Meu nome é Alckmin, mas podem me chamar de Cristiano Machado


João Dória não se fez de rogado.

Não é candidato” ao governo do Estado – no fundo, ainda se acha candidato a Presidente – mas reagiu depressa  à notícia de que Geraldo Alckmin estaria considerando a possibilidade de fazer de Márcio França, do PSB, seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Hipótese zero“, disse.

E tem razão.

É praticamente impossível que a tucanagem esteja disposta a sacrificar sua cidadela pelo nada.

O nada, não é preciso dizer, é o próprio Alckmin que vai seguindo os passos de Cristiano Machado, o mineiro do antigo PSD que foi sendo murchado, abandonado.

A direita hidrófoba,  que sempre inflou o PSDB, migrou para Bolsonaro.

Os pragmáticos, sonham com um Luciano Huck para chamar de seu.

Partilham o sonho com os “intelectuais” do fernandismo que, sem veículo próprio, vão de táxi com o Gugu da Globo.

No Nordeste, o governador de SP tem tantas chances quanto uma buchada de bode no Fasano.

Se Alckmin conseguir manter-se como candidato do PSDB, será na base do que disse Fernando Henrique Cardoso de Michel Temer:

É o que temos”.

Talvez, com sua notória vinculação com a Opus Dei possa pleitear o que, afinal, Cristiano Machado ganhou como prêmio de consolação.

O cargo de embaixador no Vaticano.

Mas com Francisco de Papa, não sei, não. (Por Fernando Brito, no Tijolaço).

(Foto: Reprodução/ Tijolaço).

Sociólogo Boaventura de Sousa Santos manda mensagem aos democratas brasileiros



Dirijo-me aos democratas brasileiros porque só eles podem estar interessados no teor desta mensagem. Vivemos um tempo de emoções fortes. Para alguém, como eu e tantos outros que nestes anos acompanhamos as lutas e iniciativas de todos os brasileiros no sentido de consolidar e aprofundar a democracia brasileira e contribuir para uma sociedade mais justa e menos racista e menos preconceituosa, este não é um momento de júbilo. Para alguém, como eu e tantos outros que nas últimas décadas se dedicaram a estudar o sistema judicial brasileiro e a promover uma cultura de independência democrática e de responsabilidade social entre os magistrados e os jovens estudantes de direito, este é um momento de grande frustração. Para alguém, como eu e tantos outros que estiveram atentos aos objetivos das forças reacionárias brasileiras e do imperialismo norte-americano no sentido de voltarem a controlar os destinos do país, como sempre fizeram mas pensaram que desta vez as forças populares e democratas tinham prevalecido sobre eles, este é um momento de algum desalento.

As emoções fortes são preciosas se forem parte da razão quente que nos impele a continuar, se a indignação, longe de nos fazer desistir, reforçar o inconformismo e municiar a resistência, se a raiva ante sonhos injustamente destroçados não liquidar a vontade de sonhar. É com estes pressupostos que me dirijo a vós. Uma palavra de análise e outra de princípios da ação.

Porque estamos aqui? Este não é lugar nem o momento para analisar os últimos quinze anos da história do Brasil. Concentro-me nos últimos tempos. A grande maioria dos brasileiros saudou o surgimento da operação Lava Jato como um instrumento que contribuiria para fortalecer a democracia brasileira pela via da luta contra a corrupção. No entanto, em face das chocantes irregularidades processuais e da grosseira seletividade das investigações, cedo nos demos conta de que não se tratava disso mas antes de liquidar, pela via judicial, não só as conquistas sociais da última década como também as forças políticas que as tornaram possíveis. Acontece que as classes dominantes perdem frequentemente em lucidez o que ganham em arrogância.

A destituição de Dilma Rousseff, a Presidente que foi talvez o Presidente mais honesto da história do Brasil, foi o sinal que a arrogância era o outro lado da quase desesperada impaciência em liquidar o passado recente. Foi tudo tão grotescamente óbvio que os brasileiros conseguiram afastar momentaneamente a cortina de fumo do monopólio mediático. O sinal mais visível da sua reação foi o modo como se entusiasmaram com a campanha pelo direito do ex-Presidente Lula da Silva a ser candidato às eleições de 2018, um entusiasmo que contagiou mesmo aqueles que não votariam nele, caso ele fosse candidato. Tratou-se pois de um exercício de democracia de alta intensidade.

