Lula deixa sindicato a pé e se entrega à PF




Após intensa resistência dos apoiadores que desde a noite da quinta-feira 5 cercam a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Lula saiu a pé do prédio rumo a uma viatura da Polícia Federal estacionada nas imediações.

Em meio a grande confusão, ele entrou em uma porta da gráfica do sindicato e se apresentou à PF. O ex-presidente negociou até o último minuto para impedir um confronto entre os militantes e a Polícia Militar, que estava no local.

O comboio de veículos, que não estavam caraterizados como viaturas tradicionais da PF, chegou à Superintendência da corporação em São Paulo, no bairro da Lapa. No local, manifestantes contrários e favoráveis ao ex-presidente aguardavam a chegada das viaturas.

Lula fez o exame de corpo de delito na sede da PF em São Paulo e segue de helicóptero neste momento ao aeroporto de Congonhas, onde um avião da Força Aérea Brasileira aguarda no local para levá-lo à Curitiba. Não se sabe, porém, se a viagem ocorrerá mesmo hoje.

Há um grupo de manifestantes no aeroporto. Há 14 viaturas da Força Tática da PM pouco atrás de onde a militância se reúne.

O petista tentara deixar o local e cumprir o acordo com a PF por volta das quatro da tarde, de carro, mas foi impedido por uma multidão. O portão do sindicato chegou a ser arrancado pelos militantes e o ex-presidente viu-se obrigado a sair do automóvel, no qual estava acompanhado do advogado Cristiano Zanin, e retorna ao prédio. Uma nova negociação teve início, ante a ameaça da chegada da PM.

Um pouco antes das seis da tarde, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, procurava acalmar a militância enfurecida, que, além de impedir a saída de Lula, gritava palavras de ordem e ameaçava jornalistas escalados para a cobertura. "A coisa que eu mais queria era fechar esse sindicato e resistir, era enfrentar a polícia", discursou a senadora. "Mas o Lula decidiu se entregar e a escolha dele precisa ser respeitada. A consequência é a polícia vir aqui dar porrada na gente. A polícia deu meia hora para a gente resolver. Quem vai sofrer as consequências não somos nós, mas o Lula".

Aos apelos de Hoffmann, a multidão respondia: "Não tem arrego". Ao anúncio da iminente chegada da tropa de choque da PM, retrucavam: "Deixa vir".

Segundo Marco Aurélio de Carvalho, advogado do Movimento de Juristas pela Democracia, caso a PM viesse a agir, seria de maneira ilegal: "O presidente Lula entrou em contato com as autoridades e está negociando, mas não tem controle sobre este movimento. Não há resistência por parte dele".

A negociação com a PF previa que o ex-presidente deixasse o Sindicato dos Metalúrgicos após a missa em homenagem ao aniversário de sua mulher, Marisa Letícia, falecida em fevereiro de 2017. Ela completaria 68 anos neste sábado 7.

A cerimônia foi longa e terminou de maneira emblemática, com Lula nos braços da multidão após um discurso no qual fez questão de demonstrar firmeza e confiança.

"Eu vou enfrentá-los no olho por olho. Quanto mais dias eles me prenderem, mais Lulas vão nascer nesse país. Se dependesse da minha vontade, não iria, mas eu vou. Eu não estou escondido e vou lá nas barbas deles, para que eles saibam que eu não tenho medo", declarou.

O ex-presidente agradeceu a cada um dos parlamentares, sindicalistas e manifestantes que lhe deram apoio e atacou o Ministério Público Federal, o juiz Sérgio Moro e principalmente a mídia, em especial a Rede Globo. "O sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Eu fico imaginando o tesão da Veja, da Globo. Eles vão ter orgasmos múltiplos."

Após o discurso do ex-presidente, os militantes passaram a se aglomerar em frente aos portões de saída do Sindicato dos Metalúrgicos. A militância ocupou a parte interna da garagem, entre o portão e o pano amarelo que impede de ver o interior. Os manifestantes passaram a cerca todo o perímetro do sindicato.

O temor dos advogados e de auxiliares próximos é de que a demora em se entregar à PF leve o juiz Sergio Moro a decretar a prisão preventiva, o que elimina qualquer outro chance de impetrar um habeas corpus, embora as frustrantes incursões no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal indiquem que a única esperança de Lula resida no julgamento das ações declaratórias de constitucionalidade que questionam a autorização de prisão a partir de decisão da segunda instância pelo plenário do STF.

Há uma disposição dos movimentos sociais e da militância de não deixar transparecer que a prisão do ex-presidente será aceita pacificamente. A Central Única dos Trabalhadores anunciou uma vigília permanente em frente à sede da Polícia Federal do Paraná e atos Brasil afora. O deputado federal Paulo Teixeira declarou: "O Brasil desse dia de hoje para frente mudou. O presidente Lula nos pertence e nós vamos parar o País a partir de amanhã". (Com informações de CartaCapital).

Confira integra do discurso histórico de Lula em São Bernardo


Lula é carregado pelo povo após discurso em São Bernardo. (Foto: Divulgação).


Na tarde deste sábado (7), em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou seu último discurso antes de se apresentar à Policia Federal para cumprir o mandado de prisão emitido pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro nesta semana. A milhares de pessoas que o acompanhavam desde sexta-feira em vigília, Lula, emocionado, relembrou o início de sua vida política no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e enviou uma mensagem de motivação para os que acreditam em seu projeto político.

