Abayomi: o reluzir dos encontros preciosos

(FOTO | Reprodução | YouTube).

Num poderoso clã de guerreiras ashantis, situado no coração da África Ocidental, sete irmãs são confrontadas com um desafio que parecia irrealizável. Se não fossem capazes de juntas cumprir a missão, todo o povoado onde viviam poderia ser afetado. Esta é uma história com ensinamentos atemporais sobre sabedoria ancestral e o poder da filosofia Ubuntu: "eu sou porque nós somos".

"Abayomi: o reluzir dos encontros preciosos" é um conto afrodiaspórico que busca honrar a ancestralidade feminina, com inspiração em Ìyàmi, a Grande Mãe, representação coletiva de todas as ancestrais femininas que compõem uma força do cosmos. A partir de uma linguagem envolvente para pessoas de todas as idades, o conto revela a circularidade na conexão entre o antes, o agora e o porvir. Nas palavras das autoras: "somos singulares e somos todas! Juntas somos matripotência transformadora, gestando um mundo pluriversal".

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Com informações do Site Amazon.

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Estatuto da Igualdade Racial de Pernambuco avança e pode ser votado em breve

 

Legislação também busca combater o racismo contra religiões de matriz africana. / Márcio Vasconcellos.

Dados demográficos de 2009, levantados pelo IBGE, apontavam que mais de 60% da população do estado de Pernambuco é de pessoas negras (pretas e pardas). Mas não é raro percebermos as manifestações do racismo estrutural e seus reflexos na sociedade. Para avançar no enfrentamento ao racismo e na construção de condições igualitárias de oportunidades, deputados estaduais estão propondo um Estatuto da Igualdade Racial, com um sistema de financiamento e integração com políticas municipais.

Na última semana, a Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) aprovou o documento. Esta semana o projeto passou pelas comissões de Administração Pública e de Finanças e Orçamento. Mas por tratar de muitos temas que perpassam a construção de condições de igualdade racial, o projeto ainda precisa passar por outras comissões, como Saúde e Assistência Social. Só após passar pelas comissões o projeto será votado no plenário. A expectativa é que isso ocorra em breve.

O primeiro projeto que versa sobre o tema é o PL 642/2019, de autoria da deputada Teresa Leitão (PT). Outros dois projetos que tratam de assuntos semelhantes são os PL 1150 e o PL 1151, ambos datados de 2020, com autoria de Isaltino Nascimento (PSB). Os três projetos estão tramitando e sendo avaliados conjuntamente, num texto substitutivo de autoria de Antônio Moraes (PP).

As diretrizes abrangem políticas públicas que vão desde saúde, educação, cultura, passando por segurança pública, direito à vida, até acesso a trabalho, renda e à terra, além de indicativos para mulheres e juventudes. "Temos que garantir igualdade de oportunidades à população negra e combater a discriminação racial", diz Isaltino Nascimento. "E queremos a participação dos movimentos sociais na formulação dessas políticas", sugere Teresa Leitão.

A proposta legislativa propõe políticas reparatórias, inclusivas e otimizadoras, nas esferas pública e privada, com foco nos "descendentes das vítimas da escravidão, do racismo e das demais práticas institucionais e sociais históricas que contribuíram para as profundas desigualdades raciais e as persistentes práticas de discriminação racial na sociedade pernambucana". As medidas incluem os povos de terreiro e religiões de matriz africana.

O enfermeiro Thiago Batista, coordenador do Centro Cultural Quilombos do Pindorama e do programa No Meu Bairro tem Axé, reforça a necessidade de políticas públicas que contribuam para "mudar a correlação de forças, para destruir a estrutura que oprime e maltrata o nosso povo há 520 anos".  "Não podemos mais aceitar que o Estado se exima de assumir compromisso com a luta antirracista e contra a intolerância religiosa", cobra ele.

