19 de julho de 2022

Em 20 anos, Izolda Cela é a primeira governadora do Ceará que não irá disputar reeleição

 

Legenda: Izolda Cela recebeu apenas 29 votos na disputa interna do PDT; Roberto Cláudio conseguiu 55.  Foto: Thiago Gadelha

A decisão do PDT de escolher o ex-prefeito Roberto Cláudio como pré-candidato ao Governo pelo partido em detrimento da atual governadora Izolda Cela tem um aspecto de ineditismo na história política do Ceará. Em 20 anos, é a primeira vez que um chefe do Executivo do Estado não disputará a reeleição.

A última vez em que algo semelhante ocorreu foi em 2002, quando o então governador Beni Veras – que assumiu após a renúncia do governador Tasso Jereissati (PSDB) para disputar vaga no Senado – não concorreu à reeleição no pleito daquele ano.

No entanto, neste caso, Veras não tinha pretensões de concorrer ao cargo. Após assumir, ainda em abril de 2002, ele precisou ser operado às pressas para a retirada de um tumor na próstata. A necessidade de dedicar-se ao tratamento médico afastou o político do rol de cotados para disputar a reeleição.

No caso de Izolda, a mandatária – que é a primeira mulher a assumir o cargo mais alto do Executivo no Ceará – já havia manifestado diversas vezes a intenção de disputar a reeleição. Ela foi lançada como pré-candidata, assim como Roberto Cláudio. Além deles, o PDT também lançou o deputado federal Mauro Filho (PDT) e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT).

Na disputa interna da sigla, Izolda ganhou força e polarizou a disputa com Roberto Cláudio. Nesta segunda-feira (18), ficou sob responsabilidade do diretório estadual da sigla colocar um fim na disputa. O grupo de políticos decidiu então, por 55 votos a 29, indicar o ex-prefeito de Fortaleza para representar o grupo governista.

INÉDITO

Desde 1998, a reeleição passou a ser permitida no Brasil. À época, no Ceará, o então governador Tasso Jereissati usou esse direito para disputar novamente o Governo. Ele foi reeleito e seguiu à frente do Executivo até 2002.

Foi com a saída de Tasso, em abril de 2002, que o vice-governador foi alçado ao cargo de governador, mas não chegou a disputar a reeleição. Naquele ano, o grupo governista lançou Lúcio Alcântara para disputar a sucessão de Beni Veras. Os tucanos saíram vitoriosos do pleito.

Quatro ano depois, Lúcio disputou a reeleição – ainda que a contragosto de parte do PSDB –, mas foi derrotado no pleito por Cid Gomes (PDT).

O pedetista, que tomou posse em 1º de janeiro de 2007, foi reeleito e ficou no cargo até 31 de dezembro de 2015, passando o cargo para seu aliado, o governador Camilo Santana (PT).

O petista disputou a reeleição em 2018, sendo reeleito com uma votação histórica, atingindo 79,2% da preferência do eleitorado cearense. Camilo renunciou em abril deste ano, de olho em uma vaga no Senado Federal, deixando a cadeira no Governo do Ceará para Izolda Cela.

CAMILO-IZOLDA

O ex-governador é um dos principais articuladores da pré-candidatura de Izolda Cela. No último dia 8 de julho, ele manifestou publicamente, pela primeira vez, o apoio ao nome da colega de chapa.

Na vida pública sempre busquei ser justo e leal. Meus irmãos e irmãs cearenses são testemunhas da minha história. Defender que seja dado à governadora Izolda Cela, do PDT, o direito a buscar a reeleição, por sua seriedade e competência, é questão de justiça”, publicou Camilo.

Já nesta segunda-feira (18), ele lamentou que Izolda não saiu vitoriosa da disputa interna no PDT.

"Lamento muito que a primeira mulher governadora do Ceará não poderá concorrer à reeleição, após decisão do PDT. Siga firme, Izolda! O Ceará tem muito orgulho de sua força e determinação"

CAMILO SANTANA (PT)

Ex-governador do Ceará

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Com informações do Diário do Nordeste.

