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(Foto: Reprodução/ Brasil 247). |
Documentos
do Departamento de Relações Exteriores dos Estados Unidos apontam o
envolvimento direto dos presidentes Emíliio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e
João Baptista Figueiredo no assassinato de mais de uma centenas de brasileiros
durante a ditadura militar no Brasil.
A
revelação foi feita pelo escritor, doutor em Relações Internacionais e
professor da FGV, Matias Spektor. Em sua página no Facebook, Spektor apresenta
um relato da CIA sobre reunião ocorrida em março de 1974 entre o General
Ernesto Geisel, então empossado na Presidência, com o general João Figueiredo,
indicado por Geisel para o Serviço Nacional de Informações (SNI), e outros dois
assessores: o general que estava deixando o comando do Centro de Informações do
Exército (CIE), o general que viria a sucedê-lo no comando.
"O
grupo informa a Geisel da execução sumária de 104 pessoas no CIE durante o
governo Médici, e pede autorização para continuar a política de assassinatos no
novo governo. Geisel explicita sua relutância e pede tempo para pensar. No dia
seguinte, Geisel dá luz verde a Figueiredo para seguir com a política, mas
impõe duas condições. Primeiro, 'apenas subversivos perigosos' deveriam ser
executados. Segundo, o CIE não mataria a esmo: o Palácio do Planalto, na figura
de Figueiredo, teria de aprovar cada decisão, caso a caso", relata Matias
Spektor.
Leia
trecho do documento divulgado pelo governo dos EUA:
"De
tudo o que já vi, é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime
(Médici, Geisel e Figueiredo) com a política de assassinatos. Colegas que sabem
mais do que eu sobre o tema, é isso? E a pergunta que fica: quem era o
informante da CIA?", questionou Matias Spektor.
Leia
na íntegra o relato de Mathias Spektor:
Este
é o documento secreto mais perturbador que já li em vinte anos de pesquisa.
É
um relato da CIA sobre reunião de março de 1974 entre o General Ernesto Geisel,
presidente da República recém-empossado, e três assessores: o general que
estava deixando o comando do Centro de Informações do Exército (CIE), o general
que viria a sucedê-lo no comando e o General João Figueiredo, indicado por
Geisel para o Serviço Nacional de Inteligência (SNI).
O
grupo informa a Geisel da execução sumária de 104 pessoas no CIE durante o
governo Médici, e pede autorização para continuar a política de assassinatos no
novo governo. Geisel explicita sua relutância e pede tempo para pensar. No dia
seguinte, Geisel dá luz verde a Figueiredo para seguir com a política, mas
impõe duas condições. Primeiro, “apenas subversivos perigosos” deveriam ser
executados. Segundo, o CIE não mataria a esmo: o Palácio do Planalto, na figura
de Figueiredo, teria de aprovar cada decisão, caso a caso.
De
tudo o que já vi, é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime
(Médici, Geisel e Figueiredo) com a política de assassinatos. Colegas que sabem
mais do que eu sobre o tema, é isso? E a pergunta que fica: quem era o
informante da CIA?
O
relato da CIA foi endereçado a Henry Kissinger, então secretário de Estado.
Kissinger montou uma política intensa de aproximação diplomática com Geisel.
A
transcrição online do documento está no link abaixo, mas o original está depositado
em Central Intelligence Agency, Office of the Director of Central Intelligence,
Job 80M01048A: Subject Files, Box 1, Folder 29: B–10: Brazil. Secret; [handling
restriction not declassified]. (Com informações do Brasil 247).