Confira abaixo a transcrição do discurso histórico:

"Em 1979, esse sindicato fez uma das greves mais extraordinárias. E nós conseguimos fazer um acordo com a indústria automobilística que foi talvez o melhor possível. E eu tinha uma comissão de Fábrica com 300 trabalhadores. O acordo era bom. E eu resolvi levar o acordo para Assembleia. E resolvi pedir pra comissão de fábrica ir mais cedo para conversar com a peãozada. Eu fazia assembleia de manhã pra evitar que o pessoal bebesse um pouquinho a tarde, porque quando a gente bebe um pouquinho, a gente fica mais ousado.

Mesmo assim não evitava, porque o cara levava litro de conhaque dentro da mala e, quando eu passava, tomava uma ‘dosinha’ para a garganta ficar melhor - coisa que não aconteceu hoje.

Pois bem, nós começamos a colocar o acordo em votação e 100 mil pessoas no Estádio da Vila Euclides não aceitavam o acordo. Era o melhor possível. A gente não perdia dia de férias, não perdia décimo terceiro e tinha 15% de aumento. Mas a peãozada 'tava' tão radicalizada que queria 83% ou nada. E não conseguimos. E passamos um ano sendo chamado de pelego pelos trabalhadores. A gente, Guilherme, ia na porta de fábrica… [Lula começa a fazer saudações diversas]. Então, companheiros e companheiras, nós conseguimos… os trabalhadores não aprovaram o acordo… [interrupção para atendimento médico a pessoa na multidão]. 

Eu ia dizendo pra vocês que nós não conseguimos aprovar a proposta que eu considerava boa e o pessoal então passou a desrespeitar a diretoria do Sindicato. Eu ia na porta da fábrica e ninguém parava.

E a imprensa escrevia: “Lula fala para os ouvidos moucos dos trabalhadores”.

Nós levamos um ano para recuperar o nosso prestígio na categoria. E eu fiquei pensando com ar de vingança: “Os trabalhadores pensam que eles podem fazer 100 dias de greve, 400 dias de greve, que eles vão até o fim. Pois eu vou testá-los em 1980”.

E fizemos a maior greve da nossa história. A maior greve. 41 dias de greve. Com 17 dias de greve, fui preso. Os trabalhadores começaram, depois de alguns dias, a furar greve. Eu sei que Tuma, eu sei que o doutor Almir e eu sei que o Teotônio Vilela iam dentro da cadeia e falavam assim pra mim: “Ô, Lula, cê precisa acabar com a greve, cê precisa dar um conselho para acabar com a greve”. E eu dizia: “Eu não vou acabar com a greve. Os trabalhadores vão decidir por conta própria”.

O dado concreto é que ninguém aguentou 41 dias porque, na prática, o companheiro tinha que pagar leite, tinha que pagar a conta de luz, tinha que pagar gás, a mulher começou a cobrar o dinheiro do pão, ele então começou a sofrer pressão e não aguentou. Mas é engraçado porque, na derrota, a gente ganhou muito mais sem ganhar economicamente do que quando a gente ganhou economicamente. Significa que não é dinheiro que resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o que está embutido de teoria política, de conhecimento político e de tese política numa greve.

"Significa que não é dinheiro que resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o que está embutido de teoria política, de conhecimento político e de tese política numa greve"

Agora, nós estamos quase que na mesma situação. Quase que na mesma situação. Eu tô sendo processado e eu tenho dito claramente: “O processo do meu apartamento, eu sou o único ser humano que sou processado por um apartamento que não é meu”. E ele sabe que o Globo mentiu quando disse que era meu. A Polícia Federal da Lava Jato, quando fez o inquérito, mentiu que era meu. O Ministério Público, quando fez a acusação, mentiu dizendo que era meu. E eu pensei que o Moro ia resolver e ele mentiu dizendo que era meu e me condenou a nove anos de cadeia.

É por isso que eu sou um cidadão indignado, porque eu já fiz muita coisa com meus 72 anos. Mas eu não os perdoo por ter passado para a sociedade a ideia de que eu sou um ladrão. Deram a primazia dos bandidos fazerem um pixuleco pelo Brasil inteiro. Deram a primazia dos bandidos chamarem a gente de petralha. Deram a primazia de criar quase um clima de guerra, negando a política nesse país. E eu digo todo dia: nenhum deles, nenhum deles, tem coragem ou dorme com a consciência tranquila da honestidade, da inocência que eu durmo. Nenhum deles. [Aplausos].

Eu não estou acima da Justiça. Se eu não acreditasse na Justiça, eu não tinha feito partido político. Eu tinha proposto uma revolução nesse país. Mas eu acredito na Justiça, numa Justiça justa, numa Justiça que vota um processo baseado nos autos do processo, baseado nas informações das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do crime.

O que eu não posso admitir é um procurador que fez um Powerpoint e foi pra televisão dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante desse partido, o Lula é o chefe e, portanto, se o Lula é o chefe, diz o procurador, “eu não preciso de provas, eu tenho convicção”. Eu quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas deles, para os asseclas dele e não para mim. Certamente, um ladrão não estaria exigindo prova. Estaria de rabo preso com a boca fechada torcendo para a imprensa não falar o nome dele.

