22 de setembro de 2024

Itamar Vieira Junior, autor de Torto Arado, repercute trabalho da EEMTI Padre Luís Filgueiras sobre sua obra

 

Da esq. para a direita: Rafael, Nicolau, Samara, Haryel e Raquelly. (FOTO | Macielly).

Por Nicolau Neto, editor

Na última sexta-feira, 20, a professora de Língua Portuguesa e Redação, da EEMTI Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda-CE, Alvany Batista, desenvolveu junto a estudantes do segundo ano D, um café literário. Na pauta uma das obras mais realistas dos últimos tempos pais e mais premiadas tanto em terras indígenas quanto internacionalmente. O livro em evidência foi Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Júnior.

Os estudantes passaram meses lendo a obra e tiveram que produzir trabalhos sobre. Uma das ações em destaque proporcionadas pela professora Alvany foi a realização de uma mesa redonda com quatro pessoas convidadas, a saber: Rafael Alves (estudante do 2D); Pedro Haryel (2B), Nicolau Neto (professor desta instituição) e Samara Macedo (professor e coordenara).

A mesa foi conduzida por estudantes que realizaram perguntas sobre a obra. Para Rafael, a obra fez lembrar sua infância e de seus familiares, sobretudo de sua vô com relação a questão de acesso (não) a terra. Já Haryel, indagado sobre o que lhe tocou ao ler o livro, destacou que este foi um dos livros que leu com muita tenacidade. Para ele, o que mais lhe deixou fascinado pela leitura foi a parte em que o personagem Zeca Chapéu reconhece o valor da educação ao solicitar do prefeito a construção de uma escola para os moradores da comunidade.

Samara respondeu sobre a indicação do livro. Afirmou que ficou encantada com a magia das palavras e concomitantemente com o rigor de criticidade que Itamar colocou em Torta Arado. Ao recomendar o livro, frisou a parte em que uma das irmãs, a Belonísia, prefere ficar trabalhando com sei pai no roçado, aprendendo “as coisas da terra”, em uma crítica contundente a distância que há entre o que se aprende na escola e o que se vivencia.

Nicolau Neto, por sua vez, analisou como a negritude aparece nos escritos de Torto Arado. Para ele, em todo o livro é possível perceber a negritude e suas lutas e resistência. Mas nota-se que a questão das violências e opressões a que mulheres negras constantemente estão submetidas e a acessibilidade (ou melhor, a ausência desta) à terra são as mais evidentes. E tudo isso é herança de um sistema violento traduzido em mais de três séculos de escravização que foi moldado pelo modelo patriarcal.

Itamar Viera Júnior repercute trabalho da EEMTI Padre Luís Filgueiras sobre sua obra Torto Arado. (FOTO | Reprodução | Instagram).

Repercussão

O trabalho da professora Alvany e do 2D foi divulgado em primeira mão pelo professor Nicolau Neto em suas redes sociais e horas depois já estava estampado na página do Instgram do escritor e autor da obra em análise, Itamar Viera Júnior.

Sobre Torto Arado

A obra foi publicada em 2019 e relata a história de duas irmãs, Belonísia e Bibiana, que foram marcadas profundamente por um acidente de infância – quando uma delas acaba perdendo a língua a partir de um corte com uma faca que estava guardada em uma mala sob a cama da avó. O livro destaca que elas estão em condições análoga a escravidão em uma fazenda localizada no sertão da Chapada Diamantina, na Bahia, precisamente em Água Negra.

Ao longo trama, Itamar descreve com riquezas de detalhes o universo de trabalhadores rurais descendentes de escravizados, suas principais dificuldades enfrentadas e que atravessa gerações.

Com Torto Arado, Itamar ganhou o prêmio LeYa de 2018, o prêmio Jabuti de 2020, o prêmio Oceanos de 2020 e o prêmio Montluc Rèsistance et Liberté 2024.

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