5 de junho de 2014

Plano Nacional de Educação é aprovado pela Câmara


O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu na última terça-feira (3) a votação do Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). Foi aprovado o parecer do relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), para o texto do Senado. A matéria será enviada à sanção presidencial.

Câmara aprova PNE. A matéria será enviada para
sanção da presidenta Dilma.
O PNE estipula novas metas para os próximos dez anos, com o objetivo de melhorar os índices educacionais brasileiros. A principal inovação da proposta em relação ao plano anterior, cuja execução acabou em 2010, é a aplicação de um mínimo de recursos públicos equivalentes a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação.

O plano prevê o alcance dessa meta em duas etapas: um mínimo de 7% do PIB no quinto ano de vigência da futura lei; e 10% do PIB ao fim do período de dez anos.

Esses recursos também serão utilizados para financiar a educação infantil em creches conveniadas; a educação especial; e programas como o de acesso nacional ao ensino técnico e emprego (Pronatec), o de bolsas em faculdades privadas (Universidade para Todos – ProUni), o de financiamento estudantil (Fies) e o de bolsas para estudo no exterior (Ciência sem Fronteiras).

O texto-base do relator foi aprovado no dia 28 de maio. Nesta terça-feira, os deputados rejeitaram dois destaques apresentados ao texto. Na única votação nominal ocorrida nesta terça, o Plenário manteve no texto, por 269 votos a 118, a contagem dos recursos desses programas nos 10% do PIB que devem ser aplicados.

Para o relator, a aplicação de verbas públicas em programas em parceria com o setor privado não afeta a meta de aplicar um mínimo de 10% do PIB no setor público porque o cálculo foi feito com base no chamado Custo Aluno Qualidade (CAQ). “Esses valores são insignificantes se comparados ao que vamos investir em educação pública em dez anos”, afirmou Angelo Vanhoni.

Complementação de verbas

O Plenário rejeitou também outro destaque, do PMDB, que pretendia retirar do texto a obrigatoriedade de a União complementar recursos insuficientes de estados e municípios para cumprir o CAQ. O próprio autor do destaque, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), desistiu de defender sua proposta.

Segundo Vieira, o CAQ define que, se uma escola tiver determinados insumos, ela será uma boa escola, mas não há previsão de recursos para essa finalidade. “Ao contrário do Fundeb, qualquer estado poderá questionar juridicamente a União para que ela pague o valor projetado por esse índice [CAQ]”, afirmou. Para Gastão Vieira, esse conceito precisa ser melhor definido.

De acordo com o texto, o CAQ e o Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi), a ser usado nos dois primeiros anos, deverão traduzir um conjunto de padrões mínimos de qualidade do ensino estabelecidos na legislação educacional. A ideia é que o financiamento seja calculado com base no atendimento desses padrões.

Recursos

Em relação às principais metas relacionadas no projeto, dados da comissão especial que analisou o PNE indicam que, nos dez anos, os investimentos deverão saltar dos atuais R$ 138,7 bilhões para R$ 228,35 bilhões nas principais áreas.

Esses recursos deverão ser direcionados para a ampliação de matrículas e melhoria da qualidade do ensino em creches; pré-escolas; ensinos fundamental, médio e superior; educação especial; ensino em tempo integral; ensino de jovens e adultos; e educação profissional.


Via Câmara

Páginas contendo conteúdos racistas no Facebook se proliferam


A Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ vai acionar o Ministério Público para retirar do Facebook algumas páginas com conteúdo racista. A informação foi passada ao jornal O Dia pelo presidente da comissão, Marcelo Dias, depois de tomar conhecimento de uma série de páginas com o nome “O Racismo começa quando”.

São páginas de memes e piadas aviltantes contra negros e índios. Algumas têm poucas centenas de curtidores, mas outras acumulam dezenas de milhares, mostrando que muitos concordam com os conceitos preconceituosos mostrados nas páginas.

Uma pesquisa rápida no Facebook revela como o racismo é forte na rede social, apesar da maioria das páginas evitarem declarações explícitas de que são contra negros ou outros grupos étnicos.