Eu tenho mais de 70 horas de Jornal Nacional me triturando. Eu tenho mais de 70 capas de revista me atacando. Eu tenho milhares de páginas de jornais e matérias me atacando. Eu tenho mais a Record me atacando. Eu tenho mais a Bandeirantes me atacando, eu tenho a rádio do interior me atacando. E o que eles não se dão conta é que, quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro.

"E o que eles não se dão conta é que, quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro"

Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria que ele me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já desafiei os juízes do TRF4 que eles fossem prum debate na universidade que eles quiserem, no curso que eles quiserem, provar qual é o crime que eu cometi nesse país. E eu, às vezes, tenho a impressão - e tenho a impressão porque eu sou um construtor de sonhos. Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível governar esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na economia, envolvendo milhões de pessoas nas universidades, criando milhões e milhões de empregos nesse país. Eu sonhei, eu sonhei que era possível um metalúrgico, sem diploma universitário, cuidar mais da educação que os diplomados e concursados que governaram esse país. Eu sonhei que era possível a gente diminuir a mortalidade infantil levando leite feijão e arroz para que as crianças pudessem comer todo dia. Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los nas melhores universidades desse país para que a gente não tenha juiz e procuradores só da elite. Daqui a pouco vamos ter juízes e procuradores nascidos na favela de Heliópolis, nascidos em Itaquera, nascidos na periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT formados.

Esse crime eu cometi.

Eu cometi esse crime e eles não querem que eu cometa mais. É por conta desse crime que já tem uns dez processos contra mim. E se for por esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo criminoso nesse país porque vou fazer muito mais. Vou fazer muito mais. [Povo começa a gritar “Lula, guerreiro do povo brasileiro]

"Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los nas melhores universidades desse país para que a gente não tenha juiz e procuradores só da elite"

Companheiros e companheiras, eu, em 1986, fui o deputado constituinte mais votado na história do país. E, na época, havia uma desconfiança de que só tinha poder no PT quem tinha mandato.. Quem não tivesse mandato era tido… [começa a fazer saudações]. Então companheiros, quando eu percebi que o povo desconfiava que só tinha valor no PT quem era deputado, Manuela e Guilherme, sabe o que eu fiz? Deixei de ser deputado. Porque eu queria provar ao PT que ia continuar sendo a figura mais importante do PT sem ter mandato. Porque se alguém quiser ganhar de mim no PT só tem um jeito: é trabalhar mais do que eu e gostar do povo mais do que eu, porque, se não gostar, não vai ganhar.

Pois bem: nós agora estamos num trabalho delicado. Eu talvez viva o momento de maior indignação que um ser humano vive. Não é fácil o que sofre a minha família. Não é fácil o que sofrem meus filhos. Não é fácil o que sofreu a Marisa. E eu quero dizer que a antecipação da morte da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério Público fizeram contra ela. Eu tenho certeza. Essa gente eu acho que não tem filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe ou um pai quando vê um filho massacrado, quando vê um filho sendo atacado.

Eu então, companheiros, resolvi levantar a cabeça. Não pense que eu sou contra a Lava Jato não. A Lava Jato, se pegar bandido, tem que pegar bandido mesmo que roubou e prender. Todos nós queremos isso. Todos nós, a vida inteira, dizíamos: “A Justiça só prende pobre, não prende rico”. Todos nós dizíamos. E eu quero que continue prendendo rico. Eu quero. Agora, qual é o problema? É que você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa. Porque, no fundo, no fundo, você destrói as pessoas na sociedade, na imagem da pessoas e depois os juízes vão julgar e vão dizer “eu não posso ir contra a opinião pública que tá pedindo pra caçar”. Quem quiser votar com base na opinião pública, largue a toga e vá ser candidato a deputado, escolha um partido político e vá ser candidato. Ora, a toga ela é o emprego vitalício. O cidadão tem que votar apenas com base nos autos do processo, aliás eu acho que ministro da Suprema Corte não deveria dar declaração de como vai votar. Nos EUA, termina a votação e você não sabe em quem o cidadão votou exatamente para que ele não seja vítima de pressão.

"Quero dizer que a antecipação da morte da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério Público fizeram contra ela"

Imagina um cara sendo acusado de homicídio e não tenha sido ele o assassino. O que a família do morto quer? Que ele seja morto, que ele seja condenado. Então, o juiz tem que ter, diferentemente de nós, a cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer a acusação ou de condenar. O Ministério Público é uma instituição muito forte. Por isso, esses meninos que entram muito novo, fazem um curso direito e depois faz três anos de concurso porque o pai pode pagar, esses meninos precisavam conhecer um pouco da vida, um pouco de política, para fazer o que eles fazem na sociedade brasileira.

Tem uma coisa chamada responsabilidade. E não pense que quando eu falo assim [quer dizer que] eu sou contra. Eu fui presidente e indiquei quatro procuradores e fiz discurso em todas as posses. Eu dizia: “Quanto mais forte for a instituição, mais responsável os seus membros têm que ser”. Você não pode condenar a pessoa pela imprensa para depois julgá-la. Vocês estão lembrados de que, quando eu fui prestar depoimento lá em Curitiba, eu disse para o Moro: “Você não tem condições de me absolver porque a Globo tá exigindo que você me condene e você vai me condenar".

