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Altaneirense Ravi Temóteo conquista 2º lugar no Circuito Arena Run, no estado da Paraíba

 

Ravi Temóteo, de Altaneira, conquista 2º lugar em corrida na Paraíba. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais).

Por Nicolau Neto, editor

No último dia 10 de julho a cidade de Sousa, no sertão do Estado da Paraíba, recebeu o 1º Circuito de Corridas ARENA RUN. Esta foi a primeira etapa da competição e a segunda será realizada em Cajazeiras.

A competição foi dividida em duas categorias, 5 e 10 Kms. O atleta Ravi Temóteo de Altaneira, no cariri cearense, que nos últimos anos tem trazido bons resultados, não decepcionou. Ele competiu nos 5.000 ms e acabou chegando em segundo lugar.

Realizado pela Arenas Fitness, a largada e a chegada se deram na Avenida João Bôsco M. de Souza, no Bairro Gato Preto. Segundo a organização, todos os competidores e competidoras obedeceram regras sanitárias referentes ao Covid-19, além de terem recebidos kit de participação que envolveu mochila e camisas.

Além da medalha de prata, Ravi trouxe para Altaneira um troféu e uma quantia em dinheiro. Esta não foi informada pelo atletas que em suas redes sociais agradeceu pelo feito: “Obrigado senhor por mais uma conquista com sucesso. 2 lugar geral Sousa paraiba” (assim mesmo).

Para participar do evento, ele conta com uma bolsa do município proveniente do Programa Bolsa Atleta.

Altaneirenses conquistam 1º e 2º lugar no Campeonato Cearense de MTB/XCO

 

Paulo Robson e Eles Pio na Etapa Final do Campeonato
Cearense de XCO em Altaneira (Fotos: Lucas Gomes)

A Federação Cearense de Ciclismo (FCC) divulgou na tarde de ontem (22/07) o resultado final do Campeonato Cearense de MTB/XCO, confirmando as conquistas dos altaneirense Antonio Eles de Oliveira (Campeão Master C1) e Paulo Robson de Oliveira (Vice-campeão Master A2).

Paulo Robson usou as redes sociais para comemorar a conquista história. “Já conquistei muita coisa com o esporte. O futebol/futsal me proporcionou vários títulos, mas nunca cheguei tão longe quanto com o ciclismo”, lembrou que no ano passado foi Campeão Altaneirense e em 2022 o degrau foi mais alto. “Conquistar um vice campeonato estadual na categoria, no meio de tantas feras, nunca passou nem perto dos meus melhores sonhos”.

Paulo agradeceu a todos que contribuíram direta ou indiretamente em especial aos familiares, patrocinadores, profissionais e equipe de apoio. “Esse pódio é nosso, esse pódio é de Altaneira” escreveu.

O terceiro altaneirense na competição foi o professor Francisco Adeilton que pela pontuação alcançada ficaria no terceiro lugar na categoria Master B1, mas em virtude do descarte de pontos ficou quarta colocação. Adeilton é o atual Campeão Altaneirense.

Adeilton e o Campeão Eles Pio ainda não se manifestaram sobre o resultado final. A FCC ainda não anunciou a data da premiação, mas deve ocorrer no final do ano após o término do Campeonato de MTB/XCM.

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Com informações do Blog de Altaneira.

Memórias intensas sobre Zenilda Oliveira, por Heloisa Bitu

Zenilda Oliveira. (FOTO | Acervo pessoal de Heloísa Bitú)


A descrição é densa, visto que são memórias intensas!

Aos 18 de junho de 1929 nasceu Zenilda Gonçalves de Oliveira, à sombra de outra Zenilda (Maria Zenilda) que Deus chamou antes de completar um ano de vida. Diante do conhecimento da fatalidade da primeira, a segunda costumava dizer que Deus levou a boa e que ela, a menos boa, daria mais trabalho pra ir. Filha de Frutuoso José de Oliveira e Júlia Gonçalves de Morais, nasceu à beira da Lagoa de Santa Teresa D´Ávila e se gabava de haver saído do lugar onde enterrou o umbigo apenas para viver a maior parte do tempo de vida do outro lado da mesma Lagoa.

(...)

Das filhas de Seu Frutuoso, a Zenilda era a mais extrovertida, a mais espalhafateira, desinibida, corajosa, determinada, opiniosa e o melhor: desobediente! Certamente seria o gênio oposto da outra irmã que não chegou a conhecer! De natureza indomável e gargalhadas únicas, esta geminiana não se submetia às ordens dos irmãos mais velhos, permitindo apenas à ela mesma as responsabilidades das escolhas sobre sua vida!

