20 de janeiro de 2016

Saúde: Qual é o melhor café ou chá?


Do BBC

Esqueça o sabor. Entre o chá e o café, qual deles traz mais benefícios e qual prejudica mais a saúde?

A BBC Future analisou os estudos científicos realizados até hoje sobre os efeitos das duas bebidas sobre o corpo e a mente e apresenta aqui as evidências e traz alguns veredictos:

Contrariando o senso comum , o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café.
O fator alerta

Para muitas pessoas, uma boa dose de cafeína é o motivo principal para escolher o chá ou o café. A substância funciona como óleo para o nosso motor quando ainda nos sentimos enferrujados logo de manhã.

Baseando-se apenas na sua composição, o café ganharia de longe neste quesito: uma xícara comum de café de filtro contém de 80 a 115 miligramas de cafeína, enquanto a mesma quantidade de chá tem metade da dose da substância (40 miligramas).

Mas não é exatamente isso o que conta. Um estudo conduzido pela Unilever na Grã-Bretanha descobriu que ambas as bebidas deixam seus consumidores sentindo o mesmo nível de alerta conforme as horas passam. Também foi observado que indicadores de concentração, como tempo de reação a um estímulo, por exemplo, não apresentaram grandes diferenças entre quem tomou chá e quem tomou café.

E mais: ao ingerir uma dose dupla de chá, a bebida se mostrou até mais eficiente em aguçar a mente do que o café.

Os cientistas concluíram que a dosagem de cafeína não é tudo: talvez nossas expectativas também determinem nosso estado de alerta; ou ainda, a mistura de sabores e odores pode ajudar a despertar nossos sentidos.

Veredicto: Contrariando o senso comum, o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café. Um empate.

Qualidade de sono

As principais diferenças entre o chá e o café aparecem quando a cabeça encosta no travesseiro.

Ao comparar voluntários que consomem a mesma quantidade de cada uma dessas bebidas ao longo de um dia, pesquisadores da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, confirmaram que aqueles que preferem o café têm mais dificuldades em adormecer à noite – talvez porque a maior concentração de cafeína do produto a faça permanecer mais tempo no organismo.
Já os apreciadores do chá tiveram uma noite de sono mais longa e mais repousante.

Veredicto: O chá oferece muitos dos benefícios do café sem provocar noites de insônia. Ponto para ele.

Manchas nos dentes

Assim como o vinho tinto, o chá e o café são conhecidos por causar manchas amareladas e amarronzadas nos dentes. Mas qual deles traz os piores efeitos?

Em um artigo, especialistas em odontologia da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, parecem concordar que os pigmentos naturais do chá tendem a aderir mais ao esmalte dos dentes do que os do café – principalmente em quem usa um enxaguante bucal contendo o antisséptico clorecidina, que atrai e se “cola” a essas partículas.

Veredicto: Se você busca um sorriso perfeito, o café parece ser o menor dos males.

Um bálsamo para almas perturbadas...

Na Grã-Bretanha, é comum oferecer “um chá e um consolo” a um amigo em apuros, como se a bebida fosse um remédio para mentes angustiadas.

E na realidade alguns estudos científicos, como um realizado recentemente na Universidade College London, indicam que o chá preto pode ser um bom calmante. Consumidores da bebida tendem a mostrar uma reação fisiológica mais tranquila a situações perturbadoras, em comparação àquelas pessoas que só tomam chás de ervas.

De maneira geral, quem bebe três xícaras de chá por dia apresenta um risco de depressão 37% menor do que aqueles que não consomem nenhum tipo de chá.

Já o café não goza da mesma reputação. De fato, alguns consumidores relatam sentir que seus nervos estão mais agitados. No entanto, há indícios de que o produto contribua para proteger contra distúrbios mentais a longo prazo.

Uma recente análise de estudos científicos envolvendo mais de 300 mil voluntários, publicada no Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, revelou que uma xícara de café por dia diminui o risco de depressão em 8%.

Já outras bebidas, como refrigerantes, por exemplo, só fazem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental.

Mas é bom lembrar que, apesar dos esforços dos cientistas, esse tipo de estudo epidemiológico dificulta a exclusão de outros fatores que podem estar por trás da raiz do problema, como por exemplo a qualidade e o efeito dos nutrientes contidos em cada bebida.

Veredicto: Com base em poucas provas, trata-se de um empate.

