Conselho Nacional de Educação vota hoje a Base Nacional Comum do Ensino Médio


(Foto: Reprodução).

O Conselho Nacional de Educação (CNE) vota hoje (4) a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. O documento vai definir o conteúdo mínimo a ser ensinado em todas as escolas do país nas escolas públicas e privadas.

A BNCC deverá ter como norte o novo ensino médio, que, entre outras medidas, determina que os estudantes tenham, nessa etapa de ensino, uma parte do currículo comum e outra direcionada a um itinerário formativo, escolhida pelo próprio estudante, cuja ênfase poderá ser em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico.

A versão da BNCC apresentada pelo MEC e em discussão contém a parte comum para todos os estudantes do ensino médio. A pasta discute ainda o mínimo a ser aprendido em cada itinerário formativo, que pode ser escolhido pelos estudantes.

No ano passado foi aprovada a BNCC para o ensino infantil e fundamental. Esse documento já está em discussão em estados e municípios, que deverão definir a aplicação.

A discussão da construção da BNCC foi conturbada. Começou a ser discutida no governo de Dilma Rousseff, e com o impeachment, o documento foi modificado pelo governo de Michel Temer, o que gerou uma série de protestos. (Com informações da Agência Brasil).

Boulos articula frente ampla com partidos de esquerda, movimentos sociais, juristas e artistas


Boulos e Haddad. (Foto: Reprodução/Revista Fórum).

Diante da possibilidade de construção de uma frente de partidos de esquerda sem o PT no Congresso Nacional, o ex-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, procurou dirigentes de PC do B, PSB, PDT, PT e Rede para formar o que chama de frente ampla pela democracia.

A proposta de Boulos é juntar lideranças dos seis partidos e também de movimentos sociais, grupos de juristas e artistas na defesa de temas comuns para atuarem além do Congresso.
Se Boulos tiver sucesso, a frente deverá ser lançada em um ato em São Paulo, no início de 2019, com a presença de nomes como Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), além dele próprio.
Frente sem PT

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, chegou a ironizar, durante encontro com as bancadas do PT da Câmara e do Senado, em novembro em Brasília, a tentativa de criação de um bloco de oposição a Bolsonaro sem a participação de seu partido.

Frente de esquerda sem o PT ou é miopia ou uma esquerda que não é tão esquerda assim”, disse. (Com informações da Revista Fórum e do Painel, da Folha).

“Questionar as cotas ou é ignorância ou é má-fé”, diz filósofa e escritora Sueli Carneiro


Sueli Carneiro. (Foto: Reprodução/Revista Trip).

Sueli Carneiro é uma das principais lideranças do movimento feminista e negro do Brasil. Filósofa, doutora em educação e escritora, ela milita nesta área há mais de três décadas e é uma das fundadoras do Geledés – Instituto da Mulher Negra, organização que comemora em 2018 trinta anos de fundação.

Por toda sua contribuição na luta contra o racismo e o sexismo, Sueli é uma das homenageadas do Trip Transformadores 2018, premiação que aconteceu na ultima quinta-feira, dia 22 de novembro. Na conversa com o Trip FM, Sueli reflete sobre as particularidades do racismo no Brasil.



Mia Couto: “a pressa em mostrar que não se é pobre é, em si mesma, um atestado de pobreza”


Mia Couto. (Foto: Reprodução/Pensar Contemporâneo).

Trecho de discurso proferido por Mia Couto na abertura do ano letivo do Instituto Superior de Ciências e Técnologia de Moçambique:

A pressa em mostrar que não se é pobre é, em si mesma, um atestado de pobreza. A nossa pobreza não pode ser motivo de ocultação. Quem deve sentir vergonha não é o pobre mas quem cria pobreza.


Vivemos hoje uma atabalhoada preocupação em exibirmos falsos sinais de riqueza. Criou-se a ideia que o estatuto do cidadão nasce dos sinais que o diferenciam dos mais pobres.

Recordo-me que certa vez entendi comprar uma viatura em Maputo. Quando o vendedor reparou no carro que eu tinha escolhido quase lhe deu um ataque. “Mas esse, senhor Mia, o senhor necessita de uma viatura compatível”. O termo é curioso: “compatível”.