(...)

Quando jovem, aproveitava as tardes de domingo indo ao forró no salão da rua nova, acompanhada “das amigas de pagode” Bela Agostinho, Sinhorinha, Nenem Rodrigues... Para ela as horas de imensurável alegria eram aquelas que junto com as amigas engabelava Olival Frutuoso (irmão) pra não ir pra casa mais cedo!

Era moça prendada, cozinhava bem, engomava roupa como ninguém, costurava e era da labuta da roça também. Tinha boa mão para domesticar, plantar jardins e também sabia tirar leite de cabra!

Adquiriu matrimônio à beira dos seus 25 anos (um pouco tarde para o costume da época). Sempre dizia que se casaria apenas com quem ela acreditasse que a trataria como ela realmente merecia. A altivez na dignidade lhe rendeu o adjetivo de “opiniosa”! A verdade é que a vovó sabia bem o que queria...

Ela deixou claro para o meu avô, quando ainda namoravam, que ele teria de saber bem o que queria com uma mulher feito ela... Teria de seguir à risca tudo aquilo que ela acreditava ser louvável que um homem de caráter respeitasse!

Meu avô prometeu... E cumpriu! Apenas a morte dele em 2001 os separou.

(...)

Por volta dos 35 anos, meu avô Francisco Alves Bitú passou a desenvolver ataques epiléticos. Tiveram 5 filhos: Francineuda Bitú de Oliveira (Mumu), Francenilda Bitú de Oliveira (Didi), Francisco Bitú de Oliveira (Tico), Antônia Francilene de Oliveira (Lena) e Francelma Bitú de Oliveira. A doença neurológica de meu avô foi uma espécie de estigma social na vida dele, de minha avó e de seus descendentes mas, o fato de ser tão “opiniosa” fez jus aos cuidados que Dona Zenilda teve com ele até os seus últimos dias de vida. Por isso a vovó é pra nós o exemplo dos sacrifícios que só o amor profundo suporta e atravessa.

(...)

A vovó transpos o deserto da dor de ver uma filha partir para a morada eterna antes dela mesma, e teve que endurecer para me acolher orfã quando eu tinha só 12 anos de idade. Com ela tive valorosos ensinamentos. A você vovó sou muito grata por tudo o que foi e pelo continuará sendo pra mim! É verdade que a vovó sempre me amou em todos os meus despropósitos e sonhos mais absurdos! O meu sonho de me tornar arqueóloga foi um deles! Ela sustentou junto comigo que eu não desistiria!

(...)

Quando a pandemia veio, Deus, como foi difícil manter a vovó dentro de casa, sem as visitas das amigas de prosa... (Neném Barros, Socorro de Diassis, Maria Lourenço...)

Quando a voinha saía na calçada pra pegar um ar fresco na cadeira de balanço, reclamava que a rua era muito parada! Não passava um cristão, nem por reza! A gente explicava...

- Vó, estamos em pandemia! Tá todo mundo em suas casas, as pessoas não andam mais nas ruas, vovó!

- Tem notícias de Risalva? Antônio Bitú e Zelinda? Esse povo tá tudo dentro de casa?

- Tá vovó... eu tô vindo aqui de teimosa e pq a senhora já tomou a primeira dose, vó! Nem era pra eu estar vindo aqui...

(...)

Sempre que eu aparecia por lá, a tia Francelma contava uma história nova da vovó...

- Mãe tem horas que não tá falando aprumado, não! Acredita que comadre Angelita, comadre Francisca e Titia de Mãe Gulora vieram aqui... e depois que saíram perguntei:

- Mãe sabe com quem passou a tarde conversando hoje?

- Uma muié aí... uma conversa até boa... mas não sei não... Era Maria Firmino?

(...)

Me gabei por uns dias... Pois ela esquecia um bocado de gente mas, se eu chegasse lá a tia fazia questão:

- Agora eu quero ver!

Quando Luan tava estudando na Profissionalizante todo dia a pergunta era a mesma...

- E por onde tú andou em Nova Olinda, tú viu Heloísa?

Se eu chegasse e a tia perguntasse pra ela quem era... ela olhava, fazia cara de risinho faceiro e respondia...

- Vocês tão sendo besta? É a Heloísa.

Eu gaiteava... e me exibia!