...e um bálsamo para o corpo

Estudos epidemiológicos semelhantes indicaram que tanto o café quanto o chá oferecem muitos outros benefícios à saúde. Ao consumirmos poucas doses dessas bebidas por dia, podemos reduzir o risco de desenvolver diabetes, por exemplo.

E, como o café descafeinado oferece os mesmos benefícios, é bem possível que outros nutrientes estejam lubrificando o metabolismo para que ele continue a processar a glicose sem se tornar resistente à insulina – a causa da diabetes.

As duas bebidas também protegem moderadamente o coração, apesar de as evidências serem ligeiramente mais favoráveis ao café. Já o chá protege mais contra uma série de tipos de câncer, por causa de seus antioxidantes.

Veredicto: Outro empate. As duas bebidas são surpreendentemente saudáveis.

Veredicto final: É preciso admitir que há poucos elementos que diferenciam as duas bebidas para além do gosto pessoal. Tomando como base apenas o fato de que o chá permite uma melhor noite de sono, declaramos que essa é a bebida vencedora.

19 de janeiro de 2016

Individualidade e coletividade no movimento negro de base acadêmica, por Alex Ratts



Tudo panos, úmido murcho, como corda antes da música. udo uma roupa vasta que a mão separando ajunta. fios de uns e outros misturados, cada um com seus nomes. De rito e de longe, de muito e nenhum recurso. Tudo um risco para quem torce as costas no tanque. Como as letras na impressora antes dos livros. Tudo roupas para um corpo que se expande todo braços, segurando as peças. A quem atenta são páginas de leituras
                                                                                                      
                                                                                                       Edimilson de Almeida Pereira – Nos Varais


A encruzilhada, linha de força, entre individualidade e coletividade, é aqui analisada na constituição do movimento negro contemporâneo, especialmente nos circuitos acadêmicos. Esse aparente antagonismo entre o indivíduo e o coletivo no campo político reside no fato de que o ativismo em movimentos sociais colocou (e talvez ainda coloque) barreiras para a expressão da individualidade se apresentar com agudez posto que elementos da individualidade como o pertencimento racial e/ou de gênero são vistos como obstáculos para a construção da objetividade no pensamento científico.

Foram determinados indivíduos, com suas personalidades, que assumiram certos campos de atuação e temas de estudo. O envolvimento com o movimento negro foi bastante amplo para alguns/umas acadêmicos/as. Questionaram a sociedade, a esquerda, os movimentos sociais de classe e de gênero e o próprio movimento negro. Deram novos sentidos ao fazer político social, racial e/ou de gênero. Sabendo do custo de ser negro no Brasil, tornaram-se negros/as ativistas intelectuais. Romperam com o lugar social subalterno, enfrentaram o racismo e/ou o sexismo.

No entanto, algumas pessoas de referência neste campo tiveram suas trajetórias interrompidas com a morte em plena maturidade.

Escrevo com base em pesquisa individual e em leituras de outros/as pesquisadores/as que tratam de trajetórias de ativistas negros/as, agregando-as para problematizar a relação entre individualidade e coletividade, o que envolve a abordagem de um projeto tanto pessoal quanto político. Centrar-me-ei em alguns indivíduos que emergiram no cenário nacional nos anos 1970 e marcaram indelevelmente o movimento negro contemporâneo e o campo de estudo das relações raciais e/ou de gênero na escolha e no tratamento dos temas do racismo (em correlação com outros sistemas de opressão) e da cultura negra.

Em síntese, trabalho em duas direções: 1. A idéia de um movimento negro de base acadêmica com um projeto político; 2. Os dilemas entre individualidade e coletividade, recolocados em outras aparentes contradições, para intelectuais ativistas negros/as. Olhando para as décadas de 1970 a 1980, destacam-se as figuras exemplares de Eduardo Oliveira e Oliveira, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Hamilton Cardoso. Eventualmente menciono outros/as que alcançaram visibilidade pública no mesmo período ou em décadas anteriores, e que também compuseram esse cenário.

Seus percursos indicam a existência de dilemas entre: militância e academia; política e cultura; racismo, sexismo e classismo; movimentos negros e movimentos de base classista ou de gênero; e, de certa maneira, entre vida e morte conquanto se confrontaram com sistemas de interrupção da existência humana que vão desde a desumanização até a eliminação sumária (de indivíduos e coletividades inteiras). Alguns/umas vieram a morrer antes dos 60 anos de idade, por motivo de doença grave, assassinato ou suicídio.