Diretório do PDT escolhe Roberto Cláudio como pré-candidato a governador do Ceará

 

Roberto Cláudio é o escolhido pré-candidato ao governo do Ceará em disputa com Izolda Cela. (FOTO | Reprodução | Diário do Nordeste).

O ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio foi escolhido como o pré-candidato do PDT ao Governo do Ceará por maioria de votos do integrantes do diretório regional. A votação foi realizada no começo da noite desta segunda-feira (18), na sede do partido em Fortaleza. Izolda se posicionou após resultado.

"A primeira tarefa nossa agora é celebrar e construir nossa unidade interna, depois disso procurar também, humildemente, todos os nossos aliados que compõem a nossa aliança hoje, procurar o ex-governador Camilo Santana, procurar todo mundo para conversar e manter a aliança o mais ampla possível", disse Roberto Cláudio ao deixar o evento.

De acordo com o deputado estadual Romeu Aldigueri, o resultado final foi de 55 votos a favor do ex-prefeito contra 29 pró-governadora, com uma abstenção. O senador Cid Gomes e o pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes não participaram da reunião.

"Os números falam pouco, a vitória é do PDT. (...) Temos vários partidos aliados que, agora, a segunda etapa é fazer a interlocução com eles", disse o prefeito de Fortaleza, José Sarto, ao deixar o evento.

Na frente da sede do PDT, vários apoiadores de Roberto Cláudio aguardavam o resultado, com cartazes e balões em defesa do pré-candidato.

O presidente estadual, André Figueiredo, defendeu união do partido após decisão. "Teve uma reunião prévia onde foi sinalizado, com muita ênfase, a possibilidade de nós estarmos unidos. Então, o Roberto mesmo disse que, caso não fosse ele o vencedor, ele logo depois estaria já com a camisa da Izolda trabalhando nisso. Esperamos que aconteça o mesmo", pontuou.

"Não se trata de ser justa ou não ser justa (a escolha). O partido avalia com a sua autonomia e independência. A decisão é de um partido político autônomo. Ninguém pode escolher ou vetar candidato do PDT. O PDT que escolhe seus candidatos", ressaltou o presidente nacional, Carlos Lupi.

"Já conquistamos muito, mas sabemos que ainda temos muito a fazer, me alegra saber que poderei trabalhar com alguém tão dedicado à nossa terra e ao desenvolvimento social. Conte com meu apoio e dedicação para trabalhar pelo nosso Ceará", escreveu o presidente do PSB no Ceará sobre a vitória de Roberto Cláudio.

A convenção do partido está prevista para domingo (24), ocasião em que as candidaturas são oficializadas para a disputa eleitoral.

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Com informações do Diário do Nordeste.

18 de julho de 2022

Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas em 5 anos

 

Especialistas veem descaso com população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias.  (FOTO | GETTY IMAGES).

Entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu ao menos 764 bibliotecas públicas, segundo dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.

Em 2015, a base de dados contava 6.057 bibliotecas públicas no Brasil, número que caiu para 5.293 em 2020, dado mais recente disponível no site do SNBP.

Para especialistas em biblioteconomia, a queda no número de bibliotecas revela um descaso do poder público com a população mais vulnerável, que não tem acesso a livrarias.

Eles também alertam que o número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, devido à atual fragilidade do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, após a extinção do Ministério da Cultura, e da falta de controle efetivo pelos sistemas estaduais, cujos dados alimentam o sistema nacional.

Bibliotecas públicas são aquelas mantidas pelos municípios, Estados, Distrito Federal ou governo federal, que atendem a todos os públicos. São consideradas equipamentos culturais e, portanto, estão no âmbito das políticas públicas do governo federal — antes, sob o Ministério da Cultura e atualmente, com a extinção da pasta, sob a Secretaria Especial da Cultura.

Não entram nessa conta as bibliotecas escolares e universitárias, que têm como público-alvo alunos, professores e funcionários das instituições de ensino.

Procurada pela BBC News Brasil, a Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo não respondeu a questionamento sobre o que explica o fechamento de centenas de bibliotecas públicas nos últimos anos, nem qual a política do governo Jair Bolsonaro (PL) para bibliotecas.

