UFCA promove IX Semana da Filosofia – Africanidades, Educação e Resistência


IX Semana de Filosofia da UFCA - O Lado Negro da Filosofia. Africanidades, Educação e Resistência.
(Foto: Reprodução). 

De 19 (dezenove) a 23 (vinte e três) de novembro, universitários/as, professores/as, pesquisadores/as e demais representantes da sociedade civil irão se debruçar no compartilhamento de experiências e conhecimentos na IX Semana de Filosofia da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Juazeiro do Norte.

O evento organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia tem como tema “O Lado Negro da Filosofia: Africanidades, Educação e Resistência” e contará com mesas redondas, rodas de conversa, oficinas, minicursos, vivências e apresentação de produções acadêmicas e não-acadêmicas. Segundo informações divulgadas no site oficial do evento, a escolha da temática partiu da necessidade de “fazer afrontamento à ausência de estudos e pesquisas sobre africanidades e filosofia africana na UFCA e na academia de modo geral”, além de pretender “afrontar a problemática da construção e perpetuação de um espaço hegemonicamente branco, assim como a importância de reafirmar a necessidade da política de cotas raciais e sua efetivação na prática”. “Outro aspecto fundamental é pensar a permanência das pessoas negras nas instituições de ensino superior que são estruturalmente racistas”, justifica-se.

Professores Nicolau Neto e Maria Telvira dividirão a mesa 2. (Foto: Reprodução).

A Semana que se norteará a partir de três eixos centrais inter-relacionados - africanidades, educação e resistência -, objetiva, dentre outros, refletir e fazer enfrentamento aos longos anos de injustiça e invisibilização epistemológica para com as produções de autores e correntes filosóficas de pensamento não-eurocêntricas, nesse caso específico, as de origem africana e afrodescendente. Para tanto, contará com a seguinte programação:

SEGUNDA-FEIRA (19/11)
16h: Credenciamento
18h30: Homenagem ao Mestre Moa do Katendê
19h às 21h30 - Mesa de Abertura - Origens Africanas da Filosofia: as muitas facetas do racismo epistemológico
Convidados: Prof. Dr. Reginaldo Domingos (UFCA), Prof. Alex Baoli e Prof. Dr.
Wanderson Flor (UnB)
Local: Auditório Bárbara de Alencar (Bloco E)

TERÇA-FEIRA (20/11) Dia da Consciência Negra
09h às 12h – Comunicações
14hrs às 17h – Oficinas
18h30 – Artistagem: Cypher de Break
19h às 21h30 – Roda de conversa – 130 anos depois: a juventude negra quer viver!
Convidadas/os: Pâmela Queiroz (UFCA) e Rapper Dextape
Local: Moringa (entre os blocos A e C)

QUARTA-FEIRA (21/11)
09h às 12h – Comunicações
14h às 17h – Oficinas
18h30 – Artistagem: Cota Não É Esmola (Canto)
Estudantes do Colégio Tiradentes
19h às 21h30 – Mesa 02 – Avanços e Percalços Entorno da Lei 10.639: história e cultura afro-brasileira na educação básica
Convidadas/os: Profa. Dra. Maria Telvira (URCA) e Prof. Nicolau (GRUNEC/ALB/Seccional Araripe)
Local: Auditório Bárbara de Alencar (Bloco E)

QUINTA-FEIRA (22/11)
09h às 12h – Minicursos
14h às 17h – Minicursos (continuação)
17h às 19h – Artistagem
19h às 21h30 – Roda de conversa: Interseccionalidades entre Raça, Classe, Gênero e Diversidade Sexual
Convidadas/os: Tiago Alexandre (URCA), Carlos Dias (URCA) e Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri
Local: Moringa (entre os blocos A e C)

SEXTA-FEIRA (23/11)
18h30: Homenagem a Marielle Franco
19hrs às 21h30 – Mesa de encerramento – A carne mais barata do mercado...: a racialidade em tempos de fascismo
Convidadas/os: Me. Maria Yasmim (UECE) e Prof. Edson Xavier (URCA)
Local: Auditório Bárbara de Alencar (Bloco E)
22h: Cultural

Aos 97 anos, filha de escravizados luta para manter viva tradição musical das senzalas


Tia Maria do Jongo, filha e neta de escravo que luta para manter viva a tradição musical das senzalas.
(Foto: Reprodução/BBC Brasil).