A trajetória de intelectuais críticos de seu tempo e de seus contextos de vida indica questões específicas que podem ser compreendidas igualmente em sentidos coletivos.

No caso da formação de “intelectuais negros/as insurgentes” (hooks & WEST, 1991), especialmente aqueles/as vinculados/as ao movimento negro, há questões ligadas à construção de sua individualidade, à opção pela militância, à sua ligação com as comunidades e culturas negras, e, à continuidade de suas trajetórias enquanto acadêmicos/as e intelectuais. Coloca-se a questão da formulação e veiculação de um discurso, enquanto “vontade de verdade” (FOUCAULT, 1999), sendo o/a intelectual aquele “que procura, incansavelmente, a verdade, mas não apenas para festejar intimamente, dizê-la, escrevê-la e sustentá-la publicamente” (SANTOS, 2001). Com um “intelecto inquiridor e profundamente confrontador” (SAID, 2003: p. 29) e portadores de “saberes sujeitados” (FOULCAULT, 2005: p. 11) esses/as intelectuais se confrontaram com encruzilhadas e superaram muitas delas “ em movimento”, mas nem sempre em consonância com o movimento negro.


18 de janeiro de 2016

Segundo estudo 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes


Do BBC

A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes.

Essa é a conclusão de um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015.

Oxfam fez apelo a líderes reunidos em Fórum Econômico Mundial de Davos para que discutam e adotem medidas contra
a desigualdade.
O relatório também diz que as 62 pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo - em riqueza - que toda a metade mais pobre da população global.

O documento pede que líderes do mundo dos negócios e da política reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos, que começa nesta semana, na Suíça, tomem medidas para enfrentar a desigualdade no mundo.

A Oxfam critica a ação de lobistas - que influenciam decisões políticas que interessam empresas - e a quantidade de dinheiro acumulada em paraísos fiscais.

Ressalvas

Segundo o estudo da Oxfam, quem acumula bens e dinheiro no valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais ricos da população. Para estar entre o 1% mais rico, é preciso ter US$ 760 mil (R$ 3 milhões).


Isto significa que uma pessoa que possui um imóvel médio em Londres, já quitado, provavelmente está na faixa do 1% mais rico da população global.

No entanto, há várias ressalvas a estes números. O próprio Credit Suisse reconhece que é muito difícil conseguir informações precisas sobre os bens e dinheiro acumulados pelos super-ricos.

O banco diz que suas estimativas sobre a proporção de riqueza dos 10% e do 1% mais ricos "podem estar subestimadas".

Além disso, os números incluem estimativas colhidas em países nos quais não há estatísticas precisas.

A Oxfam afirmou que o fato de as 62 pessoas mais ricas do mundo acumularem o equivalente à riqueza dos 50% mais pobres da população mundial revela uma concentração de riqueza "impressionante", ainda mais levando em conta que, em 2010, o equivalente à riqueza da metade mais pobre da população global estava na mão de 388 indivíduos.

"Ao invés de uma economia que trabalha para a prosperidade de todos, para as gerações futuras e pelo planeta, o que temos é uma economia (que trabalha) para o 1% (dos mais ricos)", afirmou o relatório da Oxfam.

Tendência

A Oxfam verificou que a proporção de riqueza do 1% dos mais ricos vem aumentando a cada ano desde 2009 - depois de cair de forma gradual entre 2000 e 2009.

A ONG britânica pede que os governos tomem providências para reverter esta tendência. A Oxfam sugere a meta, por exemplo, de reduzir a diferença entre o que é pago a trabalhadores que recebem salário mínimo e o que é pago a executivos.

A organização também quer o fim da diferença de salários pagos a homens e mulheres, compensação pela prestação não remunerada de cuidados a dependentes e a promoção de direitos iguais a heranças e posse de terra para as mulheres.

A ONG britânica quer também que os governos imponham restrições ao lobby, reduzam o preço de medicamentos e cobrem impostos pela riqueza em vez de impostos pelo consumo.

As grandes mulheres negras da história do Brasil em cordéis




Talvez você nunca tenha conhecido a trajetória de sequer uma mulher negra na história do Brasil. Mesmo na escola, nas aulas sobre o período da colonização e da escravidão, é provável que você não tenha lido ou ouvido falar sobre nenhuma líder quilombola, nem mesmo sobre líderes que foram tão importantes para comunidades enormes.