Depois até de mim ela não lembrava o nome! Parece que reconhecia a fisionomia, porque olhava pra mim e sorria... Tinha um xodó com Maya... Nunca deixava ela sair de mãos abanando... Corria na bolsinha e tirava uma notinha pra dar pra bisneta chupar um picolé! Eu voltava pra casa de coração quentinho!

(...)

Entretanto, os lapsos começaram a ficar mais presentes! E até os benditos da igreja que eu cantarolava com ela... vez ou outra só arranhava a melodia... letra que é bom, necas!

Foi dureza demais pra mim a cada visita diagnosticar um esquecimento diferente! Eu não conseguia mais ficar sem chorar! A conversa não fluía... nem os causos de antigamente ela sabia mais contar direito! Eu fui entrando no luto... sabendo que a minha cangaceira preferida estava indo devagarinho... não tinha mais a voz imponente, nem a coragem à punho! Valentia? Já não tinha... Não era mais a vovó Zenilda!

Depois eu comecei a voltar... Levar Maya... Sorrir com as presepadas da veinha, que vez ou outra sabia o que a gente estava proseando na frente dela e outras vezes parecia alheia ao mundo!

(...)

Fazia dias que eu não dormia com ela! Então, na véspera do aniversário de morte da mamãe eu decidi que ia com Maya!! Ela queria ver a Bisa e eu tbm.

A vovó estava meio agitadinha... queria ir comigo pro Festival de Quadrilhas pra no caminho deixá-la na casa da irmã mais velha! Que já morreu, por sinal!

Foi peleja pra convencê-la a ficar! Tive que dizer que ia pro Cabaré! kkkkkk. Ela ficou meio contrariada mas, se aquietou.

No dia seguinte, passei o dia do ladinho dela! Conversamos algumas coisas, arranquei alguns sorrisos e lá pelas tantas...

- Vó eu já vou, viu?

- Tú vai pra onde?

- Pra Nova Olinda! Vou pra minha casa!

- E tú vai de quê?

- De carro.

- O carro vem te buscar aqui?

- É sim! Tá chegando já...

- Apois me leva mais tú! Tú me deixa na entrada da rua, na casa de Lindave.

- Vó, hoje é domingo! Lindave não está em casa! Deve ter saído com Domingos Gino!

- Deixe de conversar besteira! Tá em casa sim! Domingos Gino tá adoentado e ela tá em casa cuidando dele! Me leve lá que eu tenho que conversar com ela! Mãe foi pro Juazeiro e ainda não chegou!

- Vó e se eu passar por lá e ela não estiver em casa? Vou ter que voltar pra trás com a senhora... e eu não posso me atrasar! Bora fazer assim... Eu passo por lá, dou o recado e peço pra ela vir aqui! Se ela não vier, é porque não achei ela em casa!

- Tú faz isso mesmo? Não. Eu acho melhor eu ir... Me leva mais tú mulher, bem ali na entrada da rua! De carro num instante a gente chega lá... eu fico e tu vai tua viagem!

- Vó eu tô trabalhando aqui pela manhã... Amanhã, eu volto e passo por aqui e a gente resolve isso, tá?

- Bença, vó?

- Deus te dê vergonha!

- Vem cá Maya, dá bença pra bisa... a gente já vai.

- Deus lhe faça, feliz!

(...)

Voinha foi dormir umas 19:00h. No dia seguinte demorou a levantar como de costume. O que fez a tia estranhar, pois já tinha ido duas vezes olhar e ela dormia serena! A manhã era fria e a tia Francelma, não quis chamar, decidiu esperar mais um tiquinho. Foi às 08:30, às 09:00 e tudo quieto...

Achou estranho... Às 09:30 voltou... voinha não passava bem. A tia percebeu que não estava legal, pois não abria nem os olhos!

Voinha foi socorrida imediatamente! Acompanhada por médica, enfermeira e a tia pro Hospital Regional em Juazeiro!

Voinha do jeito que chegou no hospital, permaneceu! Como quem dorme...

Voinha foi dormir no dia de aniversário de 25 anos que perdeu a filha... e não acordará mais!

Durante estes dias de angustia e aflição com ela na UTI aprendi que o bem mais valioso que alguém pode adquirir na vida se chama memória!!!

Enquanto estivermos na memória de alguém continuamos vivos - ainda que pensemos que a memória afetiva é uma construção subjetiva daquilo que vivemos, sentimos...

Permanecer vivo é ser lembrado.! (não é a toa que a frase virou marketing de sucesso)... e quer admitamos ou não, ninguém constrói um bem valioso como este tão somente sozinho!

