A
decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, autorizando a “cura clínica” da
homossexualidade, é tão absurda que dispensa comentários mais sofisticados para
explicar.
Do
DCM - A decisão do juiz é uma
aberração legal e científica. Por um lado, ela viola a Constituição Federal e
diversos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é
signatário. Por outro lado, significa uma intromissão indevida nas decisões do
Conselho Federal de Psicologia. É como se um juiz tentasse “derrogar” a lei da
gravidade ou decidir que a Terra é plana, ou ordenar aos médicos que passem a
tratar o câncer com suco de limão e não com quimioterapia ou radioterapia. Não
existe nenhuma polêmica na comunidade científica internacional sobre a
homossexualidade ser uma “doença”.
A
homossexualidade é uma orientação sexual, tão normal, saudável e natural quanto
a heterossexualidade ou a bissexualidade. Nenhum cientista de nenhum lugar do
mundo diz que a homossexualidade ou a heterossexualidade possam ou devam ser
“curadas” ou “revertidas”. Isso é uma burrice, uma loucura. Está claro que essa
decisão faz parte de uma ofensiva maior de setores fascistas e fundamentalistas
do Judiciário, dos fascistas aliados a esse governo golpista e das igrejas
fundamentalistas, que inclui, por exemplo, a proibição de uma peça de teatro e
a censura contra obras de arte, que vimos nesses dias. O que vem depois? Vão
queimar livros, proibir músicas, prender pessoas por aquilo que fazem na cama,
como nas ditaduras de Oriente Médio?
Há
alguns anos, um deputado do PSDB apresentou na Câmara um projeto exatamente com
o objetivo de autorizar a “cura gay”, e acabou retirando por pressão da
sociedade. Mas a atitude parece que não se encerrou ali. A bancada fundamentalista
pode, agora, aproveitar-se da sentença do juiz para tentar de novo. Eles estão
empoderados pelo governo golpista, pela cumplicidade de setores do Judiciário e
pelo silêncio de parte da imprensa. As pessoas precisam entender que este não é
um problema apenas dos homossexuais, mas de toda a sociedade. Agora eles vêm
contra nós, mas quando o fundamentalismo avança, acaba indo contra as
liberdades de todos e todas. Olhemos para o Irã, o Afeganistão, a Arábia
Saudita, os países onde as mulheres são oprimidas, não há liberdade de imprensa
e de expressão, a religião oficial é obrigatória e a arte é censurada. Se não
reagirmos a tempo, vamos nessa direção. Nós vamos estudar todas as ações
jurídicas e políticas contra esta decisão, mas, insisto, o problema é bem maior
e diz respeito a todas as liberdades.
É
chegada a hora de que os setores democráticos da sociedade assumam uma postura
firme, porque o Brasil está caminhando em uma direção muito perigosa!
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O deputado federal Jean Wyllys (Psol-Rj) participa da 20ª parada do orgulho LGBT, em São Paulo. Foto/ Reprodução/ Uol. |
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