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"Doutor Gama": filme brasileiro é selecionado para o maior festival de cinema negro do mundo

 

Personagem histórico: A atuação de Luiz Gama como advogado libertou centenas de pessoas escravizadas. (FOTO/ Divulgação).

O longa metragem brasileiro Doutor Gama foi selecionado para participar do American Black Film Festival (ABFF), maior evento de cinema negro do mundo. O filme nacional está entre as 10 obras escolhidas para integrar a edição que marca o aniversário de 25 anos do festival.

Dirigido pelo cineasta Jeferson De, Doutor Gama conta a trajetória de um dos personagens mais impressionantes da história brasileira. O abolicionista Luiz Gama nasceu livre na Bahia, foi vendido pelo próprio pai para pagar uma dívida de jogo, aprendeu a ler e a escrever já adulto e, como advogado, libertou mais de 500 pessoas escravizadas.

Nos cinemas e disponível na plataforma de streaming Globo Play desde o início do mês, o filme vem alcançando reações positivas de crítica e público. A participação no ABFF é mais um ponto de consagração, que abre caminhos para possibilidades como o Oscar e o Bafta.

Em entrevista para o Brasil de Fato, Jeferson falou sobre a seleção em primeira mão (ouça a conversa na íntegra no tocador de áudio abaixo do título desta matéria). Emocionado, ele celebrou: "Recebi a notícia ontem. Ainda estou com os olhos brilhando". Para o cineasta, a seleção indica interesse em uma história que precisa ser contada.

"É algo muito grandioso, porque a comunidade negra americana está pressionando o Oscar há muito tempo. Chegar lá com um filme brasileiro e preto neste momento é muito importante". O diretor completa "Eles estão de olho na gente. Eles querem saber - quem é esse tal de maior abolicionista brasileiro, que a gente nunca ouviu falar?". 

Vida de filme, mas vida real

Luiz Gama é dono de uma história surpreendente, que deixa no chinelo a trajetória de qualquer super herói ficcional. Ele era filho de Luísa Mahin, mulher africana, livre e que participou ativamente de levantes negros e negras na Bahia.

"Em 1837, depois da revolução do dr. Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856 e em 1861, na Corte, sem que a pudesse encontrar." afirma o próprio Gama em carta ao jornalista e amigo Lucio de Mendonça, datada de 1880.

Aos dez anos de idade, Luiz Gama foi vendido pelo próprio pai, levado de barco ao Rio de Janeiro e comprado por um contrabandista. Com um grupo de mais de 100 pessoas escravizadas, atravessou a muralha natural da Serra do Mar, de Santos a São Paulo, a pé.
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Com informações do Brasil de Fato. Leia o texto completo aqui.