Nesta perspectiva, a memória afetiva requer a construção de uma teia estabelecida com/para o outro. Se uma das partes esquece, não decreta apenas a própria morte, mas a do outro também! E que doloroso é morrer para quem se ama!!! Nestes casos é como se, ainda que vivo, tivéssemos morrido!

(...)

Quando a vovó não mais distinguia quem era quem... Deus, como foi doloroso! Tanto, que para continuar as visitas em sua casa, tive de pensar em algo que pudesse transpor essa constatação. Criar novos vínculos!

Lembrei que cantar os benditos na igreja, era algo que a minha avó materna amava! Então, mudei a estratégia e tratei de tecer teias fincadas naquilo que para nós seria algo inesquecível! O caminho foi a música! E é certeza que agindo assim estabeleci novos vínculos com ela, novas memórias afetivas e adiei o nosso fim por mais alguns dias. 

(...)

A vida pode ser dura mas, também pode ser engraçada!

Durante o confinamento em decorrência da pandemia fiz uso de leituras que considero transformadoras para atravessar desertos emocionais!

A primeira delas foi um livro de Laura Gutman chamado: A Maternidade e a busca pela própria sombra - o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Na ocasião eu imaginava que ele pudesse me orientar para ser uma mãe melhor! E na verdade, o que consegui ser, acredito eu, foi uma filha/neta de melhor percepção!

Entre uma página e outra, eu observava o comportamento da minha avó e refletia sobre a maternidade dela, a da minha mãe e a minha... Aquilo foi um exercício muito, muito, valioso!

Sempre que eu aparecia na vovó ela me questionava:

- Tú já merendou hoje? Em cima da mesa tem bolo e banana, tira lá uma torinha de bolo pra tu comer!

- Tu vai almoçar hoje onde? Aqui eu não coloco mais a panela no fogo, recebo o prato na mão! Tu quer uma nota pra ir almoçar na rua?

- Não vovó, eu já estou alimentada!

Somente durante a pandemia, percebi que a vovó fracionava a aposentadoria! E já no início do Alzheimer notei que ela às vezes se levantava da poltrona, ia nas gavetas e esconderijos dos armários, procurava algo, voltava pra cama, olhava debaixo do travesseiro, levantava os lençóis e já meio invocada indagava:

-Tu viu quem foi que veio aqui e levou minha bolsinha de algodão cru que tem uma alça de pano?

- Por acaso, não é essa aí que está pendurada no seu pescoço, vovó? Hahahahahaha

Ela abria o zíper, contava as notinhas, separava uma nota na mão e organizava o resto na bolsinha! Fazia isso inúmeras vezes!

Certa vez, me contou que precisou de um dinheiro pra fazer alguma coisa que queria e pediu pro meu avô. Só porque ele perguntou pra quê ela queria... Nunca mais ela pediu!

- Ora, pra quê é que a gente quer dinheiro...

Tratou de criar tudo quanto era bicho no quintal pra vender e ter seu próprio dinheirinho!

A vovó era vista como uma pessoa durona, altiva, opiniosa e por vezes autoritária! Não gostava de beijos (chamava tirar a pagode), detestava aniversários (achava uma bobagem), se gabava por nunca ter sentido vontade de ir à São Paulo ou se largado de onde enterrou o umbigo! Entretanto, o tempo foi cansando a veinha e ela já aceitava os beijos e assoprava as velinhas sorrindo!

A vovó tinha dinheiro pra tudo! E sempre me dizia que na vida só não há jeito pra morte! O resto...

A tia Francelma aparecia com o almoço e ela dava uma notinha pra comprar o bolo do café da tarde.

Maya aparecia saltitante, ela dava uma notinha pra ir comprar bombom.

Luan aparecia desconfiado, ela dava uma notinha pra ir comprar um pote de sorvete.

Olhava pra mim e dizia: essa pega pra tu ir almoçar lá nos “café” de quem tiver aberto!

É claro que a sabedoria da vovó me foi muito eficaz para não desistir do que eu queria mas, dolorosamente também aprendi que existem situações na vida, das quais não há jeito que dê jeito (não apenas a morte)!

Quando Maya tinha 5 anos, perguntei o que ela queria ser quando crescer... De prontidão respondeu:

- Quero ser igual a Bisa que só fica na cadeira de balanço dando dinheiro pra quem passa!

E esse era o jeitinho dela de cuidar dos seus!

(...)

Lembro de mais um ensinamento:

- Para as causas impossíveis: fé e oração, minha neta!

