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Opinião: Um Voto Crítico, Mas Convicto por Zeca Baleiro


O cantor, compositor e cronista José Ribamar Coelho Santos, conhecido popularmente e artisticamente por Zeca Baleiro, se utilizou da rede social facebook, em sua página na última sexta-feira, 17 do corrente mês, para declarar apoio a candidata a reeeleição ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff (PT).

Imagem capturada da página do cantor e compositor Zeca Baleiro.
Na nota intitulada “Opinião: Um Voto Crítico, Mas Convicto”, Zeca discorre que almeja mudanças como todo cidadão e que ainda assim acredita que essa mudança não é representada pelo o opositor a Dilma. Ele afirma ainda que não é conveniente mudar apenas por mudar e chega a frisar que o governo do PT apesar da vulnerabilidade está sendo compromissado com os menos desfavorecidos, aqueles à margem do tecido social, político e economico.

Vamos a Nota

O direito à oposição e o anseio pela alternância de poder são pressupostos básicos de um estado democrático. Desejar e acalentar o sonho de mudanças também é uma natural aspiração de todo cidadão.

Acho o governo Dilma criticável, como todo governo o é. Acho o PT criticável também, como todos os partidos o são. Como todo brasileiro, anseio por mudanças que urgem, embora reconheça que há mudanças políticas em curso neste governo que são louváveis. De qualquer modo, embora Dilma tenha seus pontos vulneráveis, não vejo adversário digno de sucedê-la. Mudar por mudar não me parece conveniente. Um dos argumentos mais usados pelos detratores da atual presidente e seu partido é o de que “estão há muito tempo no poder”. Esquecem que os tucanos há 20 anos ocupam o trono do governo de São Paulo (e há tempos vêm cometendo pecados sem perdão como o desmando irresponsável que gerou a crise de abastecimento de água no estado), isso sem falar nas oligarquias do Maranhão, há 48 anos roendo o osso do poder, e a de Alagoas, há outros tantos anos se perpetuando na política local (e estes casos nem devem ser levados em conta, pois, além de antidemocráticos, são imorais).

Um governo comprometido socialmente deve dirigir o olhar primeiramente aos desfavorecidos, aos excluídos do jogo social, isso é óbvio. Este governo que aí está fez isso. E o que não faltam no Brasil são pessoas vivendo em quadro de pobreza extrema, privadas dos direitos básicos de cidadão, massa de manobra barata para oligarcas usurpadores. Quando o buraco é muito fundo – e o fosso social no Brasil é pra lá de fundo -, não há como não ser assistencialista, infelizmente. Uma das frases feitas que mais me indignam neste pobre debate político (debate entre aspas) é a máxima hipócrita de que “é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe”. Ora, como ensinar a pescar um sujeito devastado pela fome e pela doença?

Outro argumento usado à exaustão é o da corrupção, e não podemos nos enganar - todos os partidos, quando ocupam o poder, caem em tentação, para nossa desgraça. A diferença básica neste Fla-Flu de corruptos é que os do PSDB seguem impunes, os do PT nem tanto. Só a punição exemplar desses bandidos somada à vigilância social mais ferrenha poderá fazer banir esta "cultura da corrupção" que hoje impera no país, ou ao menos reduzir os seus índices.

Não sou petista nem sou apegado a partidos ou candidatos. Voto com independência. No primeiro turno, meu voto foi dividido entre candidatos do PSOL, do PSB e do PT. Isto me parece coerente. Se nos próximos anos aparecer uma grande e confiável liderança política de outro partido, não hesitarei em mudar meu voto, desde que seu projeto tenha viés socialista, único projeto político que penso ser viável no mundo de hoje. Isto também me parece coerente.

O que não me parece coerente é ver a ex-candidata Marina Silva, arauta da “nova política”, anunciando seu apoio à candidatura Aécio Neves. Todos sabemos que a sua trajetória de luta contra os barões malfeitores do Acre a aproxima ideologicamente mais do PT, e não foi à toa que ela assumiu a pasta do Meio-Ambiente no governo Lula. Isto que ela agora faz é velha politicagem, jamais nova política. Sabemos para onde miram os políticos do PSDB, e no que vai resultar um novo governo tucano (e faço questão de afirmar o mesmo repúdio às alianças eleitoreiras do PT com velhos caciques paroquiais como Sarney, Collor e Calheiros).