A página “Orgulho de Ser Branco” se esconde sob a justificativa de divulgar características e qualidades da “raça branca”. Mas basta um olhar atento nos posts e comentários para constatar a ideologia racista disfarçada de revisionismo histórico e com doses pesadas de pseudociência. Navegar pela página é como voltar aos tempos em que as ideias do médico Nina Rodrigues sobre a inferioridade dos não brancos eram levadas a sério.

Como racismo e conservadorismo político andam de mãos dadas, não faltam neste bestiário ideológico menções a páginas intituladas direitistas, anticomunistas, contra o feminismo e reacionárias.

Em comum, além do português sofrível, estão referências ao risco iminente do Brasil se tornar uma ditadura comunista, críticas ao aborto e à regulamentação da maconha, links de artigos da Veja, loas para Rachel Sheherazade e o desejo unânime de ter Jair Bolsonaro na presidência da república.

Embora essas fanpages evitem citações diretas de apoio ao nacional socialismo, flagrei a possível declaração de uma delas admitindo ser nazista. Os post exaltava um soldado que havia ido para guerra defender seu país. Um internauta observou que a foto era de um soldado alemão na 2º Guerra Mundial e questionou a ideologia da página.

A fanpage Conservadorismo & Direita Política foi enfática na resposta, em caixa alta e mau português: “Nó somos nazistas cara”. Erro de digitação? Quem sabe … O post sumiu dias depois da primeira vez em que o vi.

Mas o conteúdo desta e das outras páginas semelhantes dariam credenciais suficientes para seus donos e seguidores tomarem uma cervejinha com o führer no Ninho da Águia.

Via DCM/Pragmatismo Politico

4 de junho de 2014

Hitler, ideias, ideologia e a arte do convencimento


Você sem dúvida já deve ter se perguntado como Hitler mudou o mundo dos alemães. Como ele conseguiu injetar um ânimo em um aglomerado de pessoas assoladas pelas tragédias que, eram resquícios dos assombros da primeira guerra mundial. Deve ter se perguntado em algum momento, como ele fez de um povo totalmente humilhado a praticar a humilhação.

Hitler em discurso no início do Nazismo.
Convencer pessoas não é, nem longe uma tarefa fácil. E Hitler soube se utilizar disso como ninguém. Uma rápida passagem pelo conceito de ideologia e perceberemos que o vocábulo “Convencer” é essencial para entendê-la. Partindo dessa premissa, podemos afirmar que ideologia é um aglomerado de ideias que provoca adesão e convencimento e é determinada pelas relações de dominação entre as classes sociais. Mas há dois tipos de ideologias. A positiva e a negativa.

Sabendo que Hitler conseguiu ultrapassar as barreiras das ideias, pois trouxe para si milhares de alemães, grande parte deles jovens, através de discursos em palco, resta-nos agora, analisar as condições que contribuíram para a formação dessa ideologia negativa. Ele transformou as adversidades alemães para injetar uma "falsa consciência" e produzir uma crença mistificante. Esse “falsa consciência” foi rapidamente reproduzida e, aos poucos, a situação se tornou insustentável. Baseados em falsas ideias de uma raça superior, ariana, os alemães passaram, a partir das ordens do idealizador - a torturar, perseguir e matar, simplesmente quando sentisse vontade – os judeus, ciganos, prisioneiro de guerras, civis e homossexuais. Hitler convenceu, Hitler manipulou. Hitler alienou uma legião de alemães e ainda inspirou, com essa política nazista, o nascimento de outras nos mesmos moldes. Cita-se aqui, o Fascismo na Itália.

Para tanto, se utilizou de diversos meios e métodos. Como que tentado entender as angústias e os sofrimentos dos jovens, batia em cheio nessa “ferida”. Fazia e discursava afirmado que essa classe jovem poderia ter boas expectativas de vida e que tudo começa exatamente ali, naquele momento. O Nacionalismo, o patriotismo e o medo também são fortes instrumentos ideológicos e ele soube usá-los muito bem.  Era prática comum em seus discursos os elogios pomposos para os alemães ao afirmar que eles eram os melhores, que possuíam um sangue puro e que podiam transformar o mundo de ruínas em paz.