Quase ninguém a conhece pelo nome de batismo, Maria de Lourdes Mendes. Ela atende mesmo por Tia Maria do Jongo, o sobrenome artístico emprestado da manifestação cultural que a rodeava desde que saiu da barriga da mãe, e que luta há quase um século para manter viva, ao longo de seus 97 anos de jongueira.

Tia Maria é a grande patrona do jongo no Rio, tradição de raiz africana que une canto, dança e toque de tambor e que era praticada em senzalas do sudeste do país.

Mas o ano começou com obstáculos para Tia Maria e para o Jongo da Serrinha, grupo que ajudou a formar há cerca de 50 anos, com o fechamento da Casa do Jongo, onde a ONG trabalha para preservar a tradição. Tido como precursor do samba, o jongo é reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Inaugurada no fim de 2015 para abrigar o Jongo da Serrinha e suas atividades, a instituição fechou suas portas no início de janeiro por falta de recursos, denunciando cortes na política de fomento cultural da prefeitura do Rio e a ruptura de uma parceria de longa data.

A casa foi criada com aporte de cerca de R$ 2,5 milhões da prefeitura na gestão de Eduardo Paes, mas não recebe recursos de fomento direto do município desde 2016.

A Secretaria Municipal de Cultura (SMC) do prefeito Marcelo Crivella, que assumiu em 2017, diz que foi forçada a cortar recursos para fomento direto à cultura devido "à crise pela qual passam o país, o Estado e o município" e ao déficit herdado da gestão anterior.

O fechamento da casa gerou protestos entre a classe artística e críticas à política cultural do Rio, com insinuações de que a gestão de Crivella estaria tirando recursos de manifestações de raiz africana. A prefeitura afirma que incentivar tradições afro-brasileiras e patrimônio imaterial é "um de seus eixos estratégicos" (leia mais sobre a disputa no fim da reportagem).

'Crianças têm que conhecer passado da escravidão'

O casarão fica no pé do morro da Serrinha, tradicional comunidade em Madureira, na zona norte do Rio, onde Tia Maria nasceu e de onde "nunca mais" saiu, diz bem-humorada, ao receber a reportagem da BBC Brasil.

Na Serrinha, Tia Maria cresceu cercada por jongueiros e pelo forte movimento de samba que florescia nos terreiros das casas. Ela foi uma das fundadoras do Império Serrano, em 1947, e detém o título de "Número 1 do Império". A Casa do Jongo fica na rua Silas de Oliveira, em homenagem ao sambista que se imortalizou com "Aquarela Brasileira", clássico samba-enredo da agremiação. Ele era compadre da Tia Maria.

Um cadeado mantém o portão trancado para visitantes na entrada, entre as palavras "Rio 450" anos - alusão à celebração do aniversário do Rio em 2015 e ao calendário de eventos comemorativos promovidos pela prefeitura, do qual a inauguração da Casa do Jongo fez parte.

"As crianças têm que conhecer o nosso passado, porque isso elas não aprendem sobre a época da escravidão direito nas escolas", afirma ela. "As crianças têm que saber o passado do país."

O espaço é amplo e decorado, com piso de pedras portuguesas em padrões africanos, paredes forradas de tecidos coloridos, um canto destinado à história do jongo, com fotos e relíquias de seus precursores, e espaço para aulas de dança, percussão, cavaquinho, capoeira, inglês, arte, costura, ginástica, além de cineclube e estúdio musical.

O centro costumava receber 2 mil visitantes e 400 crianças por mês. Gerações de crianças nascidas na Serrinha aprenderam jongo neste imóvel e em sedes menores que a ONG manteve anteriormente.

Tia Maria chegou a ouvir boatos de que poderiam ser despejados da casa. A ONG tem cessão até 2024 para uso do imóvel, que pertence à prefeitura.

"Fiquei chocada, mas não acredito que isso possa acontecer. Eu sou muito religiosa, minha fé em Deus não acaba. Eu rezo muito. Tenho esperança de que tudo vai dar certo."

