O
Brasil passa por um dos piores momentos em 518 anos de História. Uma crise que,
como já tivemos a oportunidade de registrar, passa não só pela economia, cultura,
educação, pelo agravamento do racismo, pelo aumento desenfreado da
discriminação a homossexuais, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros,
mas também e principalmente pela política partidária.
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Esperando a tua voz, a tua ação, por Nicolau Neto. (Foto: Kevin Leite) |
Uma
crise que extrapola esses pilares que mexem com os direitos humanos e caminha
sem nenhum pudor na imoralidade e na ética (na sua falta evidentemente).
Temos
tudo para desconstruir essa hipocrisia que a cada dia é aplicada - seja pelos
representantes das grandes indústrias, pelos grandes fazendeiros, falsos
líderes religiosos, seja pela grande mídia - na pele dos brasileiros e
brasileiras como que se vacina contra a gripe H1N1, mas não o fazemos.
Contamos
com um dos maiores veículos de comunicação a nosso favor e não os utilizamos
para tal finalidade, citemos aqui o rádio e a internet. Mas na infantilidade e
nos arriscaria a dizer no falso discurso de neutralidade e, ou isenções,
acabamos por usá-los de maneira diferente da esperada.
Mas
o que esperamos?
Esperamos
que se tenha participação política efetiva. Não aquela que estamos acostumados
a ver nas interpretações de muitos. Onde o que prevalece é a defesa desenfreada
de partido político y e a condenação do partido político x. Não! Queremos uma
participação política que seja capaz de se posicionarem para além de oposição e
situação. O momento exige isso. Não cabe mais isolamento político. Não tem mais
espaços para neutralidade. Faz-se necessário e urgente a tomada de partido - me
permitam usar a primeira pessoa agora -
meus alunos sabem bem de que tomada de partido falo.
Não
podemos usar as mesmas argumentações de muitos falsos representantes do povo
nos legislativos. Não podemos fazer como a grande maioria dos membros da Câmara
Federal e tocar sempre no nome de deus em cada fala ou escrita nossa. Lá no
legislativo federal eles usaram a entidade “divina” para bater na democracia e na
cara do povo brasileiro. Aqui se usa constantemente o nome do “divino” para
silenciar, para se isentar das discussões. É como se estivéssemos morando em
outro país que não o Brasil. Mas quando afirmamos isso, até mesmo os que se
silenciam perdem, por que em outros recantos já há tomada de decisões. Jornais
e pessoas do mundo inteiro já se deram conta do que se passa no Brasil e,
portanto, já opinaram.
E
você cidadão já opinou? E vocês representantes de classes já se manifestaram? E
você professor e tu professora já adequou os conteúdos de sala com o momento
que ora passamos ou vão continuar sendo estrangeiros na própria terra?
Afinal
de contas, democracia se constrói e se fortalece com respeito aos direitos
humanos. Se faz e se amplia com cidadania.
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Nicolau
Neto
é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história
e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito
racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e
humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri
(Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe
(ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente
da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau
(BNN).