Estamos vivendo num palco de teatro e de representações: uma viatura já é não um objecto funcional. É um passaporte para um estatuto de importância, uma fonte de vaidades. O carro converteu-se num motivo de idolatria, numa espécie de santuário, numa verdadeira obsessão promocional.

Esta doença, esta religião que se podia chamar viaturolatria atacou desde o dirigente do Estado ao menino da rua. Um miúdo que não sabe ler é capaz de conhecer a marca e os detalhes todos dos modelos de viaturas. É triste que o horizonte de ambições seja tão vazio e se reduza ao brilho de uma marca de automóvel.

É urgente que as nossas escolas exaltem a humildade e a simplicidade como valores positivos.

A arrogância e o exibicionismo não são, como se pretende, emanações de alguma essência da cultura africana do poder. São emanações de quem toma a embalagem pelo conteúdo.” (Com informações do Pensar Contemporâneo).

Este discurso fora integralmente publicado na obra “E se Obama fosse africano?”

A literatura militante de Lima Barreto


A matéria prima da ficção de Lima Barreto era a realidade que o cercava / Reprodução.

O povo brasileiro com acesso à literatura teve um excelente reencontro com o escritor Lima Barreto em 2017. Em virtude do lançamento da biografia feita por Lilia M. Schawrcz e a edição da Feira Literária de Paraty (FLIP), a obra e a vida do autor carioca ficaram em evidência. Não poderia ter tempo melhor para uma redescoberta. Em uma época em que nos defendemos da naturalização do preconceito, fazer referência a Lima Barreto é um exercício de resistência e uma forma de reacender o papel militante da literatura.

O pensamento hegemônico, na época em que Lima Barreto produziu os seus livros, era o darwinismo social, conceito que justificava cientificamente o racismo. Num claro sinal de autonomia intelectual, o escritor tratou o racismo e o negro na literatura com olhar mais contundente, o que fez ele sair do comum, sobretudo por se autodeclarar um intelectual negro numa cena marcada pela hegemonia europeia. Nascido no final do século XIX, Afonso Henriques Lima Barreto era herdeiro de uma negra alforriada e um tipógrafo, trabalhou no serviço público, teve problemas com o álcool, foi vítima de racismo e, ainda assim, escreveu obras importantes como Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) e Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915).

A matéria prima da ficção de Lima Barreto era a realidade que o cercava. Ele abordou novos cenários (narrou o subúrbio) e personagens (Isaías Caminha, um jovem negro como protagonista). Combateu a injustiça social, os privilégios da classe política, a violência contra mulher, o planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro e o papel do negro na sociedade brasileira. Deu espaço para os esquecidos e os comuns.

Para ele, a literatura tinha uma missão. Talvez por isso tenha vivido um isolamento artístico, não compondo o cânone literário nacional por um bom tempo. Foi, injustamente, esquecido. Tempos depois, na década de 1950, teve seu primeiro redescobrimento. Francisco de Assis Barbosa escreveu A vida de Lima Barreto (1952) e o resgatou do desprezo literário. Agora, com o livro de Schawarcz, em que é visto como Triste Visionário, ele retoma o fôlego e, sabiamente, continua nos lembrando da missão da literatura neste mundo: nos salvar do preconceito, da injustiça social e combater todo tipo de opressão. (Com informações do Brasil de Fato).

FHC afirma que sai do PSDB se partido integrar governo Bolsonaro


(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, em entrevista publicada na revista Veja, nesta sexta-feira (30) que, “se o PSDB virar uma sublegenda do governo, qualquer governo, estou fora”, disse.

FHC disse ainda que “se o PSDB cometer o erro de ser uma sublegenda do governo, acabou. É mais um. Se ele fizer, pelo lado contrário, oposição sistemática estilo PT, também acabou. Ou ele atua realmente como centro radical, na forma como eu defini, ou ele não tem mais sentido”, explicou.