Aniversário numa semana, portas fechadas na outra

Os últimos dias de 2017 tinham sido só festa para Tia Maria. Ela comemorou seus 97 anos com um show de jongo em uma casa de samba na região portuária do Rio, arrancando aplausos boquiabertos do público quando resolveu ensaiar uma dancinha até o chão, sem se apoiar em ninguém para subir.

No dia 30 de dezembro, a festa continuou com almoço e pagode para dezenas de pessoas na Casa do Jongo. "Minha nora fez dois tachos de feijoada, daquela bem grossa e cheia de carne. Só o pagode é que acabou cedo demais. Fiquei com uma pena, adoro um pagode!", protesta com uma gargalhada.

A voz firme e animada ainda sustenta bem os versos do jongo, que cantarola nas pausas da conversa com a BBC Brasil, batucando na mesa de toalha estampada.

Tia Maria cresceu ouvindo relatos de sua avó sobre o passado da escravidão.

"Ela sempre contava que o jongo veio da África, que os escravos dançavam na senzala", lembra.

"E explicava que o jongo é um afro, não é religião. Aqui pode dançar evangélico, católico, macumbeiro, quem quiser", diz.

Dos velhos para as crianças

De acordo o Iphan, o jongo consolidou-se entre escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana-de-açúcar, sobretudo na região do vale do rio Paraíba.

Tem origem em ritos e crenças de povos africanos, principalmente os de língua bantu, e é praticado nos quintais das periferias e de algumas comunidades rurais da região Sudeste. Há grupos tradicionais de jongo em cidades como Valença, no Rio, e Piquete e Caxambu, em Minas Gerais.

Tia Maria nasceu em 1920, dez anos depois de sua mãe ter migrado de Minas Gerais para o Rio e se estabelecido na Serrinha, na periferia do Rio, que na época era uma área rural. "A minha mãe já veio para o Rio dançando jongo, cantando jongo. Eu digo que já nasci jongueira."

No início, entretanto, havia uma restrição etária intransponível: o jongo era coisa dos velhos. "Velho mesmo, não é jovem adulto não", ressalta Tia Maria.

Ela lembra da infância espiando por um buraco nas paredes de estuque da casa da mãe enquanto os velhos dançavam no terreiro de noite. Adorava cantar e dançar as músicas com a mãe dentro de casa - mas participar das rodas, nem pensar.

Isso começou a mudar na década de 60, quando a morte de velhos jongueiros começou a ameaçar as rodas de jongo. Quebrou-se assim o tabu que impedia as crianças de participar.

"Hoje não acaba mais. Aqui na Serrinha, toda criança gosta do jongo, bate o jongo, canta o jongo. Acho que o jongo vai ficar aqui eternamente."

Rezar para antepassados

Tia Maria não gosta das representações que vê dos tempos da escravidão. Diz que não combinam com os relatos e a vivência de sua família. "Eles botam cada negro feio nos livros. Mentira! Na escravidão tinha cada negro bonito."

"E também não tinha só negro", diz. "O senhor levava as moças bonitas para ficar na rede com ele, com os filhos. Quando elas vinham de lá (da casa grande), vinham grávidas. Aquela criança não ia sair negra. Saía morena, bonita, filha deles lá de dentro. Aí criava ali na senzala. Ou, quando viam que a criança era bonita, se achavam que era cara, levavam para vender", relata.

Ela conta que a avó trabalhava na "casa grande", e com isso falava um português mais correto que outros membros da família - mas viu barbaridades dentro da casa dos senhores de escravos, em uma fazenda em Minas Gerais.

"Ela falava que tinha criança que a sinhá matava. Às vezes a mãe estava engomando as roupas da sinhá, e a criança gritando dentro da mala, morrendo. A sinhá fechava a mala para a criança morrer sufocada. E a mãe vendo aquilo e não podendo falar nada. Era escrava, né? Se falasse ia para o tronco, ou ia morrer também. Uma maldade."

"Ela dizia que o senhor gostava, porque o jongo tem aquela umbigada forte", diz, referindo-se ao "encontro de umbigos" que é um dos movimentos típicos da dança. "O senhor achava que aquela umbigada ia originar mais crianças para ele. Mais escravos."