Para a ideologia negativa o que interessa é o fim e este justifica os meios, não importando a forma como eles serão empregados. O resultado dessa política foi à perseguição e o genocídio realizado em várias etapas. Por ele cerca de seis milhões de pessoas foi exterminadas. Entre elas, crianças e mulheres.

No fim, o que podemos afirmar é que Hitler foi, sem dúvida, um líder que implantou uma ideologia e mudou o destino dos alemães a partir da desgraça de outros povos, outras nações. A Alemanha não se libertou das ruinas, foi libertada. E um povo que não consegue a liberdade, mas alguém lhe dá, fará com o outro o que lhe fizeram. Os alemães saíram da condição de oprimidos e viraram opressores.

Acompanhe o discurso que Adolf Hitler fez para cerca de 200 mil jovens


                        

3 de junho de 2014

10 fotografias que retratam a História do Brasil de uma maneira que você não está habituado


Quando você pensa em História do Brasil, o que vem a sua cabeça? É comum ter como resposta qualquer coisa como "um país pacífico e cordial de histórias cheias de politicagens pouco interessantes". Um olhar mais atento sobre alguns acontecimentos e dados pode revelar, para o bem ou para o mal, exatamente o contrário: somos um país extremamente violento e com episódios históricos assombrantes. Muitas desses episódios provocados por regimes políticos autoritários.

A foto ao lado ilustra cabeças decapitadas do temido bando de cangaceiros de Lampião, elas foram expostas ao público após uma emboscada que matou 11 dos 34 membro do grupo, incluindo Lampião e Maria Bonita. Eles foram alvejados a tiros de metralhadora em uma madrugada chuvosa em um esconderijo no sertão de Sergipe, foto de 1938.

O palco da desigualdade também revela números apavorantes: um terço de todos homicídios do continente americano acontecem aqui, somos responsáveis por 10% de todos os assassinatos do mundo. Décadas após o fim do regime civil-militar, tornamo-nos o primeiro país no ranking de medo de tortura policial.

Neste sentido, é mais cabível pensar no Brasil como um país anestesiado, dopado por um discurso midiático de um povo muito cordial e passivo. As fotografias abaixo demonstram uma face pouco conhecida da nossa história.

Na imagem acima percebe-se uma negra brasileira na condição de escrava  que serve de "cavalinho" para criança branca. Esta fotografia, datada do final do século 19, tem uma carga simbólica imensa e pode ser relacionada com inúmeros eventos violentos ocorridos no Brasil durante os séculos posteriores. 

Ruínas de uma igreja no Arraial de Canudos após a Guerra de Canudos, um conflito sangrento em que tropas da República entraram em confronto direto com um grupo de sertanejos que, liderados pelo peregrino Antônio Conselheiro, fundaram uma comunidade auto-suficiente, contrariando os interesses latifundiários e a política tributária do país. Não houve rendição, Canudos resistiu até o último homem, no que resultou na morte de cerca de 20 mil sertanejos, foto de 1897.

Bonde virado por populares durante a Revolta da Vacina, um conflito urbano violento que estourou no Rio de Janeiro com a campanha de vacinação obrigatória contra a varíola. Nos primeiros anos da República, a população conviveu com um Estado cada vez mais forte e intrusivo, durante a vacinação obrigatória, era comum agentes invadirem as casas e fazerem uso da violência para aplicar a vacina, foto de 1904.

Soldados brasileiros fazem patrulha de reconhecimento após a Batalha de Montese, na Itália, a mais sangrenta participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, entre mortos e mutilados, calcula-se mais de mil vítimas deste confronto entre brasileiros e nazistas, foto de 1944.