Sobre o Estatuto da Igualdade Racial, o jovem considera que, para que a lei saia do papel e seja efetivada na vida da população negra e terreiro, é fundamental "que se tenha como eixo central a educação popular, 'griô', a comunicação e construção coletiva", pontua Batista. Ele também sugere a criação de um "conselho" composto pelos diversos setores da população negra, passando por coletivos, movimentos populares e outras organizações políticas e religiosas. Esse deverá ser um espaço em que todos tenham "voz e vez no planejamento, execução e fiscalização" das políticas públicas sobre as quais o Estatuto vai incidir.

Integração e financiamento

O projeto propõe ainda criar dois sistemas estaduais. O primeiro é o de Promoção da Igualdade Racial (Sisepir), a ser composto por uma secretaria do Governo do Estado, pelo Conselho Estadual da Igualdade Racial e também de municípios, fazendo o diálogo também com o sistema nacional (Sinapir) existente desde 2010.

O segundo é o Sistema de Financiamento de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, para receber recursos repassados pela União, além de doações individuais, institucionais ou estatais de entidades nacionais e internacionais.

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Com informações do BdF Pernambuco.

III Fórum Estadual dos Grêmios Estudantis fortalece atuação protagonista dos alunos

 

Prof. John Wile ao lado de gremistas da Escola de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo em Fortaleza. (FOTO | Reprodução | Instagram).

O III Fórum Estadual dos Grêmios Estudantis foi encerrado, nesta quinta-feira (9), após a realização de vasta programação com a participação de lideranças estudantis de todo o Ceará. Com o tema “Juventudes e participação democrática – inspirando, engajando e agindo no cotidiano escolar”, o encontro teve palestras, mesas temáticas e apresentações culturais ao longo de dois dias, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O Fórum teve o objetivo de fortalecer a atuação protagonista dos alunos, por meio do diálogo e da participação nas decisões, de forma que possam contribuir ativamente com a gestão das unidades de ensino.

Liedson Alves, de 17 anos, é presidente do Grêmio da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Ícaro de Sousa Moreira, em Fortaleza, onde cursa a 1ª série do Ensino Médio técnico em Eventos. Na visão do jovem, a experiência no cargo tem sido inspiradora e desafiadora, com o conhecimento de habilidades como flexibilidade e escuta ativa dos colegas.

Eu queria ser protagonista dessa história. Não apenas ver, mas fazer acontecer. A escola sempre pode melhorar e considero muito importante poder dar a minha opinião, escutando também os outros estudantes, para conseguirmos juntos formar uma voz. A temática do evento é bastante precisa. Temos que saber o que é democracia e como exercê-la. Temos que saber o que queremos, para elevar o nível do nosso país”, ressalta Liedson.

Gestão participativa

Camile Lima, de 17 anos, cursa a 1ª série na Escola de Ensino Médio (EEM) Manuel Sátiro, em Jaguaruana. A jovem participa pela primeira vez de um Grêmio Estudantil e está tendo a oportunidade de exercer a função de tesoureira do grupo. Conforme a aluna, um dos aprendizados da experiência tem sido fazer com que os recursos sejam destinados para as áreas consideradas mais necessárias na escola.

Eu vi que, participando do Grêmio, poderia ajudar a melhorar a escola e contribuir com muitas ideias. Estou achando muito bom fazer parte dessa equipe, que tem bastante diálogo e procura resolver tudo o mais rápido possível. Todo dia a gente aprende coisa nova. Passamos dois anos em pandemia e ficamos muito distantes uns dos outros, então, esse evento é uma forma de começarmos a nos conectar novamente”, avalia Camile.

A secretária executiva do Ensino Médio e Profissional, Jucineide Fernandes, frisa que a mobilização em torno do protagonismo estudantil ocorre no dia a dia nas escolas, e não apenas durante o Fórum. “É muito importante que vocês sejam mobilizadores, no espaço escolar, dos valores importantes para a sociedade, como o respeito à diversidade, a solidariedade e o senso de coletividade. O pós-forum é o que vai fazer a grande diferença”, aponta a gestora.

