Poesia “Guerreiro” de Luiz de Jesus, por Sheilyany Alves na II Mostra Cultural Afro-brasileira


Sheilyany Alves - Aluna do Cursos Técnico
em Edificações (2º Ano).
A aluna Sheilyany Alves o Curso Técnico em Edificações, segundo ano do ensino médio integrado a educação profissional, da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, leu de forma interpretativa durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira realizada nesta sexta-feira, 20, a poesia de Luiz de Jesus.

Entendida como uma das mais belas e emocionantes formas de expressar sentimentos, a poesia faz parte também de atitudes de indignação e revolta, assim como de luta, de resistência. Foi como esse tom que Sheilyany Alves leu a poesia “Guerreiro”, do autor supracitado buscando demonstrar que temas como o preconceito, a discriminação e o racismo é uma tarefa que deve ser combatida todos os dias.

Confira abaixo

Luta negro, negro luta!
Negro não se abate
O preconceito te insulta
Incitando-te ao combate
Nesta luta não há trégua
Cada dia é um novo desafio
Sê forte e não se entrega
Não deixe que roubem o teu brio

Não permitas guerreiro
Que te lancem em neocativeiro
Hoje livre das correntes
Tentam aprisionar tua mente.

Trechos do Discurso de Martin Luther King, Por Matheus Santos na II Mostra Cultural Afro-brasileira


O Aluno Matheus Santos, do Curso Técnico em Edificações, segundo ano do ensino médio integrado a educação profissional, da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-Ce, leu de forma interpretativa durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira realizada nesta sexta-feira, 20, trechos do discurso de um dos maiores ativistas pela igualdade racial Marthin Luther King, proferido há 52 anos nos Estados Unidos.

O discurso mesmo completado meio século ainda é uma utopia e mexe com o imaginário daqueles que como Luther King lutam todos os dias para uma educação voltada para as relações étnico-raciais.  

Matheus Santos - Curso Técnico em
Edificações (2º Ano) e presidente do
Grêmio Estudantil.
Matheus que também é presidente do Grêmio Estudantil, fez uma leitura dinâmica de parte do discurso “Eu Tenho um Sonho”, selecionado por este blogueiro, professor e um dos coordenadores da Mostra.

Confira abaixo

...Há cem anos, um grande americano, sob cuja simbólica sombra nos encontramos, assinou a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um grande raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para pôr fim à longa noite de cativeiro.

...Mas, cem anos mais tarde, devemos encarar a trágica realidade de que o negro ainda não é livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro está ainda infelizmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação.

...Porém recusamo-nos a acreditar que o banco da justiça abriu falência. Recusamo-nos a acreditar que não haja dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidade desse país. Então viemos para descontar esse cheque, um cheque que nos dará à vista as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.

... Não haverá nem descanso nem tranquilidade na América até o negro adquirir seus direitos como cidadão. Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir os alicerces do nosso país até que o resplandecente dia da justiça desponte.

... Esta nova militância maravilhosa que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos irmãos brancos, como se vê pela presença deles aqui, hoje, estão conscientes de que seus destinos estão ligados ao nosso destino.

... Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: “Quando é que ficarão satisfeitos?” Não estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos indescritíveis horrores da brutalidade policial. Jamais poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados com as fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso aos hotéis de beira de estrada e das cidades.

... Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Não podemos estar satisfeitos enquanto nossas crianças forem destituídas de sua individualidade e privadas de sua dignidade por placas onde se lê “somente para brancos”.

... Digo-lhes hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia essa nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos essas verdades como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais.”

... Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje.

... Com essa fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia haveremos de ser livres. Esse será o dia, esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado:

... Meu país é teu, doce terra da liberdade, de ti eu canto.

... E quando isso acontecer, quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada lugar, de cada estado e cada cidade, seremos capazes de fazer chegar mais rápido o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção espiritual negra:

Finalmente livres! Finalmente livres!...

Fique por dentro da gastronomia AFRICANA. Conheça 10 pratos.


Arroz Jollof é o prato mais popular no oeste africano.

A gastronomia não se limita somente ao objetivo primário de matar a fome, com todas as suas variações ela se apresenta como instrumento de propagação da cultura e representa como ninguém os mais diversos povos e tradições. Se tratando de um continente tão complexo como a África fica ainda mais difícil resumir a preferência gastronômica de sua gente. O modo de fazer, os ingredientes selecionados, a criação de animais e os pratos refletem o ambiente em que cada pessoa vive e toda a tradição e história que envolvem o lugar.


