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Da esq. para a direita: Rafael, Nicolau, Samara, Haryel e Raquelly. (FOTO | Macielly). |
Por Nicolau Neto, editor
Na última sexta-feira, 20, a professora de Língua Portuguesa e Redação, da EEMTI Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda-CE, Alvany Batista, desenvolveu junto a estudantes do segundo ano D, um café literário. Na pauta uma das obras mais realistas dos últimos tempos pais e mais premiadas tanto em terras indígenas quanto internacionalmente. O livro em evidência foi Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Júnior.
Os
estudantes passaram meses lendo a obra e tiveram que produzir trabalhos sobre.
Uma das ações em destaque proporcionadas pela professora Alvany foi a
realização de uma mesa redonda com quatro pessoas convidadas, a saber: Rafael
Alves (estudante do 2D); Pedro Haryel (2B), Nicolau Neto (professor desta
instituição) e Samara Macedo (professor e coordenara).
A
mesa foi conduzida por estudantes que realizaram perguntas sobre a obra. Para
Rafael, a obra fez lembrar sua infância e de seus familiares, sobretudo de sua
vô com relação a questão de acesso (não) a terra. Já Haryel, indagado sobre o
que lhe tocou ao ler o livro, destacou que este foi um dos livros que leu com
muita tenacidade. Para ele, o que mais lhe deixou fascinado pela leitura foi a
parte em que o personagem Zeca Chapéu reconhece o valor da educação ao
solicitar do prefeito a construção de uma escola para os moradores da
comunidade.
Samara
respondeu sobre a indicação do livro. Afirmou que ficou encantada com a magia
das palavras e concomitantemente com o rigor de criticidade que Itamar colocou
em Torta Arado. Ao recomendar o livro, frisou a parte em que uma das irmãs, a Belonísia,
prefere ficar trabalhando com sei pai no roçado, aprendendo “as coisas da terra”,
em uma crítica contundente a distância que há entre o que se aprende na escola
e o que se vivencia.
Nicolau
Neto, por sua vez, analisou como a negritude aparece nos escritos de Torto
Arado. Para ele, em todo o livro é possível perceber a negritude e suas lutas e
resistência. Mas nota-se que a questão das violências e opressões a que
mulheres negras constantemente estão submetidas e a acessibilidade (ou melhor,
a ausência desta) à terra são as mais evidentes. E tudo isso é herança de um
sistema violento traduzido em mais de três séculos de escravização que foi
moldado pelo modelo patriarcal.
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Itamar Viera Júnior repercute trabalho da EEMTI Padre Luís Filgueiras sobre sua obra Torto Arado. (FOTO | Reprodução | Instagram). |
Repercussão
O
trabalho da professora Alvany e do 2D foi divulgado em primeira mão pelo
professor Nicolau Neto em suas redes sociais e horas depois já estava estampado
na página do Instgram do escritor e autor da obra em análise, Itamar Viera
Júnior.
Sobre Torto Arado
A
obra foi publicada em 2019 e relata a história de duas irmãs, Belonísia e Bibiana,
que foram marcadas profundamente por um acidente de infância – quando uma delas
acaba perdendo a língua a partir de um corte com uma faca que estava guardada em
uma mala sob a cama da avó. O livro destaca que elas estão em condições análoga
a escravidão em uma fazenda localizada no sertão da Chapada Diamantina, na
Bahia, precisamente em Água Negra.
Ao longo trama, Itamar descreve com riquezas de detalhes o universo de trabalhadores rurais descendentes de escravizados, suas principais dificuldades enfrentadas e que atravessa gerações.
Com Torto Arado, Itamar ganhou o prêmio LeYa de 2018, o prêmio Jabuti de 2020, o prêmio Oceanos de 2020 e o prêmio Montluc Rèsistance et Liberté 2024.
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