Se a intenção de parte do eleitorado era destronar o PT e Dilma a qualquer custo, então que votasse num partido mais à esquerda (sim, eles existem) e não num partido que reza na cartilha do datado neoliberalismo que levou à convulsão social e ao desemprego massivo países europeus sólidos como França e Espanha, e que quase levou o Brasil à bancarrota, na era FHC. Este, por sua vez, sociólogo pós-graduado na Universidade de Paris, tem como hobby disparar frases infelizes, como a recente declaração preconceituosa e separatista sobre os nordestinos e seu voto, segundo ele, catequizado. Com todo o respeito que possa merecer, o ex-presidente está na Idade Média da Sociologia. Avançamos muito nos últimos anos em termos de “pensamento social”. Não há porque retroceder.

Votarei em Dilma e, caso ela seja eleita, terá em mim um crítico implacável de seu governo. É assim que entendo o que chamam de democracia. O resto é balela.

P.S.: Peço aos internautas que queiram comentar, criticar ou divergir do meu texto, que o façam civilizadamente, com argumentos embasados, não com ofensas ou baixarias. De baixo, já basta o nível do debate dos nossos candidatos na corrida eleitoral”.

Zeca Baleiro
(17 de outubro de 2014)

Penúltimo debate presidencial tem tom menos agressivo e repetição de temas


O penúltimo debate entre os candidatos à presidência da República marcou uma inflexão no tom utilizado por Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Se no encontro do SBT, realizado na quinta-feira, ambos apostaram na agressividade, o evento organizado pela Record teve um retorno à discussão de propostas. A mudança não necessariamente abriu espaço a discussões novas: no centro da pauta estiveram as comparações entre gestões tucanas e petistas e o tema da corrupção.

Dilma e Aécio no estúdio da TV Record para o debate presidencial: penúltimo confronto direto
A escolha de Dilma para a primeira pergunta, a respeito do microempreendedor individual, sinalizou que o debate seria marcado por uma diminuição de tom. Na resposta, Aécio elogiou a escolha da adversária e repetiu uma tática que vem adotando desde o começo das eleições, dizendo que as principais iniciativas do PT são heranças do PSDB. "Agradeço a qualidade da sua primeira pergunta e aproveito para dizer que é isso mesmo: governar é aprimorar as boas ideias", provocou.

Sem a agressividade em jogo, a comparação entre os governos Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e Lula e Dilma, do PT, voltou a ganhar espaço, repetindo o que ocorrera no encontro realizado pela Band. A presidenta recordou a tentativa da gestão tucana de votar no Legislativo, em 2001, um projeto que transformava direitos trabalhistas em questões a serem debatidas diretamente na relação entre patrão e funcionário. "Este projeto, no entanto, o presidente Lula foi eleito e enterrou este projeto. Vocês naquele momento conseguiram um recorde nacional e internacional: 11 milhões e 500 mil trabalhadores desempregados no Brasil".

Aécio respondeu que tem um histórico de respeito aos direitos trabalhistas e voltou a repetir que vai discutir uma alternativa ao fator previdenciário, criado em 1999 pelo governo FHC, do qual foi deputado e presidente da Câmara. "Mais uma vez eu a convido: vamos debater o presente, vamos apontar caminhos para o futuro", afirmou. "O que seu governo vai fazer para que o Brasil volte a crescer, saia da lanterna do crescimento na região? As pessoas estão extremamente preocupadas com o futuro".

As considerações finais marcaram também uma diferença clara entre o que buscam Dilma e Aécio para vencer uma eleição tão acirrada. “Dois projetos de Brasil estarão em jogo. Um que garantiu avanços e conquistas para todos. Outro que condenou o povo brasileiro ao desemprego e ao arrocho salarial. O Brasil que eu represento é um Brasil que quer que todos cresçam”, afirmou a petista, que claramente escolheu mandar uma mensagem aos eleitores que enxergam na ascensão social uma conquista individual: “Ninguém é uma ilha nem ninguém consegue crescer sozinho. Você cresceu porque o Brasil mudou. Pra vida mudar foi preciso governar olhando para todos os brasileiros.”