A alta incidência de estrangeiros que desembarcaram na África ao longo dos séculos também deve ser levada em consideração na análise. Pensando nisso, o site Mail & Guardian Africa topou o desafio e selecionou os 20 pratos mais populares na cozinha africana e nós resolvemos destacar alguns deles, além de contar um pouco da história gastronômica de cada região.

A chermoula é uma mistura de ervas consumida basicamente
no Norte da África.
Vamos começar no século 7, quando os árabes chegam com suas famosas especiarias – açafrão, canela, gengibre e cravo – revolucionando a gastronomia no Oriente africano. A presença árabe na cozinha do leste do continente é fato bastante conhecido, a relação começou a mil anos atrás quando eles navegavam com arroz e especiarias, estes que hoje marcam presença na comida Suaíli das regiões costeiras. A partir do Novo Mundo eles descobriram o pimentão, tomates e batatas. Limões e porcos domésticos vindos da China e Índia completam a lista.

Ao se deslocar mais para o interior, é notável a presença do gado, ovelhas e cabras, todos considerados moeda de troca pelos pastores. Os animais também servem para a alimentação, contudo apenas para a confecção de produtos oriundos do leite, geralmente sua carne não é consumida. Os habitantes da região preferem a pesca – que fornece a proteína – e também o consumo de grãos, feijão e legumes.

Biltong é uma carne curada consumida em todo o continente.
Já a comida do Norte se destaca pelo cheiro. Egito, Marrocos, Líbia, Tunísia e Argélia, todos banhados pelo Mar Mediterrâneo, se caracterizam pelo consumo de erva-doce, alecrim, louro, cravo, canela e pimentas. A cultura do lugar foi fortemente influenciada pelos fenícios do primeiro século, que trouxeram a salsicha, seguidos pelos cartagineses, que introduziram o trigo, evidenciando a preferência da população por pratos feitos à base de trigo e de carne de cordeiro. Em tempo, muitos temperos migraram dali para países da Europa, como Espanha, França e Itália.

No chamado chifre africano, que engloba Etiópia, Somália, Djibouti e a Eritreia, a religião, especialmente as crenças islâmicas e cristãs, impactaram significativamente na mesa de jantar. Diferente de outros locais, aqui não há carne de porco, substituída pelas leguminosas, lentilha e grão de bico. Os pratos tradicionais da cozinha etíope e eritreia são semelhantes e ambos dominados por tsebhis (ensopados), que são servidos com injera – um crocante feito com teff, trigo ou sorgo -, também encontrado na Somália.

Chermoula, mistura de ervas, leva óleo, suco de limão,
alho, cominho e sal.
Com toda a diversidade citada ao longo do texto, pode-se dizer que a África Austral é dona de umas das maiores variedades culinárias de todas as regiões do continente. Isso se deve a mistura entre as culturas das sociedades tradicionais africanas com os índios, europeus e populações asiáticas. A África do Sul, por exemplo, fazia parte da rota marítima que ligava o Oriente ao Ocidente e com isso sua cozinha se diversificou bastante. Em geral os sul-africanos consomem carne vermelha e um dos pratos favoritos da população é o bobotie, um cozido de carne moída, pão, leite, cebola, castanhas, passas, damascos e  curry. A comida era uma das preferidas de Nelson Mandela.

Por fim falamos da África Ocidental e Central, que teve sua culinária muito menos influenciada pelos europeus do que os outros. Com o mínimo contato com o exterior, a cozinha destas duas regiões continuam próximas dos ingredientes e técnicas tradicionais. A única adição foi a mandioca, amendoim e plantas de pimenta, que chegaram junto com o comércio de escravos em meados do século 16.

As injera são úmidas e fofas e são consumidas principalmente na Somália e Etiópia.

Depois da introdução, com vocês alguns dos destaques da lista:

Biltong – Original da África do Sul, é uma carne curada consumida em todo o continente. Geralmente o prato é preparado com pimenta preta, salta, açúcar, vinagre e molho barbecue.

O Fufu (em amarelo) é feito com mandioca e inhame. O prato é bastante popular em Gana. Foto/Blog Mundi.

Fufu – Popular no Oeste, é feito a partir da fervura da mandioca e do inhame (pode ser substituído pela banana) e em seguida é batido até ficar com a consistência de massa.

Parecido com o bolinho de chuva, o mandazi é um dos principais da culinária Suaíli.

Mandazi – Com forma que lembra o nosso bolinho de chuva, o prato é um dos principais na culinária Suaíli e acompanha qualquer prato ou pode servir de aperitivo. Os ingredientes básicos são amendoim, leite de coco e amêndoas.

