os políticos não são todos iguais, como alguns querem fazer parecer. Nem todos são ladrões. Eu não sou”. 

A afirmação é de Ciro Gomes, pré-candidato à presidência da República pelo PDT. Ele participou do evento “Jose Martí discute o Brasil – Ciclo de Debates”, organizado pela Associação Cultural Jose Martí e realizado no auditório da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos, litoral de São Paulo. A Fórum transmitiu ao vivo a palestra do candidato, em sua página no Facebook, atingindo cerca de 25 mil visualizações.

Ciro dividiu a palestra em dois tópicos. Primeiro discutiu “O que aconteceu para o Brasil chegar onde chegou”, destacando a crise atual, que ele considera a mais grave da história do país. Em seguida abordou “O que fazer para mudar esse cenário”. Dentro desses temas, ele fez análises de assuntos como Educação, Previdência Social, processo sucessório, papel dos partidos progressistas, Economia, história do Brasil, entre outros.

O ex-ministro e ex-governador do Ceará justificou a desilusão do povo brasileiro em relação aos políticos em função da crise econômica, que jogou 13.400 milhões de pessoas para o desemprego. “Hoje, existem R$ 160 bilhões de déficit primário na conta pública, ou seja, essa é a diferença do que o país arrecadou em relação ao que gastou. Outro dado importante é que temos na atualidade a menor taxa de investimentos da história. Em síntese, a recessão á a pior possível e a população olha para a política.

Ciro faz um alerta. “O próximo presidente da República vai pegar 23 dos 27 estados quebrados. Se você não tiver a oportunidade de negociar com governadores um novo projeto nacional de desenvolvimento que redesenhe as finanças do país, um sistema tributário mais moderno, mais justo, um sistema previdenciário que sinalize que nossos filhos não vão pagar uma dívida e que nós vamos deixar uma poupança para os nossos netos, você não terá outra ocasião”.

Além disso, na avaliação do pré-candidato do PDT, a corrupção sistêmica também ajuda a criar esse cenário de desânimo. “Corrupção é uma inerência da obra humana, todos os homens são frágeis e na política sempre acontecerá. O que você pode prometer é que não vai aceitar a impunidade”, analisa.

O ex-ministro destaca que não deve generalizar quando se refere aos políticos, prática comum, que só serve a quem já ocupa o poder, segundo ele. “O que distingue é a ideia e o exemplo. A população, que está muito machucada, tem todas as razões para estar indignada com a política e o apelo por uma coisa nova é um apelo totalmente correto ao país. O que não podemos, a pretexto de qualquer tipo de respeito que se tenha ao povo, e o maior de todos é o meu, é aceitar a ideia de que fora da política há alguma solução pra quaisquer que sejam as questões. Não há. A saída para o Brasil está na política. Na boa política”.

Ciro Gomes não poupou o atual governo e reiterou a posição de que Dilma Rousseff (PT), apesar de todos os erros, foi vítima de um golpe.

“Quem estuda, sabe que a história do Brasil tem uma baixa tradição democrática. O que estamos vivendo é mais um golpe. Para a população isso é devastador, mas o Michel Temer é um ladrão. É inadmissível que, na mesma semana em que pede que a população tenha espírito público e faça o sacrifício de apoiar a reforma da Previdência, que é uma selvageria sem precedentes no mundo, este governo emite uma medida provisória proporcionando isenção de mais de R$ 1 trilhão para empresas petrolíferas estrangeiras”.

Adversários

O pré-candidato à presidência pelo PDT elogiou nomes como Manuela D´ Avila (PCdoB), Marina Silva (Rede) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), todos possíveis adversários na corrida presidencial, abrindo um capítulo à parte para falar do ex-presidente.

O Lula teve uma passagem benfazeja na presidência da República. Diferentemente dos petistas, eu sustento isso com números. O Lula tomou o salário mínimo, em poder de compra, a 76 dólares e entregou a 320. O Lula expandiu o crédito de 17% para 55% do PIB, dirigindo-o para a agricultura familiar, para a construção civil e criou uma rede de proteção social, que, mesmo compensatória, foi muito relevante. Apesar de não emancipar nação nenhuma, foi muito importante, especialmente para quem, como eu, vem do sertão semiárido. Agora, o que faltou ao Lula? Um projeto. Qual foi a reforma que o Lula propôs, fora a tomada de três pinos? Por que o país quebrou, já com a Dilma? Porque não tem projeto. E nós repetimos o filme. Lá atrás, o Fernando Henrique expandiu o consumo, a produção definhou, nós importamos, importamos e importamos e enquanto os preços das commodities são altos, a gente disfarça. Quando os preços caem, a gente quebra. É rigorosamente o mesmo filme. A Dilma chegou a botar a taxa de juros a 14,25% e nomear o Levy ministro da Fazenda. Isso não é progressismo”, critica.