Homem é torturado em público, preso ao temido pau-de-arara, durante uma demonstração de métodos de tortura institucional da Guarda Rural Indígena, em uma parada militar em Minas Gerais, foto de 1970. Período em que o Brasil esteve sob um regime político intitulado de Ditadura Civil-Militar.


















As duas imagens acima, assim como a do homem torturado em um pau-de-arara, demonstram a face sombria do Regime Civil-Militar instituído a partir de 1964. Na imagem à esquerda, uma índia da tribo cinta-larga brutalmente assassinada a mando de latifundiários, ela foi cortada ao meio. Na imagem à esquerda, o corpo do jornalista Vladimir Herzorg em uma cena de suicídio forjado, ele foi uma das muitas vítimas fatais da tortura durante os anos da ditadura. Entre subversivos e "obstáculos", muitos brasileiros pagaram com a própria vida o preço de não fazer parte dos interesses dos militares.


Percebe-se na imagem acima a contagem de detentos após o Massacre do Carandiru, uma ação policial que resultou na morte de 111 presos durante uma rebelião no que era considerado a pior penitenciária da América Latina, foto de 1992.


Policial Militar do Rio de Janeiro pisa a cabeça de um suspeito algemado em uma cena que resume muitas críticas feitas à polícia militar brasileira e seus métodos de atuação. Essa foto recebeu prêmios internacionais de jornalismo e foi capa do Jornal do Brasil em 1997.


Com Historia Ilustrada

Deputado apresenta projeto de lei que tenta proibir a compra de livros


Líder do PT na Câmara Fe­­deral, o deputado Vicen­­tinho (PT-SP) apresentou um projeto que proíbe a compra de livros e outras publicações estrangeiras por órgãos públicos brasileiros. O deputado argumenta que a proibição seria uma forma de fomentar a produção gráfica nacional. A lei ainda está em estágio inicial de tramitação. Mas, se for aprovada, irá prejudicar universidades e institutos de pesquisa públicos que usam a produção acadêmica estrangeira como um de seus instrumentos de trabalho.

Vicentinho é o autor da proposta que
barra a compra de publicações
estrangeiras.
O deputado apresentou a proposta em 25 de março. Atualmente, o projeto está na Comissão de Serviço Público e depois passará pela Comissão de Trabalho e de Constituição e Justiça (CCJ). Caso não haja votos contrários nas duas primeiras comissões, o trâmite na CCJ será em caráter terminativo – ou seja, se aprovada, a matéria segue diretamente para o Senado.

Sem sentido

Professor de Direito Administrativo da UFPR, Rodrigo Kanayama diz que a abrangência do projeto não é clara. O texto fala em “órgãos públicos” sem especificar se autarquias, como as universidades, seriam afetadas.

De qualquer forma, o projeto é nocivo. Ainda que não inclua as instituições de ensino e pesquisa, trata-se de uma tentativa de restrição ao acesso à informação – o que contraria a Constituição. Caso inclua, o retrocesso é ainda maior. Universidades federais e estaduais teriam de cancelar a assinatura de periódicos e bases de dados usadas em pesquisas nas mais diversas áreas.

Não faz sentido priorizar as publicações brasileiras. O Brasil deve incentivar a importação e exportação de conhecimento, e não o contrário”, afirma Kanayama. Para ele, a proposta é contraditória com outras iniciativas do governo federal – como o programa Ciência Sem Fronteiras, que busca justamente ampliar a troca de conhecimento entre universidades brasileiras e estrangeiras. “Se a lei for aplicada, eu terei que desrespeitá-la para exercer o meu trabalho.”

O professor de Filosofia Política Roberto Romano, da Universidade de Campinas (Unicamp), reconhece no projeto uma “origem de direita, conservadora, reacionária e que tem pouco a contribuir com o aprimoramento das instituições políticas brasileiras”. Ele relembra que textos estrangeiros serviram como fundamento para movimentos que geraram grandes avanços sociais ao longo da história do Brasil. Um exemplo é a Inconfidência Mineira, que não seria possível sem a influência de pensadores norte-americanos e franceses.

