I Fórum dos Povos Indígenas do Cariri é realizado pela EEMTI Padre Luís Filgueiras

 

I Fórum dos Povos Indígenas do Cariri da EEMTI Padre Luís Filgueiras. (FOTO | Professor Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

Com um público voltado para atender estudantes regularmente matriculados nos segundos anos da EEMTI Padre Luís Filgueiras, foi realizado na manhã desta quinta-feira, 31 de outubro, no Centro de Eventos José Ariovaldo Sampaio, em Nova Olinda-CE, o I Fórum dos Povos Indígenas do Cariri.

A ação, como todas as outras que ganharam destaque aqui, foi idealizada e organizada pela área de Ciência Humanas e reverbera o que é discutido e trabalhado em sala de aula e corrobora no sentido de cumprir a lei federal 11.645/2008, que versa sobre a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas brasileiras, públicas e privadas, do Ensino Fundamental e Médio.

Estudante Maria Edilaine no cerimonial. (FOTO | Professor Nicolau Neto).

O Fórum teve a estudante Maria Edilaine, do 2º Ano B, como cerimonialista que destacou o histórico de violências a que os povos indígenas foram submetidos, tendo a escravização e o processo de imposição da cultura portuguesa como as mais perversas. Por outro lado, mencionou a luta e a resistência para manter viva sua história e suas culturas.

Segundo o professor Marcos Ramos, mediador do encontro, o Fórum tinha como objetivos promover o reencontro com as formas de existir dos povos originários. Uma existência do cuidado, com o (a) outro (a) e com o meio ambiente, além de contribuir no sentimento de pertença. Afinal, somos povos cariri. Para o professor, é preciso sair das quatro paredes das salas de aula, visitar os locais e realizar um mapeamento das comunidades indígenas em Nova Olinda e adjacências.  

Para fundamentar as discussões, o Fórum contou com três indígenas. Vanda Cariri, integrante da Associação dos Índios Cariris de Poço Dantas-Umari, produtora cultural e educadora há mais de 30 anos; Franka Santos, professora da Universidade Federal do Cariri (UFCA) com mestrado em Sociologia (UFC), doutorado em Literatura e Cultura (UFPB) e é poeta, gestora cultural, fundadora da Aldeia da Luz e coordenadora da escola livre Pé d'Escola e Manoel Leandro, poeta, articulador do Grupo Urucongo de Artes e pesquisador da cultura popular.

Da esquerda para a direita: Manoel Leandro, Vanda Cariri, Fanka Santos e Marcos Ramos. (FOTO | Divulgação).

Em suas falas, os três destacaram a necessidade do conhecer a história dos povos originários, pois não há Ceará sem os indígenas, sobretudo não há cariri sem nós, afirmaram.

Para elucidar essa ideia, Manoel Leandro recitou um de seus poemas intitulado “tem nome de índio o meu Ceará”. Um dos versos destaca:

pra provar quem somos

usei mais que saliva

fiz experimentos com a própria palavra

por trás do vocábulo

o que azinhava a presença ancestral

essa força ativa

não tem gps ou outra esquiva

que faça minha rima ideia praia

mapiei no verbo o dna

nele encontrei o nosso fenótipo

desintegrando o lexo encontrei o genótipo

onde canta a jandaia que quer dizer Ceará.

Quem cultiva a terra é Acopiara

Ubajara é o senhor da Canoa

Iguatu quer dizer água boa....”

Vanda versou sobre sua história e de como se identificou como indígena, além de questionar o que é ser indígena e a resposta ou as respostas podem ser encontrada nas nossas heranças, disse, ao passo que mencionou que o Ceará possui mais de 56.000 pessoas que se reconhecem como indígenas.

Fanka, por sua vez, enveredou pelo caminho do questionar espaços construídos para atender os europeus, os colonizadores. Como as escolas onde os estudantes ficam de modo a não permitir o contado olho no olho. O que a gente percebe é que são lugares onde há autoridade e essa é essa é representada pelo professor, pela professora. Os estudantes ficam um olhando a nuca do outro. Esse tipo de espaço em que não predomina a igualdade é um espaço do branco europeu.

Você sabiam que aluno quer dizer ‘sem luz’?, indagou. No modelo de existir indígena, o que prevalece é troca e isso ocorre de maneira que todos se vejam. Por isso, a gente sempre faz tudo em circulo”, destacou.

Várias elementos e histórias dos povos indígenas foram destacados e os (as) estudantes, o professor Nicolau Neto, a professora Elisângela Vieira e a coordenadora pedagógica Samara Macêdo fizeram contribuições ao evento.


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