Injera – Crepe com farinha fermentada na água por dois ou três dias. Depois eles são assados numa chapa de ferro ou blaca de barro, colocadas sobre um fogão. As injera são úmidas e fofas e consumidas principalmente na Somália e Etiópia.

Arroz Jollof – O prato mais popular no Oeste africano, o alimento tem como ingredientes básicos arroz, tomate, molho de tomate, cebola, sal e pimenta vermelha. Ele é consumido principalmente na Nigéria, Togo, Gana, Serra Leoa e Libéria.

Chermoula – Uma mistura de ervas, leva óleo, suco de limão, alho, cominho e sal. Ele é consumido basicamente no Norte e os ingredientes variam de acordo com o país.

O Nyama Choma é uma carne assada servida em restaurantes chiques ou no comércio de rua. Popular no Quênia.
Nyama Choma / Braaivleis / Mechoui – Com nomes e técnicas de cozinhar diferentes, é apreciado quase que em todo o continente. É um tipo de carne assada servido em restaurantes chiques ou no comércio de rua de Nairóbi, no Quênia. Também vai bem com cerveja.

O cuscuz, que também está presente na mesa dos brasileiros, é apreciado na Argélia e Marrocos.
Couscous – Alternativa interessante para o arroz e massas no Norte da África, o cuscuz é feito no vapor e com trigo. O prato também está presente na mesa dos brasileiros.

Original de Portugal, o piri-piri é um molho picante e adotado pela cozinha sul-africana.
Piri Piri – Original de Portugal, é um molho picante e adotado pela cozinha sul-africana.


Dandara, Mahin, Tereza e Aqualtune. Por mais Heroínas Negras



Novembro é considerado o mês da Consciência Negra, por conta do dia de hoje (20 de novembro). Nesse período, vemos muitas homenagens para Zumbi dos Palmares que foi líder do quilombo de Palmares e um guerreiro contra a escravidão no período colonial. Concordo que Zumbi seja uma importante figura histórica, mas e as mulheres negras como Dandara, Tereza, Luisa e Aqualtune? Elas também lutaram e resistiram bravamente, na liderança dos quilombos e nas comunidades de luta contra a escravidão e o racismo. Mesmo com toda essa luta, ainda assim só os homens são lembrados. Essas mulheres também precisam ter seus nomes, histórias e lutas expostos.



Mas enquanto essas mulheres tão notáveis e com tamanha importância raramente recebem o devido reconhecimento, as mulheres negras, atualmente, também encontram dificuldade para conseguirem qualquer reconhecimento nas mais diversas áreas da sociedade.

Vemos muita divisão até na luta das mulheres por igualdade. Como pode?

Uma das mais fortes reivindicações das mulheres brancas é o mercado de trabalho ou o combate aos estereótipos que representam as mulheres como o sexo frágil. Enquanto isso, as mulheres negras enfrentam há tempos a luta contra a escravidão moderna, uma cópia mais "light" do que era imposto até o século XIX. Muitas mulheres brancas, patroas, acabam com a moral das suas empregadas ou babás que, em sua maioria, são negras. Quando não as veem como rival, pois mulheres negras ainda são vistas como objeto sexual por alguns patrões, herança da cultura escravista do país, em que os "senhores" estupravam as escravas.

Vemos tudo isso ser representado nas novelas. Raramente vemos novelas em que não se tenham empregadas negras, ou que se tenham protagonistas negras. Só me lembro da Tais Araújo, única, na minha geração.

Nós, mulheres, devemos nos unir, juntar forças para vencermos.

Os diversos índices e pesquisas sociais no Brasil mostram,  frequentemente, evidências de que as mulheres negras vivenciam os níveis mais altos de violência e violação de direitos. A desigualdade salarial entre homens e mulheres, quando analisada sob a perspectiva racial, se torna também uma desigualdade salarial entre mulheres brancas e negras. As mulheres negras estão entre a maioria das vítimas de feminicídio (perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo, no Brasil.). Quando o tema é a ilegalidade do aborto, as consequências da clandestinidade também são mais pesadas para as mulheres negras por serem maioria pobre na estatística de classe social e que, por isso, não têm as mesmas oportunidades que as mulheres brancas de interromper a gestação em outro país ou em clínicas particulares.

Gente, de que adianta Consciência Negra se não temos um combate contra o machismo em paralelo?

Pra realmente surtir efeito, não ser mais uma data em que são feitas homenagens, falsas promessas e declarações, além de feriados em muitas cidades e da pergunta típica: "feriado de que mesmo?", é preciso realizar reflexões, fazer um resgate histórico, analisar as consequências da escravidão e como os negros e as negras estão vivendo hoje no país.

