Escritora Cida Bento. (FOTO | Divulgação). |
“A filantropia precisa dialogar com as várias realidades do Brasil”. Com esse alerta, a escritora Cida Bento, autora da obra “O pacto da branquitude”, iniciou a sua participação no painel de abertura do 13º Fórum de Filantropos e Investidores Sociais, iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDS), que aconteceu na última semana, em São Paulo.
No
centro do debate, as desigualdades latentes e presentes no Brasil e no mundo, e
os caminhos possíveis apresentados pela filantropia para mitigar os impactos
sofridos pelas minorias.
“O Brasil pede um ambiente em que as pessoas
conversem mais nos diferentes segmentos. A gente precisa sentar mais junto e
entender que branquitude não é transparência, é visão de mundo. É um jeito de
buscar solução. Nós precisamos que as pessoas negras sejam parte, não só de
quem vai receber o apoio dos projetos, mas também de quem pensa em que direção
temos que ir”, ressaltou a escritora e co fundadora e conselheira do Centro
de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), ao ser indagada
sobre o papel da filantropia na redução das desigualdades.
A
sessão, intitulada “Filantropia desatando
os nós do mundo”, contou, também, com a participação de Renata Piazzon, do
Instituto Arapyaú, Sérgio Fausto, da Fundação Fernando Henrique Cardoso, e
moderação de Philip Yun, do CCWA e do Global Philantropy Forum.
Sérgio
Fausto destacou a necessidade de mais espaços que possibilitem novas conexões e
perspectivas. “Fóruns como esse são
oportunidades de termos um olhar sistêmico e de poder construir alianças que
aumentem o impacto das ações de uma filantropia estratégica”, disse.
Em
comentário à fala de Cida, Fausto declarou: “Amigo do peito mesmo, negro, não tenho nenhum. E isso reforça que o que
nós precisamos é mudar as nossas redes de referência, e lideranças negras como
você, que têm uma ampla capacidade de interlocução, vão rompendo as barreiras e
apresentando novas possibilidades”.
De
acordo com Philip Yun, “nos EUA, uma
questão que está no centro da filantropia é sempre conversar com as pessoas que
estão sendo afetadas, e precisamos estar atentos para o fato de que o mundo
agora mudou para sempre. O que funcionava no passado, não vai funcionar no
futuro”.
Quando
questionada sobre a relação da filantropia com as questões ambientais, Renata
Piazzon destaca: “O clima é o principal
nó para a gente desatar nessa década e, na intersecção entre clima e
desenvolvimento, a filantropia tem um papel fundamental para a mudança dessa
narrativa”.
E,
finalizou: “Ainda vejo um movimento de
grandes filantropias globais querendo chegar no Brasil para criar suas próprias
estratégias e dispersar recursos nos territórios, não necessariamente
conectados com o que acontece no país. Precisamos fazê-los enxergar que já há
muito sendo feito por aqui”.
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Com informações da Alma Preta Jornalismo.
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