A mãe de Tia Maria também foi escrava, até os 8 anos.

"Minha mãe era garota quando eles foram libertos, lembrava muito pouco. Mas ela sempre contava que um dia ela teve que lavar a dentadura do sinhô no rio, e de repente a água levou. Ela disse que nunca nadou tanto quanto naquele dia, desesperada para conseguir a ditadura do sinhô!", conta Tia Maria, hoje podendo rir da história porque afinal os dentes foram encontrados.

Para Tia Maria, o jongo ensina às crianças o respeito pelos mais velhos e pela história de seus ancestrais.

"O jongo era a dança dos escravos. Sempre que dançamos, rezamos um Pai Nosso, uma Ave Maria, antes de começar. Quando você bate um jongo, o espírito deles está ali. Rezamos para suas almas", diz.

Recursos da prefeitura

Dyonne Boy, uma das diretoras da Associação Cultural Grupo Jongo da Serrinha, diz que a situação financeira da Casa do Jongo começou a apertar em 2016, quando perderam o patrocínio da Petrobras.

Em 2017, sem conseguir captar mais recursos, pediram ajuda à prefeitura, apresentando um projeto em março.

"Era a nossa única esperança de ter um respiro. Quando tivemos essa resposta negativa, em outubro, vimos que íamos ter que fechar", diz Dyonne. "Nós e muitos outros grupos de cultura popular estamos sem ter como dar continuidade ao nosso trabalho."

De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), o programa de fomento direto (ou seja, de investimento da prefeitura em projetos via editais) foi reduzido por conta da crise financeira.

"A nova administração municipal encontrou déficit de R$ 4 bilhões, herdado da gestão anterior. O orçamento de todas as secretarias foi reduzido em 25% logo no início da gestão. E a arrecadação permaneceu em queda ao longo de todo o ano", afirma a secretaria.

A SMC afirma que nunca suspendeu qualquer financiamento à Casa do Jongo e que, no ano passado, destinou R$ 140 mil à ONG, que seria o maior repasse financeiro já feito pela prefeitura à instituição, em comparação com valores de R$ 80 mil a R$ 100 mil repassados entre 2013 e 2016 pela gestão de Eduardo Paes por meio de editais.

Os valores, entretanto, se referem a mecanismos de incentivo diferentes. Os recursos de 2017 foram pagos pela Rede Globo por meio de fomento indireto, ou seja, pela lei de incentivo fiscal que abate parcelas do Imposto Sobre Serviços (ISS) para que empresas repassem o valor a projetos culturais pré-aprovados pela SMC.

Pela mesma via, a casa conseguiu captar R$ 120 mil da Globo neste ano. Dyonne afirma que o valor não é o suficiente para cobrir os cerca de R$ 50 mil de gastos mensais. O último repasse de fomento direto feito pela prefeitura à Casa do Jongo foi em 2016, no valor de R$ 90 mil.

A SMC destaca que disponibilizou R$ 1,5 milhão em três editais lançados no ano passado, um deles com o tema "Chamamento de Matriz Africana", distribuindo o valor de R$ 500 mil por 33 projetos.

"Não é verdade que a SMC e a prefeitura não possuam políticas culturais para as manifestações afro-brasileiras", diz a SMC.

Desde que a Casa do Jongo fechou, a diretora Dyonne Boy conta que o Jongo da Serrinha tem sido procurado por grupos privados e pela Secretaria estadual de Cultura do Rio para conversas sobre possíveis financiamentos. Ela diz que a ONG está correndo atrás de acordos para voltar a funcionar "o mais rápido possível." (Com informações da BBC Brasil).

Ignorância de Bolsonaro pode levar Brasil a catástrofe sanitária, diz mestre em saúde pública


Cuba tem convênios para atendimento médico em mais de 60 países. Brasil está sendo o único a criar empecilhos. (Foto: Araquém Alcântara/Via Jornal Granma).

“O Brasil com certeza sofre com essa saída. Vamos ter de fato uma catástrofe sanitária”, disse o médico Thiago Henrique Silva sobre o fim da participação de Cuba no Programa Mais Médicos, criado em 2013. Integrante da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares e mestre em Saúde Pública, Thiago lembrou, em entrevista à TVT, que são em torno de 8 mil médicos cubanos atuando no Brasil e que devem sair até dezembro por conta de exigências do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que não fazem parte do contrato firmado com Cuba até o final de 2019.