Pois bem, eu acho que tanto o TRF4, quanto o Moro, a Lava Jato e a Globo, eles têm um sonho de consumo. O sonho de consumo é que, primeiro, o golpe não terminou com a Dilma. O golpe só vai concluir quando eles conseguirem convencer que o Lula não possa ser candidato à presidência da república em 2018. Não é que eu não vou ser, eles não querem que eu participe porque existe a possibilidade de cada um se eleger. Eles não querem o Lula de volta porque pobre na cabeça deles não pode ter direito. Não pode comer carne de primeira. Pobre não pode andar de avião. Pobre não pode fazer universidade. Pobre nasceu, segundo a lógica deles, para comer e ter coisas de segunda categoria.

"Eles não querem o Lula de volta porque pobre, na cabeça deles, não pode ter direito"

Então, companheiros e companheiras, o outro sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Ah, eu fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos.

Eles decretaram a minha prisão. E deixa eu contar uma coisa pra vocês: eu vou atender o mandado deles. E vou atender porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade. Eles acham que tudo que acontece neste país acontece por minha causa. Eu já fui condenado a 3 anos de cadeia porque um juiz de Manaus entendeu que eu não preciso de arma, eu tenho uma língua ferina, então precisa me calar, porque se não me calar, ele vai continuar falando frases como eu falei, "tá chegando a hora da onça beber água", e os camponeses mataram um fazendeiro e eles achavam que era a senha.

Eles já tentaram me prender por obstrução de justiça, não deu certo. Eles agora querem me pegar numa prisão preventiva, que é uma coisa mais grave, porque não tem habeas corpus. O Vaccari já tá preso há três anos. O Marcelo Odebrecht gastou R$ 400 milhões e não teve habeas corpus. Eu não vou gastar um tostão. Mas vou lá com a seguinte crença: eles vão descobrir pela primeira vez o que eu tenho dito todo dia. Eles não sabem que o problema deste país não se chama Lula, o problema deste país chama-se vocês, a consciência do povo, o Partido dos Trabalhadores, o PCdoB, o MST, o MTST, eles sabem que tem muita gente.

E aquilo que a nossa pastora disse, e eu tenho dito em todo discurso, não adianta tentar me impedir de andar por este país, porque têm milhões e milhões de Boulos, de Manuelas, de Dilmas Rousseffs neste país para andar por mim.

Não adianta tentar acabar com as minhas ideias, elas já estão pairando no ar e não tem como prendê-las.

Não adianta parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de vocês.

Não adianta achar que tudo vai parar o dia que o Lula tiver um infarto, é bobagem, porque o meu coração baterá pelos corações de vocês, e são milhões de corações.

Não adianta eles acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou um ser humano, sou uma ideia, uma ideia misturada com a ideia de vocês. E eu tenho certeza que companheiros como os sem-terra, o MTST, os companheiros da CUT e do movimento sindical sabem. E esta é uma prova, esta é uma prova. Eu vou cumprir o mandado e vocês vão ter de se transformar, cada um de vocês, vocês não vão se chamar chiquinho, zezinho, joãozinho, albertinho… Todos vocês, daqui pra frente, vão virar Lula e vão andar por este país fazendo o que vocês têm que fazer e é todo dia! Todo dia!

Eles têm de saber que a morte de um combatente não para a revolução.

Eles têm de saber. Eles têm de saber que nós vamos fazer definitivamente uma regulação dos meios de comunicação para que o povo não seja vítima das mentiras todo santo dia.

Eles têm de saber que vocês, quem sabe, são até mais inteligentes que eu, e queimar os pneus que vocês tanto queimam, fazer as passeatas, as ocupações no campo e na cidade. Parecia difícil a ocupação de São Bernardo, e amanhã vocês vão receber a notícia que vocês ganharam o terreno que vocês invadiram.

"Não adianta parar o meu sonho, porque, quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de vocês"

Companheiros, eu tive chance, agora, eu estava no Uruguai, entre Livramento e Rivera, e as pessoas diziam assim, "ô, Lula, você finge que vai comprar um “uisquizinho”, e você vai para o Uruguai com o Pepe Mujica e vai embora e não volta mais, pede asilo político. Você pode ir na embaixada da Bolívia, do Uruguai, da Rússia, e de lá você fica falando…" Eu não tenho mais idade. Minha idade é de enfrentá-los com olho no olho e eu vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado.

Eu quero saber quantos dias eles vão pensar que tão me prendendo. E, quantos mais dias eles me deixarem lá, mais Lulas vão nascer neste país e mais gente vai querer brigar neste país, porque numa democracia, não tem limite, não tem hora para a gente brigar. Eu falei para os meus companheiros: se dependesse da minha vontade eu não ia, mas eu vou porque eles vão dizer, a partir de amanhã, que o Lula tá foragido, que o Lula tá escondido, e não! Eu não tô escondido, eu vou lá na barba deles pra eles saberem que eu não tenho medo, que eu não vou correr, e para eles saberem que eu vou provar minha inocência.

Eles têm de saber isso.

E façam o que quiserem. Façam o que quiserem. Eu vou pegar uma frase que eu peguei em 1982 de uma menina de 10 anos em Catanduva, e essa frase não tem autor:

Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a chegada da primavera.

E a nossa luta é em busca da primavera.

Eles têm de saber que nós queremos mais casa, mais escola. Nós queremos menos mortalidade, nós não queremos repetir a barbaridade que fizeram com a Marielle no Rio de Janeiro.

Não queremos repetir a barbaridade que se faz com meninos negros neste país.

