Na
última segunda-feira, 28/04, o programa Brasilianas.org transmitido pela TV
Brasil discutiu a aplicação da Lei nº 11.645, de 2008, que inclui no currículo
oficial da rede escolar o ensino da cultura afro-brasileira e indígena. Os
convidados ainda debateram a importância de se reformular a formação dos
professores.
Grupo de Capoeira em Altaneira. A capoeira é um dos símbolos da cultura negra no Brasil. |
A
secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade (Secadi), do
Ministério da Educação (MEC), Macaé dos Santos, enfatizou que é fundamental
investir na pesquisa e formação dos professores, no que diz respeito à cultura
negra. “Temos que incidir sobre os cursos
de licenciatura e também em formação continuada.” Macaé também destacou que
existem mais de 20 universidades no Brasil que ofertam cursos de licenciatura
intercultural indígena para professores indígenas.
Para
Benedito Prézia, coordenador do programa Pindorama, de educação indígena na
Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), é necessário mais abertura das
instituições de ensino superior com a história dos índios brasileiros. “A própria universidade não se abriu para a
história indígena”, diz. Para ele, os professores da rede de ensino básico
não abordam as questões em sala de aula, por não terem visto o assunto na
universidade. Para Macaé, os avanços na área, inclusive a criação da Lei
11.645/08, foram fruto de luta desse setor da sociedade.
O
professor Valter Roberto Silvério, no entanto, alerta para a distorção da
história nos livros escolares. “Havia,
nos materiais de ensino básico e superior, informações equivocadas do que sejam
as populações negras. Ainda há, mas isso tem mudado, melhorado ao longo do
tempo”.
De
acordo com Silvério, o racismo que é observado até hoje no Brasil pode ter
bases também nos livros de história. “Eu me lembro que nos livros didáticos
havia uma semelhança muito grande do negro com o macaco”. Ele destacou ainda
que uma grande figura da história do Brasil foi descaracterizada ao longo dos
anos: “Machado de Assis foi sendo
embranquecido ao longo dos anos. Ainda vivemos essa tensão de que nossas
lideranças negras são, ao longo do processo, embranquecidas”.
Com
MEC/Agência Brasil