O novo presidente da
Fundação Nacional do Índio (Funai), Antonio Fernandes Toninho Costa, que
assumiu o cargo em janeiro deste ano, provocou sua primeira polêmica frente ao
cargo ao declarar, ao jornal Valor, que é preciso que as aldeias “sejam auto sustentáveis” e é preciso “ensinar os índios a pescar”.
Ainda
na entrevista, Toninho Costa disse que o momento da “Funai assistencialista” não cabe mais. A afirmação não foi bem
aceita pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Talvez ele pudesse inverter as palavras, deixar os indígenas ensinarem
a Funai a pescar. Ele é que está chegando agora, então seria bom ensinar (a
ele) o rumo, abrir o espaço para um diálogo com os povos indígenas que são
aqueles que sabem para onde querem ir”, afirmou o secretário-geral do Cimi,
Gilberto Vieir, em entrevista à TVT.
O
secretário-geral do Cimi disse que a indicação de Toninho Costa, no primeiro
momento, agradou os movimentos sociais que atuam junto aos povos indígenas e
lembrou que o novo presidente da Funai viveu muitos anos em áreas de
demarcação, trabalhando diretamente com os indígenas e possui comprovada
formação acadêmica na área.
Entretanto,
Gilberto lembra que a Funai terá dificuldade mais para atuar nas questões de
saúde, educação e nos conflitos de terra em áreas críticas, como no Mato Grosso
do Sul, pois a fundação atua com poucos colaboradores e um orçamento cada vez
mais enxuto, por causa da política de cortes na área social promovidas pelo
governo Temer. “Ele pega a Funai em um
momento extremamente conturbado, na parte financeira, nas próprias iniciativas que
o governo Temer tem feito, com uma portaria limita a demarcação de terra. É
esse o contexto do presidente da Funai, que tem o orçamento reduzido”,
explica.
O
Cimi também chamou a atenção para a presença de Michel Temer, na sexta feira
passada (17), no ato de posse do novo presidente da Frente Parlamentar
Agropecuária (FPA), agora sob o comando do deputado federal Nilson Leitão
(PSDB-MT).
A
aproximação de Temer com a bancada ruralista é sinal de que cada vez mais as
demandas do agronegócio terão prioridade, em detrimento dos direitos dos povos
indígenas e das comunidades tradicionais. “Ele
(Temer) declara que quando olha para o futuro, ele olha os ruralistas, ou seja,
então se você trabalha para os ruralistas, você vira as costas para os povos
indígenas.”
Cimi: "Talvez ele pudesse deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar e mostrar para onde querem ir". |
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