O que ocorre é que o Brasil tem com Cuba uma parceria de cooperação. Os países que buscam essa parceria com a Empresa Estatal Cubana de Serviços Médicos buscam porque estão precisando de um força de trabalho extra porque a interna não dá conta de atender as pessoas", explica o especialista. Segundo ele, Cuba tem acordos de cooperação com mais de 60 países. "O único em que há esse debate da revalidação dos diplomas é o Brasil”, lamenta.

O médico relata que desde os anos 1960 Cuba prepara brigadas de solidariedade para atender catástrofes naturais e biológicas, como o ebola na África, os terremotos no Haiti, no Paquistão. “Quando outros países mandavam armas, Cuba mandava médicos para os países que estavam passando dificuldade. Cuba é referencia em saúde reconhecida inclusive pelos norte-americanos. Com o relaxamento das relações entre Cuba e EUA, muitos estão procurando Cuba para fazer tratamento médico.”

O profissional, que atua como médico da família e comunidade, critica os questionamentos de Bolsonaro sobre a qualificação dos médicos cubanos. “Ele está tentando mascarar uma questão ideológica para tentar combater a qualidade técnica dos médicos cubanos. Vieram aqui doutores em cardiologia, em oftalmologia, em gastrenterologia, em medicina de família e comunidade.”

Assim como no Brasil, ele explica, há médicos com pouca experiência também. “Vieram no total, desde o início, 14 mil médicos para cá. Quando você traz 14 mil  médicos vai ter médicos excelentes, medianos, médicos nem tanto. Isso acontece com a nossa força de trabalho no Brasil. Tanto é que algumas entidade médicas vêm voltando a discutir a questão do exame de ordem da Medicina. Temos um problema muito grande na formação dentro do Brasil.”

À parte qualquer possível deficiência, para ele a formação dos médicos cubanos é conceituada. “Se pegar o medico norte-americano e trazer para a realidade brasileira, colocar numa realidade como muitos cubanos estão atendendo hoje, comunidades ribeirinhas, por exemplo, não vai conseguir dar conta porque não conhece as outras complexidades. As formações são diferentes, só que a formação de Cuba é parecida com a nossa pela realidade que passou nos últimos 40 anos de avanço nos serviços de saúde. E são bem mais avançados que nós hoje em dia.”

Bravatas do presidente eleito

Em visita hoje (16) ao Comando do Primeiro Distrito Naval, no Rio de Janeiro, Bolsonaro voltou a defender o fim do contrato com Cuba. Afirmou que nunca viu uma autoridade ser atendida por um médico cubano e que esse atendimento não deveria ser relegado aos mais pobres.

Para Thiago, as manifestações de Bolsonaro que culminaram com o fim do contrato com Cuba tratam-se de mais uma bravata do presidente eleito que sabe que não vai recuperar a economia com a agenda do seu economista que quer combater a China, o maior parceiro comercial do Brasil.

Ele acabou de nomear um chanceler que diz que a China é maoísta e tem de ser combatida. Você está falando da segunda maior economia do mundo, que nem Trump (Donald Trump, presidente dos EUA) tem coragem de falar uma coisa dessas. E o chanceler do Bolsonaro fala isso", diz Thiago, sobre a indicação do diplomata Ernesto Henrique Araújo para comandar o Itamaraty. Araújo é alinhado com Donald Trump e já chegou a dizer que a preocupação com mudanças climáticas e aquecimento global é coisa de comunista.

Levantar uma cortina de fumaça ideológica é o que Bolsonaro quer fazer, na opinião de Thiago. “E é essa cortina que vai fazer com que 8 mil médicos saiam daqui e 30 milhões de brasileiros fiquem sem atendimento médico.”