Programação

O segundo dia do evento foi marcado pelas palestras “Como o engajamento jovem pode transformar sua escola?”, apresentada pela co-fundadora do Pacto Nacional das Juventudes pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Lorena Stephanie; e “Desafios e possibilidades para os jovens no Brasil”, ministrada pelo ex-secretário nacional de Juventude, ex-presidente da Conjuve e gestor de implementação do Instituto Unibanco, Gabriel Medina.

O primeiro dia do Fórum teve palestras e mesas temáticas, que trouxeram ao debate questões como acessibilidade, inclusão e respeito às diferenças; relações étnico-raciais; gestão participativa; meio ambiente e sustentabilidade; cidadania digital e educomunicação; cultura maker e economia criativa; saúde mental e acolhimento.

Histórico

A primeira edição Fórum, em 2018, teve como temática “Grêmios Estudantis: (Re)Conhecendo espaços de atu(A)ção na comunidade escolar”. O encontro ocorreu no Centro de Eventos do Ceará e contou com a participação de representantes estudantis de todas as unidades escolares da rede pública estadual, tendo mais de 700 estudantes discutindo as possibilidades de fortalecimento da atuação dos Grêmios.

A segunda edição, em 2021, foi realizada de maneira virtual, devido à pandemia da covid-19 e trouxe o tema “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a Educação Protagonista”. A programação do Fórum contou com webinários no Youtube e colóquios temáticos regionalizados.

Ceará Educa Mais

A realização do Fórum Estadual dos Grêmios Estudantis dialoga diretamente com as diretrizes do Programa Ceará Educa Mais. O programa, que reúne em lei os pilares da educação cearense, tem o objetivo de elevar o desempenho acadêmico dos estudantes da rede pública estadual de ensino, buscando a aquisição dos níveis de proficiência adequados a cada série/ano e também o desenvolvimento das competências socioemocionais necessárias à formação integral dos alunos. O programa está fundamentado em oito eixos: Aperfeiçoamento pedagógico; Desenvolvimento e Qualificação dos Professores; Avanço na Aprendizagem; Tempo Integral; Cuidado e Inclusão; Preparação para o Enem; Educação Conectada; e Qualificação Acadêmica e Profissional dos Estudantes.

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Com informações da Seduc CE.

Blog Negro Nicolau promoverá série de lives



Por Nicolau Neto, editor

O Blog Negro Nicolau implantará a partir do mês de julho mais um projeto. Depois da série "Personalidades Negras que Mudaram o Mundo", "#Altaneira60anos" e "Colunistas", agora são por meio das lives que as análises de temas importantes serão feitas.

Os encontros ocorrerão por meio do Instagram no perfil deste editor @_nicolauneto_. As conversas visam, sobretudo, contribuir para o protagonismo da juventude caririense. As três primeiras participações já estão definidas. Trata-se do Designer de Produto, José Márcio, residente em Nova Olinda e das estudantes do ensino médio, terceiro e segundo ano, respectivamente, do município de Potengi: Karolline Gonçalves e Luiza Severo.

No diálogo com Márcio, o tema será “Economia marginal e os lugares de empreendedorismo nas periferias e margens”; com Karolline o assunto versará sobre "O papel da escola na formação para a cidadania" e "As desigualdades de gênero e o papel do movimento feminista" terá como participante a Luiza Severo. Os diálogos iniciarão sempre as 19h30.

As datas também estão definidas e serão respectivamente: 08 de julho, 1º e 08 de agosto.

Movimentos sociais: Eleger os nossos e derrotar Bolsonaro

 

(FOTO |Reprodução | poder 360).


Por Alexandre Lucas, Colunista

A representação parlamentar, ainda, continua sendo estranha a diversidade e pluralidade do nosso povo. As eleições de 2018, atestam um perfil que vem se reproduzindo historicamente nas câmaras municipais, assembleias legislativas, Câmara Federal e Senado , que é de exclusão das vozes oriundas de uma perspectiva emancipatória para a classe trabalhadora. A Câmara Federal reflete essa realidade, dos 513 deputados eleitos, em 2018, 107 deputados são empresários, 78 advogados, 34 médicos, 16 pastores, 30 professores, 24 administradores, 21 engenheiros, 19 agropecuaristas, 11 economistas,  9  bacharel em direito, 8 delegados de polícia, 7 militares, 6 estudantes, 6 bancários, dentre outras profissões. 75% dos eleitos são brancos, 20,27% se declaram pardos, apenas 4,09% são pretos, 0,88% amarelos  e 0,19% indígena. 436 são homens e 77 são mulheres. Desses, 240 dos eleitos têm acima de 50 anos.