A apresentação do projeto coincidiu com um momento no qual veículos estrangeiros, como os britânicos Financial Times e The Economist e a revista francesa France Football, fizeram críticas pesadas à economia brasileira e à organização da Copa do Mundo. Romano acredita, entretanto, que esse projeto tem mais a ver com uma visão distorcida de nacionalismo do que com esse episódio em particular. “É próprio de um pensamento supostamente nacionalista, mas que vai contra toda uma ideia de cultura, ciência, Estado e contra a própria vida moderna”, afirma.


Via Gazeta do Povo

1 de junho de 2014

“Só no Brasil”. A apatia mental e a lógica reducionista que deseduca


Toda vez que um assunto polêmico surge na mídia, viraliza nas redes sociais e chega às rodas de amigos, reuniões de família e mesas de bar, começam a pipocar, por toda parte, juízos de valor genéricos a respeito “do Brasil” e “do povo brasileiro”.

Essas “análises”, que estão em alta no atual momento pré-Copa, costumam ser, mais especificamente, materializadas na forma de chavões babacas mais antigos que a minha avó: são os famosos “só no Brasil”, “isso é Brasil!”, e, ainda, o clássico e meu preferido “o problema é a cabeça do brasileiro” (que também pode aparecer na carinhosa versão “o povo brasileiro é burro”).

Charge: Vitor Teixeira.
Que a internet e os círculos sociais estão recheados de ideias idiotas, preconceituosas e desprovidas de qualquer senso lógico ou nexo com a realidade não é novidade. O problema aqui é que as pérolas pertencentes à categoria “Brasil é uma merda porque é uma merda, e eu não tenho nada a ver com isso” não vêm sendo enquadradas como apatia mental, como deveriam, mas como demonstração de revolta consciente e politizada “contra tudo que está aí”. Um quarto dos brasileiros acha que uma mulher de shortinho merece ser estuprada? “Isso é Brasil!”. A Petrobrás fez um mau negócio em Pasadena? “Brasil, né?”. Algumas obras da Copa do Mundo atrasaram? “Só no Brasil mesmo!”.

Não. Não. E não. Na verdade, esse tipo de pensamento vazio, reducionista e arrogante empobrece o debate dos problemas que estão por detrás dos acontecimentos (que acabam sendo levianamente rotulados como “coisa do Brasil”), além de estimular e legitimar uma atitude resignada e egoísta ao melhor (ou pior) estilo Pôncio Pilatos (“lavo minhas mãos, porque a merda já estava feita quando eu cheguei aqui”).

“Só no Brasil”? Não.

Em primeiro lugar, vale uma pesquisa prévia a respeito do assunto sobre o qual se está emitindo opinião: será mesmo que o Brasil é o único país a enfrentar esse problema específico que você conheceu superficialmente através do link que seu amigo compartilhou no Facebook? Pode ter certeza que, em 99% dos casos, a gente carrega o fardo junto com mais algumas dezenas de países (se não com todas as nações do planeta), ainda que ele pese mais ou menos conforme o caso.

E não estamos falando apenas de países considerados “mais atrasados” e “menos civilizados” que o Brasil. Tem corrupção na Europa, os Estados Unidos mal possuem um sistema público de saúde, o racismo segue forte em diversos países “desenvolvidos”, e a Inglaterra é descaradamente sexista. Por isso, antes de iniciar um festival de ignorância, babar ovo de gringo gratuitamente e resumir seu discurso a uma frase despolitizada como essa, lembre-se que o Google está a apenas um clique. Caso contrário, você corre o risco de continuar contribuindo para que 40% dos nascidos no Brasil prefiram ter outra nacionalidade (apesar de o Brasil ser sonho de consumo internacionalmente).

Se “isso é Brasil”, então “isso” é você também.

