O
que existe de mais atrasado, reacionário, vulgar na cena brasileira se reuniu
em torno do discurso de Francisco na Bolívia.
Olavo
de Carvalho, Silas Malafaia e Reinaldo Azevedo saíram dando tiros pouco
cristãos no papa.
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Papa faz discurso progressista e desagrada mídia fajuta e religiosos retrógrados. |
Não
surpreende, dadas as diferenças abissais de visão de mundo deles.
O
que causa estranheza é o tom de choque dos que atacaram o papa. É como se
Francisco tivesse dito o que disse – essencialmente, uma crítica à desigualdade
– pela primeira vez.
Ridículo.
Francisco
chegou ao Vaticano falando o que falou na Bolívia.
Você
pode julgar alguém pela qualidade do que diz e faz, ou pela falta de qualidade.
Ou
pode também julgar pela reação que provoca.
É
um tributo a Francisco o veneno que escorreu de OC, Malafaia e Azevedo.
Problema
teria sido eles aplaudirem.
Compare
os dois mundos, o de Francisco e o de seus críticos.
Qual
é mais cristão? Qual deriva dos ensinamentos de Cristo? Qual estende os braços
para os pobres, os miseráveis, os excluídos? Qual impõe limites aos predadores,
aos gananciosos, aos adoradores do dinheiro?
Coloquemos
as coisas assim: você preferiria viver num mundo com a cara de Fracisco ou num
mundo com a cara de Malafaia?
Olhemos
para os anti-Franciscos.
Olavo
de Carvalho é financiado pela plutocracia para defender seus interesses. Vive
num dolce far niente nos Estados Unidos, entre um hang out e outro com Lobão e
incursões ao Facebook e ao Twitter.
Silas
Malafaia explora gente inocente para viver uma vida opulenta. Prega o exato
oposto de Cristo: a intolerância.
Em
torno dele cresce um cansaço, uma irritação tão profunda que provocou júbilo
nacional, recentemente, uma sugestão para que fosse procurar uma rola.
Reinaldo
Azevedo é pago para escrever (e agora falar) coisas do interesse da
plutocracia. Como todos os outros pagos para fazer aquilo, vive das migalhas
que os plutocratas deixam para seus serviçais.
Para
ele, particularmente, devem ter descido pesado as palavras de Francisco sobre a
mídia.
Não
é possível desqualificá-las pelo método usual e primitivo: é coisa de petralha.
(Tolstoi não se gabava de haver escrito Guerra e Paz e Ana Karenina. Aliás, se
questionava. Mas Reinaldo Azevedo julga poder receber um Nobel por ter
alegadamente criado a palavra petralha.)
Francisco
condenou o monopólio da mídia, um novo tipo de “colonialismo ideológico”.
Quem
sabe agora, com o endosso papal, o governo se anime a colocar na agenda a
regulação da mídia, algo tão importante para a sociedade brasileira?
Francisco
é um exército de um homem só.
Como
tal, inspira tantos outros. Pouco antes de sua visita à América do Sul, a CNBB,
num documento, produziu uma extraordinária ofensiva contra a “politização da
Justiça”.
Alguém
falou em Lava Jato, em Moro etc?
Virou
“abstração”, disseram os bispos, o ideal de imparcialidade da Justiça.
Francisco
e seus garotos dizem as coisas como elas são, e por isso são tão preciosos.
Atraem
ódio, mas isso faz parte da vida de quem, como eles, combate o bom combate.
Eu gostava muito do Papa João Paulo II, porque pregou a paz por todos os países, mesmo aqueles de minoria católica. Já o Papa Francisco me conquistou pela humildade e também pelas sábias palavras e atitudes que contrariam o que muitos pregam!
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