Não queremos mais a mortalidade por desnutrição neste país. Não queremos mais que um jovem não tenha esperança de entrar numa universidade, porque este país é tão cretino, que foi o ultimo país do mundo a ter uma universidade. O último! Todos os países mais pobres tiveram, porque eles não queriam que a juventude brasileira estudasse.

Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a chegada da primavera. E a nossa luta é em busca da primavera"

E falavam que custava muito. É de se perguntar: quanto custou não fazer 50 anos atrás?

Eu quero que vocês saibam que eu tenho orgulho, profundo orgulho, de ter sido o único presidente da República sem ter um diploma universitário, mas sou o presidente da República que mais fiz universidade na história deste país, para mostrar para essa gente que não confunda inteligência com a quantidade de anos na escolaridade, isso não e inteligência, é conhecimento.

Inteligência é quando você tem lado, inteligência é quando você não tem medo de discutir com os companheiros aquilo que é prioridade, e a prioridade é garantir que este país volte a ter cidadania. Não vão vender a Petrobras! Vamos fazer uma nova Constituinte! Vamos revogar a lei do petróleo que eles tão fazendo! Não vamos deixar vender o BNDES, não vamos deixar vender a Caixa, não vamos deixar destruir o Banco do Brasil! E vamos fortalecer a agricultura familiar, que é responsável por 70% do alimento que nós comemos neste país.

E com essa crença, companheiros, de cabeça erguida, como eu tô falando com vocês, que eu quero chegar lá e dizer ao delegado: estou à disposição.

E a história, daqui a alguns dias, vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que me julgou e foi o Ministério Público que foi leviano comigo.

Por isso, companheiros, eu não tenho lugar no meu coração pra todo mundo, mas eu quero que vocês saibam que se tem uma coisa que eu aprendi a gostar neste mundo é da minha relação com o povo.

Quando eu pego na mão de um de vocês, quando eu abraço um de vocês, quando eu beijo um de vocês… porque agora eu beijo homem e mulher igualzinho… Quando eu beijo um de vocês, eu não tô beijando com segundas intenções, eu tô beijando porque, quando eu era presidente, eu dizia:

"Eu vou voltar pra onde eu vim".

E eu sei quem são meus amigos eternos e quem são os eventuais. Os de gravatinha, que iam atrás de mim, agora desapareceram. E quem está comigo são aqueles companheiros que eram meus amigos antes de eu ser presidente da República. É aquele que comia rabada no Zelão, que comia frango com polenta no Demarchi, é aquele que tomava caldo de mocotó no Zelão, esses continuam sendo nossos amigos. São os que têm coragem de invadir terreno pra fazer casa, são aqueles que têm coragem de fazer uma greve contra a previdência, são aqueles que ocupam no campo pra fazer uma fazenda produtiva, são aqueles que, na verdade, precisam do Estado.

Companheiros, eu vou dizer uma coisa pra vocês: Vocês vão perceber que eu vou sair desta maior, mais forte, mais verdadeiro, e inocente, porque eu quero provar que eles é que cometeram um crime, um crime político de perseguir um homem que tem 50 anos de história política, e por isso eu sou muito grato.

Eu não tenho como pagar a gratidão, o carinho e o respeito que vocês têm dedicado a mim nesses anos todos. E quero dizer a vocês, Guilherme e Manuela, a vocês dois, que para mim é motivo de orgulho pertencer a uma geração, que está no final dela, ver nascer dois jovens disputando o direito de ser presidente da República neste país. Por isso, grande abraço, e podem ficar certos: esse pescoço aqui não baixa, minha mãe já fez o pescoço curto pra ele não baixar, e não vai baixar, porque eu vou sair de lá de cabeça erguida e de peito estufado, porque eu vou provar a minha inocência.

Um abraço companheiros, obrigado, mas muito obrigado, pelo que vocês me ajudaram, um beijo, querido, muito obrigado!" 

(Edição: Diego Sartorato e Pedro Nogueira, no Brasil de Fato)


Lula se apresentará à PF depois de ato religioso em homenagem a Marisa Letícia



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser conduzido à sede da Polícia Federal em São Paulo hoje (7), depois do ato religioso realizado a partir das 9h30 no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em homenagem aos 68 anos que sua mulher, Marisa Letícia, completaria hoje se estivesse viva.

Os advogados de defesa negociaram a condução de Lula com a Polícia Federal durante a madrugada deste sábado. A linha de negociação que se consolidou é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se apresenta à PF em Curitiba, nem se entrega, nem se rende, nem vai resistir à prisão.


Deputado Paulo Pimenta, e-x ministro Celso Amorim, senador
Lindebergh Farias, Lula e Manuela D'Àvila: resistência.
(Foto: Ricardo Stuckert).

Pesou na decisão de Lula, de sua assessoria jurídica e de seus familiares o risco de que fosse decretada uma prisão preventiva, o que implicaria em uma detenção por período imprevisível e prejudicaria o julgamento da inconstitucionalidade da prisão após segunda instância.

Nas negociações, a PF não abriu mão de que a apresentação do ex-presidente fosse neste sábado. Apesar de não ter cumprido a ordem de apresentação à PF de Curitiba até às 17h desta sexta (6), como havia sido decretado pelo juiz Sergio Moro, Lula não é considerado foragido, visto que está desde quinta-feira na sede do sindicato, em local público, em ato de resistência e cercado de apoiadores.