O Plano Nacional de Cultura, conjunto de objetivos para o setor em vigência desde 2010 cuja validade foi prorrogada por Bolsonaro até 2024, tem como uma das metas "garantir a implantação e manutenção de bibliotecas em todos os municípios brasileiros".

A perda de mais de 700 bibliotecas nos últimos anos deixa o país cada vez mais distante desta meta.

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As informações são da BBC News Brasil. Leia o texto completo aqui.

17 de julho de 2022

Rio terá estátua de Marielle dia 27; veja como obra foi feita

 

A escultura de Marielle tem o tamanho real da vereadora — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

Desde a criação do Instituto Marielle Franco, um dos primeiros sonhos da família da vereadora vai ser finalmente realizado: uma estátua dela, no Centro do Rio. Em tamanho real, a obra de 1,75 metro em bronze vai ser inaugurada no dia em que a parlamentar, assassinada em 2018, completaria 43 anos: 27 de julho.

Para Anielle Franco, fundadora do instituto e irmã de Marielle, conquistar esse momento significa falar sobre memória, justiça e reparação.

Após esses dois anos em que vimos estátuas de colonizadores, escravocratas e torturadores sendo derrubadas, é muito simbólico ter uma estátua da Mari erguida, em especial no ‘Julho das Pretas’ e no dia do seu aniversário”, descreve. “Isso é muito importante para gerarmos referências sobre quem realmente construiu e move esse país, em especial para as novas gerações e para uma população negra e periférica que precisa ter reconhecimento e ser reverenciada”.

Família de Marielle ao lado da estátua, ainda em construção — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

Criada pelo artista plástico Edgar Duvivier, a obra vai ser instalada na Praça Mário Lago, conhecida como o Buraco do Lume, no Centro. Esse era o local onde, todas as sextas-feiras, Marielle ia prestar contas para a população sobre o trabalho enquanto vereadora e presidenta da Comissão da Mulher da Câmara Municipal do Rio.

Para arrecadar fundos para desenvolver a obra, o instituto fez uma vaquinha virtual, e o artista plástico produziu e vendeu pequenas esculturas da vereadora. Foram cerca de 650 doações que arrecadaram quase R$ 40 mil.

O artista plástico com as pequenas esculturas — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

Ao artista, os familiares contaram sobre a emoção de ver a estátua. Mônica Benício, vereadora do PSOL e viúva de Marielle, enfatizou a semelhança física em que, ao mesmo tempo que a escultura traz a imponência que tinha a parlamentar, tem a alegria marcante dela, sempre com um “sorrisão largo”.

Tanto a mãe de Marielle, Marinete da Silva, quanto o pai, Antônio Francisco da Silva Neto, falaram sobre perpetuar a imagem da filha.

A gente se emociona porque o trabalho está perfeito. Eu tenho plena certeza de que as pessoas, quando a virem, também vão ficar muito emocionadas”, destaca o pai.

Só que, para a família, a figura de Marielle também simboliza a luta dos que querem transmitir o legado dela. Anielle descreveu a valorização das vidas negras.

Eu sempre bato nessa tecla de que eu sonho com o dia que a gente vai poder falar da história de mulheres negras enquanto elas estiverem vivas, e eu espero que a Mari não só represente isso, mas também deixe esse sentimento nas pessoas que, quando passarem pela estátua, sintam a força dela”, afirma a irmã ao artista plástico.

Mônica Benício e a estátua de Marielle, ainda em argila — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

“A gente hoje luta pela preservação da memória, luta para que nada mais parecido aconteça, mas que muitas Marielles floresçam”, define Mônica.

A escultura de Marielle tem o tamanho real da vereadora — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

'Uma forma de eternizar as ideias da pessoa'

Para Edgar Duvivier, fazer uma escultura vai além de replicar a forma de uma pessoa. O artista plástico conta que vale do apreço que tem por essas pessoas. Ele já esculpiu figuras de personalidades como os escritores Clarice Lispector e Nelson Rodrigues e o ex-presidente uruguaio José Mujica, que vai ainda ser inaugurada no Rio Grande do Sul.

A escultura é uma forma de você eternizar as ideias da pessoa, porque, como disse o Mujica: ‘As pessoas vão embora, as ideias ficam’. Mas, para as ideias daquelas pessoas ficarem e serem lembradas, se tiver alguma coisa que lembra a pessoa que teve a ideia, é mais fácil”, define.