Despertei por volta de meia noite e meia e decidi aproveitar os lampejos de criatividade e a explosão de ideias que me ocorreu. Tais estalos sempre se sucedem em período noturno! Habitualmente, neste interim, alcanço a melhor atividade neurológica. Acatar o ímpeto de levantar e escrever é a única alternativa que me resta, se quiser voltar a descansar depois.

Debulharam-se muitos parágrafos, de modo que já não consigo aqui quantificar mas, que foram interrompidos pela ligação telefônica do Hospital Regional. Era a médica de plantão na UTI que apeou a notificar a passagem terrena da vovó. Como quem intuía a motivação da comunicação, recebi a informação sem surpresa ou afobação! Me ocorreu apenas perguntar o horário da passagem, agradecer a atenção e solicitar informações acerca dos rituais de liberação do corpo.

Com tranquilidade lembrei da orientação da vovó e da última canção que cantamos:

- Para as causas que você considere impossíveis apenas fé e oração, Heloísa!

(...)

“Se as tristezas desta vida quiserem te sufocar

Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus

Pois ela, ela te sustentará

Não temas segue adiante e não olhes para trás

Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus e vai

Orando, jejuando, confiando e confessando

Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus e vai

Jesus Cristo prometeu que jamais te deixará

Segura na mão de Deus e vai...”

Voinha queremos lhe prestar nossa última homenagem e agradecer! Agradecer o amor. Agradecer os dias de alegria. Agradecer os incentivos. Agradecer os conselhos. Agradecer a atenção e os cuidados. A proteção, as orações e os dinheirinhos escondidos que andou destribuindo! Caminha na luz e vai sem lembrar ou se preocupar por nós, pois já não precisa mais! Teu rebanho da pronto pra caminhar sem ti.

Deus esteja contigo e conosco!

Heloísa Bitú.

21/07/2022.

Capela de São José em Altaneira: uso da memória e da História

 

Capela de São José, em Altaneira. (FOTO |José Nicolau).

Por José Nicolau, editor

Capela de São José, em Altaneira. Um local de Memória e, logo, com grande potencial para o desenvolvimento de um conhecimento histórico importante do município visto que uma pequena parte da História da cidade alta, como também é conhecida, tem a ver com a doação do terreno para a construção desse espaço simbólico do catolicismo local.

Mas a memória sozinha não é capaz disso. É preciso análise e interpretação da História. Só a História é capaz de desfazer mitos, heróis e anti-heróis e trazer para a cena aqueles e aquelas que por vários motivos não apareceram.

O prédio já passou por algumas reformas, mas mantém parte de sua arquitetura/estrutura antiga.

A Capela foi o primeiro espaço de rezas dedicadas a Santa Teresa de Ávila ainda em meados dos anos 30 do século XX, sendo esta escolhida como padroeira da localidade. A dedicação do espaço a São José vem somente na segunda metade do século passado após a Igreja Matriz ser construída.

Separados por sete meses em festividades dedicadas a ambos - São José em março e Santa Teresa em outubro - este primeiro está como um padroeiro sequencial, adjunto.

A imagem é um dos raros registros que fiz de templos como esses. Remete a 7 de abril de 2018.

Altaneira pode perder territórios de acordo com novo mapeamento geográfico

 

Sítio Taboquinha em Altaneira. (FOTO/ Orlando Vieira).

Por José Nicolau, editor

Um novo mapeamento geográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz com que o município de Altaneira, no cariri cearense, tenha sua área territorial reduzida.

A informação foi externada pelo prefeito Dariomar Rodrigues (PT) durante sessão da Câmara realizada no último dia 04 de maio e divulgada tanto no site da casa como também no Blog de Altaneira. Ao apresentar imagens, o gestor destacou que os sítios Poças, Córrego, Taboquinha e Tabuleiro já não fariam mais parte do município. Ele frisou que as comunidades mencionadas já são assistidas por Altaneira e que pretende lutar por elas, já que “integram nossa história e cultura altaneirense.

Altaneira faz divisa com os municípios de Assaré, Nova Olinda, Santana do Cariri e Farias Brito que podem ser beneficiados com esse novo limite territorial. 

A população de Altaneira de acordo com a estimativa do IBGE em 2021 é de 7.712 habitantes.

A nível de Estado, o Ceará também corre risco de ficar despossuído de algumas cidades para o Piauí. Ao todo, são 13 que fica na Serra da Ibiapaba.