Temos, no entanto, de convir que, da perspectiva das forças conservadoras e do imperialismo norte-americano, a vitória deste movimento popular era algo inaceitável. Dada a popularidade de Lula da Silva, era bem possível que ganhasse as eleições, caso fosse candidato. Isso significaria que o processo de contra-reforma que tinha sido iniciado com a destituição de Dilma Rousseff e a condução política da Lava Jato tinha sido em vão. Todo o investimento político, financeiro e mediático teria sido desperdiçado, todos os ganhos econômicos já obtidos postos em perigo ou perdidos. Do ponto de vista destas forças, Lula da Silva não poderia voltar ao poder. Se o Judiciário não tivesse cumprido a sua função, talvez Lula da Silva viesse a ser vítima de um acidente de aviação, ou algo semelhante. Mas o investimento imperial no Judiciário (muito maior do que se pode imaginar) permitiu que não se chegasse a tais extremos.

Que fazer? A democracia brasileira está em perigo, e só as forças políticas de esquerda e de centro-esquerda a podem salvar. Para muitos, talvez seja triste constatar que neste momento não é possível confiar nas forças de direita para colaborar na defesa da democracia. Mas esta é a verdade. Não excluo que haja grupos de direita que apenas se revejam nos modos democráticos de lutar pelo poder. Apesar disso, não estão dispostos a colaborar genuinamente com as forças de esquerda. Por quê? Porque se vêem como parte de uma elite que sempre governou o país e que ainda não se curou da ferida caótica que os governos lulistas lhe infligiram, uma ferida profunda que advém do facto de um grupo social estranho à elite ter ousado governar o país, e ainda por cima ter cometido o grave erro (e foi realmente grave) de querer governar como se fosse elite.

Neste momento, a sobrevivência da democracia brasileira está nas mãos da esquerda e do centro-esquerda. Só podem ter êxito nesta exigente tarefa se se unirem. São diversas as forças de esquerda e a diversidade deve ser saudada. Acresce que uma delas, o PT, sofre do desgaste da governação, um desgaste que foi omitido durante a campanha pelo direito de Lula a ser candidato. Mas à medida que entrarmos no período pós-Lula (por mais que custe a muitos), o desgaste cobrará o seu preço e a melhor forma de o estabelecer democraticamente é através de um regresso às bases e de uma discussão interna que leve a mudanças de fundo. Continuar a evitar essa discussão sob o pretexto do apoio unitário a um outro candidato é um convite ao desastre. O patrimônio simbólico e histórico de Lula saiu intacto das mãos dos justiceiros de Curitiba & Co. É um patrimônio a preservar para o futuro. Seria um erro desperdiçá-lo, instrumentalizando-o para indicar novos candidatos. Uma coisa é o candidato Lula, outra, muito diferente, são os candidatos de Lula. Lula equivocou-se muitas vezes, e as nomeações para o Supremo Tribunal Federal aí estão a mostrá-lo.

A unidade das forças de esquerda deve ser pragmática, mas feita com princípios e compromissos detalhados. Pragmática, porque o que está em causa é algo básico: a sobrevivência da democracia. Mas com princípios e compromissos, pois o tempo dos cheques em branco causou muito mal ao país em todos estes anos. Sei que, para algumas forças, a política de classe deve ser privilegiada, enquanto para outras, as políticas de inclusão devem ser mais amplas e diversas. A verdade é que a sociedade brasileira é uma sociedade capitalista, racista e sexista. E é extremamente desigual e violenta. Entre 2012 e 2016 foram assassinadas mais pessoas no Brasil do que na Síria (279.000/256.000), apesar de este último país estar em guerra e o Brasil estar em “paz”. A esquerda que pensar que só existe política de classe está equivocada, a que pensar que não há política de classe está desarmada. (Com informações do Blog da Boitempo).

