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Movimento Negro se reúne com a presidenta Dilma Rousseff |
A
presidenta Dilma dissertou sobre a contribuição dos negros na construção da
nação Brasileira. Afirmou que as condições em que se deu a constituição do país
contribuíram para a subjugação da população afrodescendente. Alertou que a
história da população negra não está nas escolas, e que, até ela, só havia
acessado informações sobre o legado de resistência dessa população em seu curso
de pós-graduação. Ressaltou que tal realidade é inadmissível.
Em
seguida, fez um panorama do avanço das políticas públicas para população negra
no Brasil nos últimos dez anos. Disse que considerava um avanço importante o
reconhecimento das terras quilombolas no início da gestão do presidente Lula, e
que essas eram comunidades tão invisíveis para o governo que a metodologia
inicial de mapeá-las teve de se valer do programa Luz para todos, pois, entre a
maioria dos territórios onde faltavam serviços de atenção básica como
saneamento e energia elétrica, estavam os quilombos.
A
presidenta falou ainda que considerava um avanço a instituição de cotas raciais
nas universidades federais, a realização das conferências de promoção de
igualdade racial, as políticas de transferência de renda que têm beneficiado as
populações pobre e negra, e, por fim, falou dos cinco pactos do governo
federal: 1. Responsabilidade fiscal, 2. Plebiscito/Reforma política, 3. Saúde,
4. Mobilidade e 5. Educação. Quanto a isso, pediu o apoio das entidades negras
ali presentes no sentido de contribuir para o fortalecimento da agenda em nível
nacional.
Mais
uma vez saudou os presentes e passou a palavra para nossos representantes.
O primeiro a falar foi Edson Santos, diretor da Unegro,
organização que tem cadeira no CNPIR. Ele discorreu sobre a reforma política,
disse que a organização da qual faz parte realizou em 2012 uma pesquisa nas
câmaras de vereadores, de deputados e no senado brasileiro para fazer um
mapeamento da presença de parlamentares negros e que o resultado da pesquisa
foi alarmante, por constatar a baixíssima representação desse segmento
populacional nesses espaços do Legislativo. Pontuou com a Presidenta Dilma que
não seria possível fazer reforma política sem assegurar condições equânimes de
participação da população negra.
A segunda pessoa a falar foi Flavio Jorge, da Conen,
organização que também tem assento no CNPIR, que fez um apanhado das questões
que tínhamos elencado na carta protocolada à presidência e discorreu sobre a importância
das questões assinaladas. Deu um panorama da atuação das organizações de
movimento negro no brasil, e ressaltou a importância dessas no processo de
conquista de direitos. Pontuou a importância daquele encontro não se encerrar
ali e pediu que a presidenta Dilma comprometesse os ministros encaminhando
nossas solicitações, uma a uma, para cada pasta citada.
O terceiro a falar foi o conselheiro do CNPIR pela
Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Arilson
Ventura, que leu um manifesto onde dizia que, enquanto o poder público tinha
mapeado cerca de três mil comunidades quilombolas, nós já sabíamos da
existência de números que extrapolavam mais do que o dobro do relatado. Afirmou
novamente que os serviços básicos de infraestrutura não passam por esses
territórios, conclamou a presidenta a se posicionar no que diz respeito à briga
contra os latifundiários e fez denúncias da violência cometida pelo próprio
Estado em situações de conflito com estas comunidades.
A quarta pessoa a falar foi a conselheira do CNPIR Kika
(Valkiria Souza)pelo Centro de Africanidade e Resistência Afro-brasileira
(CENARAB) , que defendeu o Estado laico, falou das inúmeras violências sofridas
pelo povo de santo, criticou o fortalecimento das igrejas neopentecostais por
meio do Estado, falou da vulnerabilidade da mulher negra no âmbito social e pontuou que este é o grupo
mais acometido por violências no país. Denunciou que o genocídio da juventude
negra, na medida em que ceifa a vida dos homens jovens, atinge a organização da
vida de muitas outras mulheres, mães,
filhas, avós, esposas, namoradas, vítimas indiretas desses crimes. Por
fim, apresentou todas as mulheres que estavam no recinto e fez questão de
afirmar a autonomia e o protagonismo das mulheres negras nos processos de lutas
históricas do país.