Sem médicos as pessoas morrem

O mestre em Saúde Pública reforça que serão desassistidos os lugares mais pobres do Brasil. “Para ter ideia, 90% dos médicos que estão nas comunidades indígenas são cubanos.” E alerta: “Não tinha nada, absolutamente nada preparado para isso. Ele fez um esforço de que Cuba rompesse o acordo e para não ter que fazer isso em janeiro. E Cuba com razão e com integridade o fez antes de colocar seus médicos aqui a partir de janeiro em risco".

Thiago revela que o programa federal não pretendia continuar funcionando com médicos cubanos eternamente. “Tinha uma preparação de abrir vagas em faculdades de Medicina, em programas de residência médica, no interior, onde a gente pudesse fixar médicos. A programação era, em alguns anos, deixar de depender dos médicos estrangeiros e conseguir utilizar a própria forca de trabalho médica brasileira. Esse era o objetivo, sempre foi. Mas essa estratégia foi desmontada após o golpe de 2016 e Bolsonaro nem sonha em colocar algo parecido.”

Para ele, o Brasil precisa de programas como o Mais Médicos já que a categoria é a única que goza de pleno emprego. “Sou médico, mas não concordo com que tenhamos uma reserva de mercado e que a gente possa ficar chantageando prefeitos, diretores de hospitais, gestores: ah, se não fizer do jeito que eu quero eu saio do serviço” diz. “E acho um absurdo chantagear o serviço público de saúde porque quando isso acontece pessoas morrem. A gente tem de estar mais comprometido com a vida das pessoas do que com a chantagem para ter uma renda maior.”

Plano de governo privatista

Sobre o novo governo, Thiago não tem boas expectativas. “O que está colocado para o futuro do país na saúde é um avanço do setor privado de uma forma absolutamente desregulamentada. Essa é a agenda de saúde do Bolsonaro”, ressalta, lembrando que “os míseros quatro slides que estão colocados no programa de saúde dele, a gente percebe que a única coisa concreta é a desregulamentação”.

O médico relata que a proposta do presidente eleito é de 40 anos atrás. “É o cadastramento universal de médicos, como se fazia na época do Inamps. Significa cadastrar o médico que ele manda a conta para o setor público pagar depois a partir do atendimento no seu consultório privado. Isso aí era um mar de roubalheira, um mar de fraude. O Inamps caiu por conta dessas fraudes.” (Com informações da RBA).

IV Feira Empreendedora da Escola Profissional Wellington Belém de Figueiredo homenageará Mestre Espedito Seleiro


Estudantes da Escola de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo em vista a Santana do Cariri para divulgar a IV Feira Empreendedora. (Foto: Reprodução/Instagram).

A IV Feira Empreendedora da Escola de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, uma ação do Programa de Educação Empreendedora sob o cognome “Jovens Empreendedores”, a ser realizada no próximo dia 5 de dezembro, terá como homenageado o Mestre da Cultura Espedito Seleiro.

Durante esta semana alunos e alunas da disciplina de Empreendedorismo realizaram visitas as escolas de municípios que são atendidos na referida instituição via consórcio com o governo do Estado do Ceará, como Altaneira e Santana do Cariri para divulgar o evento e correr atrás de patrocínios.

Durante a feira haverá a exposição de lojas construídas pelos próprios discentes, com momento para venda dos produtos confeccionados. É um momento ímpar na vida estudantil, pois permite e fomenta o protagonismo juvenil através da experiência de serem, cada um, organizador, produtor e propagador das suas construções.

Haverá também espaço para que os patrocinadores tenham divulgados as marcas de suas empresas. Uma das ferramentas mais usadas de divulgação pelos alunos e alunas foi a rede social Instagram. Por ela pode-se perceber que já há mais de vinte patrocinadores, entre ele destaca-se a “Paula Festas”, “Madeireira JM”, “Ótica Imperial”, “Drika Cosmcteria”, “Araújo Sat”, “Toda Linda Moda e Acessórios”, “Zé Wagner e Excursões Transporte e Turismo – ME”, “AJ – Net”, “Stephanny Presentes”, “Papel Mania”, “M.A Modas”, “Convida Consultoria” e Assessoria”, “J.F Construções”, “Ritos”, dentre outras.

A Feira será exibida a partir das 13h00 do dia 05 (cinco) de dezembro quando estará aberta para visitação do público.