O Comitê Popular em Defesa de Lula e da Democracia divulgou nota na manhã deste sábado, em que apresenta detalhes da celebração no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:

Boletim 4 – Comitê Popular em Defesa de Lula e da Democracia

Direto de São Bernardo do Campo – 07/04/2018 – 8h45

1. Lula novamente recebeu centenas de pessoas na noite de ontem. Companheiros e companheiras de todo país vieram prestar solidariedade. Hoje acordou disposto e tomou café da manhã com a família.

2. A partir das 9h30 será realizada uma missa em homenagem à companheira Marisa Letícia, a militante que fez a primeira bandeira do PT e que lutou ao lado de Lula por um Brasil e um mundo justos e igualitários durante 43 anos.

3. Após a missa teremos um espetáculo musical com grandes artistas que também são lutadores do povo brasileiro: Leci Brandão, Maria Gadú, Flávio Renegado, Tulipa Ruiz, Xênia França, Aíla, Thaíde, Rico Dalasam, Fioti, Eduardo Brechó e outros.

4. Ainda na sexta-feira (6), parlamentares e líderes políticos e sindicais argentinos cobraram do governo Maurício Macri a convocação extraordinária, em caráter de urgência, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para discutir a crise no Brasil, diante da ruptura da cláusula democrática do órgão com o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva baseado em um processo fraudulento e sem que lhe seja garantido o amplo direito à defesa.

5. Uma delegação de parlamentares e dirigentes sindicais da Argentina chegará ainda nesta manhã a São Bernardo do Campo para prestar solidariedade e reforçar a defesa da democracia e de Lula.

6. A Rede Globo, maior inimiga da democracia brasileira desde que foi criada em 1965, embora fale sempre em legalidade como se fosse um bastião do respeito às leis, tem usado reiteradamente – sem autorização prévia e/ou sem dar os devidos créditos – em suas transmissões, especialmente no canal Globo News, imagens geradas pela TV dos Trabalhadores (TVT) e por veículos da imprensa alternativa, como Jornalistas Livres e Mídia Ninja. (Com informações da RBA).

Ao agir como “xerife de faroeste”, Moro faz de Lula um mártir


Ato contra a prisão de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. (Foto: Leonardo Sakamoto).


O juiz federal Sérgio Moro surpreendeu não apenas a defesa do ex-presidente Lula, ao expedir a ordem de prisão menos de um dia após o Supremo Tribunal Federal negar-lhe um habeas corpus, mas a própria Polícia Federal. E, com isso, não teve sua demanda realizada exatamente como desejava.

Temendo que o ex-presidente Lula conseguisse uma decisão liminar favorável no processo que discute o fim da execução provisória de pena após condenação em segunda instância, a ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal na semana que vem, o juiz expediu a ordem de prisão de Lula, nesta quinta (5).

Ou seja, menos de um dia após o Supremo Tribunal Federal ter negado o habeas corpus a Lula, em uma sessão tensa, decidida por 6 a 5. E menos de 20 minutos após o Tribunal Regional Federal da 4a Região publicar que não cabiam mais recursos à decisão contra o ex-presidente.

Moro, no melhor estilo de filme de Faroeste, demandou que Lula se apresentasse espontaneamente no condado do xerife até o cair do sol do dia seguinte. Ou seja, na sede da PF, em Curitiba, até às 17h de hoje.

O juiz federal poderia ter expedido o mandado sem detalhamento de como, onde ou quando seria feita a apresentação de Lula e deixar a Polícia Federal resolver o resto – que consideraria todas as variáveis de um caso complicado e combinaria om a defesa do ex-presidente. Moro sabia que não havia risco de fuga. Preferiu garantir que Lula fosse preso antes da análise da liminar sobre a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADCs), que pode garantir sua soltura. Mas criou um problema para a PF.

Lula havia indicado, várias vezes, que iria para o meio de seus simpatizantes, sua militância e seus correligionários ao ter a prisão decretada. Qualquer operação que viesse tentar retirar o ex-presidente do prédio do Sindicato do Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde se instalou logo após a decisão de Moro, rodeado por milhares de pessoas, poderia ter consequências desastrosas. Lula disse que se entregaria, mas queria ser preso pela PF no sindicato.

A Polícia Federal se esforçou para convencer que tudo estava pronto para receber o hóspede ilustre em sua sede em Curitiba. Mas não havia um plano de contingência do que fazer no caso óbvio de que Lula não aceitasse o ''convite'' de Moro para ir espontaneamente à capital do Paraná a fim de dar início ao cumprimento de sua pena.

E, ao longo do dia, apareceram comentaristas na imprensa afirmando que uma ''falta de colaboração'' de Lula poderia significar problemas futuros às suas reivindicações a cortes superiores. Ou mesmo um pedido de prisão preventiva por qualquer uma das outras acusações a ele imputadas pelo fato dele não ter se apresentado.

Ao mesmo tempo, abundaram notícias mostrando que Lula teria acesso a um quarto com banheiro privativo, como deferência por ser um ex-presidente preso. E que poderia perder a ''regalia'' caso se negasse a comparecer, nesta sexta, às 17h, na PF.

Depois de consultar seus advogados (que eram a favor dele se entregar hoje) e lideranças partidárias, sindicais e de movimentos sociais (que estavam divididas a respeito disso), Lula resolveu ficar. E coube a essas lideranças informarem nos alto-falantes dos carros de som e nas entrevistas aos colegas jornalistas que ele não estaria descumprindo ordem judicial, uma vez que apenas recusou a demanda por apresentação de maneira voluntária.