Dou a qualquer um o direito de achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes, desde que admita ser uma merda de pessoa também. Assim, quando alguém disser “o Brasil é um lixo” ou “o povo brasileiro é burro”, na verdade estará dizendo “eu sou um lixo” e “eu sou burro”. Combinado? Porque, caros amigos niilistas radicais, é estranhamente conveniente excluir-se, deliberadamente, do conjunto de brasileiros, negando a própria cultura e origem, bem na hora em que “a coisa aperta”, não é?

As expressões “isso é Brasil” ou “esse é o povo brasileiro” não são, portanto, apenas generalizantes e reducionistas, mas também um tanto arrogantes. Quem as profere se julga acima dos defeitos da sociedade brasileira, e é incapaz de perceber que suas próprias convicções, ideias e preconceitos são na verdade um reflexo das características e problemas da sociedade brasileira como um todo.

Nem é preciso nem dizer que esse tipo de perspectiva segregatória, em que o locutor se coloca em posição imparcial e de superioridade em relação ao restante da população, gera verdadeiros fenômenos de cegueira coletiva. Um exemplo clássico é a inabilidade de algumas pessoas em enxergar o próprio racismo, o que popularizou expressões como “não sou racista, mas…”, culminando com a negação da existência de racismo no Brasil por determinadas “correntes ideológicas”.

Então, antes que comecemos a negar outros “ismos” por aí (o que, a bem da verdade, já acontece), vamos parar de subir em pedestais imaginários e nos colocar em nossos devidos lugares: na arquibancada junto com o resto do povão e toda a torcida do Flamengo.

Se “isso é Brasil”, repetir esse chavão não vai mudar nada (talvez só pra pior).

Imagine a seguinte situação hipotética: um sujeito dito “politizado” está surfando na rede, checando o feed de notícias do Facebook, dando um rolê pelo Twitter e teclando no WhatsApp, quando, casualmente, se depara com uma notícia revoltante (sabemos que a internet está cheia delas). Indignado com a situação ultrajante da qual acaba de tomar conhecimento, nosso amigo resolve mostrar toda a sua revolta por meio de um comentário impactante no perfil de quem, muito sagazmente, compartilhou aquela notícia chocante com ele. “Fazer o que, né, colega? Isso é o país em que vivemos. Viva o Bra-ziu!”.

Satisfeito com sua contribuição, o internauta bem informado segue para os próximos “hits do dia” nas redes sociais, afinal, “isso é Brasil” — não tem jeito. E ele, pessoa politizada e, portanto, ciente do “beco sem saída” que é o nosso país, nem vai se dar ao trabalho de pensar sobre o assunto (e muito menos fazer algo a respeito), uma vez que essa nação é feita de pessoas naturalmente incompetentes e políticos naturalmente corruptos. Confere? Não confere. Na verdade, cidadão politizado, o problema, neste cenário, não é o Brasil. É você.

Quando um indivíduo, ao deparar-se com determinado problema que considera sério, resume seu pensamento e manifestação à depreciação verbal genérica e gratuita de seu país, só podemos concluir que ele atingiu um nível sobre-humano de apatia mental e social. Além de não agir para mudar a situação que o indignou, contribui para difundir um clima negativo, conformista e preguiçoso por onde passa, contagiando outras pessoas com a ideia deturpada de que é impossível mudar as coisas para melhor (ou que simplesmente não vale a pena), porque “o povo brasileiro é assim mesmo”.

Resumo da ópera: quem não quiser realmente tentar entender o problema, trocar ideias sobre como solucioná-lo, contribuir com organizações e movimentos sociais envolvidos no assunto, criar ou participar de campanhas de conscientização, e procurar votar em políticos empenhados na causa em questão, que pelo menos pare de encher o saco com reducionismos pessimistas e burros. A esfera pública agradece.

“Isso é Brasil” agora, mas pode mudar. E depende de você também.

