Rejeitada
legitimamente há 24 horas, a redução da maioridade penal foi aprovada na
madrugada desta quinta-feira (2) na Câmara dos Deputados após uma manobra
antirregimental do presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
![]() |
Em menos de 24 horas, deputados mudam de posição e redução da maioridade é aprovada. |
A
proposta, que precisava alcançar 308 votos para ser aprovada, teve 323 votos a
favor, 155 contrários e 2 abstenções – na noite anterior, o placar havia sido
de 303 a 184. Por se tratar de tema que altera a Constituição,
a matéria ainda precisa ser apreciada em segundo turno para depois seguir ao
Senado Federal.
Com
a ajuda da oposição, Eduardo Cunha colocou em pauta uma emenda aglutinativa
sobre o mesmo assunto, com trechos da proposta já rejeitada no dia anterior e
apenas algumas mudanças. O texto aprovado sugere que adolescentes podem ser
punidos como adultos, a partir dos 16 anos, se cometerem crimes com “violência
ou grave ameaça, crimes hediondos, homicídio doloso, lesão corporal grave ou
lesão seguida de morte”. A diferença em relação ao texto rejeitado na madrugada
desta quarta-feira 1º é que foram excluídos da redução os crimes de tráfico e
roubo qualificado.
Golpe
A
manobra de se apreciar uma emenda aglutinativa semelhante a um texto já
reprovado em plenário foi classificada por alguns deputados como “golpe” ou
“pedalada regimental”. A líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), disse que a
“pedalada regimental” pode criar um precedente perigoso. Ela afirmou que as
mudanças regimentais podem gerar precedentes que hoje servem a um lado, mas, no
futuro, poderão ser utilizado por outros. “Se hoje serve a alguns, amanhã
servirá a outros. Ganhar no tapetão não serve a ninguém”, declarou.
O
deputado Glauber Braga (PSB-RJ) chegou a bater boca com o Cunha ao dizer que
pretende levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Isso aqui é o
parlamento, não é a casa de Vossa Excelência, onde o senhor manda e desmanda”,
ironizou. Mas o presidente da Câmara seguiu rebatendo e interrompendo os
argumentos contrários, de forma impaciente. “A Presidência não admite a falta
de respeito por parte do parlamentar. Vossa Excelência tem direito de ir ao
STF, como vários de vocês têm feito sem êxito”, minimizou o deputado.
O
PSOL chegou a divulgar uma nota explicativa sobre o que chamou de “golpe de
Eduardo Cunha”. “Essa emenda aglutinativa somente poderia ser votada após a
votação do texto principal, desde que ele fosse aprovado. Para que a emenda
fosse votada antes do texto principal, deveria ter sido feito, antes da votação
de ontem, um destaque de preferência para sua votação. Esse destaque, no entanto,
não foi feito”, diz comunicado publicado pelo partido.
Até
o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que já havia se
manifestado na noite anterior sobre a questão, criticou a manobra de Cunha.
“Matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada
não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, afirmou.
Só por uma noite
Vários
deputados fizeram menção à votação da reforma política, quando a proposta que
permitia o financiamento empresarial para candidatos e partidos foi derrotada
na madrugada, mas uma nova emenda permitindo o financiamento apenas para
partidos venceu a votação no dia seguinte.
“Qualquer
um que vença vossa excelência [o presidente da Câmara] vence por, no máximo,
uma noite. Porque se encerra a sessão e vossa excelência passa a madrugada
articulando a derrota da proposta vencedora”, afirmou o deputado Alessandro
Molon (PT-SP) ao criticar a nova votação.
Mudança de votos
Confira
a seguir os deputados que, em menos de 24 horas, mudaram os seus votos de ‘não’
ou ‘abstenção’ para ‘sim’ e ajudaram a aprovar a redução da maioridade penal em
primeiro turno:
DEM
Mandetta
(DEM-MS)
PDT
Abel
Mesquita (PDT-RR)
Marcelo
Matos (PDT-RJ) Abstenção para SIM
Subtenente
Gonzaga (PDT-MG)
PHS
Kaio
Maniçoba (PHS-PE)
PMDB
Celso Maldaner (PMDB-RJ)
Dulce
Miranda (PMDB-TO)
PP
Waldir
Maranhão (PP-MA)
PPS
Marcos
Abrão (PPS-GO)
Dr.
Jorge Silva (PPS-ES)
PSB
Heráclito
Fortes (PSB-PI) Abstenção para SIM
Paulo
Foletto (PSB-ES)
Tereza
Cristina (PSB-MS)
Valadares
Filho (PSB-SE)
PSC
Marcos
Reategui (PSC-AP)
PSDB
João
Paulo Papa (PSDB-SP)
Mara
Gabrilli (PSDB-SP)
PTB
Eros
Biondini (PTB-MG)
PV
Dr.
Sinval Malheiros (PV-SP)
Evair
de Melo (PV-ES)
Solidariedade
Expedito
Netto (Solidariedade-RO)
JHC
(Solidariedade-AL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!