Sobre a possibilidade de Altaneira perder territórios:

1 - Os limites realmente precisam ser rediscutidos e redefinidos sim, haja vista estarem defasado e não corresponderem de fato a realidade da população que ocupa esses espaços;

2 - Por consequência do primeiro item, as populações dos territórios em análise se deslocam para a cidade de Altaneira para as tarefas básicas, como por exemplo, compras de alimentos e vestimentas; serviços de saúde e acesso à educação.

3 - Por tudo isso e por terem construído um sentimento de pertencimento ao lugar, é crucial realizar encontros por setor e mobilizar as pessoas desses espaços para que cientes da situação, lutem. Algumas estratégias podem ser usadas, como por exemplo, a realização de abaixo-assinado para entregar aos órgãos competentes e manifestações de ruas.

4 - Altaneira precisa ganhar territórios e não perder.

Iraicsa Unias: “Uma mulher negra, pobre e de uma cidade pequena pode conquistar um título de beleza”

 

Iraicsa Unias. Look preliminar usado na premiação. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais de Iraicsa).

Por Nicolau Neto, editor

Com duas faixas no peito e um misto de emoções e de dever cumprido. Foi assim que a universitária do curso de História Iraicsa Unias voltou para seu torrão natal, a cidade de Altaneira, no cariri cearense, depois de participar em Fortaleza da premiação “Miss Ceará Terra 2022” no início deste mês.

Em entrevista ao Blog Negro Nicolau, Iraicsa - que também participa de concursos de modelo – falou sobre como recebeu o convite e quais as razões que a levaram à aceita-lo. “Eu recebi um convite da coordenação do Miss Ceará Earth em Julho de 2021, já conhecia a franquia pois participei do Miss cariri em 2019”, disse ela. Mesmo já tendo participado de eventos dessa natureza, ela conta que recebeu com surpresa, pois, “representar uma cidade requer muita responsabilidade, então, me sentei com minha família, falei sobre o convite e decidimos que eu ia participar”, complementou a universitária.

O Blog quis saber por que ela resolveu participar do evento e se o resultado foi uma surpresa pra ela. Iraicsa que já tem na conta o título de Miss Altaneira Earth 2021 + 3, conquistou esse mês os títulos de Miss Ceará Cosmo Word 2022 e Miss Multimídia dentro da premiação do Miss Ceará Terra. “Eu decidi participar porque era uma oportunidade de mostrar que uma mulher negra, pobre e de uma cidade pequena pode conquistar um título de beleza”, asseverou a jovem altaneirense.

Quanto ao resultado, ela o viu como uma surpresa. E explica afirmando que era “a única com poucos recursos e ter conseguido ficar em uma colocação que eu pudesse representar o Ceará em um concurso maior me deixou com uma mistura de sentimentos”.

Devemos tirar nossos sonhos do papel e colocá-los em prática, pois independente de suas origens você pode conquistar o mundo. Terá dificuldades no caminho, porém devemos erguer a cabeça e seguir em frente, pois os obstáculos sempre iram existir e você é mais forte do que eles, frisou ao responder o questionamento do Blog sobre que recado ela deixaria para quem quer participar de uma premiação como essa.

Quem é Iraicsa Unias?

Iraicsa Unias conquista duas faixas no Miss Ceará Terra 2022. (FOTO/ Reprodução/ Redes Sociais de Iraicsa).

Segundo ela, é uma jovem sonhadora que quando quer uma coisa, não desiste fácil. “Levo comigo o ensinamento da minha mãe, avó e tia, por onde andar sempre ser humilde e tentar ver o lado bom das coisas”.

Acadêmica em história, técnica em redes de computadores e modelo, ela carrego consigo vários títulos durante a trajetória de passarela, a exemplo da Garota destaque 2020, Rainha das cabeleireiras em Assaré, Garota Comerciária Cariri-oeste, dentre outros. “Sou filha de agricultores, negra, do sítio e criada por três mulheres maravilhosas”, finalizou.

Fotos de Altaneira dos anos 80 e 90

 

Casa de Farinha em Altaneira. (FOTO/ IBGE).

Por Nicolau Neto, editor

O Município de Altaneira, localizado na microrregião serrana de Caririaçu e na Região do Cariri possui, segundo estimativas de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma população equivalente a 7.650 habitantes e veio a ganhar autonomia política e administrativa no dia 18 de dezembro de 1958 segundo a historiografia contada pelas elites da época e sustentada ainda hoje.

