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Ellen Johnson Sirleaf, atual presidente da Libéria, discursando para a mídia em uma Conferência em Londres, no dia primeiro de novembro de 2012. (Fonte: Wikipédia). |
Do
Afreaka
A
União Interparlamentar (Interparliamentary Women Union) publicou, em primeiro
de outubro de 2014, um ranking da representação de mulheres em Parlamentos
nacionais. A classificação, realizada a partir dos dados informados por 189
parlamentos no mundo, evidencia um dado histórico e surpreendente: o país com a
maior representatividade feminina do mundo é um país africano – Ruanda -, com
63,8% das cadeiras. Entre os 10 primeiros, ainda se encontram mais três países
africanos: Seychelles (4º lugar) , com
43,8%; Senegal (6º lugar), com 43,3%; e a África do Sul (10º lugar), com 40,8%
das cadeiras parlamentares.
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Luisa Diogo, primeira ministra de Mocambique, no Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial, em 2009. (Fonte: Wikipédia). |
Muitos
outros países africanos aparecem na frente dos grandes democracias ditas
exemplos de consolidação democrática. Moçambique (14º lugar), Angola (19º),
Tanzânia (22º), Uganda (24º), Argélia (28º) e Zimbábue (29º) variam entre 40 a
30% de mulheres nas cadeiras parlamentares. Com exceção da Alemanha, que
aparece em 21º lugar, a maioria desses países aparece na frente da França, em
48º, do Reino Unido, em 64º lugar, e dos Estados Unidos, em 85º lugar. O
ranking evidencia um dos maiores desenvolvimentos da política africana: o
aumento considerável da participação feminina na vida política do continente.
Além
do aumento das cadeiras parlamentares, a participação das mulheres cresceu em
diversas outras frentes políticas: a Libéria elegeu, em 2005, Ellen Johnson
Sirleaf como a primeira mulher presidente do continente, Joyce Banda foi eleita
presidente da República do Malawi e Catherine Samba-Panza foi eleita presidente
interina da República Centro Africana. Além disso, o continente já teve 9
primeiras-ministras desde 1993 e 12 mulheres vice-presidentes desde 1975. Muitas outras ainda ocupam chefias de
ministério e posições de liderança em organizações políticas nacionais e
internacionais, como a sul-africana Nkosazana Dhlamini-Zuma, presidente da
Comissão da União Africana.
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Joyce Banda, presidente do Malawi de 2012 a 2014. (Fonte: Wikipedia). |
De
acordo com a pesquisadora Aili Mairi Tripp, o aumento da participação feminina
na África pode ser explicado por três fatores: a redução dos conflitos no
continente; a expansão de direitos civis, consequência das transições de
regimes autoritários para regimes híbridos pouco mais liberais, bem como da
emergência de movimentos feministas organizados e institucionalizados; e, por
fim, pressões externas de organizações não governamentais e organizações
internacionais, como a ONU.
Seguindo
na linha contrária do pessimismo que comumente se tem da política no
continente, os dados revelam que os países africanos têm sido capazes de
contornar seus obstáculos históricos e se posicionar como verdadeiros exemplos
para outras democracias no mundo. Convidam-nos, também, a refletir sobre os
aprimoramentos que as dinâmicas políticas e sociais próprias do continente têm
a acrescentar às instituições democráticas, possibilitando-nos, inclusive, de
encontrar soluções originais para antigos problemas.
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