Museu Orgânico do Mestre Françuli é o segundo do tesouros vivos em Potengi


O Museu do Mestre Françuli é o segundo do tesouros vivos em Potengi. (Foto: Reprodução/Potengi na Internet).

Depois do museu dedicado ao Mestre de Reisado Antônio Luiz de Souza, em setembro do ano em curso na zona rural de Sassaré, o município de Potengi, no sul do Estado do Ceará, ganha mais um Museu dentro do critério “tesouros vivos da cultura”. Trata-se da Oficina do Mestre Françuli.

O agricultor Françuli é conhecido na cidade por Mestre Françuli por fabricar pequenas e grandes réplicas de aviões. Segundo o portal Potengi na Internet, esta é a "sua especial arte e inspiração desde a sua infância” e relata que o evento contou com a participação da população, de representatividades políticas do município  e da região e foi agraciada por “apresentações culturais incluindo apresentações da Banda Cabaçal Santo Antônio além da apresentação do Grupo de Forró Pé de Serra Na Base da Chinela”.

Segundo informa o referido portal, o museu virou o seu grande sonho que foi realizado na tarde desta quinta-feira (15/11). A iniciativa faz parte do projeto de  Museus Orgânicos dos Mestres de Cultura Tradicional do Cariri do Sesc Ceará e da Fundação Casa Grande.

Para quem deseja visitar o espaço, ele fica localizado no centro de Potengi nas intermediarias da Rua Francisco Guedes e Avenida Herculino Marrocos e é chamado pela população “O Beco do Françuli” levando o nome do artesão.


Espedito Seleiro, de Nova Olinda, participará de carro alegórico e ala dedicada ao seu trabalho no Carnaval 2019


As roupas, no entanto, não serão feitas pelo Mestre, que autorizou o estilista da escola a criar de acordo com seu estilo. (Foto: Reprodução).

O Mestre de Cultura Espedito Seleiro, de Nova Olinda, será homenageado pelo seu trabalho como alfaiate do couro durante o carnaval do Rio de Janeiro em 2019. Segundo informações colhidas pela repórter Alana Soares, do site Miséria, ele terá carro alegórico e ala dedicada no sambódromo carioca ao lado de outros dois estilistas do Estado do Ceará.

Alana informa ainda que as informações foram colhidas junto ao próprio Espedito Seleiro durante a inauguração do Museu Orgânico do Mestre Françuli em Potengi, nesta quinta-feira, 15.

Espedito conta que toda uma ala do desfile da Escola de Samba União da Ilha irá homenagear os artistas do alfaiate do Ceará. Além dele aparecerá  o estilista de alta-costura Ivanildo Nunes, de Fortaleza e o designer de moda Lindemberg Fernandes. Em comum, o traço de unir alta-costura e requinte com raízes tradicionais do sertanejo.

O mestre novaolindense ressaltou que se sente feliz e que aceitou a homenagem “de bom coração”.

A União da Ilha dedicou seu desfile às belezas do Ceará e vai a avenida com o título “Peleja Poética entre Rachel de Queiroz e Alencar no Avarando do Céu” e dará enfoque a literatura de Rachel de Queiroz e José de Alencar.


Fotógrafo registra impacto do Mais Médicos no interior do Brasil


(Crédito: Araquém Alcântara).

Araquém Alcântara, natural de Florianópolis, é um dos mais importantes fotógrafos brasileiros da atualidade. Autor de 47 livros e vencedor de 35 prêmios nacionais e internacionais, desde 1970 dedica-se à documentação do povo e da natureza do Brasil.

Em 2015, Araquém percorreu 38 cidades de 20 estados para testemunhar o papel do programa Mais Médicos nas comunidades do interior.

O resultado é o livro Mais Médicos, da editora Terrabrasil com mais de 100 fotos dos doutores - brasileiros e estrangeiros - e seus pacientes nos povoados onde vivem e atuam.

Nesse percurso deu para perceber a mudança de paradigma que esse programa trouxe ao Brasil. Principalmente aos desassistidos que começaram a sentir o apoio, a presença do Estado”, disse o fotógrafo em entrevista à Organização Mundial da Saúde em 2016. (Com informações do Conversa Afiada).









(Crédito das Imagens: Araquém Alcântara).