FHC aproveitou a entrevista para fazer autocrítica: “Perdemos a eleição por erros também nossos. Temos de ser capazes de fazer autocrítica. Sobreviver porque vai ter um carguinho, sobrevive-se, mas com migalhas. Não com voto da maioria, não com o coração nem com a mente da maioria. Ah, para que vou me meter nisso a esta altura da vida?”, perguntou.

O ex-presidente elogiou também os movimentos que surgiram nessas eleições como o RenovaBR, de Luciano Huck e o Agora, que teve como um dos fundadores o produtor Alê Youssef: “esses movimentos que apareceram nestas eleições, o Agora, o RenovaBR, o Acredito, são muito importantes, porque é uma nova geração que surge. E chegou o momento em que a geração que estava no mando precisa passar o bastão — não a geração à qual eu pertenço, que já está há muito tempo fora”, sentenciou.

Sobre a possibilidade de endurecimento do regime com a eleição de Jair Bolsonaro, FHC acredita que não é possível: “olha, os dois lados estão inventando fantasmas. Um vê fascismo, o outro acha que o comunismo está à porta. Isso era na época da Guerra Fria, quando o comunismo existia, havia a União Soviética. Onde está isso hoje?”, e completou: “o importante é entender que o momento que vivemos não tem nada a ver com o que ocorreu em 1964. É outro momento. As Forças Armadas não estão pressionando pelo autoritarismo”, encerrou. (Com informações da Revista Fórum).


Unesco reconhece. Reggae agora é Patrimônio Cultural da Humanidade


Edson Gomes é um dos responsáveis pela disseminação do reggae no Brasil. (Foto: Reprodução/Hypeness).

Demorou, mas o reggae entrou na lista de Patrimônio Imaterial da Unesco. O ritmo imortalizado pelo grande Bob Marley a partir da década 1960, foi descrito pela organização como um gênero musical criado em um espaço cultural de grupos marginalizados de Kingston, na Jamaica e imprescindível para o debate de questões como a injustiça, a resistência, amor e humanidade.

O reggae possui influências marcantes da música africana, caribenha e o blues norte-americano. O estilo está associado ao desenvolvimento progressivo do ska e do rocksteady na Jamaica da década de 1960.

A ascensão do reggae se deu, sobretudo, pelo sucesso do The Wailers, grupo formado por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer. O conjunto montado em 1963 é conhecido por abarcar os três estágios da evolução do gênero. O repertório apresenta hits do ska, como Simmer Down, uma pegada rocksteady, para desaguar no reggae.

É preciso lembrar também as contribuições de Alpha Blondy, Jimmy Cliff, Judy Mowatt, entre outros. Claro que Bob Marley é a grande estrela e o principal embaixador do reggae. Na década de 1970, o jamaicano chamou o protagonismo pra si.

Bob cruzou os quatro cantos do planeta disseminando mensagens de paz, incentivando o orgulho negro, ao mesmo tempo em que propunha um levante social contra os sistemas de opressão.

Em tempo, a crítica social é o grande diferencial do reggae. Ao cantar contra a desigualdade, fome, racismo e outros problemas sociais, inspira o desenvolvimento de cabeças pensantes. Nesse sentido, o estilo se assemelha muito com o rap.

"Emancipem-se da escravidão mental
Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossa mente
Não tenha medo da energia atômica
Porque nenhum deles pode parar o tempo

Por quanto tempo vão matar nossos profetas
Enquanto ficamos parados olhando? uh!
É, alguns dizem que é só uma parte disso
Temos que completar o livro”.

- Bob Marley em Redemption Song

Movimento Rastafári

A estética é outro elemento do reggae. Ela está presente nas cores verde, amarelo e vermelho e também nos dreadlocks. No caso do cabelo, a opção vai além do estilo. Os locks são símbolo de resistência. Os dreads possuem ligação direta com África e a luta de negras e negros pela afirmação de sua cultura.