Edgar Duvivier ao lado da estátua concluída — Foto: Arquivo pessoal

E com a estátua de Marielle não foi diferente. Ao dizer que a vereadora representava todas as pessoas que votaram nela, o artista plástico definiu a obra como "necessária".

Todo o processo levou em torno de três meses. Apesar de estar pronta há um tempo, Edgar enfatizou que precisaram esperar pela autorização da prefeitura, para decidir o local, aprovar a placa e marcar a data de inauguração.

Passo a passo

Edgar contou com os familiares da parlamentar para ajudar a decidir qual pose seria escolhida. Com o punho para cima, ele usou várias fotos de Marielle para compor o projeto da estátua.

O artista então fez uma maquete e mostrou para a família. Depois de aprovada, chegou a hora de ampliá-la para o tamanho real da vereadora e fazê-la de argila, em torno de uma armação de metal. Essa etapa também é vista e aprovada pelos familiares.

Após o modelo em argila, é feita a forma em gesso, dividida em partes (cabeça, tronco, braços e pernas), e é levada à fundição.


Estátua em argila — Foto: Arquivo pessoal/Edgar Duvivier.

A partir dessa forma, é feito o contorno da estátua com cera. Oca por dentro, a estrutura é preenchida e coberta com uma espécie de cimento, chamada de material refratário, para ir ao forno.

O calor derrete toda a cera. É nesse espaço em que entra o bronze – incandescente derretido.

Estátua em cera — Foto: Arquivo/Edgar Duvivier

Depois de dez dias, a estrutura de cimento é quebrada, revelando a estátua de bronze. Após tudo isso, ainda falta soldar as partes do corpo para uni-las, fazer o polimento e deixar a cor da forma desejada.

Evento de inauguração

A inauguração da estátua de Marielle será no próprio local onde ela será instalada. Além de ser a data em que a vereadora faria aniversário, o evento vai ser dois dias depois do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

Estarão presentes estudantes de cursinhos pré-vestibulares comunitários.

Programação

17h: "A memória é a semente para novos futuros: legado, justiça e reparação"

Aula pública com intelectuais negras

19h: Batalha de poetisas sobre a defesa da memória de Marielle

Serviço:

Data: 27 de julho (quarta-feira)

Horário: 17h

Endereço: Praça Mário Lago, Terminal Menezes Cortes, Centro, Rio de Janeiro

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Por Laura Rocha*, originalmente no g1Rio. *Estagiária sob supervisão de João Ricardo Gonçalves.

16 de julho de 2022

Núcleo de Educação e Promoção para a Igualdade Racial (NEPIR) é reinaugurado em Juazeiro do Norte

 

Stéphanie Matos, do NEPIR. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp).

Por Nicolau Neto, editor

Movimentos sociais, grupos ligados à área cultural da população negra, povos de terreiros e outras lideranças religiosas estiveram nesta sexta-feira, 15, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho do município de Juazeiro do Norte (SEDEST), participando da reinauguração do Núcleo de Educação e Promoção para a Igualdade Racial (NEPIR).

O evento teve início às 15h00 e contou também com a representante da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial do Estado do Ceará (CEPPIR), Antônia Araujo e, da psicóloga Luziana Florenço a quem Stéphanie Matos, ativista e uma das responsáveis pelo NEPIR, atribuiu a contribuição no processo de reabertura.

Matos, ainda, agradeceu aos ancestrais. “Muito obrigada a todes que vieram antes de nós. Obrigada ancentrais, familiares e companheiros de luta”, escreveu ela depois em suas redes sociais. Matos que é Terapeuta Ocupacional, falou que o dia foi muito importante ao tempo em que mencionou a força da representatividade e o lugar de fala enquanto mulher negra.

Não foi fácil. Chorei mesmo. “Só a gente sabe o que a gente passa por ser quem a gente é..... NEGRO”, disse. “Mas eu estava feliz”, asseverou ao se referir outras pessoas negras no momento. “Percebi que eu podia ser eu e que nós podíamos e devíamos sermos nós”, complementou.