Sociólogo Boaventura. (Foto: Lia de Paula/ MinC).



Evangélicos lançam manifesto contra a reforma da previdência


Uma semana depois de Michel Temer reunir-se com pastores midiáticos, em busca de apoio à "reforma" da previdência, crentes ligados à Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito lançaram o manifesto “Pastores contra a Reforma da Previdência”. De acordo com a coordenadora nacional da frente, a jornalista Nilza Valéria Zacarias do Nascimento, trata-se de um “grito dos evangélicos para que a reforma, como foi apresentada, não seja aprovada, já que reforçará a perda de direitos, sobretudo dos mais pobres e afetará consideravelmente a dignidade que se deve ter na velhice, defendida, inclusive, pela Bíblia Sagrada”, explicou.

O manifesto trata a tentativa do governo de dificultar o acesso dos brasileiros à aposentadoria como “maldita” e afirma que foi “forjada para oprimir o povo pobre e trabalhador, em seu direito à aposentadoria tranquila e digna”. O documento afirma ainda que vê como “estranho e fora do sentido democrático que o presidente de um estado laico, ainda que seja um golpista, chame religiosos para garantir votos no Congresso”.

O texto critica duramente pastores aliados ao governo como “coronéis evangélicos”. "Ao participarem dessas conversas, carimbam e plastificam a carteirinha de traidores do povo que os via como pastores, isto é, se revelarão como verdadeiros lobos, ou pior, como pastores de seu próprio ventre, dependendo do que esse governo oferecerá como moeda de troca, e o que eles aceitarão."

Desde seu início, em 2016, a Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito reuniu mais de 6 mil adesões, possui representantes em todos  os estados e núcleos já organizados em 15. “São crentes das mais diversas denominações, como batistas, anglicanos, metodistas, presbiterianos, congregacionais, assembleianos e de igrejas independentes”, diz Valéria.

O pastor Fábio Ferreira Ramos Colen, da igreja Catedral da Paz, em São Mateus,  zona leste paulistana, é um dos opositores da reforma. “A palavra de Deus diz ‘ai dos que chamam ao mal de bem, e ao bem de mal. Que mudam as trevas em luz e a luz em trevas. Que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce’. O presidente Michel Temer diz que a reforma da previdência vai ser boa para os brasileiros, mas isso só vai ser bom para os bancos. Lembrando que este mesmo governo desmontou os direitos trabalhistas”.

Para o pastor José Marcos da Silva, da Igreja Batista em Coqueiral, em Recife, Temer tem “se empenhado cabalmente na agenda de retirada de direitos, sobretudo dos oprimidos”. Ele criticou o que chamou de “conchavo” entre as lideranças evangélicas e o governo atual. “Eles podem se achar acima da lei, mas não estão acima da lei de Deus. Aos líderes que apoiaram esse tipo de coisa, quero dizer que vocês têm a responsabilidade de ser a boca de Deus, sobretudo para os oprimidos”.

A campanha reúne depoimentos de pastores na página na rede social da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.  (Com informações da RBA).


(www.facebook.com/frentedeevangelicos),pelahashtag #PastoresContraAReformaDaPrevidência .

Nilza: reforma da previdência retira direitos dos mais pobres e afeta a dignidade que se deve ter na velhice.
(Foto: Arquivo Pessoal/ Reprodução/ RBA).

Fascismo não deve ser legitimado, diz filósofa Marcia Tiburi ao abandonar programa de rádio


Fascismo não deve ser legitimado, diz Marcia Tiburi. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).


A filósofa Márcia Tiburi explicou, em sua coluna na Revista CULT, por que abandonou um programa na Rádio Gauíba, em Porto Alegre, e se recusou a debater com Kim Kataguiri, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL).

Márcia diz não ter sido avisada que Kataguiri seria seu interlocutor no programa, comandado pelo jornalista Juremir Machado da Silva. Para a filósofa, "não se pode debater com quem se notabilizou em violentar a inteligência e a cultura".