Também na busca por uma mudança de rumos que desequilibre a balança, Aécio chegou a mirar o voto do Nordeste, região na qual sofre sua pior derrota para o PT, acusando o governo de atrasar obras importantes para os nordestinos. Nas considerações finais, novamente evocou a ideia de que a má gestão é o traço central do governo da adversária. “Temos, sim, dois projetos para o país. Um representado pela candidata oficial, que se contenta em comparar o presente com o passado, talvez sem ter muito a apresentar para o futuro.”

A disputa na seara econômica teve tema batido com a retomada, por Aécio, da questão da inflação, que vem pautando sua campanha desde o início. O candidatou voltou a criticar a afirmação da adversária de que os preços estão sob controle, comparando o Brasil aos casos de Chile e México.

Dilma afirmou que é descabida a comparação entre um país do tamanho do Brasil e alguns de seus vizinhos, e recordou que empregos foram mantidos, mesmo em um cenário de crise internacional. A respeito da inflação, ela voltou a demarcar diferença com a proposta do eventual ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga, que promete uma taxa de 3% ao ano até o final do mandato - atualmente a meta vai de 2,5% a 6,5%, mais frequentemente próxima do topo do limite.

"Considero muito grave a taxa de 3% de inflação porque vai repetir a velha história de desemprego. Porque para ter 3% vocês vão triplicar o desemprego, ele vai a 15%, vocês vão aumentar a taxa de juros", acusou, recusando a ideia de Aécio de que não se deve debater o passado. Ela considera preocupante que a figura central da economia num eventual governo tucano seja Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC e que nos últimos anos se dedica a ser consultor de bancos e de investidores do mercado financeiro. "Vocês sempre gostaram de plantar inflação para colher juros. Essa sempre foi a sua política. E vocês governaram, sim, o Brasil. O governo Fernando Henrique Cardoso, você foi liderança. Não lave suas mãos. Você tem responsabilidade e tem de responder por elas."

Corrupção

A questão da corrupção novamente apareceu como um dos temas centrais do debate. Também sem novidades no tom do discurso. De um lado Aécio evocou denúncias contra a Petrobras para dizer que há um problema grave de gestão e que o PT elevou os desvios na administração pública a níveis inéditos. De outro, Dilma recordou escândalos envolvendo quadros do PSDB que acabaram engavetados e afirmou que em sua gestão as instituições têm autonomia para investigar.

Por que ao longo de todos esses anos não se tomou nenhuma providência para impedir que essas ações continuassem?”, indagou o tucano, citando especificamente se Dilma confia no tesoureiro do PT. João Vaccari Neto foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como intermediário de pagamento de propinas.

A petista recordou que o mesmo delator citou o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra como distribuidor de pagamentos no Congresso para esvaziar uma CPI ocorrida em 2009. Dilma afirmou ainda que Aécio disse que não se pode confiar na palavra de um criminoso sob acordo de delação premiada quando os desvios envolviam políticos do PSDB no esquema do Metrô de São Paulo, mas agora parece dar confiança a tudo que diz Costa. Ela prometeu tomar providências quando as investigações forem concluídas, sem se precipitar em julgamentos que depois de mostrem equivocados.

Agora, a minha diferença pra você é que mandei investigar quando soube que tinha essas características”, afirmou. “Nunca impedi a investigação. Nunca impedi que falassem, que olhassem ou que verificassem o que estava acontecendo.”

Em nova pergunta sobre a Petrobras, Aécio buscou demonstrar que a má gestão prejudicou trabalhadores que decidiram investir em ações da empresa por estímulo do governo Lula. “Acho estarrecedor”, respondeu Dilma. Ela recordou a mudança de nome, de Petrobras para Petrobrax, como um caminho para a privatização, e declarações dadas por Aécio no final do governo FHC no sentido de transferir rapidamente o controle da empresa. “Vocês venderam 30% da Petrobras a preço de banana. Na época a Petrobras valia R$ 15,5 bilhões. Hoje a Petrobras passou do patamar de R$ 100 bilhões. Vocês não têm a menor moral de falar de valor da Petrobras.”

O tucano prometeu melhorar a maior estatal brasileira com “profissionalização” da gestão, mesmo argumento de que se valeria no debate sobre o papel dos bancos públicos. Aécio afirmou haver um “grande terrorismo” em relação ao que se fará com essas instituições em seu eventual mandato. “Fizemos as privatizações que precisavam ser feitas, e os bancos públicos vão ser fortalecidos no nosso governo”, defendeu.