De acordo com as explicações dessas fontes e de alguns populares mais velhos, a formação desse território que posteriormente veio a ser denominado de Altaneira teve início nos anos finais do século XIX, quando os primeiros habitantes começaram a ocupar a área em 1870. Com a fixação e organização desses povos formou-se um povoado que levou o nome de Santa Tereza. Esta posteriormente foi concebida como a padroeira do município. Segundo as mesmas fontes, as primeiras famílias a se estabelecerem na localidade tinham como chefes João Bezerra, Manoel Bezerra, Joaquim de Almeida Braga, José Almeida Braga, além de José Braz, Firmino Ferreira Lima e João Correia de Araújo. O que permite perceber laços familiares no molde patriarcal.

Antes de se tornar independente politicamente o povoado da vila Santa Tereza foi subordinado aos municípios de Quixará (hoje Farias Brito) e Assaré.  A historiografia local, seja por intermédio de fontes orais ou escrita, são poucas e até ineficiente para se ter um relato mais preciso e as que estão a disposição acabam não revelando uma luta pela independência fervorosa e ou, com grandes conflitos armados. O que leva a perceber a necessidade de um estudo mais aprofundado para se analisar a historiografia local.

Levando em consideração esses os relatos, pode-se afirmar que o povoado foi elevado a categoria de distrito pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro 1951, sendo pertencente ao município de Quixará.  Pela lei estadual nº 2194, de 15 de dezembro de 1953, o distrito de Altaneira passou a fazer parte do município de Assaré. Toda via, o ponto auge é atingido somente em dezembro de 1958 quando, de fato, o distrito passa a se tornar município de Altaneira. O Padre David Augusto Moreira é apontado como o responsável pela denominação do Município. Ainda no que toca ao processo de autonomia política, ocorreu em virtude do Projeto de Lei nº. 299/58, cujo o autor foi o Dep. Cincinato Furtado Leite, nome que, inclusive foi dado ao plenário da Câmara.

Segundo as informações de populares mais antigos e de algumas fontes escritas a religiosidade é uma conotação ávida e se faz presente com vigor ainda hoje. Nas primeiras décadas do século passado foram dados os primeiros passos para a construção de uma capela no distrito, sendo que a primeira missa campal se deu em 1937 sob a organização do Padre Joaquim Sabino Dantas.

Mas a História de Altaneira tem muitas lacunas. E essas precisam ser problematizadas a partir de fontes, de vestígios deixados pelos humanos. Os documentos históricos são vários, deste escrito e objetos a oralidade. Em Apologia da História ou ofício do historiador, Marc Bloch destaca que tudo que o homem fala e escreve, tudo que produz, tudo que toca pode e deve informar sobre ele, sobre a humanidade.

Assim, as fotos estão classificadas como fontes materiais e são vestígios que dizem sobre uma sociedade e sua organização. No caso de Altaneira, elas (as fotos) e objetos que possam ser encontrados ao lado das fontes imateriais (relatos contados por pessoas que viveram certo acontecimento histórico) são caminhos para se construir outra versão da História do município.

Abaixo disponibilizamos algumas fotos de Altaneira do século passado colhidas junto ao IBGE:

Chafariz em Altaneira.

Forno de Cal em Altaneira.

Hospital Municipal de Altaneira.

Capela Santo Antônio em Altaneira.

Construção do Açude Pajeu em Altaneira.

Praça David Moreira em Altaneira.

Legião Brasileira de Assistência - LBA em Altaneira.

Escola Antônia Rufino Pereira em Altaneira.

Escola de 1º Grau Santa Tereza em Altaneira.

Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro em Altaneira.

Extensão da Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro em Altaneira.

Centro Comunitário em Altaneira.

Creche Comunitária Maria Raquel Pequeno em Altaneira.

Matadouro Público em Altaneira.

Micro Posto em Altaneira.

Posto telefônico em Altaneira.

Vista panorâmica de Altaneira.

Centro Administrativo Frutuoso José de Oliveira em Altaneira.

Centro Comunitário em Altaneira.

Centro Educacional Joaquim Rufino em Altaneira.

Câmara Municipal em Altaneira.

Campo de Futebol em Altaneira.

Eros Dancing Club em Altaneira.

63 anos de emancipação política de Altaneira

 

63 anos de emancipação política de Altaneira. (FOTO/ Fabrício Ferraz).

Por Nicolau Neto, editor

O Município de Altaneira, localizado na microrregião serrana de Caririaçu e na Região do Cariri possui, segundo estimativas de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma população equivalente a 7.650 habitantes e veio a ganhar autonomia política e administrativa no dia 18 de dezembro de 1958 segundo a historiografia contada pelas elites da época e sustentada ainda hoje.