Em outras palavras, disse a Moro: venha me pegar.

Lula queria que o registro de imagem que ficasse para a posteridade fosse a de um líder de massas, protegido pelo povo, retirado à força de dentro do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (local considerado um dos símbolos da luta pela redemocratização do país), pelas mãos da polícia. E não as imagens de um Lula cabisbaixo, entrando e saindo de aviões e carros da Polícia Federal, minuciosamente gravadas por câmeras que receberiam, com antecedência, o roteiro por onde passaria. Portanto, queria ter controle da narrativa de sua prisão, mesmo que isso seja negativo do ponto de vista jurídico.

Por curiosidade mórbida: ''homens e mulheres de bem'' pipocaram pedidos para que o Batalhão de Choque entrasse, matasse Lula e quantos manifestantes pudesse. Há também quem pediu a presença de atiradores de elite do Exército a fim de acabar com tudo em um único tiro.)

A Polícia Federal ficou no meio do impasse. E, muito conscientemente, afirmou que não iria entrar na sede para buscar Lula. Ou seja, não será o que Lula quer, mas tampouco o que Moro desejava, como explicaram líderes do PT no sindicato. A instituição e os advogados do ex-presidente negociaram como será a apresentação – que pode vir após uma missa em homenagem à Marisa Letícia, esposa de Lula, que faria aniversário neste sábado, no próprio sindicato. Ou na segunda (9).

De um lado, o PT quer passar a imagem que a Lava Jato foi desafiada. De outro, os advogados de Lula tentam obter qualquer coisa no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal que beneficie seu cliente.

Lula foi condenado a cumprir uma pena de mais de 12 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa segue afirmando que ele é inocente e que o juiz não conseguiu apontar qual o ato de ofício, ou seja, qual ação corrupta teria praticado envolvendo a Petrobras e a OAS que teria levado a ele ''ganhar'' o apartamento triplex do Guarujá.

Considerando que Lula poderia ter garantido sua liberdade provisória se o plenário do Supremo tivesse analisado o caso de repercussão geral e não o seu pedido de habeas corpus (o que teria acontecido não fosse a estratégia adotada pela presidente do tribunal, Cármen Lúcia), teria sido mais sábio ao juiz Sérgio Moro evitar decisões apressadas.

Elas podem alimentar a desconfiança de que a Lava Jato, no que pese os ganhos trazidos por ela no combate à corrupção do país, é um seletivo jogo de cartas marcadas e segue uma agenda – que não é necessariamente a da Justiça e do bem público. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

Lula, prisão, asilo político e desobediência civil


Lula discursa para 60 mil operários em São Bernardo na época em que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista. (Foto: Divulgação).

Já ouviu falar em Desobediência Civil? Em Asilo Político?

Se ainda não, saiba que são instrumentos perfeitamente plausíveis e legalmente aceitos contra atos imorais e injustos.

Os que o acusam não conseguiram até o momento provar sua responsabilidade. A condenação de Lula não é para acabar com a corrupção. Não há nenhuma intenção em eliminar essa prática imoral, antiética e ilegal que corrói nosso sistema político partidário. Se assim fosse, Aécio Neves já estaria preso; Temer fora do poder que ele junto com outros/as usurpou; Romero Jucá perderia suas funções e consequentemente preso e tantos e tantos outros/as que ajudaram a construir o golpe jurídico-parlamentar-midiático que arrancaram a presidente Dilma do cargo.

A condenação e, por conseguinte a prisão do Lula é uma condenação e uma prisão política.

E um ato condenatório que levou a uma prisão sem provas de responsabilidade, e baseado apenas em convicção não merece ser cumprido, mas desobedecido. É legal, é constitucional. Resta saber se é mediante asilo político em qualquer outro país que respeite as leis maiores e o regime democrático de direito, ou simplesmente com uma desobediência civil. Ou talvez as duas alternativas.


Professor altaneirense Paulo Robson toma posse como diretor da Escola Santa Tereza



Depois de serem escolhidos pela comunidade escolar, os diretores e diretoras que vão assumir as escolas públicas estaduais do Ceará em 2018 tomaram posse nesta quinta-feira, 05. O evento cerimonial foi marcado com um Seminário de Diretores Escolares 2018 a partir da temática “Boas práticas em gestão escolar para resultados de aprendizagem” e ocorreu no Gran Mareiro Hotel, na capital cearense.

Paulo Robson por ocasião da cerimônia de posse
como diretor. (Foto: Reprodução/Facebook).
O professor altaneirense Paulo Robson que vai assumir a Escola de Ensino Médio Santa Tereza pelos próximos quatro anos participou da solenidade e usou sua conta no facebook para externar seus agradecimentos a todos aqueles que depositaram confiança em seu trabalho.

Na nota, Paulo afirma que a cerimônia de posse reacendeu em si “a gratidão pela confiança depositada por quase 94% da comunidade escolar” e que isso só faz aumentar suas responsabilidades e dedica a conquista a “família, amigos, apoiadores e torcedores, que apareceram de todos os lados”. Mas fez questão de frisar “aos 328 que compareceram à urna para exercer sua cidadania”, de forma “especial”, disse, “àqueles 308 que escolheram o nome do professor Paulo Robson para conduzir a EEM Santa Tereza durante os próximos 4 anos”.

