Do
Professorweb
O
ano era 1958 e o jornalista Audálio Dantas tinha ido até a favela do Canindé,
em São Paulo, para fazer um registro do cotidiano dos seus moradores. Carolina
de Jesus, mulher negra, catadora de papel, já há algum tempo procurava alguém
que publicasse os seus escritos. Ao saber da presença do jornalista na favela,
convidou-o a ler algumas linhas que escrevera nos cadernos que encontrava no
lixo. O encantamento de Audálio foi imediato. Rapidamente, percebeu que ninguém
melhor que Carolina para contar sobre as mazelas daquele lugar. Em 1960, quando
o livro Quarto de despejo foi lançado, vendeu mais de 100.000 cópias, batendo
todos os recordes editorias para a época. Traduzido em 13 línguas, o livro foi
vendido em 40 países, tornando-se um best seller.
O
livro é um registro categórico das dificuldades da população negra e mestiça
que vivia em condições sub-humanas na periferia de São Paulo na década de 1950.
Mãe solteira de três filhos, Carolina lutava diariamente para conseguir se
alimentar, bem como a seus filhos. Em um trecho do livro, a autora revela:
“Ontem eu ganhei metade de uma cabeça de
porco no frigorífico. Comemos a carne e guardei os ossos. E hoje puis os ossos
para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos estão sempre com
fome. Quando eles passam muita fome eles não são exigentes no paladar”.
Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de 1958.
Carolina
lia muito, sabia das coisas, acompanhava os jornais, as discussões políticas e
tinha claro entendimento de que a pobreza estava ligada à falta de políticas
públicas:
”
…Eu não ia comer porque o pão era pouco.
Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? um leito em
Campos de Jordão?. Eu quando estou com fome quero matar o Jânio, quero enforcar
o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos
políticos”. Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de
1958.
Para
ela, o fim da desigualdade social no Brasil só viria quando o governo fosse
assumido por políticos que tivessem sofrido na carne as agruras do povo
humilde:
“O que eu aviso aos pretendentes a política,
é que o povo não tolera fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”.
Carolina Maria de Jesus. 10 de maio de 1958
Definitivamente,
Carolina de Jesus é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que tenha
pretensão de discutir os programas sociais de combate a fome no Brasil. O que
Carolina de Jesus mostra em sua prosa é a condição degradantes a que milhares
de crianças, homens e mulheres eram submetidos na década de 1950. Vivendo dos
restos daqueles que viviam nas “casas de alvenaria”, os moradores dos barracos
sofriam com a total falta de saneamento básico e atendimento médico. Seu relato
é comovente e avassalador e precisa ser difundido entre os brasileiros.
Para
ter acesso a coleção que composta por mais cinco livros além do “Quarto de
Despejo, clique aqui.
Se preferir clique no link de cada
obra abaixo:
Os links estão fora do ar
ResponderExcluirOs links não funcionam, sabem onde posso ter acesso?
ResponderExcluirOlá, quero muito ler os livros de Caroline Maria de Jesus, mas o dowload deu erro..
ResponderExcluirQuarto de despejo esta fora =(
ResponderExcluirOlá li o livro Quarto de despejo e amei ms não consigo vmbaixar os outros e-books.
ResponderExcluirO link do Quarto de Despejo não está funcionando! 😳
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirpreciso muito do DowLoad!
Ainda tem o doc?