Imaginem se, há 30, 40 anos atrás, quando ainda vivíamos uma ditadura, todos pensassem que o “Brasil é assim mesmo”, que “somos um povo submisso que só funciona na ‘base da porrada’”? Imaginem se a população tivesse desistido de exigir a redemocratização, e se resignado, limitando-se a comentar com seus conhecidos, em cafés e restaurantes, que “aquilo era o Brasil”. Foi porque as pessoas não se conformaram com o que o Brasil era ou parecia ser que hoje nós vivemos uma democracia plena, onde todos podem se manifestar da forma que julgam melhor (até de forma superficial e não construtiva, como a que estamos tratando neste texto).

O direito à liberdade de pensamento e expressão é indiscutível, e o que deixo aqui é apenas um humilde conselho: vamos usar essas prerrogativas de verdade. Para debater, e não para cair em chavões limitados e vazios de que o país é uma porcaria generalizada, pior que qualquer outro, que nosso povo é burro e corrupto, que estamos no fundo poço e nunca sairemos dele, e que é impossível mudar a realidade em que vivemos. Isso não quer dizer, de forma alguma, que devemos fugir dos problemas ou nos conformarmos com o que já foi conquistado, pois ainda existem inúmeros desafios a serem superados nesse Brasil continental. Se “isso” é mesmo o Brasil, a mudança só depende de nós.

A análise é de Priscila Silva e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político

31 de maio de 2014

A briga entre a Legião Urbana e o filho de Renato Russo foi tempo perdido


Dizer que a Legião Urbana foi uma das maiores bandas do Brasil é tão obvio que parece blablabla. O que a banda foi, e é até hoje, é quase uma seita.

Liderada por Renato Russo, poeta delicado e intérprete fabuloso, tem até hoje a terceira maior média de vendas da gravadora EMI no mundo inteiro.

Legião Urbana, em Formação Original.
Renato morreu em 1996, vítima de AIDS, e deixou para seu único filho todos os seus direitos, inclusive sobre a marca Legião Urbana.

Giuliano Manfredini e os outros dois membros mais importantes da Legião Urbana, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá, viveram em paz por algum tempo. Mas não muito. Em 2010, houve uma briga quando Giuliano passou a redirecionar a página da Legião Urbana para o site de seu pai.

Recentemente, Giuliano anunciou para o Correio Braziliense que iria colocar no ar um novo site oficial da Legião Urbana.

Giuliano, filho de Renato Russo. 
Foto: Diário do Centro do Mundo.
Dado não gostou e escreveu há alguns dias o seguinte na sua página de Facebook:

Através da imprensa – e com muita indignação – tomamos conhecimento que no próximo dia 4 de junho será lançada uma nova versão do site “oficial” da banda Legião Urbana, desta vez desenvolvido unilateralmente pelo herdeiro de Renato Manfredini Jr, Giuliano, sócio majoritário da empresa Legião Urbana Produções Artísticas.

Achamos por bem esclarecer que essa nova versão do site não conta com a participação, apoio ou qualquer tipo de consentimento e/ou autorização da nossa parte.
Informamos que não temos conhecimento algum sobre o conteúdo ou o que esse novo site pretende apresentar, e que também não nos foram solicitadas as eventuais autorizações para o uso da nossa imagem ou das nossas gravações originais.

Como é de conhecimento público, em março deste ano foi lançado – também por parte do herdeiro e da empresa Legião Urbana Produções Artísticas – o site oficial renatorusso.com.br. Até aí, tudo bem; não fosse o fato do site original da banda Legião Urbana (esse sim, site colaborativo desenvolvido conjuntamente pelas três partes da Legião Urbana e pelos fãs da banda, em 2010), ter sido por eles apagado e redirecionado para o site particular de Renato Russo quando digitado legiaourbana.com.br.

Levando em consideração tudo isso, aproveitamos para confirmar que:

1) Nem o herdeiro de Renato Manfredini Jr. nem a empresa Legião Urbana Produções Artísticas nos representa e tampouco representa idealística e/ou artisticamente a banda Legião Urbana.