Abaixo, a íntegra da carta de Márcia Tiburi publicada na CULT 

Caro Juremir,

Sempre gostei muito de participar do teu programa. Conversar contigo e com qualquer pessoa que apresente argumentos consistentes. Mais do que um prazer é, para mim, um dever ligado à necessidade de resistir ao pensamento autoritário, superficial e protofascista. Ao meu ver, debates que desvelam divergências teóricas ou ideológicas podem nos ajudar a melhorar nossos olhares sobre o mundo.

Tenho a minha trajetória marcada tanto por uma produção teórica quanto por uma prática de lutar contra o empobrecimento da linguagem, a demonização de pessoas, os discursos vazios, a transformação da informação em mercadoria espetacularizada, os shows de horrores em que se transformaram a grande maioria dos programas nos meios de comunicação de massa. 

Ao longo da minha vida me neguei poucas vezes a participar de debates. Sempre que o fiz, foi por uma questão de coerência. Tenho o direito de não legitimar como interlocutor pessoas que agem com má fé contra a inteligência do povo brasileiro ao mesmo tempo em que exploram a ignorância, o racismo, o sexismo e outros preconceitos introjetados em parcela da população.

Por essa razão, ontem tive de me retirar do teu programa. Confesso que senti medo: medo de que no Brasil, após o golpe midiático-empresarial-judicial, não exista mais espaço para debater ideias.  

Em um dia muito importante para a história brasileira, marcado por mais uma violação explícita da Constituição da República, não me é admissível participar de um programa que tenderia a se transformar em um grotesco espetáculo no qual duas linguagens que não se conectam seriam expostas em uma espécie de ringue, no qual argumentos perdem sentido diante de um já conhecido discurso pronto (fiz uma reflexão teórica sobre isso em “A Arte de escrever para idiotas”), que conta com vários divulgadores, de pós-adolescentes a conhecidos psicóticos; que investe em produzir confusão a partir de ideias vazias, chavões, estereótipos ideológicos, mistificações, apologia ao autoritarismo e outros recursos retóricos que levam ao vazio do pensamento.          

Por isso, ontem tive que me retirar. Não dependo de votos da audiência, nem sinto prazer em demonstrar a ignorância alheia, por isso não vi sentido em participar do teu programa. Demorei um pouco para entender o que estava acontecendo. Fiquei perplexa, mas após refletir melhor cheguei à conclusão de que a ofensa que senti naquele momento era inevitável.

A uma, porque, ao contrário das demais pessoas, não fui avisada de quem participaria do debate. A duas, por você imaginar que eu desejaria participar de um programa em que o risco de ouvir frases vazias, manifestações preconceituosas e ofensas era enorme. Por fim, e principalmente, meu estômago não permitiria, em um dia no qual assistimos a uma profunda injustiça, ouvir qualquer pessoa que faça disso motivo de piada ou de alegria. Não sou obrigada a ouvir quem acredita que justiça é o que está em cabeças vazias e interessa aos grupos econômicos que, ao longo da história do Brasil, sempre atentaram contra a democracia.    

Tu, a quem tenho muita consideração, não me avisou do meu interlocutor. A tua produtora, que conversou comigo desde a semana passada,  não me avisou. Eu tenho o direito de escolher o debate do qual quero participar. Entendo que possa ter sido um acaso, que estavas precisando de mais uma debatedor para a performance do programa. Se foi isso, a pressa é inimiga da perfeição. E, se não cheguei a pedir que me avisasse se teria outro participante, também não imaginava que o teu raro programa de rádio, crítico e analítico, com humor bem dosado, mas sempre muito sério, abrisse espaço para representantes do emprobecimento subjetivo do Brasil.

Creio que é importante chamar ao debate e ao diálogo qualquer cidadão que possa contribuir com ideias e reflexões, e para isso não se pode apostar em indivíduos que se notabilizaram por violentar a inteligência e a cultura, sem qualificação alguma, que mistificam a partir de clichês e polarizações sem nenhum fundamento. O discurso que leva ao fascismo precisa ser interrompido. Existem limites intransponíveis, sob pena de, disfarçado de democratização, os meios de comunicação contribuírem ainda mais para destruir o que resta da democracia.