Essa ausência de conhecimento é um problema profundo no Brasil. Infelizmente, na escola não temos acesso a nomes como o de Tereza de Benguela, por exemplo, que recentemente se tornou símbolo nacional, quando o dia 25 de Julho foi oficializado como o Dia de Tereza de Benguela. Ainda assim, há grandes chances de que essa seja a primeira vez em que esse nome lhe salta aos olhos.

Para conhecer as histórias de luta dessas mulheres, é preciso mergulhar em uma pesquisa pessoal, que antes de tudo precisa ser instigada. Mas se as escolas e Universidades nem mesmo mencionam a existência de mulheres negras que concretizaram grandes feitos no Brasil, como a curiosidade das pessoas será despertada?

Na prática, as consequências dessa ignorância são muito graves. Não  aprendemos que mulheres negras foram capazes de conquistas admiráveis ou que lutaram bravamente, até mesmo em guerras contra a escravidão, e crescemos acreditando na ideia de que as mulheres negras nunca fizeram nada de grandioso e nem marcaram o país como outros grupos de pessoas. A tendência de muita gente é associar a bravura, a inteligência e a estratégia somente a figuras masculinas, sobretudo aos homens brancos, que são notavelmente mais registrados, memorados e citados em aulas de História.

Com essa falta de referências a mulheres negras, muito racismo continua a ser perpetuado. Mas como podemos reparar os imensos estragos causados por essa omissão? Neste início de ano, como parte de uma tentativa de espalhar informação sobre as histórias de grandes mulheres negras, lancei mais cordéis biográficos que contam suas trajetórias e conquistas. Em sala de aula ou passando de mão em mão, a Literatura de Cordel pode servir como um rico material para que essas histórias sejam repassadas e discutidas.

Nos novos cordéis, é possível conhecer Zeferina, líder do quilombo de Urubu, Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa, Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia, e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil. Passo a passo, grandes injustiças históricas podem ser eliminadas, trazendo à tona a memória de guerreiras e mulheres negras brilhantes que foram de enorme importância para o Brasil.

Para começar, leia aqui no Questão de Gênero o cordel que conta a história de Tereza de Benguela, disponível gratuitamente.

Para conhecer todos os cordéis, visite a página de Jarid Arrais

Acima de tudo, fale sobre essas mulheres, conte que elas existiram e busque por mais nomes e mais referências. Esse conhecimento é libertador e fundamental para combater o racismo e o machismo.

Uma genealogia das imagens - O Racismo dos outros de cada dia


Passou despercebido uma imagem compartilhada pelo professor e secretário geral do Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira (SINSEMA), José Evantuil e,  que reflete o lado preconceituoso e racista.

Sem grandes alardes, como já era de se esperar em tudo o que é publicado ou compartilhado nos grupos criados na rede social facebook, a imagem foi curtida por poucas pessoas. Apenas quatro curtiram, dentre elas três possuem formação superior e estão na função de professores e um é egresso do ensino médio. A imagem (como se percebe abaixo) demonstra uma criança negra tendo que escolher entre duas opções. Na primeira – não necessariamente nessa ordem – há três pessoas sugerindo que o menino vá a escola e na segunda outras lhe entregando armamentos.

 Na legenda há uma mensagem que apregoa “a vida é feita de escolhas. Não existe vítima da sociedade”. O passar despercebido e os alardes que não houve com a imagem me causou estarrecimento e igualmente me fez salva-la e reproduzir na minha linha do tempo no facebook o sentimento de indignação frente aquilo que para mim reforça o lado da casa grande que não foi extinta com o fim do regime escravista no século XIX, apenas ganhou nova roupagem e com discursos que precisam se adequar ao novo modelo econômico da sociedade – o sistema capitalista.  

Tão logo houve o compartilhamento alguns internautas teceram comentários. "Racista e burguesa", disse Darlan Reis Jr, professor de História da Universidade Regional do Cariri (URCA). A professora do município de Crato, Sibelle Eupídio também manifestou indignação ao afirmar "quem dera fosse assim". O mesmo sentimento foi compartilhado pelo altaneirense Júlio Eufrásio que complementou ressaltando bem fosse assim feito de escolhas, as vezes jovens tem potencial mais na maioria das vezes não tem oportunidade que engloba todas as situação financeira que envolve família etc”. O acadêmico de História André Henrique foi taxativo. “como se os problemas da nossa sociedade fosse apenas escolhas”. Igual modo o jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho foi mais além e afirmou que o fato reflete a falta de conscientização dos professores. “É profundamente lamentável, mas mostra o nível de conscientização de nossos professores, pontuou. Régia Oliveira, professora do município de Santana Do Cariri frisou o atraso da sociedade. “É meu amigo, assim (des)caminha a humanidade”.

