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Professor nicolau Neto por ocasião do lançamento da revista escolar "Vozes da PLF". (FOTO | Lucélia Muniz). |
Por Nicolau Neto, editor
Pensar um mundo onde cada um de nós seja sujeito de direitos e reconhecido e respeitado como tal; pensar um mundo em que a ética se sobressaia ante o egoísmo e o individualismo; mas, principalmente, um mundo em que não se tenha mais todas as pragas que alijam grande parte da população dos espaços de poder simplesmente por questão da cor de pele ou que por orientação sexual que a sociedade julga como “anormal”, passa fundamentalmente pela educação.
Hoje,
mais do que nunca, e diante do avanço das tecnologias digitais que estão
contribuindo para um decréscimo em pilares fundamentais para o desenvolvimento
de estudantes - como leitura, escrita e intepretação – é fundamental realizar a
sankofa. Esta palavra é de origem africana e originalmente possui um significado
muito simbólico e elucidativo. Em Ganês, o termo “san” refere-se a um retorno,
o “ka’ indica ir e o “fa” quer dizer trazer, buscar ou pegar. Diante deste
cenário, necessitamos fazer o processo do retorno e pegar aquilo que possa
ajudar a ressignificar esse presente apático, descrente do poder transformador que
vem pelas mãos da educação.
Essa
viagem ao passado é necessária e urgente. Precisa-se resgatar o gosto pela
leitura, pela escrita, pela interpretação e tomada de posição/decisão que foram
vilipendiadas pelos usos sem medida das tecnologias digitais e construir um
futuro em que a diversidade e a pluralidade sejam os pilares da educação mais
sentidos.
E
quando se faz esse processo à gente se conecta com o que o sociólogo e
filósofo francês, Edgar Morin, desenhou há mais de duas décadas em sua
obra “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. São princípios
fundamentais que precisam se fazer presente na educação. Em linhas gerais,
esses saberes ou princípios são: entender que o conhecimento está inclinado a
uma análise em desacordo com a realidade; o saber une-se com o conhecimento
apropriado; saber se ver e se conhecer como sujeito de múltiplos aspectos;
saber o seu lugar, a sua identidade na terra; saber enfrentar dificuldades e
desafios; saber ser compreensivo e, por ultimo, saber ser ético. Perceba que
Morin não aponta nenhum elemento que já não tenha sido elencado em sociedades e
culturas antigas. O que ele propõe é justamente a sankofa, embora este termo
nunca tenha sido utilizado em seus escritos.
Na
2ª edição da revista escolar “Vozes da
PLF”, idealizada e organizada pela professora Lucélia Muniz juntos a
estudantes da eletiva “Marketing Digital”, você leitora, você leitor, irá
vivenciar um pouco desses princípios utilizando, inclusive, o que é alvo de
crítica neste texto – a tecnologia. Isso é uma demonstração de que os recursos
digitais só são inimigos se forem utilizados sem propósito, sem regramento.
Quando usadas como um meio e não com um fim, elas podem ser aliadas poderosas na
busca do crescimento e desenvolvimento enquanto seres pensantes e
transformadores da realidade.
O nº
2 desta revista oferece a você, portanto, um passeio pelas ações desenvolvidas
em vários componentes curriculares a partir dos múltiplos saberes construídos e
apresentados por estudantes, como a poesia construída por Maria Edilaine, do 2º
Ano B. Intitulada “A visão de um
‘marginal’”, ela denuncia as desigualdades tão latente neste país ancorada,
sobretudo, em um racismo estrutural. A música já é um importante instrumento de
análise e quando é utilizada junto ao teatro, o espetáculo fica imperdível. Na
peça “Benigna Sois”, há a junção desses elementos e visou trabalhar a violência
contra as mulheres, tendo como estudo de caso a Benigna, de Santana do Cariri-CE,
que foi, segundo a versão da história conhecida, brutalmente assassinada aos 13
anos em uma tentativa de estupro.
Para
não cansá-las (os) e leva-las (os) direto a leitura, há dentre muitas
atividades que valem muito acompanhar, textos escritos por alunos e alunas
alusivos ao dia da professora e do professor, desenhos, dicas de plataformas
antirracistas e uma história de vida cheia de desafios e conquistas.
Boa
leitura. Se possível, que seja em companhia de uma xícara de café.
A revista pode ser lida aqui.
Leia também – “2ª edição da Revista Escolar ‘vozes da PLF’ é lançada
Gratidão pela parceria. Parabéns por nos proporcionar um editorial com uma abordagem significativa e construtiva. Um abraço!
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