Essa caracterização sintetiza, reflete as relações de poder e aponta a classe dominante que decide os rumos do país, que é predominantemente representada por homens brancos e por um conservadorismo geracional.

Se considerarmos a bancada ligada à esquerda e o campo democrático composta pelo PT, PSB, PDT, PSOL, PV, REDE e PCdoB somaram em 2018, apenas 138 parlamentares.  O que demonstra a necessidade de ganhar musculatura política e alinhamento com os movimentos sociais.

Entretanto, as condições objetivas apresentam um cenário eleitoral decidido pelo poderio econômico, ou seja, uma base eleitoral que é resultado da compra indireta e direta de votos. Um exemplo clássico e legal da compra de votos na contemporaneidade é a chamada  contratação de “ativistas”. Quanto maior é a capacidade de contratação  desses “ativistas” maior a probabilidade de votos.

Neste panorama é evidente que não são as “boas ideias” que trazem bons resultados, mas o poder econômico que provoca a manutenção e o revezamento das elites do dinheiro.  Para se contrapor a essa conjuntura é preciso ganhar  capilaridade e base social, identidade e articulação política ampla.

Precisamos falar para além dos nossos pares e caminhar lado-a-lado nas frentes de lutas. Faz-se necessário romper com o isolamento e com a guetização. A batalha eleitoral deve ser percebida como parte da luta política da classe trabalhadora, não é um fim, mas uma extensão do processo de acumulação de forças para o processo de transformação social.       

É no cotidiano da luta política, na dimensão e compreensão do local e global que nossa força pode tomar outros contornos. Em momento algum podemos desprezar a necessidade das condições materiais para constituir as nossas frentes de confronto, tanto nos movimentos sociais como na disputa eleitoral.

É preciso conciliar norte político para emancipação da classe trabalhadora e tática que possibilite ocupação dos espaços políticos de poder como instrumentos estratégicos para a democratização da sociedade e construção de uma nova ordem política, econômica e social.

A disputa eleitoral deste ano se dará numa atmosfera polarizada entre a esquerda e a direita.  A chamada terceira via é um pavio curto que pode favorecer tanto a direita como a esquerda.

O que está em jogo neste momento para a classe trabalhadora é a derrota de Bolsonaro e do bolsonarismo. Além de destituir esse governo, temos um desafio maior que é ampliar a presença da esquerda e do campo democrático nas assembleias legislativas, governos estaduais, câmara e senado federal. Essa é uma matemática espinhosa e de difícil resolução.

Dois fatores apresentam um cenário desvantajoso para a esquerda e que devem estar no centro das análises políticas,  um que vem se configurando nos resultados eleitorais da história do Brasil que é o poderio econômico e o outro que é novo, a capilaridade popular da direita capitaneada pelos movimentos neopentecostais do país. Elemento definidor e impulsionador da vitória de Bolsonaro e do bolsonarismo nas eleições de 2018.

O tempo é curto, a situação não é favorável, a esquerda isolada e guetizada é um  pré-anúncio de derrota. Amplitude é uma bandeira ultra necessária para o momento,  por mais indesejável e desconfortável que seja, é o caminho para frear a marcha conservadora, reacionária e aniquiladora das conquistas da classe trabalhadora. A eleição se ganha com votos e não com discursos,  essa é uma condição objetiva e isso exige ampliar as forças e dividir o campo oposto.  Cuidemos para não cairmos no puritanismo ideológico ou no entusiasmo com a falsa ideia de mudança de lado da direita.  Essas eleições devem fazer parte da luta dos movimentos sociais, devemos eleger as candidaturas comprometidas com um projeto de nação para classe trabalhadora.  