Não tem como existir luta por igualdade de gênero sem combater o racismo. Assim como não há luta antirracista sem a luta por igualdade de gênero. A intersecção das lutas contra as opressões é necessária. Por isso, o feminismo negro é necessário.

As pessoas devem entender que mulheres negras não têm escolha sobre a possibilidade de sofrerem um ou outro tipo de discriminação; ambas as violências se repetem de maneira interligada, em moldes direcionados exclusivamente e especificamente às mulheres negras.

Ainda hoje, há muitas diferenças entre as questões das mulheres brancas e negras. De maneira similar, por mais que estejam unidos na luta contra o racismo, há certos tipos de violência que os homens negros não enfrentam. Infelizmente, tanto nos movimentos de mulheres quanto nos movimentos negros, as mulheres negras ainda lutam para que suas necessidades sejam ouvidas e representadas. À exemplo das guerreiras negras na história do Brasil, nem sempre a dedicação à luta é o suficiente para que as nossas demandas sejam atendidas ou contempladas.

Encerro esse texto citando um poema com autoria de Zuleika dos Reis:

SER NEGRA - Homenagem ao Dia da Consciência Negra

Negra é a mulher que tem sido minha irmã, que nos ajuda, há muito, a mim e a minha mãe, a segurar as barras do cotidiano insalubre.

Negra é a pele que me vai por dentro, herança dos meus ancestrais.

Negro é o blues que me invade, com todas as suas línguas feitas de saudade e de desterro.

Negras são certas saudades: volúpia, sofrimento.

Negra é a linda canção que cantava a filha daquele que foi meu homem, canção que ela aprendeu de sua avó.

Negra é a negra noite, quando se sonham os sonhos mais profundos.

Negro de belezas é o silêncio dos amantes plenos um do outro.

Negra sou eu quando deixo que acordem em mim todas as áfricas.

Negra é a África, berço do mundo.

Felizes dos que se alegram, dos que se orgulham pelo negro, pela negra que todos carregamos por fora, por dentro; negritude que nos amplia, que nos ensina, que nos ultrapassa, que fere os nossos limites, para que possamos prosseguir.

Mulheres Negras marcharam contra o racismo, a violência e a favor do bem viver




Na capital do país, o dia foi de luta contra o racismo. Ativistas de norte a sul se reuniram nesta quarta-feira 18 para a 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que tomou as ruas da cidade.

Mulheres Negras do Cariri estiveram presente na Marcha em Brasília nesta quarta, 18. Foto: Divulgação.
Segundo a organização, cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, que teve por objetivo chamar a atenção para o combate à discriminação e para a necessidade de ampliação das políticas públicas de promoção da igualdade.

De acordo com o Mapa da Violência 2015, divulgado neste mês pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, a quantidade de mulheres negras mortas cresceu 54% de 2003 a 2013, enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.
As estatísticas mostram que os desafios ainda são grandes para a superação do preconceito e da violência contra este que é considerado o segmento mais vulnerável da população.

Para a ministra Nilma Lino Gomes, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o evento mostra a capacidade de articulação e mobilização das mulheres negras de todo o Brasil. Ela destaca a importância de valorizar o protagonismo de pessoas que normalmente têm poucas oportunidades de expressão.

Se for pensar na luta e na força, elas têm esse comando todo dia, só que muitas vezes é invisibilizado na nossa sociedade por um imaginário racista, por um imaginário sexista. Então, a Marcha é um momento de as mulheres negras colocarem essa visibilidade nacional e internacionalmente”, ressalta.

Essa é também a opinião da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que fez questão de pontuar a baixa representatividade do setor na política e a necessidade de vigilância para que não haja retrocessos nas discussões que permeiam o Congresso Nacional.

A colega de partido e ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (RS), lembrou que há apenas três parlamentares negras na Câmara e isso precisa ser mudado. Para a deputada, é fundamental que essa população ocupe os espaços de decisão e, assim, possa lutar por mais direitos. “Elas ainda são a base da pirâmide”, alerta.

Policial foi preso por atirar durante Marcha

Um homem foi preso em Brasília, no início da tarde da quarta-feira 18 por disparar quatro tiros para o alto durante a Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios (assista a dois vídeos no pé deste texto). Ele é policial civil e acampava em frente ao Congresso Nacional junto a outros manifestantes que pedem a volta dos militares ao poder. Houve um princípio de tumulto entre as pessoas, que correram ao ouvirem os disparos.

De acordo com informações da Polícia Militar, o homem alegou ter se sentido ameaçado por conta do protesto. O objetivo do ato era justamente reivindicar políticas de combate à violência e à discriminação contra as mulheres negras, reunindo cerca de 10 mil ativistas de todo o país.