Na resposta, Dilma novamente recordou declarações dadas recentemente por Armínio Fraga, que, em debate com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicitou seu desejo de diminuir o papel dos bancos públicos. “Terrorismo é o que faz seu candidato a ministro da Fazenda. Quando alguém diz que no fim não sabe o que vai sobrar dos bancos públicos, eu se fosse funcionário do BB, da Caixa ou do BNDES ficava com as três pulgas atrás da orelha.”


Via Rede Brasil Atual

Em abaixo assinado, artistas e intelectuais declaram apoio a Dilma Rousseff


Não há como lavar as mãos e terceirizar os próximos quatro anos da nação brasileira ao acaso. Ou pior, aos impulsos irracionais dos mercados. É vital a participação de todas as forças da sociedade na definição das linhas de passagem que devem ordenar o curso seguinte da história brasileira. As urnas de outubro são um pedaço da caminhada. Conscientes do peso histórico do que será decidido no próximo dia 26, um grupo de intelectuais e artistas brasileiros decidiu emprestar o seu nome, a sua voz e a sua coerência histórica para amplificar o alerta ao risco condensado no júbilo dos mercados com o credenciamento da agenda conservadora na disputa deste segundo turno.

Esse alerta tomou a forma de um abaixo assinado de apoio à reeleição da Presidenta Dilma Rousseff, que começou a circular nas últimas horas em todo o país. O que o impulsionava é evidência de que, em nome da mudança, articula-se na verdade a restauração do projeto que vigorou no país nos anos 90, com as sabidas consequências econômicas e sociais. Vulgarizadores do credo neoliberal celebram as multidões de junho de 2013 com um endosso à qualquer mudança. Tomam a nuvem por Juno e por isso trombam no essencial: o que anda para frente não se confunde com o cortejo empenhado em ir para trás. O que o Brasil reclama não cabe no programa regressivo que se apresenta às urnas como modernizante. O Brasil quer mudar porque o país que emergiu na última década de governos progressistas não cabe mais nos limites do atual sistema político. A resposta é mais democracia. Mas os que apregoam a mudança demonizam a simples menção a uma Constituinte para tratar da mãe de todas as mudanças: a reforma política. Milhões de homens e mulheres que ascenderam na pirâmide de renda desde 2003 querem mais, porque ainda não encontram acolhida bastante na infraestrutura secularmente planejada para 30% da população. A resposta é mais investimento público; melhor planejamento urbano; maior presença do Estado na coordenação do esforço de inversões público e privadas. Mas o conservadorismo quer dobrar a aposta no arrocho fiscal, na lata dos juros, no desmonte do regime de partilha do pré-sal, no fim da exigência industrializante de conteúdo nacional nas compras da Petrobrás. Os brasileiros querem mais mudanças porque não tem expressão no esquizofrênico ambiente de um sistema de comunicação que exacerba e distorce a natureza dos desafios brasileiros, ao mesmo tempo em que interdita o debate e veta as respostas progressistas a eles. A opção é a regulação democrática do sistema de comunicação, para que se torne mais ecumênico e plural. Tudo o que eles qualificam como autoritário e intervencionista’. Não por acaso se desdenha do voto dos que precisam de fato o Brasil mude. Quem? Os 14 milhões de lares beneficiados pelo Bolsa Família, por exemplo. O expurgo dos pobres da cabine eleitoral, é uma velha aspiração conservadora. Foi só em 1988, com a Constituinte Cidadã, que o Brasil universalizou o direito ao voto. Um fundamento democrático e republicano ainda hoje mal digerido por aqueles que sonegam ao voto do nordestino ‘mal informado’ a mesma qualidade e peso que tem o voto do eleitor do Sudeste do país. O Brasil tem razões adicionais para não aceitar que a regressão fale em seu nome. A desigualdade entre nós ainda frita alto em qualquer competição  mundial. Mas entre 2003 e 2001, o crescimento da renda dos 2-5 mais pobres superou o  dos BRICs, exceto a China. (Fonte: IPEA) O Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população, graças às políticas públicas deliberadamente voltadas aos mais pobres. (Fonte: consultoria Boston Consulting Group, que comparou indicadores de 150 países). A narrativa conservadora sempre desdenhou da dinâmica estruturante embutida nesse degelo social. Ou isso, ou aquilo. Ou se reconhece os novos aceleradores do desenvolvimento ou o alarde dos seus gargalos é descabido. A verdade é que ambos são reais. O malabarismo rebaixa e infantiliza o debate das escolhas que devem aprofundar a mutação em curso no país. Contra isso se levanta o abaixo assinado lançado nas últimas horas ao qual já aderiram nomes como os de Marilena Chauí, Luiz Gonzaga Belluzzo, Raduan Nassar, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Antônio Cândido, João Manuel Cardoso de Mello, entre dezenas de artistas, professores e intelectuais de diferentes áreas. Une-os um mesmo propósito: o de liberar o debate eleitoral de 2014 do sequestro conservador. E o futuro do país também. Por isso declaram seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff. 