Quando meu livro “Como conversar com um fascista” foi publicado, muitos não perceberam a ironia kirkegaardiana do título. Espero que a tua audiência tenha entendido. O detentor da personalidade autoritária, fechado para o outro e com suas certezas delirantes, chama de diálogo ao que é monólogo. Espero que, sob a tua condução, o programa volte a investir em mais diálogo, que seja capaz de reunir a esquerda e a direita comprometidas com o Estado Democrático de Direito em torno do debate de ideias. (Com informações do Brasil 247). 

Confira o vídeo abaixo:

             

Depois de Serra, é a vez Alckmin se livrar das denúncias na lava jato



Os tucanos têm o que comemorar neste início de 2018, ano eleitoral. Além da condenação de Lula, que pode tirá-lo da disputa presidencial, eles estão se livrando de processos criminais. Primeiro foi o senador José Serra (SP), agora será a vez do governador Geraldo Alckmin dar um “olé” nas acusações de recebimento de propinas no âmbito da operação lava jato.

Enquanto Lula era julgado e condenado pelo TRF4, em Porto Alegre, na quarta (24), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedia ao Supremo Tribunal Federal (STF) o arquivamento de uma investigação sobre o senador José Serra, baseada na delação dos executivos da J&F, grupo controlador do frigorífico JBS.

Ato contínuo, nesta sexta (26), a coluna Radar – da Veja — afirma que Alckmin sairá ileso no recall da delação da Camargo Corrêa. “O tucano sai ileso dessa também“, antecipa.

O alvo do judiciário sempre foi Lula e o PT, nunca o combate à corrupção. Basta o leitor puxar pela memória as malas de dinheiro vivo apreendidas no apartamento de Geddel Vieira Lima, a bagatela de R$ 51 milhões, ou as gravações em que o tucano Aécio Neves (MG) pedia R$ 2 milhões em propina para Joesley Batista, dono da JBS, preso desde setembro de 2017.

Portanto, não resistiu a um pente fino a sentença do desembargador do TRF4, Leandro Paulsen, segundo qual “ninguém será condenado por ter costas largas, nem absolvido por ter costas quentes”. Os tucanos desmentem solenemente o juiz que condenou o ex-presidente Lula.

Os fatos, ora os fatos, provam que a justiça no Brasil é para puta, pobre, preto e petista. (Com informações do Blog do Esmael).

(Foto: Reprodução/ Blog do Esmael).

Último dia do Sisu: Veja a lista com os 10 cursos mais procurados até esta quinta (25)


Esta sexta-feira ,26, é o último dia para se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que já registrou 3.510.592 inscrições até as 18 horas desta quinta. Por isso, é preciso ficar atento quanto às notas de corte do curso desejado para conseguir a vaga. Para buscar vagas nas universidades por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os candidatos têm até as 22h59min (horário de Fortaleza) da sexta para submeter duas opções de cursos que desejam estudar em 2018.

Suillan Gonzalez, colaboradora do Ministério da Educação (MEC) e professora do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, afirma que o estudante precisa ser estrategista. Para ela, uma das formas é ver as notas de corte dos anos anteriores. “É preciso observar bem. Até mesmo o turno influencia. Normalmente, os cursos noturnos são mais concorridos que os cursos da manhã”.

Outra dica é entrar em um curso correlato ao desejado e fazer transferência interna. “Se um estudante quer Medicina, mas percebe que não vai conseguir, uma saída é entrar em um curso de áreas correlatas, como enfermagem, fisioterapia, e tentar transferência”, sugere a professora. Segundo Suillan, a concorrência interna na universidade é muito menor em relação à concorrência ampla encontrada no Sisu. “O estudante pode entrar em um curso correlato ao desejado, cursar as disciplinas, tentar adiantar as que também são ministradas na primeira opção e aproveitar quando uma vaga ociosa surgir”, aconselha.

Candidatos

O candidato Yago Oliveira, 18 anos, tenta conseguir, por meio do sistema de cotas, entrar no curso de publicidade e propaganda na Universidade Federal do Ceará (UFC). Mesmo com a nota de corte aumentando, Yago se diz confiante. “Apesar do medo, vou insistir e esperar a lista de espera”, afirma caso não obtenha êxito neste primeiro momento. Até às 18 horas desta quinta, as universidades cearenses já registravam 206.690 inscrições. 