A quinta pessoa a falar foi o conselheiro Clédisson Geraldo
dos Santos Júnior, do Coletivo Nacional de Juventude Negra do PT –
Enegrecer, que fez um panorama da
participação dos jovens negros na construção da democracia do país. Discorreu
sobre as brechas do programa Juventude Viva, denunciou o auto de resistência,
apelou para que a presidência se pronunciasse contra a redução da maior idade
penal e defendeu a desmilitarização da polícia.
A sexta pessoa a falar foi Ana Flávia Magalhães Pinto,
integrante do Coletivo Pretas Candagas e da Campanha A Cor da Marcha, que
discorreu sobre Comunicação, Educação e Saúde. Saudou a memória de todas as
pessoas negras que historicamente lutaram, as que atualmente lutam e as que
virão para fortalecer o combate à desigualdade racial no Brasil e no Mundo.
Apresentou
a carta protocolada na Presidência e defendeu mais uma vez a importância do
encaminhamento das solicitações ali registradas. Denunciou o apagamento dos
sujeitos históricos negros na luta por cidadania, desde o período da
Independência. Defendeu a criação de uma lei de mídia democrática, de modo a
fortalecer a agenda de democratização da comunicação e a garantia de acesso e
participação da população negra nos meios de comunicação.
No
item Educação, defendeu a criação cotas em programas de bolsas para estudantes
negros na graduação e na pós-graduação; o estabelecimento de uma ação
afirmativa pelo fortalecimento da inserção de estudantes negros no Programa
Ciências sem Fronteiras. Alertou para a urgência de uma ação no MEC voltada
para o mapeamento e a divulgação das recentes pesquisas que tratam das formas
de resistência negra no período escravista e no pós-abolição. Defendeu o real fortalecimento institucional
da implementação da Lei n. 10.639.
Quanto
à Saúde, alertou para importância estratégica de fortalecimento institucional
da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, na medida em que 70%
dos usuários do SUS são negros. As tentativas de desmantelamento do SUS, portanto,
devem ser enfrentadas como uma das mais ferozes demonstrações de Racismo
Institucional. Por fim, reafirmou a urgência da regularização e fortalecimento
dos programas de proteção a testemunhas e dos programas nacionais de
defensores/as de direitos humanos.
Estiveram
na reunião:
Ana
Flávia Magalhães Pinto – Coletivo Pretas Candangas / Campanha A Cor da Marcha
Angela
Maria da Silva Gomes – CNPIR
Arilson
Ventura – CONAQ / CNPIR
Cida
Abreu – Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT
Cledisson
Geraldo dos Santos Júnior – ENEGRECER / CNPIR
Edson
França – UNEGRO / organização com assento no CNPIR
Estela
Maris Cardoso – Fórum de Mulheres Negras / CNPIR
Flávio
Jorge – CONEN / organização com assento no CNPIR
Frei
David – EDUCAFRO / CNPIR
Helcias
Roberto Paulino Pereira – APNs
Ivanir
dos Santos – CEAP / organização com assento no CNPIR
João
Carlos Borges Martins – ANCEABRA
José
Vicente – Faculdade Zumbi dos Palmares
Marcos
Rezende – CEN
Maria
da Conceição Lopes Fontoura – Maria Mulher / AMNB / CNPIR
Paulino
de Jesus Cardoso – ABPN / CNPIR
Sueide
Kintê – Instituto Flores de Dan / Articulação Mulheres & Mídias Bahia
Valdecir
Pedreira do Nascimento – Instituto Odara / CNPIR
Valkiria
de Sousa Silva – CENARAB / CNPIR
Via
Religiões Afro Brasileiras e Política/Racismo Ambiental (com adaptações deste Blog)
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