A
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) encaminhou ontem
(22) mensagem à presidenta Dilma Rousseff, manifestando preocupação com os
"acontecimentos políticos e
judiciais que convulsionaram o Brasil nas últimas semanas" e
reconhecendo os avanços sociais e políticos que o país conseguiu na última
década. "Nos alarma ver a
estabilidade democrática de sua pátria ameaçada", escreveu a
secretária-executiva da entidade, Alicia Bárbena, destacando a vigência do
Estado democrático de direito.
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"Nos alarma ver a estabilidade democrática de sua pátria ameaçada", escreveu a Dilma a secretária-executiva da Cepal, Alícia Bárbena. |
"A soberania popular, fonte única de
legitimidade na democracia, entregou antes a Lula e depois a você, Presidenta
Rousseff, um mandato constitucional que se traduz em governos comprometidos com
a justiça e a igualdade", diz a mensagem, acrescentando que nunca na
história do país tantas pessoas saíram da situação de fome, pobreza e
desigualdade. Ainda segundo a Cepal, é significativo o fato de que os recentes
governos brasileiros "reforçaram a
nova arquitetura de integração de nossa região, da Unasul (União das Nações
Sul-Americanas) à Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos)".
A
Cepal diz reconhecer o esforço do Judiciário para "perseguir e punir a cultura de práticas corruptas que historicamente
são a parte mais obscura do vínculo entre os interesses privados e as
instituições do Estado". Mas acrescenta que a presidenta vem "apoiando permanentemente essa tarefa, com a
valentia e honradez que é a marca de sua biografia, apoiando a criação de uma
nova legislação mais exigente e de instituições investigativas mais fortes".
Por
essa razão, a entidade se diz chocada com o fato de que, sem que haja provas,
servindo-se de vazamentos e uma "ofensiva midiática" que condena de
antemão, "se tente demolir sua
imagem e seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços por
menosprezar a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos
entregaram nas urnas".
Para
a entidade, os acontecimentos no Brasil mostram para a América Latina "os
riscos e dificuldades a que nossa democracia ainda está exposta".