Representantes religiosos na reinauguração do NEPIR. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp).

Nas redes sociais ela publicou o poema do Adam Vinícius, homem trans, negro e umbandista e que foi lido durante o evento. “Brasil, terra roubada e assassinada em 1500, a tal da colonização. Brasil, terra ‘colonizada’ em 1500, mas que em pleno século XXI ainda quer trazer o enbranquecimento. Me chamando de pardo, mulato ou moreno”, traz um dos trechos do poema.

A gente que é preto, tá se armando e se amando pra não ter mais sequer um pé na senzala. A gente que é preto tá ocupando as universidades e se unificando pra não aceitar mais sentado aplaudindo os branco que acham que estão nos representando”, frisa em outra parte.

País chega a 156,4 milhões de eleitores. Mulheres são maioria, e presença de jovens cresce 51%

 

Ao divulgar números do eleitorado, o presidente do TSE, Edson Fachin, ressaltou sistema eletrônico 'seguro, transparente e auditável'. (FOTO |TSE).

O Brasil tem 156.454.011 eleitores aptos a participar do pleito de outubro, crescimento de 6,21% em relação a 2018 (9,1 milhões a mais). As mulheres continuam sendo maioria, e a presença de jovens de 16 e 17 anos aumentou 51%. Entre as regiões, o Nordeste, segundo maior colégio eleitoral, aumentou sua participação.

Os dados, divulgados nesta sexta-feira (15), mostram “o maior eleitorado cadastrado da história brasileira”, segundo afirmou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que aproveitou para ressaltar os mais de 25 anos do modelo eletrônico de votação, “em prol de um sistema seguro, transparente e auditável”.

Com 42,64% do total, o Sudeste segue sendo o maior colégio, com 66.707.465 eleitores. Já a região Nordeste tem agora 42.390.976, ou 27,11%. O Sul foi para 22.558.759 (14,42%), o Norte está com 12.560.410 (8,03%) e o Centro-Oeste, com 11.539.323 (7,38%). O eleitorado no exterior cresceu 39,2% e agora soma 697.078, ou 0,45% de todos os eleitores. Norte e Nordeste foram as regiões que mais cresceram na comparação com 2018: 8,88% e 8,08%, respectivamente. O Sudeste aumentou 4,39%, abaixo da média nacional.

São Paulo tem um em cada cinco eleitores

O estado de São Paulo concentra 22,16% dos eleitores brasileiros. Em seguida, vêm Minas Gerais (10,41%) e Rio de Janeiro (8,2%). Já os três com menor número de eleitores estão na região Norte: Acre (0,38%), Amapá (0,35%) e Roraima (0,23%).

Entre os municípios, São Paulo reúne o maior colégio: 9.314.259. Depois vêm Rio (5.002.621), Brasília (2.203.045), Belo Horizonte (2.006.854) e Salvador (1.983.198). Os menores estão em Borá-SP (1.040), Araguainha-MT (1.042), Serra da Saudade-MG (1.107), Engenho Velho-RS (1.213) e Anhanguera-GO (1.234). O eleitorado está distribuído em 5.570 cidades, além de 181 no exterior.

Mulheres representam 53%

Do total de eleitores do Brasil, 82.373.164 são mulheres (52,65%). Os homens somam 74.044.065 (47,33%). Segundo o TSE, há ainda 36.782 votantes sem informação. E 37.646 usarão o chamado nome social – é a terceira eleição em que a Justiça Eleitoral garante esse direito a pessoas transgênero, transexuais e travestis. Em 2018, esse número foi de 7.945.



Objeto de campanha para participar do processo político, o eleitorado de 16 e 17 anos, cujo voto é facultativo, agora soma 2.116.781, ante 1.400.617 em 2018. Crescimento de 51,13%. Somente de janeiro a abril deste ano, o acréscimo foi superior a 2 milhões de eleitores jovens. Já o público acima de 70 anos, para o qual o voto também é facultativo, aumentou 23,82%, para 14.893.281 (9,52% do total). Os eleitores de 25 a 44 anos representam 40,72% e os que têm de 45 a 69, 36,03%, enquanto a faia de 16 a 24 soma 13,74%.