A imagem não tem outra conotação se não a de cunho RACISTA e que induz uma falsa MERITOCRACIA. Ela pode ir sem medo de voltar para a série criada pelo jornalista (que envergonha a classe) Alexandre Garcia (da TV Globo) - "Não existe racismo no Brasil" como adjacência da outra por ele também criada - " O pais não era racista até criarem as cotas". Pode ainda entrar para a seleta coleção de frases feitas por pessoas altamente racistas e que tentam a todo custo injetar nos outros a ideia de que o racismo é construído pelos próprios NEGROS e que se parar de falar do racismo ele acaba.

Há que se entender dois pontos na imagem. O menino poderia ser um branco ou um amarelo. Mas diante de uma sociedade que ainda não conseguiu pular o muro do racismo, o menino escolhido foi o negro. Aliás a única escolha na imagem foi a do menino. O segundo ponto. O ser humano (de forma específica o negro, a negra, o índio e a índia) são vítimas da sociedade. É vítima quando há privilégios para uns e para outros não. É vítima quando se olha para o sistema prisional brasileiro e a maioria esmagadora são negros. É vítima quando se direciona um olhar para a representatividade na política partidária e o negro e a negra, o índio e a índia não se sentem representados. É vítima ainda quando se percebe que o sistema econômico é alimentado por um elitismo e por um racismo de enojar. É vítima quando... É vítima quando... É vítima quando... Poderíamos passar horas e horas citando exemplo. 

A imagem que foi compartilhada no grupo “Professores de Altaneira” foi retirada (excluída) depois que foi compartilhado por este signatário na rede social facebook como se visualiza abaixo. 



17 de janeiro de 2016

Nações de língua portuguesa poderão ter vocabulário científico comum



Os países de língua portuguesa poderão ter um vocabulário comum para as áreas da ciência e tecnologia. O projeto é do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e busca estimular o intercâmbio dos trabalhos desenvolvidos entre os países e facilitar a tradução e a interpretação de outros idiomas para o português.


Com sede em Cabo Verde, o IILP é uma instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). A entidade tem personalidade jurídica e autonomia científica, administrativa e patrimonial. Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Segundo a diretora executiva do IILP, Marisa Mendonça, o instituto buscará, ainda em janeiro, financiamento com os países da CPLP para tirar o projeto do papel. Para a primeira fase de execução, são necessários 130 mil euros.

Atualmente, cada país usa palavras científicas próprias. O projeto pretende padronizar a linguagem. “Cada país está usando uma terminologia própria, de acordo com a sua experiência. O objetivo é criar uma terminologia consensual nos diferentes trabalhos para que realmente possa ser usada na tradução e na interpretação, com termos mais homogêneos”, explica Marisa.

Segundo a diretora executiva do IILP, a questão não é novidade. O projeto chegou a ser aprovado pelos países, mas falta financiamento. “A primeira etapa já está desenhada é muito chave. A partir dela, vamos ver como podemos caminhar e quais as capacidades que temos”, diz.

Na primeira etapa, a entidade pretende definir termos comuns para áreas prioritárias dos países, como a agricultura. De acordo com Marisa, todos os países devem estar envolvidos.

Uma das primeiras ações é a formação de equipes nacionais. Há uma diferença muito grande em recursos especializados em cada um dos países. Em alguns há muitos especialistas em terminologias. Em outros, não. Temos de começar por ai, formando equipes”. O vocabulário definido será oferecido gratuitamente pela internet.

16 de janeiro de 2016

Quase mil pessoas são resgatadas de trabalho análogo a escravidão no Brasil em 2015




As operações de combate ao trabalho escravo no Brasil resgataram 936 pessoas de condições análogas à escravidão, no período de janeiro a 17 de dezembro de 2015. O principal perfil das vítimas é o de jovens do sexo masculino, com baixa escolaridade e que tenham migrado internamente no país.


Os fiscais do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) e das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs) realizaram, no período, 125 operações, fiscalizando 229 estabelecimentos das áreas rural e urbana, alcançando 6.826 trabalhadores. Além do resgate de trabalho escravo, a ação resultou na formalização de 748 contratos de trabalho, com pagamento de R$ 2.624 milhões em indenização para os trabalhadores.