Com Carta Maior e Entrefatos

As estratégias de Dilma, Campos e Aécio



Dilma Rousseff

Em nenhum momento, o governo Dilma Rousseff abandonou as políticas sociais. Pelo contrário, aprofundou-as com o Brasil Sorridente, a manutenção da política de reajustes do salário mínimo e isenções da folha que permitiram a ampliação do mercado de trabalho formal.
Seu problema é a postura política em relação aos movimentos sociais (e não só em relação a eles) e aos sindicatos. Sempre os viu de cima para baixo, ela como um poder concedente, não como uma igual, lembrando muito mais a postura de um Getúlio Vargas do que de um Lula.

Dilma sempre se viu como a defensora dos excluídos, dos setores não organizados – o que é uma característica positiva extraordinária.

Os desassistidos não têm quem os defenda, por vulneráveis são pouco exigentes e, também, extremamente reconhecidos a quem os ajuda.

Já os movimentos organizados são petulantes.

Experimente quebrar lanças em favor de determinado movimento social – ou sindical. Ao final do processo, as lideranças dirão que tudo foi possível devido à sua própria pressão política. Políticos sensíveis à causa jamais concedem; são “obrigados a ceder” graças ao espírito de luta das lideranças do movimento.

É irritante, sim, mas essa petulância é um importante sinal de autoafirmação, daqueles recém chegados ao jogo político. É necessário paciência e maturidade para tratar com eles e acompanha-los em seu processo de amadurecimento, entender e aceitar o jogo político das lideranças.

Dilma não parece ter paciência para esse jogo.

Esse é o busílis da questão, o ponto central de desgaste do estilo Dilma em relação a quase todos os setores organizados da sociedade, de movimentos sociais a empresariais.

No atual estágio de desenvolvimento social brasileiro, há pouco espaço para o estilo concedente de Getúlio. O governante tem que se comportar como o líder articulando forças, tratando as lideranças da sociedade como iguais, sem impor soluções.

Em seu período de governo, Dilma procurou a aliança com os chamados setores produtivos da economia, geradores de emprego e desenvolvimento. Mesmo com todas as políticas em relação ao setor, com a ampliação do crédito público, das compras governamentais, das isenções tributárias, Dilma perdeu a batalha tanto junto ao mercado financeiro como ao empresarial em geral– devido ao seu estilo centralizador.

Com seu discurso de ontem, jogou a toalha em relação à conquista do público empresarial e passou a apostar as fichas nos segmentos populares.

Mas atuou com o mesmo estilo com que contemplou setores industriais: do alto do seu poder de presidente, concedeu aos trabalhadores e miseráveis a correção da tabela do Imposto de Renda, o reajuste do Bolsa Família e a manutenção da política de reajustes do salario mínimo. E tudo isso acompanhado de mudanças radicais na retórica.

Essas mudanças de retórica exigem uma estratégia cautelosa de transição que não foi seguida, para não passar a ideia de oportunismo em um momento crítico da sua candidatura

O discurso tem a vantagem de mostrar que Dilma não está inerte. Rompido o imobilismo, é possível que corrija as vulnerabilidades centrais, a teimosia encruada. Mas, para isso, terá que avançar muito além da retórica e cortar na própria carne –na parte central de seu temperamento e estilo de governar.

A reconstrução da credibilidade passa por mudanças ministeriais, para um Ministério de primeira grandeza, por mudanças no estilo autocrático de gestão, pela criação de instâncias de participação da sociedade dotadas de capacidade efetiva de influir em políticas públicas. E pela capacidade de tratar a chamada sociedade civil organizada – de movimentos sociais a empresariais – como um igual.