“Os terreiros estão sendo incendiados como a KKK fazia nos EUA”, diz Kabengele Munanga

 

(FOTO |Pedro Borges).

Autor de obras como “Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil” e doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo (USP), Kabengele Munanga, aos 81 anos é um dos principais intelectuais do país e acredita que o Brasil vive um momento delicado. Em entrevista para a Alma Preta Jornalismo durante o II Egbé, encontro nacional dos povos de terreiro, o professor destaca a violência sofrida pelas religiões de matriz africana.

“Quantos terreiros de candomblé estão sendo incendiados em alguns lugares clandestinamente? Incendiados de colocar fogo e fugir, como a KKK fazia nos EUA. Quantos são caçados no seu território?”, questiona. Um terreiro foi incendiado em São Luís, capital do Maranhão, nesta semana. Em comunicado, os religiosos da casa atacada afirmam que os “crimes de intolerância religiosa só crescem a cada dia no Estado do Maranhão”.

Para ele, é papel do movimento negro se articular e frear essas violências. “O movimento negro tem de resistir muito, porque os terreiros são territórios étnicos”. O esforço também se deve pela compreensão, na perspectiva de Munanga, de que os terreiros no Brasil são fundamentais para a construção da identidade negra.

“Se os terreiros não tiverem seus territórios, como eles vão construir a sua identidade? Os terreiros de candomblé são símbolos da ancestralidade e da resistência. Estamos aqui para mostrar que precisamos resistir. A gente não vai desistir porque a gente vem de longe e não é de agora que somos atacados”.

Ele lamenta o fato das religiões de matriz africana não terem canais de comunicação de TV ou rádio, como tem os evangélicos, e critica os interesses por trás dos ataques às religiões de matriz africana.

“Eles querem clientela para pagar dízimo, reserva eleitoral para ter representantes no governo para defender os seus interesses. Nós não temos canal de televisão para fazer a propaganda, não temos a rádio, os jornais, então o momento é de se conscientizar para também pensar em novas estratégias de resistência, porque os antepassados resistiram quando chegaram aqui era uma outra situação. Não tinha televisão, jornais, rede social, nada. A gente tem criar novas formas de estratégias para continuar resistindo e não ser destruído”, explica.

O Brasil e o movimento negro

A violência sofrida pelos terreiros é uma das facetas da situação vivida pelo país, na visão de Kabengele Munanga. Ele acredita, contudo, que a delicadeza do atual cenário coloca em risco as conquistas obtidas em tempos recentes.

“A gente está passando por um momento de crise, um momento de ameaça de todas as conquistas que foram conquistados nos governos Lula e Dilma. Tudo o que foi feito de serviço para a sociedade, comunidade, tudo foi destruído e rasgado”.

Um dos exemplos apresentados por Kabengele Munanga, para explicar a sensação sobre a realidade, é a maneira como o governo federal lidou com a pandemia da Covid-19. Até o dia 7 de junho de 2022, 667 mil pessoas perderam as vidas pela pandemia, a maioria delas pessoas pobres e negras. O Mapa da Desigualdade, estudo feito pela Rede Nossa São Paulo, apontou que entre janeiro e julho de 2021, 47,6% das mortes de pessoas negras na cidade foram por conta da Covid-19, contra 28,1% entre os brancos.

Para Kabengele Munanga, os números indicam as desigualdades existentes no país e a responsabilidade do governo federal. “A pandemia matou muitos pobres, entre eles, muitos negros, tudo isso por conta da irresponsabilidade do atual governo”.

Autor da frase de que o “racismo é um crime perfeito” no Brasil, Kabengele Munanga acredita que o racismo continua presente, mas com diferenças no atual cenário. “Quantos somos no Congresso? Para que sejamos os 54% ainda falta muito. Nas assembleias, no Senado, nos judiciários, somos sub representados e isso vai depender de dois caminhos: a educação e as políticas afirmativas”.

