Diferentemente
do que ocorreu em todo o país nesta quarta-feira (01), dia internacional dos/as
trabalhadores/as, onde centrais sindicais se organizaram e se mobilizaram para
irem as ruas protestarem contra as propostas de Jair Bolsoanro (PSL), com destaque
para a Reforma da Previdência, o Sindicato dos Servidores Municipais de
Altaneira (SINSEMA) resolveu fazer diferente.
A
ideia foi reunir servidores e servidoras no auditório da entidade para discutirem
a conjuntura política do país pós eleição, com foco na Reforma da Previdência
em uma Mesa Redonda, o que foi classificado pelo servidor público e fotógrafo
João Alves como “inédito”. “Parabenizo a
direção do Sinsema por esta atitude de reunir servidores para debater temas tão
importantes. Nesse formato isso nunca aconteceu”, pontuou João.
A
mesa foi composta pelo Diretor da Federação dos Trabalhadores (as) no Serviço
Público Municipal do Estado do Ceará e vice-presidente do Sindiscrato, Odalk
Cesar e pelas pratas da casa, o advogado João Paulo Batista, o presidente da
entidade promotora do evento, José Evantuil e pelos professores Gutemberg e
Nicolau Neto.
Pontos do Debate
Em
sua fala, João Paulo destacou as diferenças entre as várias categorias de
servidores, mas que foram e estão sendo impactado de forma negativa pelo
conjunto de reformas já aprovadas, com destaque para a terceirização e a
trabalhista. Ele destacou também a forma precária em que os trabalhadores e as
trabalhadoras em contrato temporário estão expostas.
Já Gutemberg
fez menção ao cenário político nacional, que classificou como triste. Segundo
ele, grande parte da população perdeu a crença em mudanças e em pessoas que
pudessem realmente transformar o quadro social ou político. “Geralmente quando
se fala em política as pessoas associam a pessoas voltadas a campanhas ou a
fatos mentirosos”. Para ele, a falta de crença não é só na política partidária,
mas de política de mudança social.
O
presidente do SINSEMA trouxe para discussão fatos que foram construídos por um
grupo político que tinham como único objetivo chegar ao poder e que contou com
parte da imprensa para convencer a população. “Disseram que se a Dilma saísse a corrupção ia acabar. Não acabou.
Disseram que se as reformas trabalhistas e a terceirização fossem aprovadas o
desemprego diminuiria. Não diminuiu, o contrário. De 8 milhões passamos a 14 milhões”,
disse. Agora estão querendo empurrar a
reforma da previdência, concluiu.
Na
mesma linha de pensamento seguiu Odalk Cesar. Ele apresentou uma linha do tempo
em que consta as principais reformas já aprovadas e que impactaram de forma
negativa a classe trabalhadora. A luz da discussão, apareceram a reforma do
ensino médio, a trabalhista e a terceirização.
Já
Nicolau Neto enfocou a Reforma da Previdência. Para ele, a reforma do jeito que
foi pensada não visa acabar com os privilégios. Pois se esse fosse o objetivo
estariam incluídos nela todas as pessoas que ganham altos salários. Se
aprovada, o Brasil que já é um dos mais desiguais do mundo terá ampliada as
diferenças entre ricos e pobres. Seremos um pais de miseráveis.
![]() |
Servidores/as presente na mesa redonda promovida pelo SINSEMA. (FOTO/João Alves). |
Ainda
de acordo com Nicolau, a reforma mantém os privilégios na medida em que a
economia alegada pelo governo federal que virá, caso ela seja aprovada, será da
ampliação do empobrecimento
da população que são, em geral, aquelas que estão em regime geral, as que
recebem abono salarial e o BPC. Ou seja, de pessoas que recebem apenas o
mínimo.
Em que pese a conjuntura política como um todo,
Nicolau deu destaque para a falta de prioridade à educação por parte do governo
federal. Como se não bastasse a reforma do ensino médio aprovada sem que ouvisse
as principais partes interessadas, ainda quer cortar recursos das universidades
na área de ciências humanas, principalmente os cursos de Filosofia e
Sociologia. Por que esses cursos incomodam tanto o governo federal? indagou.
Citou com tristeza o fato recente da presidência
em querer retirar o título de patrono da educação brasileira de Paulo Freire,
um dos pensadores mais estudados em todos os países. Para ele, isso prova que o
governo federal não prioriza a educação e que a enxerga como inimiga e,
portanto, como responsável pelos problemas do Brasil. A presidência não deseja
uma educação libertadora, crítica, como queria Paulo Freire.
Nicolau encerrou criticando a ideia estapafúrdia da
educação domiciliar. Ora, se com professores comcom mais altos níveis de formação a
educação ainda não é a desejada, imagina transferindo essa responsabilidade
para a família. Muitos membros não dispõem de formação específica, aquela
exigida para a formação educacional, então é um grande risco. É o estado
fugindo de sua responsabilidade educacional, que é inclusive um preceito
constitucional, concluiu.
Após as falas da mesa, a palavra ficou facultada.
Fizeram uso os vereadores Antonio Leite (PDT), Flávio Correia (SDD) e Adeilton
(PSD), o professor de Nova Olinda, Alyson Santos, o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Altaneira, Francisco Rodrigues e o ex-vereador e atual
secretário de governo de Altaneira, Deza Soares.
Representantes sindicais de outros municípios, como os de Nova Olinda, estiveram presentes.
O fotógrafo Joao Alves transmitiu ao vivo a mesa redonda. Clique aqui e confira.
O fotógrafo Joao Alves transmitiu ao vivo a mesa redonda. Clique aqui e confira.
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