Eduardo Campos

Já Eduardo Campos está preso a dilemas complexos.

Sua estratégia inicial era se apresentar como um continuador melhorado do governo Lula. Para ganhar massa eleitoral, no entanto, teve que juntar seus ideólogos nacionalistas aos formuladores mercadistas e antidesenvolvimentistas de Marina Silva.

O discurso popular ficou comprometido e ele passou a dedicar todos os esforços para conquistar o público empresarial.

Não avançou muito. A esta altura, parece claro que os grupos de mídia e os maiores grupos empresariais paulistas fecharam com Aécio Neves.

Campos tem o apoio da ala influente, mas restrita, ligada ao Banco Itaú, e dos apreciadores de seu estilo de gestão, nada muito além disso. Sua última cartada será a mudança física para São Paulo, para um corpo a corpo com o mundo empresarial.

Para conquistar espaço junto a esse público, cometeu a impropriedade, ontem, de prometer uma meta de inflação de 3%, que, se fosse viabilizada, jogaria o país em uma recessão considerável e acabaria com a conquista do pleno emprego.

Foi uma mudança de retórica tão radical quanto a de Dilma. E, por radical, deverá provocar mais desconfianças do que adesões.

Aécio Neves

Conseguiu fechar acordo com a mídia. Tem apoio do mercado financeiro, dos grupos empresariais paulistas e conseguiu a adesão do ainda influente grupo de financistas de Fernando Henrique Cardoso.

Isolou José Serra trazendo para sua campanha alguns dos principais serristas, como Aloysio Nunes, Alberto Goldmann e o inacreditável Andréa Matarazzo – para cuidar das finanças (!).

Serra tentou uma rabeira no bonde através de balão de ensaio empinado pela colunista Sonia Racy – de que FHC estaria bancando sua candidatura para vice de Aécio. É mais fácil a torcida do Atlético torcer para o Cruzeiro do que consumar-se essa dobradinha.

Nos próximos meses, os grupos de mídia concederão a Aécio algo que sempre foi sonegado quando era adversário de Serra: visibilidade para o modelo mineiro de gestão.

Em 2010, os jornais preferiam falar dos problemas de contabilização de gastos de saúde do que nos avanços ocorridos em alguns setores. Hoje em dia, tecem loas aos avanços na educação.

Aécio terá que enfrentar desafios muito maiores.

Não dispõe de nenhuma proposta efetivamente popular e de nenhum plano para o futuro. Mostra o futuro acenando com o passado do governo Fernando Henrique Cardoso.

No plano econômico, limita-se ao financismo estéril da política monetária – que, em qualquer plano de governo, deveria ser apenas um apêndice, não o ponto central.

Na sua luta com Campos – para passar para o segundo turno – irá aprofundar os ataques a Dilma e a levantar a bandeira do moralismo, auxiliado pela onda denuncista dos grupos de mídia.
Serão as eleições mais vazias de ideias das últimas décadas.

Não haverá nem o tempero de José Serra. Com Serra na parada, pelo menos havia uma bandeira civilizatória em jogo: a soma das mentes democráticas contra aquele que passou a simbolizar as forças mais obscurantistas, totalitárias e inescrupulosas do país.

O nebuloso 2015

Os próximos anos não serão de bonança. Não há mais espaço fiscal para benesses, há o aprofundamento dos déficits externos e a necessidade de corrigir preços represados.
Mais que isso. Por obra dos grupos de mídia, mas muito como consequência dos tempos atuais, se aprofundará o descrédito nas instituições e a sensação de que tudo é corrupção.

Os três candidatos inspiram muito mais desconfianças do que certezas na maneira de administrar esse novo cenário.

No caso de Dilma, há o desafio de recuperação da credibilidade perdida junto aos agentes econômicos, que certamente piorou com o discurso de ontem. Ganham-se eleições sem seu apoio; mas dificilmente se governa com a credibilidade baixa junto a eles.

Os desafios de Aécio e Campos são maiores.

Ambos conseguiram montar alianças políticas e impor-se em seus respectivos estados em cima de acordos de cúpula. Praticamente liquidaram com a oposição, enquadraram as respectivas Assembleias Legislativas e a mídia estadual.

