Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) realiza pesquisa em relação a população negra no Cariri cearense (FOTO | Projeto Oliveiras) |
Em parceria com o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, o Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) lançou, em agosto, a pesquisa “A Presença Negra no Cariri Cearense”. A pesquisa tem como objetivo contribuir à difusão da memória coletiva sobre a presença negra na região do Cariri.
A pesquisa surgiu em resposta à relutância em aceitar como oficial uma narrativa que reconhece a relevância da cultura negra na região, iniciando um movimento de recuperação da história e dos patrimônios da cultura negra caririense.
Segundo Ana Paula dos Santos, doutora em Educação e tutora da pesquisa, foi utilizado o método da miolagem, que consiste em “uma tecnologia social desenvolvida pelo Terreiro das Pretas”, um dos três núcleos do Grunec.
De acordo com Ana Paula, a presença negra no Cariri é percebida através de diversos aspectos, histórico, geográfico, religioso e cultural.
“Nesse momento, o Grunec reúne seus membros pesquisadores em torno de fontes documentais, que datam do período Cariri Império e início da República, para compreender a presença da população negra nesse território", detalha.
Sobre o Grupo de Valorização Negra do Cariri
Voltado à luta por equidade étnico-racial, o Grunec atua há mais de 20 anos no Cariri. Os trabalhos são voltados aos quilombos, comunidades negras rurais e periferias, buscando promover políticas que melhorem condições de vida, moradia e dignidade dessas populações. O grupo possui três núcleos.
O Terreiro das Pretas, um núcleo que pensa em ancestralidade, territorialidade e identidade negra a partir do baobá e pelo quintal afro-ecológico; o Projeto Oliveiras, em que pensam as juventudes negras e desenvolvem ações no campo audiovisual e da fotografia; e o EduCaErê, que pensa na infância negra em espaços urbanos e rurais, escolar e não-escolar, na região do Cariri.
Junto às suas ações de base, o grupo também se destaca na realização de atividades formativas, marchas e atos públicos que denunciam o racismo e a violência. A atuação do grupo também vai além do campo étnico-racial, colaborando ativamente com outros movimentos sociais da região, incluindo sindicatos, movimentos feministas, estudantis e LGBTQIA+.
Quem pode participar
De acordo com a vice-presidente do Grunec, Janayna Leite Silva, são feitas partilhas públicas da pesquisa através de ciclos formativos em parceria com o Centro Cultural do Cariri. “Todas as pessoas estão convidadas a estarem conosco construindo essa memória”, afirma.
Ainda segundo ela, apesar da pesquisa estar no início, já é possível perceber nas partilhas a opinião positiva das pessoas.
Segundo Janayna, “pensar o futuro é estar em um movimento sankofa — que significa olhar para trás, buscar sua ancestralidade". "É preciso revisar o passado, ressignificar o presente e construir o futuro, em que todas as pessoas possam dignamente usufruir do bem-viver, inclusive nós, povo preto”.
A cerimônia de lançamento contou com o “II Ciclo Formativo de Miolagem – A Presença Negra no Ceará: para além da escravidão, abolição e invisibilidade”, com a participação dos professores Hilário Ferreira e Diego Santos.
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Com informações do O Povo.
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