De acordo com as explicações dessas fontes e de alguns populares mais velhos, a formação desse território que posteriormente veio a ser denominado de Altaneira teve início nos anos finais do século XIX, quando os primeiros habitantes começaram a ocupar a área em 1870. Com a fixação e organização desses povos formou-se um povoado que levou o nome de Santa Tereza. Esta posteriormente foi concebida como a padroeira do município. Segundo as mesmas fontes, as primeiras famílias a se estabelecerem na localidade tinham como chefes João Bezerra, Manoel Bezerra, Joaquim de Almeida Braga, José Almeida Braga, além de José Braz, Firmino Ferreira Lima e João Correia de Araújo. O que permite perceber laços familiares no molde patriarcal.

Antes de se tornar independente politicamente o povoado da vila Santa Tereza foi subordinado aos municípios de Quixará (hoje Farias Brito) e Assaré.  A historiografia local, seja por intermédio de fontes orais ou escrita, são poucas e até ineficiente para se ter um relato mais preciso e as que estão a disposição acabam não revelando uma luta pela independência fervorosa e ou, com grandes conflitos armados. O que leva a perceber a necessidade de um estudo mais aprofundado para se analisar a historiografia local.

Levando em consideração esses os relatos, pode-se afirmar que o povoado foi elevado a categoria de distrito pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro 1951, sendo pertencente ao município de Quixará.  Pela lei estadual nº 2194, de 15 de dezembro de 1953, o distrito de Altaneira passou a fazer parte do município de Assaré. Toda via, o ponto auge é atingido somente em dezembro de 1958 quando, de fato, o distrito passa a se tornar município de Altaneira. O Padre David Augusto Moreira é apontado como o responsável pela denominação do Município. Ainda no que toca ao processo de autonomia política, ocorreu em virtude do Projeto de Lei nº. 299/58, cujo o autor foi o Dep. Cincinato Furtado Leite, nome que, inclusive foi dado ao plenário da Câmara.

Segundo as informações de populares mais antigos e de algumas fontes escritas a religiosidade é uma conotação ávida e se faz presente com vigor ainda hoje. Nas primeiras décadas do século passado foram dados os primeiros passos para a construção de uma capela no distrito, sendo que a primeira missa campal se deu em 1937 sob a organização do Padre Joaquim Sabino Dantas.

Durante mais de meio século de história, Altaneira já passou por grandes acontecimentos, a maioria deles ligados a política partidária. Entre o final de 2010 e início de 2011 o município passou pelo momento mais conturbado e complicado da sua curta história. Antonio Dorival de Oliveira, prefeito no período, foi cassado por abuso de poder político (acusado de distribuir vales de combustível durante o processo eleitoral de 2008 com dinheiro público). Em virtude disso, em um período de um ano os munícipes foram as urnas duas vezes, uma em 2011, na eleição suplementar e, outra em outubro do ano seguinte, para elegerem seu novo gestor.

Em 2020, em plena pandemia, a cidade sofreu mais um abalo politicamente e acreditou-se que o município teria em sua curta história mais um caso de prefeito afastado do cargo quando em uma operação secretários e empresários foram presos por suspeitas de fraudes em licitação. A operação recebeu o nome de “Salus.”

Em 63 anos de História nenhuma mulher chegou a ocupar o cargo de prefeita. As mulheres, inclusive, estão ausentes na história tradicional que conta a formação do município, fato que em nada se diferencia dos acontecimentos contados sobre a formação do Brasil. Essa lacuna precisa ser preenchida. Alias muitas lacunas precisam ser preenchidas, a exemplo do papel das populações negras, dos homens e mulheres que não pertenciam às elites políticas e econômicas nesse jogo de poder.

Foucault, por exemplo, um dos filósofos mais estudados quando o assunto é poder, destaca que o poder ajuda a identificar sujeitos. Na relação de poder, os sujeitos atuam sobre os outros sujeitos, estabelecendo uma relação de dominação. Poder é, portanto, dominação. E essa sobrepõe verdade que precisa ser contada e recontada. Nas sociedades capitalistas, quem tem dinheiro tem poder, tem dominação e as impõe. As histórias contadas são as histórias dos “vencedores”, nunca a dos “vencidos”. E é aqui que reside o papel dos historiadores e das historiadoras – o de demonstrar e analisar essas relações de poder. É contar a história por outro viés e lembrar, como constatou o historiador inglês Peter Burke, que nossa função é “fazer lembrar aquilo que a sociedade quer esquecer.”