Identificação biométrica: 75% do total
Três quartos dos eleitores brasileiros já fizeram a identificação biométrica. Isso corresponde a 118.151.926 votantes, ou 75,51% do total, ante 59,31% em 2018.

No recorte por escolaridade, agora a maior parcela dos eleitores do Brasil se concentra entre aqueles com ensino médio completo: 41.161.552 (26,31%). Em 2014 e 2018, a principal faixa do eleitorado era composta por cidadãos e cidadãs com ensino fundamental incompleto. Estes agora somam 35.930.401 (22,97%). Depois vêm aqueles com ensino médio incompleto (16,65%) e superior completo (10,95%). Analfabetos são 4,05%.

O TSE informou ainda que 1.271.381 pessoas declararam ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, 35,27% a mais em quatro anos. “Esses eleitores, que correspondem a 0,81% do total apto a votar em outubro, podem, inclusive, exercer o voto em seções adaptadas pela Justiça Eleitoral para atendimento das necessidades apresentadas”, informa o tribunal. Eles têm até 18 de agosto para solicitar transferência.
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Com informações da RBA.

15 de julho de 2022

Há um ano a comunicação do Ceará perdia João Boaventura Neto

 

João Boaventura Neto. (FOTO/ Reprodução/Redes Sociais).

Por Nicolau Neto, editor

Do rádio - um dos meios de comunicação pioneiros no país - ao que tem de mais moderno na arte de interação com o público: a internet. Assim passeou João Boaventura Neto ao longo de mais de uma década. Mas em pouco mais de um ano de Covid-19, Boaventura foi vítima dela. Ele faleceu aos 17 de junho no Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte.

A história da comunicação no cariri cearense deve ao talento de escrever e de falar do Boaventura. As rádios Iracema FM, 100 FM, Verde Fale FM e Tempo FM foram testemunhas de suas produções jornalísticas. Boaventura teve inspiração em casa. Seu pai, José Boaventura de Sousa, foi um conhecido na área.

Boaventura também fez história em sites e blogs conforme veiculação nos principais site/blogs do Estado. Em um dos sites mais acessados da região, o Miséria, chegou a atuar em reportagens e na edição de matérias por mais de 8 anos. Suas produções eram, por vezes, replicadas por portais sediados em outros municípios fora do trecho Crajubar.

Ao deixar o site Miséria, ele chegou a integrar o portal de notícias Caririensi e a se dedicar ao Blog que leva seu nome, o Blog do Boa e, que hoje é administrado e  atualizado por sua esposa, Gabrielly Gonçalves. Ela que vem dando sequência à parceria que o comunicador tinha com este editor através do Blog Negro Nicolau.

A morte de Boavetura pegou a todos e todas, especificamente aos /as amantes da comunicação - sejam profissionais ou não - de surpresa e deixou um vazio em seus familiares que não será preenchido jamais. Completado um ano da sua morte, sua esposa chegou a escrever uma carta (In memoriam) intitulada “EU TE AMO JOÃO” (assim mesmo em letras garrafais). “...Tem sido difícil conviver com essa saudade que todos os dias eu sinto de João. Uma saudade que em dias bate mais forte, e em outros que consigo respirar melhor, porque ali vem na mente que ele está bem, e ele tá bem!”, diz ela inicialmente.

Gabrielly e Boaventura. (FOTO/ Reprodução/Whatsapp).

Gabrielly destaca que o luto não passou, mas que “tenta ser forte” e que se agarra na esperança de que um dia estarão juntos novamente, ao passo que agradeceu a todos que contribuíram “nos momentos difíceis, nos momentos ruins". E complementa escrevendo: 

Agradecer a todos os médicos que nos ajudaram e aqueles que mesmo na correria do dia a dia estavam me ligando, me orientando, me deixando mais calma para suportar tudo o que estava acontecendo.

Na carta que foi disponibilizada no “Blog do Boa”, ele afirma que João Boventura foi “ um ser incrível! Um pai maravilhoso! Um marido amável e muito amado por mim. Sinto muito sua falta em tudo. Eu agradeço por você, João, ter feito parte de minha vida e ter me amado até o último instante de sua vida, aqui na terra. Obrigada pelo pai que sempre foi para o João Felipe e o carinho que sempre teve por Pedro Bruno.”