Ele acredita que parte das mudanças na realidade brasileira fazem parte dos avanços obtidos pelo movimento negro. “As conquistas que nós tivemos, que são resultado de lutas de gerações, que vem lá de Zumbi dos Palmares, Frente Negra Brasileira, Movimento Negro Unificado, e hoje representadas por várias entidades do movimento negro e feministas organizados. Essas conquistas ainda não representam a população negra”. Os principais avanços apontados por Kabengele Munanga são as aprovações das leis 10.639 e 11.645, que obrigam o ensino da história africana, afro-brasileira e indígena, e a homologação da Lei de Cotas em 2012.

O papel do movimento negro hoje é, para ele, sobretudo o de conscientizar os jovens sobre a necessidade de continuar na luta. “Não é porque entraram alguns negros nas universidades pelas cotas que conseguimos. Nós estamos apenas conseguindo alguns resultados, coisas que para mim ainda são muito poucos”.
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Com informações da Alma Preta.

Encarcerados pelo privilégio

 

(FOTO |Reprodução |Livros e Fuxicos).

Por Alexandre Lucas, Colunista 

Os livros continuarão na estante. Desistir de presentear. Já não me servem, estão apenas preenchendo os espaços, li algumas páginas e abandonei junto a outras leituras iniciadas. Poderia me desfazer a qualquer momento, ainda posso, mas prefiro deixá-los encalhados, sem nenhuma serventia, são meus. Assim se esboça as cercas que separam a propriedade e a solidariedade.

Livros são para serem lidos.    Maldade encalhar mundos de palavras. Mas às vezes é preciso deixar as leituras encobertas, adormecer os momentos. A subjetividade é um labirinto cheio de textos sem respostas. Existem livros presos, encarcerados pelo privilégio.   

Espalhar livros é um perigo. Eles podem nos deixar com cegueira, além de apagar até mesmo a imaginação. Tem outros que nos fazem sentir o gosto do beijo e enxergar a fábrica de fazer miséria.  Sim, existe fábrica para tudo, inclusive de fazer miséria.

Na estante, os livros vão decompondo as páginas brancas, aglutinando traças e aprisionando as palavras.   Acomodando a privatização dos sonhos e dos questionamentos.

Do outro lado, as folhas   vão amolecendo de mão em mão, as palavras vão sendo grifadas, alguns amassados e remendos. Os livros vão sendo bulidos e o povo vai descobrindo novas formas de remexer o olhar e a estante aos poucos vai sendo nossa.       

 

Vereadora cobra disponibilização de servidores para Sítio Urbano do Gesso

 

(FOTO |Reprodução |WhatsApp).

Por Naju Sampaio

A vereadora Mariangela Gomes (PDT) entrou com requerimento na Câmara  Municipal do Crato ( Requerimento 3005005/2022), no último dia 30 de maio, solicitando ao presidente da Casa o envio de ofício ao Prefeito José Ailton ( PT), para que seja disponibilizado servidores para desenvolver trabalhos diários de poda, capinação, rega e limpeza do Sítio Urbano do Gesso, reconhecido pela Lei Municipal 3.612/2019. O requerimento foi motivado após solicitação do Coletivo Camaradas à parlamentar. 


De acordo com  informações de dirigentes do Coletivo Camaradas, foram enviados diversos ofícios ao gabinete do Prefeito com demandas do Sítio Urbano do Gesso. Os documentos foram enviados por diversas organizações que atuam na localidade, como é  o caso da ONG Nova Vida, Terreiro do Mestre Roxinha, Ponto de Cultura Paraiso dos Caipiras e o Museu e Escola de Artes Raimunda de Canena.  Os dirigentes do Camaradas denunciam que a gestão municipal, através do gabinete do prefeito não respondeu a nenhuma das solicitações. 


O Sítio Urbano do Gesso foi reconhecido por lei municipal em 2019, através de projeto de autoria do ex-vereador Amadeu de Freitas ( PT) , atual secretário de Cultura do Crato e subscrito pelo ex-vereador Renan Almeida e o atual vereador Pedro Lobo (PT). A lei prevê que o  Município, através da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e a SAAEC apoiará iniciativas e ações para o desenvolvimento da área urbana verde do Município.