As madeixas de foram adotadas por seguidores do Movimento Rastafári.  O rastafarianismo é uma expressão religiosa nascida na África na década de 30 do século 20. Os seguidores adoram Haile Selassie, primeiro imperador negro a governar um país africano. Seu reino se deu na Etiópia entre 1930 e 1974 e ele é considerado a manifestação ressurrecta de Yahshya (Jesus), sendo, portanto, a reencarnação de Jah (Jeovah ou Deus).

Os dreads desembarcaram nas Américas a partir da Jamaica. Em agosto de 1834, após o fim da escravidão, eles se popularizaram. O estilo foi adotado por ex-escravizados como forma de afirmar sua cultura diante da sociedade.

Vem me regar, mãe!

O reggae é super popular no Brasil, especialmente nos estados nordestinos do Maranhão e Bahia. São Luís se tornou a capital do reggae na década de 1980. A  Jamaica Brasileira nasceu com a chegada de marinheiros ao porto da capital maranhense com discos trazidos da Jamaica. Pelo menos é o que reza a lenda.

Ao G1, o antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Benedito Rodrigues da Silva, aponta um caminho diferente. O docente explica que as pessoas que foram trazidas escravizadas para o Maranhão e para a Jamaica pertenciam aos mesmos grupos, daí o gosto pelo reggae.

Tem algumas semelhanças dos quilombolas jamaicanos com os encontrados no Maranhão, e também nos ritmos jamaicanos com os ritmos do tambor de crioula. Possivelmente essas pessoas foram trazidas do mesmo lugar”, pontua.

Na Bahia, o movimento tem como referência o cantor Edson Gomes, autor de sucessos como Árvore e Camelô. O gênero se faz presente nas ruas de Salvador, tocando nas caixinhas de som de vendedores ambulantes e animando festas na praia. Tudo a ver com o sol dominante e o céu azul da boa terra.

Gilberto Gil chegou a gravar um disco homenageando a carreira de Bob Marley. O baiano produziu o álbum em Kingston, na Jamaica, ao lado de nomes como Rita Marley, Judy Mowatt e Marcia Griffiths, as I Threes. (Com informações do Hypeness).


O SUS sobreviverá à era Bolsonaro?


Multirão na Bahia. (Foto Públicas/Reprodução/CartaCapital).

Três décadas depois da sua criação, o Sistema Único de Saúde entra na fase mais crucial da sua história. Embora repleto de problemas, principalmente nos grandes centros urbanos, e historicamente subfinanciado, o SUS está entre os modelos mais abrangentes de atendimento no planeta. Cerca de 70% da população brasileira depende exclusivamente do serviço público e muitos tratamentos de alta complexidade só são oferecidos pela rede estatal.

O embate com Cuba no caso do programa Mais Médicos e a escolha do deputado Luiz Henrique Mandetta para o Ministério da Saúde indicam, porém, um propósito de desmonte do SUS a partir de janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro recebe a faixa presidencial de Michel Temer.
Apesar de ter prometido respeitar a Constituição, Bolsonaro não mede as consequências de suas diatribes ideológicas. O caso do Mais Médicos é sintomático. A partida dos cerca de 8 mil profissionais cubanos vai deixar, ao menos temporariamente, 2,8 mil municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas sem atenção básica de saúde, um dever do Estado, estabelece a Carta Magna.

O futuro ministro da Saúde, ortopedista e deputado federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul (não reeleito para o próximo quadriênio), não parece preocupado. Uma de suas primeiras declarações após o anúncio de sua indicação, na terça-feira (20), teve um alto teor político.

“Esse era um dos riscos de se fazer um convênio terceirizando uma mão de obra tão essencial. Os critérios, à época, me parecem que eram muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil, porque não houve uma tratativa bilateral. Mas sim uma ruptura”, disse Mandetta.

A indicação do deputado para o segundo ministério com maior orçamento em 2019, 128 bilhões de reais, contou com o apoio da Frente Parlamentar da Saúde, de entidades da área médica e dos hospitais filantrópicos, como as Santas Casas – após o atentado à faca, Bolsonaro foi operado emergencialmente na unidade de Juiz de Fora (MG), que acaba de receber o repasse de 2 milhões de reais via emenda parlamentar do ainda deputado e presidente eleito.