No próximo domingo, dia 17, fará um ano e um mês sem o Boa, do Blog, do Ceará, do cariri, das parceiras dele com o Blog Negro Nicolau.

Os nossos sentimentos a todos da família, em especial a sua esposa que gentilmente nos cedeu a carta transcrita aqui.

A quem interessa separar partidos e movimentos sociais?

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução/Redes Sociais).

Por Alexandre Lucas, Colunista

A história tem demonstrado uma falsa dicotomia entre movimentos sociais e filiação partidária. Essa apartação faz parte de um discurso ideológico disseminado pelas elites econômicas a partir de suas estruturas de poder e comunicação, o que incluir  as ONGs de caridade, órgãos públicos, instituições religiosas e os mais diversos movimentos sociais de direita, entretanto, esse discurso também reverbera no seio das organizações de esquerda.   

Na historiografia republicana brasileira, os comunistas, são provas incontestes desse discurso perverso da classe dominante. A disseminação do ódio, mentira e perseguição aos comunistas ocorre desde 1922, quando foi criado no Brasil, o Partido Comunista. Apresentados como terroristas, inimigos da família, anticristos e bagunceiros, dentre outros adjetivos, foi alicerçado o preconceito e a violência (mundialmente) contra os comunistas.

O que esconde esse discurso de aversão às organizações partidárias, em especial, aos comunistas? Afastar a influência política dos partidos nos movimentos sociais ligados à classe trabalhadora, criando uma falsa ideia de que movimentos sociais e os partidos políticos  são questões distintas e antagônicas.

Os partidos políticos ligados à classe trabalhadora são uma constante ameaça aos interesses de dominação e manutenção do poder da classe dominante. Esse é o princípio que alimenta a o discurso anticomunista  e de enfraquecimento das organizações de luta do proletariado.

Os partido políticos de esquerda tem uma historicidade de se organizar nos movimentos sociais que aglutinam a classe trabalhadora, como é o caso das associações de moradores, sindicatos, movimentos identitários, pontos de cultura,  entidades juvenis e estudantis,  com o propósito de contribuir para o processo de fortalecimento da luta pela emancipação humana e transformação social. Eis o que motiva a preocupação e o combate da classe dominante ao alinhamento dos movimentos sociais e aos partidos políticos.

O alinhamento entre movimentos sociais e partidos políticos incide diretamente na disputa dos espaços de poder. A representação parlamentar no Brasil tem evidenciado a distância entre as pautas dos movimentos sociais e a baixa representatividade dos seus representantes nos parlamentos e ao mesmo tempo aponta que hegemonicamente os eleitos são chancelados pelo poder do capital.

No Brasil recente, onde o discurso anticomunista  volta a torna novamente, a fala  antipartido ganha força, inclusive na esquerda de caráter identitária e liberal, mesmo sem perceber reproduzem um discurso que historicamente é professado pelo integralismo, a feição brasileira do fascismo no país. Foi o que ocorreu nas manifestações de 2013 que deu impulso ao golpe em 2016 e o movimento “Ele Não” em 2018, que mesmo com a sua importância no combate ao Bolsonarismo, demonstrou força o caráter discursivo do “movimento independente e pluripartidário”, em outras palavras, o antipartidarismo foi algo presente neste movimento.

Ideologicamente a elite econômica apresenta para a classe trabalhadora que ter partido é um atestado de crime. Entretanto, essa mesma elite fortalece os seus partidos e suas organizações de disputa de poder.

A classe dominante falseia inclusive as palavras para afastar o povo dos processos de organização  e compreensão de relações de opressão e exploração.  Política e político são apresentados por outro nome: cidadania e cidadão, não por acaso, é como se tratasse de outra coisa, é como querer separar a língua da boca. Constantemente somos bombardeados de ideias que subvertem a realidade e a verdade e isso não é natural.

Separar os movimentos sociais e os  partidos políticos é favorecer a divisão da classe trabalhadora e contribuir com o processo de manutenção e o revezamento de poder das forças políticas que dão sustentação à ditadura do capital.