Governar um estado – mesmo um estado complexo como São Paulo – é tarefa facílima para um governador. Até Geraldo Alckmin consegue.

Já o jogo político nacional é muitíssimo mais complexo.

A eleição de qualquer um deles significaria um pesado desafio de montagem das novas alianças, de preenchimento dos cargos na máquina pública e, principalmente, de administração política dos conflitos sociais. E, qualquer um que seja eleito, terá de carregar o pesadíssimo fardo da subordinação ao poder reconstituído dos grupos de mídia em um momento em que as redes sociais atrapalharão o atendimento das demandas midiáticas e de aliados.

Aécio acumulou mais experiência nacional com a presidência da Câmara e do PSDB, mas restrita aos acordos de cúpula. Campos restringiu-se ao nordeste.

Lula, com mais facilidade, Dilma com menos, conseguiram estabelecer diálogos com movimentos sociais e permitiram avanços em várias áreas ligadas à inclusão. A panela de pressão não explodiu – inclusive porque as condições da economia facilitaram.

Seja qual for o resultado das eleições, 2015 será ano de muitas emoções.

Até agora, nenhum dos três candidatos conseguiu construir sua utopia para apresentar em forma de plano de governo.

A análise é do Luis Nassif e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político

PT aprova por unanimidade projeto de reeleição de Dilma a presidência


O 14º Encontro Nacional do PT inaugurado nesta sexta-feira (2) fez um inequívoco pronunciamento pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff, que foi recebida pelos militantes e dirigentes do partido com o refrão “Um, dois, três, Dilma outra vez”.

Por proposta do presidente nacional da agremiação, Rui Falcão, Dilma foi aclamada pré-candidata à Presidência da República, indicação que será confirmada na convenção nacional eleitoral em junho próximo.

Dilma é aclamada para a reeleição e chegou junto ao Lula
no Evento. Foto: Daniel Teixeira/Estadão.
A presidenta declarou que recebe “a missão honrosa e desafiadora de ser a pré-candidata do PT à presidência da República”. Dirigindo-se ao ex-presidente Lula, Dilma disse que se tratava de um “ato simbólico, mais uma prova forte e contundente da nossa confiança mútua, do compromisso com o povo brasileiro, um compromisso inquebrantável”.

Dilma lembrou que quando Lula assumiu a presidência em 2003, o Brasil “era um e quando a deixou, era outro completamente diferente e muito melhor com imensa autoestima e grandes realizações”. A mandatária reiterou o que já tinha dito em outras ocasiões, que quando sucedeu Lula, sentiu o peso da responsabilidade, de realizar uma tarefa hercúlea.

Dilma defendeu as realizações dos governos de Lula e do seu próprio governo, assumiu o compromisso de continuar trabalhando em favor do povo brasileiro, das mudanças necessárias ao avanço do Brasil como nação democrática e soberana.

A presidenta defendeu a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil “A Copa é uma afirmação do Brasil. Somos o país do futebol”, ressaltou, ao participar. “É muito estranho que nós, que gostamos de futebol, que torcemos pelos nossos times, vibrando e sofrendo, que quando a Copa é aqui na nossa casa, nós não possamos aproveitar”. Ela manifestou a certeza de que o Mundial será um evento bem-sucedido. “Eu tenho a certeza de que a Copa será um sucesso”, enfatizou.

Dilma rebateu os ataques dos pré-candidatos oposicionistas sobre o reajuste de 10% do benefício do Programa Bolsa Família, anunciado na terça-feira (30) em pronunciamento no rádio e na TV. Segundo ela, é importante que “não fiquem as dúvidas levantadas pela oposição”. “Nós últimos três anos e quatro meses, nós implantamos três grandes melhorias [reajustes] do Bolsa Família que elevaram o benefício, em aumento real, descontada a inflação, de 44,3%”, disse.

No discurso perante o encontro do PT, a mandatária voltou a defender a reforma política. “Com esta reforma, tudo começa: a reforma política. Sem ela, nós não vamos conseguir a sociedade do futuro que o Brasil quer ver nascer”, declarou.

A presidenta lembrou o projeto enviado para o Congresso que pede uma consulta popular para a reforma. Na avaliação de Dilma, a participação da sociedade é fundamental para que o projeto avance no Legislativo, o que, segundo ela, é “algo estratégico e decisivo para o futuro da democracia no Brasil”.

