A
Rede Antirracista Quilombação realizou no último dia 10 de dezembro o seu III
Seminário Internacional, com a participação de 70 pessoas, inclusive com falas
de representantes da entidade da Colômbia e da Bolívia. Ao final de um dia todo
de discussões, foi aprovada a “Carta do III Seminário” que reproduzimos abaixo:
Do
Portal Fórum
Os
presentes ao III Seminário Quilombação realizado no dia 10 de dezembro de 2016
em São Paulo, data em que se celebra os 68 anos da Declaração dos Direitos
Humanos, diante dos retrocessos políticos que o país vive, declaram o seguinte:
a-)
LIBERDADE PARA RAFAEL BRAGA, jovem negro trabalhador vítima do desrespeito aos
direitos humanos no país;
b-)
Opõem-se radicalmente ao governo golpista e ilegítimo de Michel Temer, imposto
por um golpe parlamentar-midiático-judicial que destituiu uma presidenta
legitimamente eleita pela população, com o objetivo de impor um ajuste
neoliberal que não recebeu o crivo das urnas. Deste ajuste neoliberal,
destacamos a emenda constitucional aprovada prestes a ser votada no Senado que
congela por 20 anos todos os investimentos públicos o que prejudicará as
políticas públicas de saúde, educação, assistência social. O governo ainda tem
tratado as manifestações populares com truculência, tendo como comandante uma
pessoa com nítidas posições autoritárias que está no Ministério da Justiça. Por
isto, FORA TEMER!
c-) Opõem-se a nova versão da Lei dos Sexagenários que é a proposta de reforma da Previdência que exigirá que um trabalhador que inicia sua vida laboral aos 14 anos, trabalhe por mais 51 anos para poder se aposentar, o que praticamente interdita este benefício para grande parte da população negra, pobre e da periferia que raramente chega a esta idade;
d-)
DENUNCIAR o processo de extermínio da população negra e pobre, expresso pelo
assassinato de jovens negros e negras nas periferias; violência contra a mulher
negra e todas as formas de violência sistêmica e assistêmica nas periferias que
são hoje territórios de morte, lugares onde se pratica a necropolítica
(política da morte). Opõem-se também a política de guerra às drogas e defendem
uma INICIATIVA NEGRA POR UMA NOVA POLÍTICA DE DROGAS. Os quilombativistas
reafirmam o seu lema: A DEMOCRACIA NÃO CHEGOU NA PERIFERIA;
e-)
Opõem-se a todo o sucateamento dos sistemas de benefícios sociais, do SUAS
(Sistema Único de Assistência Social), SUS (Sistema Único de Saúde), SINAPIR
(Sistema Nacional de Promoção de Igualdade Racial), SNC (Sistema Nacional de
Cultura), conquistas da população brasileira. Opõem-se também à retirada dos
conteúdos humanísticos do ensino básico e a proposta autoritária de movimentos
como “Escola Sem Partido” e o sucateamento das universidades públicas. Isto
porque UM POVO SEM MEMÓRIA NÃO É UM POVO LIVRE.
f-)
Opõem-se a toda a forma de violência física, psicológica, social contra a
mulher negra, que se concentra na base da pirâmide social e é a vítima do
sistema de opressão interseccional de classe, gênero e etnia.
g-)
Opõem-se a intolerância contra as religiões de matriz africana.
h-)
Defendem a autodeterminação dos povos de todo o mundo, em especial da América
Latina; defendem que se implementem as medidas de proteção das comunidades
afrodescendentes nos acordos de paz assinados na Colômbia; o direito dos povos
indígenas e camponeses na Bolívia.
A
DEMOCRACIA NÃO CHEGOU NA PERIFERIA. NEGRAS E NEGROS CONSTRUINDO UM PODER POPULAR.
Rede
Quilombação, 10 de dezembro de 2016.
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Mais de 70 pessoas participaram do evento. |
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