Ainda a respeito de Lula, Ciro fez mais referências positivas e negativas:


Sou amigo do Lula, o respeito muito e reconheço o trabalho importante que ele fez, principalmente no aspecto social. O Lula, para mim, é um grande brasileiro, mas nem ele, nem o PT tinham um programa estrutural, capaz de enfrentar os graves problemas nacionais. Além disso, ele é o culpado pela ascensão do PMDB ao Palácio do Planalto. É o grande responsável por ter feito esse tipo de aliança, que botou o Michel Temer na vice-presidência e na linha de sucessão. Também é o grande responsável por ter dado poder ao Eduardo Cunha para e chegar à presidência da Câmara, comprar deputados e promover o golpe”. (Com informações da Revista Fórum).

(Presidenciável Ciro Gomes. Foto: Lucas Vasques).

Com Manuela e Ciro, pulverização à esquerda pode ser boa estratégia


A pré-candidatura da deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila (PCdoB) à Presidência da República quebra um “tabu” de mais de sete décadas.

O partido não tem candidato presidencial desde as eleições de 1945, com Yedo Fiúza, então prefeito de Petrópolis (RJ), quando o antigo “Partidão” ainda reunia na mesma sigla as que no início dos anos 1960 se dividiriam em PCdoB e PCB, ambos obrigados a atuar na clandestinidade até a redemocratização, nos anos 1980.

A indicação, anunciada no fim de semana pela legenda, é considerada uma estratégia para fortalecer outros nomes dentro do campo da esquerda, em uma eleição marcada pela incerteza e pela multiplicidade de nomes que deverão aparecer no pleito do ano que vem.

Segundo a presidenta do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), mais do que discutir nomes, o que o partido pretende é discutir projetos, com uma saída progressista para as crises simultâneas que o país enfrenta.

A dirigente afirma que é o “tempo político” que vai dizer se a candidatura de Manuela será irreversível, e que o PCdoB já deu “demonstrações irrefutáveis” de unidade pela esquerda.

Vamos fazer um exercício para saber o que a gente vai acumular no processo e ver qual é a melhor estratégia. O que nos interessa é o nosso campo ganhar as eleições do ano que vem. Lá na frente, vamos poder ter uma noção de qual será a melhor estratégia. Se é ter mais de uma candidatura, ou não”, diz Luciana.

Ela compara a pré-candidatura de Manuela D’Ávila à de Ciro Gomes (PDT), que também “mais contribui do que prejudica”, segundo Luciana, para o debate político à esquerda.

Em várias experiências nos estados, tem situações que, para a vitória do nosso campo político, muitas vezes, mais de uma candidatura ajuda. Há situações que não, em que é preciso unir.”

Segundo a deputada, a pré-candidatura do partido serve também de resistência à agenda neoliberal do governo Temer. Ela prevê consequências “tenebrosas” e “nefastas” de medidas do governo, como o congelamento dos investimentos por 20 anos, e a precarização das relações de trabalho com a reforma que entre em vigor no sábado (11), além de cortes em programas sociais de todo tipo.

Ao mesmo tempo, não falta dinheiro para o pagamento da dívida pública, para o mercado financeiro, pois 42% do orçamento vai para a ciranda financeira. É uma opção de Estado mínimo para o povo, e máximo para os rentistas”, diz.

Fator Lula

Por ser mulher e jovem, Manuela D’Ávila também representa a tentativa de disputar votos dessas parcelas do eleitorado. Além de trazer a discussão de gênero para a disputa, a candidata poderia enfrentar os arroubos machistas do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), também pré-candidato.

O cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC (UFABC), lembra que não é pequeno o número de jovens que vêm aderindo a bandeiras conservadoras na política nos últimos tempos.

Ele acredita que uma eventual ruptura do PCdoB com o seu aliado histórico, o PT, pode aparentar dificuldade na coordenação política da esquerda. Mas avalia que a pulverização de candidaturas também pode ser uma estratégia, dadas as incertezas jurídicas relacionadas à presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição – e à rejeição ao seu nome. Seria como ter mais de um cavalo na disputa pelo páreo, compara o cientista político.

Me parece que uma estratégia da esquerda é lançar várias candidaturas para tentar trazer para esse campo votos de eleitores que não vão com Lula. O que estou projetando, para o cenário do ano que vem é um número muito grande de candidaturas, comparado com 1989. A direita também não tem líderes capazes de reunir o campo inteiro. A esquerda talvez esteja reagindo da mesma forma. Com um número grande de candidaturas, a chance de se ter um candidato na casa dos 20% dos votos ir para o segundo turno é alta”, analisa Marchetti.

Ele acredita que candidaturas à esquerda, como a de Manuela, podem desaparecer, caso Lula se confirme como candidato. Mesmo nesse cenário, o professor diz que a “pulverização” poderia uma estratégia a se considerar. “Talvez usar outros nomes na linha de frente, disputando as eleições no primeiro turno, fazendo esse papel de atrair um eleitor que pode dialogar com a esquerda, com o campo progressista, mas tem resistências ao nome do Lula, seja uma estratégia inteligente”, avalia. (com informações da RBA/Viomundo).

Manoela foi lançada pre-candidata ao Planalto em 2018 pelo PCdoB.  (Foto: Divulgação).