O candidato Jefté Martins, que tenta o Sisu pela 4ª vez, está confiante na aprovação no curso de Sistema e Mídias Digitais da UFC. Com a boa colocação na ampla concorrência, candidato afirma que “se deu ao luxo” de providenciar a documentação necessária para a matrícula. Caso fique de fora, o candidato revela que “a estratégia é ficar inscrito em uma cota com nota de corte mediana para não chamar atenção das pessoas de outras cotas e, caso não passe, a lista de espera é uma saída porque as pessoas estão migrando para cursos com notas de corte menor”.

Mais procurados

O curso mais procurado é o de Medicina. Segundo o MEC, a opção recebeu 219.300 inscrições.

Veja a lista com os 10 cursos mais procurados até esta quinta, 25, às 18 horas:

Medicina: 219.300 inscrições
Direito: 201.539
Administração: 185.813
Pedagogia: 159.205
Enfermagem: 120.999
Educação Física: 120.524
Psicologia: 94.203
Ciências Biológicas: 87.806
Ciências Contábeis: 79.532
Veterinária: 71.679

(Com informações do O Povo).

Até às 18 horas desta quinta, as universidades cearenses já registravam 206.690 inscrições. Na imagem, estudantes egressos do ensino médio integrado à educação profissional da EP Wellington Belém de Figueiredo em Nova Olinda.
(Foto: Arquivo Pessoal de Nicolau Neto).

Condenação pode afundar Lula. Ou transformá-lo em uma ideia poderosa


A condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro joga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no colo da Lei da Ficha Limpa, o que pode barrar sua candidatura à Presidência da República. Mas a decisão, tomada pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região, nesta quarta (24), não é o fim de uma novela. Pelo contrário, ela pode estar apenas começando.

Segue uma avaliação do contexto e das possibilidades, caso ele queira concorrer – tudo sujeito à alteração, claro. É sempre bom avisar, em tempos de internet, que isso não é uma torcida, mas uma análise. Muitos confundem as coisas... Os advogados de defesa de Lula vão entrar com embargos de declaração junto à própria segunda instância, ou seja, o TRF-4. O atual entendimento do Supremo Tribunal Federal afirma que o cumprimento da pena ''pode'' começar após a confirmação da decisão em segunda instância. ''Pode'', não necessariamente ''deve''. Esse posicionamento, inclusive, pode mudar em breve se os ministros do STF resolverem rediscutir o assunto.

Nesse período, que poder levar algumas semanas, Lula deve ser lançado pré-candidato pelo PT e rodar o país vendendo a lembrança da boa situação econômica e do emprego durante seu governo. Como os indicadores melhoraram em 2017, mas a economia ainda não deslanchou, principalmente no tocante à geração de vagas com carteira assinada, a recorrência da memória de seu mandato será um cabo eleitoral.

Repetirá à exaustão que outros políticos que foram envolvidos em casos de corrupção não passaram por julgamento por conta de seu foro privilegiado, mesmo ostentando indícios de corrupção grosseiros. Citará o pedido amigo de empréstimo de Aécio Neves a Joesley Batista, da JBS, ou o conjunto da obra de Michel Temer. E, certamente, não falará de Renan Calheiros, pois é seu aliado.

Ao mesmo tempo, continuará comparando a si mesmo com Mandela (que ficou preso 27 anos por lutar contra o racismo) e Tiradentes (enforcado e esquartejado por conspirar pela independência), como fez no discurso para uma multidão na Praça da República, na noite desta quarta, após o resultado do julgamento. São imagens fortes que ele irá construir com a população, preparando-se para uma possível prisão ou uma provável interdição de candidatura.

Confirmado o acórdão da segunda instância, seus advogados pedirão ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal que suspendam os efeitos da condenação, via decisão liminar, enquanto não julguem o mérito do caso. Mas, antes, entrarão com pedidos de habeas corpus para impedir a prisão do ex-presidente. Enquanto algum recurso de Lula ainda estiver tramitando, ele estará apto a concorrer.