Vamos em frente, juntamente com a excelente equipe que tenho ao meu lado, que há muito trabalho para ser feito em busca da construção de uma gestão democrática de resultados e oportunidades”, finalizou.

Em contato com a redação do Blog Negro Nicolau (BNN), o diretor afirmou que o evento marcou a saída de Idilvan Alencar como Secretário Estadual de Educação e que este emitiu carta de despedida. Nesta o ex-gestor da pasta agradece àqueles que aceitaram o desfio de ser diretor e que tem a certeza de que a liderança do gestor escolar contribui decisivamente para a criação e manutenção de um clima favorável à realização dos dois fins maiores da função social da escola, quais sejam, a permanência e a aprendizagem dos estudantes.

Paulo também afirmou a redação do BNN que como último ato do então secretário, ele entregou algumas obras, como mini-areninhas para dez escolas de Fortaleza.

Antes da viagem à capital, o professor já tinha realizado sua primeira ação como diretor ao escolher a equipe que irá compor o Núcleo Gestor, dentre eles está o professor Reginaldo Venâncio que deixou o cargo de diretor da Escola de Ensino Fundamental Joaquim Soares da Silva. Vanderleia Lima e Kássia Arrais que já faziam parte do quadro da gestão da ex-diretora Merenildes Alencar permaneceram.

‘Nós temos a tranquilidade da verdade, eles não’, diz Lula


Ao lado Boulos, Lula agradeceu a mobilização  em seu apoio realizada na noite de ontem no sindicato.
(Foto: Ricardo Stuckert).

Milhares de pessoas que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam neste início de madrugada da vigília realizada na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo. Ao abraçar as pessoas que gritavam em sua defesa, o ex-presidente disse há pouco que "nós temos a tranquilidade da verdade, eles não". Foi um momento de emoção de ato que tem a presença de vários representantes de movimentos sociais, como o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, além da presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, e diversos líderes partidários.

Do lado de fora, a ex-presidente Dilma Rousseff subiu no caminhão de som para falar aos manifestantes em defesa da democracia e sobre o direito de Lula ser candidato. “Não há crime mais grave do que condenar um inocente”, disse Dilma. “Nossa Constituição é clara, não se pode prender ninguém antes de esgotados todos os recursos da segunda instância, todos os recursos”, defendeu.

O julgamento (do pedido de habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal) foi ontem, hoje não está nem sequer publicado o resultado. E Lula tinha o direito de recorrer no TRF4 e eles se apressaram por quê? Porque sabem que tem pessoa de bem neste país e tem pessoas que não concordam com arbítrio e perseguição. Estão com medo de uma decisão favorável a Lula, isso faz parte do golpe que começou quando me tiraram da presidência, apesar do s meus 54 milhões de votos e sem nenhum crime”, disse ainda a ex-presidente.

Antes de Dilma, a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) disse à reportagem da TVT que querem tirar o ex-presidente do jogo, porque as elites não respeitam a vontade popular. “Isso mostra que o quadro geral (da política) atenta contra a constitucionalidade. Momento grave e preocupante, e com a direita muito mobilizada, muito ódio, é o que explica essa situação injusta desse tratamento dado ao presidente Lula”, afirmou.

Para a ex-ministra Eleonora Menicucci, a decisão pela prisão de Lula “é um aprofundamento do golpe de 2016”. Segundo ela destacou, o STF fez o mesmo papel do tribunal militar na época da ditadura ao negar o habeas corpus a Lula. “Decretar a prisão dele sumariamente é estado de exceção. A responsabilidade sobre esse ataque a democracia é do judiciário e do Moro. O Lula é mais do que o Lula, é a democracia”.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que “o momento é grave, há uma série de abusos sendo praticados, e a palavra de ordem é resistir". "É concentrar aqui no sindicato, não vamos deixar barato, sem o devido processo legal, é hora de barrar o crescimento do fascismo.” (Com informações da RBA).


Milhares de pessoas se concentraram no sindicato dos metalúrgicos para defender a democracia e direitos no país.
(Foto: Gian Martins).

Juiz Sérgio Moro determina prisão do ex-presidente Lula


Sérgio Moro determina prisão do ex-presidente Lula. (Foto: Divulgação).


O juiz federal Sérgio Moro determinou há pouco a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme a decisão, Lula terá até as 17h de amanhã (6) para se apresentar à Polícia Federal.

Relativamente ao condenado e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,  concedo-lhe, em atenção à dignidade cargo que ocupou, a oportunidade de apresentar-se voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17h do dia 06/04/2018, quando deverá ser cumprido o mandado de prisão”, decidiu Moro.

A medida foi tomada após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou ontem (4) um habeas corpus protocolado pela defesa para mudar o entendimento firmado pela Corte em 2016, quando foi autorizada a prisão após o fim dos recursos naquela instância. Lula foi condenado a 12 anos e um mês na ação penal do tríplex do Guarujá (SP), na Operação Lava Jato.

Sérgio Moro também determinou à Polícia Federal que não sejam utilizadas algemas em “qualquer hipótese”. O juiz também determinou que Lula terá direito a cela especial.

"Esclareça-se que, em razão da dignidade do cargo ocupado, foi previamente preparada uma sala reservada, espécie de Sala de Estado Maior, na própria Superintência da Polícia Federal, para o início do cumprimento da pena, e na qual o ex-presidente ficará separado dos demais presos, sem qualquer risco para a integridade moral ou física”, diz o mandado de prisão. (Com informações da Agência Brasil).