Foram ainda emitidas, em 2015, 634 Guias de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado (GSDTR), benefício que consiste no pagamento de três parcelas, no valor de um salário mínimo cada uma, para que as pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão possam recomeçar suas vidas profissionais. Houve também a emissão de 160 Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) para as vítimas.

Perfil

A Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) realizou uma análise sobre o perfil das vítimas resgatadas, com dados parciais coletados até o início de dezembro, a partir da emissão do Seguro-desemprego. O estudo mostra 74% das vítimas não vivem no município em que nasceram e que 40% trabalham fora do estado de origem. Em 2015, a maioria das vítimas é do estado da Bahia, com 140 resgates, o que corresponde a 20,41% do total resgatado. Do Maranhão, foram localizadas 131 vítimas, ou 19,10%, e de Minas Gerais, 77 resgates, respondendo por 11,22% do total de resgates.

A análise aponta também que, entre os trabalhadores resgatados que estão recebendo Seguro Desemprego, 621 são homens e a maioria tem entre 15 e 39 anos (489 vítimas). A maior parte das vítimas que ganham até 1,5 salário mínimo (304), e a maior parte dos trabalhadores resgatados, 376 do total, são analfabetos ou concluíram no máximo até o 5º ano do ensino fundamental.

De acordo com o chefe da Detrae, André Esposito Roston, entre os trabalhadores alcançados em 2015 pelo Grupo Móvel e pelos auditores das SRTEs, o equivalente a 14% foram considerados em condições análogas às de escravo. Doze trabalhadores encontrados tinham idade inferior aos 16 anos, enquanto 24 tinham idade entre 16 e 18 anos. “Este dado é preocupante, pois evidencia que trabalhadores com idade inferior aos 18 anos, eram mantidos em atividades onde, em regra, eles não poderiam trabalhar, seja pela intensidade, natureza ou mesmo por integrar a lista das piores formas de trabalho infantil”, afirma.

André Roston alerta também para os riscos a que estão expostos os trabalhadores migrantes e a relação com tráfico de seres humanos. “Do total de trabalhadores alcançados, 58 eram estrangeiros, o que reforça a já constatada transversalidade entre trabalho escravo e o aliciamento de pessoas, que alcança não só a questão da migração internacional, mas também entre regiões do Brasil”, evidencia.

Outro dado que chama atenção é a quantidade de trabalhadores resgatados em áreas urbanas. Nas cinco ações fiscais que encontraram a maior quantidade de trabalhadores em condições análogas às de escravo, três foram de caráter urbano.

15 de janeiro de 2016

Alunos e professores se revoltam com racismo na Globo



Um comentário do jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz da ditadura militar, num noticiário local da Globo em Brasília provoca imensa revolta entre alunos e professores da rede pública, bem como na comunidade acadêmica.

Garcia afirmou que os alunos cotistas da Universidade de Brasília entrariam pelas costas na universidade pública, sem ter, na sua avaliação, mérito para estudar nas instituições federais de ensino superior. Estariam lá por "pistolão", segundo disse o jornalista.


No entanto, diversos estudos do Ministério da Educação já comprovam que os alunos cotistas vêm tendo desempenho acadêmico superior ao de não-cotistas.

"Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho, ajuda. A tradução disso é cota. Aí põe lá um monte de gente... só 67%, você viu aí, passaram por mérito. Estão aprendendo como é a vida, a concorrência, sem nenhuma humilhação de receber empurrãozinho. O mérito é a base", disse o jornalista.

No passado, Garcia já havia causado polêmica, ao dizer que o Brasil não era racista até inventarem a Lei de Cotas. Ele seguia o raciocínio de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, que escreveu o livro "Não somos racistas", para tentar evitar que o Brasil adotasse políticas de ação afirmativa, que existem nos Estados Unidos há mais de 50 anos.

Pela tese de Garcia, atrizes da própria Globo, como Thais Araújo e Sheron Menezzes, só sofreram ataques racistas recentemente porque "inventaram" a Lei de Cotas.

O comentário de Garcia provocou indignação e revolta na professora Flávia Helen, que atua na rede pública do Distrito Federal e prepara alunos para o vestibular.

Leia, ainda, o artigo do estudante João Marcelo, que estuda na UnB:

A abominação ética em Alexandre Garcia

João Marcelo

Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de "não possuírem méritos para ingressar na Universidade" revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.

A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.

Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.

Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antrópologos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.

Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após postar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.

A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.

Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.