Preso ou solto, Lula continuará fazendo campanha. PT e aliados irão escolher alguém para colar na imagem dele, feito tatuagem, pensando em uma futura transferência de votos. Hoje, sabe-se que ele transfere menos do que no passado, mas também menos do que poderá vir a transferir se conseguir manter a candidatura até setembro, quando a política estará em franca ebulição.

Nesse contexto, Fernando Haddad, Jaques Wagner ou um terceiro continente à sua escolha podem ser chamado para ir à guerra. Seria difícil Lula apoiar Ciro Gomes (PDT) – ele acredita que seu ex-ministro não defenderia o seu legado. Guilherme Boulos (possivelmente PSOL) ou Manoela D'Ávila (PC do B) dificilmente receberiam apoio do PT, apesar da proximidade. Afinal, um partido que foi dono de fazenda teria problemas para dividir a horta comunitária.

Ninguém acredita em uma candidatura competitiva à esquerda tendo Lula como adversário. Mas são poucos no campo próximo a ele que teriam coragem de vir a público, neste momento, para propor nomes a fim de tentar conquistar, ao menos o patamar de votos que, historicamente, é dado ao petista. E que, de acordo com as pesquisas de opinião, não parece ter se dissolvido. Com a condenação, é duro imaginar o PT dando as costas a seu líder. Pelo contrário, ela pode ser o elemento de identidade reativa na esquerda que eles estavam esperando.

Solto, Lula terá a vantagem de rodar o país anunciando que, muito em breve, vão tirá-lo da jogada por terem medo que ganhe e governe novamente. Vai alimentando o mito. Como estará com a faca no pescoço, pode ser franco-atirador. Mas, ao contrário do que espera uma parte da esquerda, é bem provável que se reconcilie com parte do mercado e do setor produtivo. Um vice empresário, como Josué Gomes da Silva, filho de seu ex-vice, José de Alencar, seria mais uma pitada de simbolismo do retorno ao passado vitorioso.

Preso, Lula terá a vantagem de reforçar o discurso da construção do mártir que voltará para redimir o país. Em uma sociedade cristolaica como a nossa, essa imagem tem força. Imaginem um vídeo de trabalhadores lendo uma carta escrita por ele na cadeia, como num jogral, pedindo para que o povo não perca a fé. ''Eles não podem prender um sonho de liberdade, não podem prender as ideias, não podem prender a esperança. Podem prender o Lula, mas a ideia está colocada na cabeça da sociedade brasileira.'' Não inventei este trecho. Peguei do discurso dele realizado na Praça da República.

Em 15 de agosto, o PT registra sua candidatura. Ele pode estar preso e condenado, não importa, o protocolo tem que aceitar o registro.

O horário eleitoral em rádio e TV começa no dia 31 de agosto. Vai ser um bombardeio de imagens e declarações de que Lula está preso e/ou condenado porque quis defender o povo. A propaganda tem o objetivo de transformar o mártir e o mito na já citada ideia. Que será exaustivamente utilizada por seu partido político no processo eleitoral.

De acordo com Fernando Neisser, advogado especialista em direito eleitoral e um dos coordenadores da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), o prazo máximo para uma decisão da Justiça Eleitoral para julgamento de registros é 17 de setembro. Na prática, esse é o deadline para substituir candidatos em chapas. Porque, logo em seguida, as urnas são carregadas com as informações de todos os concorrentes.

Para Neisser, o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral sobre uma possível candidatura Lula, caso seja antecipado, pode ser realizado em algum momento entre 7 e 11 de setembro. A corte estará sendo presidida por Rosa Weber, mas com presença de Luís Roberto Barroso e Edson Fachin – um trio que certamente não será simpático à demanda do ex-presidente.
Se Lula não tiver conseguido uma liminar que suspenda a condenação criminal, o TSE vai negar a ele o registro.