Dilma entusiasmou a militância demonstrando energia e disposição para enfrentar o embate político da campanha eleitoral.

Lula: A candidata é Dilma

O ex-presidente Lula se encarregou de sepultar de uma vez por todas a ideia estapafúrdia do chamado “movimento volta, Lula”. “Precisamos parar de imaginar que exista outro candidato que não a Dilma. Enquanto brincamos com isso, os adversários tiram proveito. Se eu tivesse de ser candidato a alguma coisa, a primeira pessoa a saber seria a Dilma. Não podemos gastar energia com coisas secundárias, pois a campanha não vai ser fácil. Estarei inteiramente dedicado à campanha”, assegurou. A julgar pelos aplausos com que estas afirmações foram acolhidas, tudo indica que o “volta, Lula”, se tinha, não tem mais trânsito no PT.

Lula também fez uma consistente defesa dos legados do seu próprio governo e da presidenta Dilma, afirmando que nunca se fez tantas políticas sociais na história do Brasil.

Representantes de partidos aliados – PCdoB, PMDB, PSD, PP, PTB – se pronunciaram em favor da reeleição da mandatária.

Via Portal Vermelho

Prestes a ser oficializada como pré-candidata, Dilma avalia convidar Lula para coordenar sua campanha


A presidente Dilma Rousseff avalia convidar o ex-presidente Lula para coordenar formalmente sua campanha à reeleição esse ano. A ideia é vista por interlocutores, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, como uma forma de abafar o movimento que pede a volta do antecessor à Presidência da República.

A proposta pode ser discutida nesta sexta-feira, 02, antes do Encontro Nacional do PT. A expectativa é que os dois se reúnam para afinar o discurso antes do evento, cujo abertura será feita por eles. A proposta de Lula ter um cargo formal na campanha é vista com bons olhos por integrantes da coordenação.

O plano também é uma forma de atender aos defensores do 'Volta, Lula' e deixa mais claro o papel do ex-presidente no esforço de reeleger Dilma Rousseff. Ele tem dito em entrevistas que será o cabo eleitoral da presidente. À emissora portuguesa RTP, disse que irá à rua fazer campanha para Dilma.

Via Brasil 247

Dilma defende com juventude a luta pela Reforma Política



A presidenta Dilma Rousseff se reuniu, na manhã desta quinta-feira (10) com representantes do Movimento de Juventude, no Palácio do Planalto. Na audiência, a presidenta Dilma retomou a defesa de um plebiscito para reforma política e conclamou os movimentos sociais para que pautem o Congresso Nacional sobre o tema e avisou que não tem unidade entre sua base aliada para aprovar o tema sem participação popular.

"O momento eleitoral é de discutir a reforma política e é preciso que os movimentos sociais pautem essa reforma”, disse a presidente, segundo relato de participantes da reunião. "Não pensem que conseguiremos a reforma política só na relação entre governo e Congresso. É algo que exige a participação dos brasileiros para coesão de forças", acrescentou Dilma.

A secretária nacional de Juventude, Severine Macedo, afirmou que foi fundamental para Dilma ouvir a opinião dos jovens sobre os desafios que o Brasil tem a enfrentar. Para ela, a reunião foi extremamente positiva por significar a continuidade de um processo de diálogo com os jovens e a possibilidade de desdobramentos concretos de impacto na agenda da política de juventude.

Severine disse que a presidenta defende a proposta de plebiscito para constituição da reforma política.


A presidenta defende, é simpática à ideia de construir um processo exclusivo, um plebiscito, uma consulta à sociedade sobre a questão da construção da reforma política”, disse a representante do governo. “Nosso entendimento é de que o Parlamento precisa discutir e ampliar o debate, mas que a sociedade precisa opinar sobre que reforma política ela quer e foi isso que a presidenta fortaleceu na reunião.”


Cerca de 30 organizações sociais entregaram uma pauta de reivindicações à presidenta. Entre os temas principais estão, o Plano Nacional de Educação; o fortalecimento da política nacional de juventude e o Programa Juventude Viva; a Reforma Política e democratização dos meios de comunicação; e as políticas de mobilidade urbana.




Via Portal Vermelho