2) A empresa Legião Urbana Produções Artísticas detém perante o INPI o registro da marca comercial LEGIÃO URBANA, porém, existe um Processo Judicial com o objetivo de que sejam reconhecidos os nossos direitos sobre o nome da banda que formamos juntamente com Renato Russo e que hoje é conhecida e reconhecida tanto no Brasil quanto no exterior. Quem quiser entender mais sobre esta disputa, pode ler a verdade dos fatos em http://entendaocasolegiao.blogspot.com.br/

3) Não será autorizado por nossa parte o lançamento de qualquer produto da banda Legião Urbana (seja esse site, CD’s, DVD’s, etc.) enquanto o processo que hoje está no âmbito da Justiça não seja resolvido e os nossos direitos sejam reconhecidos.

4) Não existe – nem nunca existiu – nenhum tipo de envolvimento ou participação da nossa parte em projetos ou tributos realizados pelo herdeiro ou pela empresa Legião Urbana Produções Artísticas desde o falecimento do Renato.

5) Em momento algum pensamos em nos aproveitar da triste situação de Renato Rocha para tentar ganhar a simpatia dos fãs. Reconhecemos e valorizamos sua participação nos primeiros 3 dos 8 discos de estúdio da Legião, mas a sua saída da banda aconteceu – contratualmente – no começo de 1989. Tanto ele quanto os verdadeiros fãs sabem que tentamos ajudá-lo quando foi necessário, inclusive convidando-o para tocar no ultimo CD de estúdio, chamado Uma Outra Estação.

6) Como publicado num comunicado assinado pela própria família Manfredini e por nós no dia 5 de setembro de 2009: “não existe Legião Urbana sem Renato, Dado e Bonfá”.

RENATO RUSSO = RENATO RUSSO

LEGIÃO URBANA = DADO VILLA-LOBOS + RENATO RUSSO + MARCELO BONFÁ”

Giuliano pode ser dono da marca Legião Urbana, mas não é dono da história da banda. Também não é dono dos direitos sobre a execução, a composição e até mesmo a imagem de tudo que Dado, Bonfá e mesmo Renato Rocha, que participou da banda por menos tempo, fizeram juntos.
Ao mesmo tempo, é filho de Renato, dono de tudo que o cantor deixou e deveria participar das questões.

Essa divisão é ruim para todos, especialmente para os fãs da banda. E o pior: talvez seja tarde de mais para reparar o problema.

                            

Via Diário do Centro do Mundo

30 de maio de 2014

Associação e Fundação ARCA realizará noite cultural neste domingo



A Associação e Fundação Educativa e Cultural ARCA, localizada no município de Altaneira, na região do cariri cearense, realizará neste domingo (01/07), uma Noite Cultural. 

As noites culturais são realizadas todos os anos e tem como uma das principais finalidades, além de proporcionar e divulgar grandes cenários na área da cultura nordestina, arrecadar subsídios financeiros através de bingos para os projetos e atividades desenvolvidas pela entidade.

Em 2012, a Associação Raízes Culturais de Altaneira - ARCA realizou, no centenário de Luiz Gonzaga, um tributo a Gonzagão tendo como premissa a demonstração da riqueza da cultura nordestina retratada pelo Lua, com temas como a seca e religiosidade, muito sustentada através de mitos históricos. 

Foto compartilhada pela comunicadora Michele Alves
na rede social facebook demonstrando os preparativos
para a Noite Cultural.
A noite deste domingo retratará a cultura por intermédio da música, da poesia, das atrações proporcionadas pelos talentos do local e, claro, pelo projeto melodia, um dos alicerces da fundação.

A ARCA que vem a mais de uma década realizando importantes trabalhos no município é uma das grandes referências culturais da localidade e tem como finalidade uma mudança da realidade, tendo como meio a solidariedade e como base o ser humano. Para tanto, vem se norteando a partir de duas dimensões, a saber: A Associação caminha no sentido da geração de renda e a Fundação trilha na área da educação.

O evento está marcado para ter início às 18h30minh na sede da entidade, situada à Rua Padre Agamenon Coelho e deverá movimentar além dos participantes diretos nos projetos, simpatizantes, os comunicadores da Rádio Altaneira FM e demais membros da comunidade.