Ele pode recorrer ao próprio TSE com embargos de declaração. Depois disso há uma série de meandros jurídicos para fazer subir um recurso extraordinário ao Supremo, que não seria julgado em definitivo antes do final do segundo turno. Daí, Lula e o PT têm duas opções: pegam a pessoa que estava como sua tatuagem e a colocam em seu lugar para disputar o primeiro turno ou continuam apostando em Lula.

Se a primeira opção for a escolhida, é provável que ele consiga empurrar seu candidato ou candidata ao segundo turno transferindo os votos. Afinal, o tempo é curto e a comoção será grande. Seu apoio ainda vai contar pontos, mas dai a tatuagem estará por conta própria – podendo inclusive perder. De qualquer forma, terá cumprido outra função importante: ajudar o PT a garantir sua bancada no Congresso Nacional. Sem um nome forte puxando votos, haverá uma óbvia redução do número de cadeiras do partido como resultado das denúncias de corrupção.

Se a segunda opção for a escolhida, a partir da abertura das urnas na noite do primeiro turno, no dia 7 de outubro, Lula aparecerá com zero votos pois teve a candidatura negada pelo TSE, mesmo com o recurso extraordinário em trâmite. O TSE até pode autorizar que ele dispute o segundo turno sob a justificativa de que está recorrendo, como já aconteceu em algumas cidades. Mas essa decisão não está clara na lei. Portanto, mesmo com o recurso, o TSE pode não colocá-lo no segundo turno. Ou seja, é um tiro que pode dar na água.

E se sua presença no segundo turno for negada, passam os outros dois mais votados.

Caso participe do segundo turno e perca para Geraldo Alckmin, Luciano Huck, Jair Bolsonaro, Marina Silva ou alguém como J.Pinto Fernandes, que não estava na história, acabou.

Se tiver conseguido uma (difícil) liminar que suspenda a condenação, ganhar a eleição e, antes da posse, o pleno do STF confirmar a decisão de segunda instância, novas eleições são convocadas. Sim, segundo Fernando Neisser, o mandato não é do segundo colocado automaticamente. Nesse caso, começamos tudo de novo, com eleições em dois turnos para presidente.

Se ganhar e tiver conseguido uma (difícil) liminar que suspende sua condenação criminal ou tiver sido absolvido por um tribunal superior até lá, daí ele vai ser empossado. Caso tenha obtido apenas a liminar, ele toma posse e seu processo congela até o final de seu mandato.
Enfim, Lula pode reduzir de tamanho ou sair maior do que entrou nessa história. Mesmo que não seja eleito. Depende de tantos fatores que é impossível saber a resposta.

Cansou? Imagine, então, para jornalistas, advogados e assessores políticos. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

(Foto: Jorge William/ Agência O Globo).

PT lança oficialmente a candidatura de Lula


O PT vai manter mesmo a candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República neste ano, mesmo correndo o risco de ter o registro barrado pela Justiça Eleitoral. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (25), em São Paulo. Lula está em um evento da Executiva Nacional do PT, que contou com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, lideranças do partido, militantes, sindicalistas e representantes de movimentos sociais.

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, abriu o evento dizendo que o julgamento do TRF4 foi “político” e que o objetivo foi tirar Lula da corrida eleitoral. “Nós vamos continuar lutando e estamos aqui hoje para reafirmar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência”.

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão falou sobre o cenário jurídico em torno da condenação de Lula e manifestou preocupação com a possibilidade de prisão após o julgamento do recurso da defesa no próprio tribunal. “Isso vai fazer com que o tempo seja muito justo”. Entretanto, ele não descartou a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para evitar a prisão.

O advogado Luiz Fernando Pereira, contratado pelo PT para fazer um parecer sobre a situação eleitoral de Lula, minimizou os efeitos da condenação na campanha. “Não há como impedir antecipadamente a candidatura do ex-presidente. O registro da candidatura é no dia 15 de agosto e só vai ser decidido pelo TSE [Tribunal Regional Eleitoral]. Em 2016, 155 prefeitos se elegeram com registro indeferido e muitos reverteram depois”. (Com informações do R7 e da Revista Fórum).

PT lança oficialmente a candidatura de Lula. (Foto: Divulgação).