XVII Campeonato de Futebol de Altaneira terá R$ 2.000,00 de premiação


O Governo Municipal de Altaneira, por meio do Departamento de Esportes, órgão vinculado à Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo (Secult), realizou na manhã deste domingo, 17, no campo da Associação Esportiva Altaneirense (AEA), a abertura do XVII Campeonato de Futebol.

Segundo informações veiculadas no portal oficial do município, a ação foi realizada com um desfile das equipes percorrendo as principais ruas da cidade culminando com entoação dos hinos do país e do município e discursos do Diretor de Esportes, João Felipe, Antônio de Kaci, titular da pasta e do prefeito Dariomar Rodrigues (PT). Os dois primeiros ressaltaram o compromisso da secretaria em promover a prática esportiva e o empenho da administração em apoiar todas as modalidades a que se propõe realizar a secretaria.

Além de troféus e medalhas, os primeiros colocados na competição terão uma premiação de R$ 20.000, 00. A informação foi repassada pelo que ainda endossou as palavras de seus antecessores. O dinheiro será dividido entre campeão, vice, melhor goleiro, artilheiro e jogador revelação na proporção que se segue, respectivamente: R$ 1.000,00, R$ 500,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 100,00.

Ainda de acordo com o portal, o campeonato obedece ao menos a princípio, as mesmas regras dispostas na sua 16ª edição realizada em 2014 com o envolvimento de oito equipes em confrontos de ida e volta, tanto na sede do município quanto na zona rural onde há equipes que as representam.

A sede participará com 4 equipes – Portuguesa, Hamafe, Caixa D’Água e Maniçoba, enquanto que o distrito São Romão será representado pelo Vila Rica. Os sítios Taboleiro e Córrego terá participação a partir do clube TCT. Completa ainda o campeonato o Serrano (do Sítio Serra do Valério) e Juventude (Sítio Taboquinha).

As partidas terão início já próximo sábado, 23 com confrontos entre Maniçoba e TCT e Serrano e Portuguesa, ambos às 15h45. Todos os jogos serão realizados aos sábados, domingos e feriados e a previsão é que a final ocorra no dia 18 de dezembro, dia da emancipação política do município.

Na última edição, realizada em 2014, o Juventude conquistou o título a vencer nos pênaltis por 4 a 3 o Santa Cruz, enquanto que a portuguesa ficou com o terceiro lugar ao bater por 2 a 1 o Caixa D’Água.

Equipes perfiladas na abertura da XVII Campeonato de Futebol de Altaneira. Foto: Humberto Batista.

PSOL de Potengi realiza plenária e elege delegados para o 6º Congresso do PSOL Ceará


Na tarde do último Sábado, 16, a militância do Partido Socialismo e Liberdade PSOL POTENGI reuniu-se em plenária municipal para discutir a atual conjuntura política e ações que devem ser tomadas pelo partido, assim como as diretrizes programáticas para 2018.

Do PsolPotengi - Na ocasião ocorreu a eleição de delegados para o 6º Congresso Estadual do PSOL, que ocorrerá nos dias 27 e 28 de outubro, em Fortaleza - CE.

O evento contou com a presença de Tecio Nunes, membro da Resistência Popular, Direção Estadual e Nacional do PSOL, Marcelo, presidente do PSOL de Juazeiro, Valdir Medeiros PSOL Juazeiro, Vitor Psol Juazeiro, Patricia  e outros militantes do psol.

Nos debates, lideranças política como Zé Nilton, Janailson Lemos, José Saymon, Natannael fortaleceram a luta do partido no municipio para concretizar e firmar o partido como 2º via política e manter o projeto de oposição política presente no dia -a -dia dos Potengienses!

O presidente do PSOL Potengi, o jovem Edson Veriato conduziu os trabalhos e finalizou a plenária agradecendo a todos pela presença.

Psol Potengi realiza plenária e elege delegados para o VI Congresso do Psol Ceará. Foto/ Reprodução Psol Potengi.

Sagrada laicidade, por Roberto Livianu



POR QUE será que certas forças conservadoras têm defendido com tanta veemência a manutenção de símbolos de uma única religião em prédios públicos? Por que negar a norma constitucional que determina a separação entre Estado e religiões no Brasil? A quem interessa esse retrocesso? No ano que vem, o decreto 119-A completa 120 anos de vida. Ele significou um marco histórico, a partir do qual o Brasil optou pelo Estado laico.

Do Geledés - E determinou pela primeira vez a separação entre Estado e religiões. Por força dessa norma, cemitérios passaram a ser administrados pelo Estado e instituiu-se a figura do casamento civil. Isso aconteceu em um contexto de transformações sociais e políticas trazidas pelo novo Estado republicano -que, aliás, no ano seguinte ao decreto, adotaria a laicidade na própria Constituição Federal.

A partir daí, várias questões têm vindo à tona para testar o quanto o Estado brasileiro é realmente laico. E para medir qual a magnitude da separação entre Estado e religiões no país. Na verdade, desde a reforma protestante, no século 16, Martinho Lutero alertou sobre os problemas relacionados à adoção do direito canônico como instrumento regulador da sociedade. Preocupava-se com a necessidade de ter leis laicas.

Porque as leis canônicas se lastreiam em dogmas, verdades históricas absolutas e inquestionáveis. E a comunidade precisa de regras baseadas na racionalidade e mutáveis, porque o comportamento humano é dinâmico e, por isso, mutável.

Antes dessa separação, também os conceitos de crime e pecado se confundiam. As penas criminais eram, na verdade, castigos a serem impostos àqueles que violavam interesses da igreja ou do Estado, principalmente. E a pena principal era a de morte.

As ideias do modernismo determinaram profunda revisão de conceitos, colocando a dignidade humana como foco de preocupação dos povos. Apesar disso, no Brasil, setores conservadores, avessos ao respeito à Constituição, dizem que a maioria do povo é católica e que isso deve determinar um tratamento privilegiado para a Igreja Católica.

Chegam a propor, ainda que veladamente, na forma de acordo internacional, a violação do artigo 19 da Carta ao pretender uma reformulação do regime jurídico da relação Estado-religiões.

Isso é negar a essência da democracia. Porque, no sistema democrático, a voz da maioria prepondera na escolha do governante. Mas o eleito, passadas as eleições, deve governar para todos, incluídas as minorias, e não apenas para a maioria que o escolheu.

Essa concepção, que parece óbvia, é realidade concreta na França desde a revolução de 1789, tendo sido banidos de prédios públicos os símbolos religiosos. Da Justiça, das escolas, de todos. Também já se enterrou lá a ideia do ensino religioso em escolas.

E não é só na França. O mundo ocidental como um todo caminhou nessa direção. E até mesmo em países monarquistas, como Inglaterra e Dinamarca, a manutenção de uma religião oficial não impediu a existência de ordenamento jurídico laico. Lá se respeitam na plenitude as liberdades públicas e os direitos civis dos cidadãos, sendo autorizado o casamento homossexual na Inglaterra e o aborto na Dinamarca, entre outros direitos.

É triste constatar que, aqui no Brasil, quase 120 anos depois da opção pela república laica, deparamo-nos diariamente com incontáveis desrespeitos à cidadania. Que a neutralidade religiosa, que deveria ser a tônica das ações dos nossos agentes políticos, ainda seja meta distante de ser alcançada.

Precisamos reafirmar a cada dia nossa opção republicana laica. E precisamos mostrar às próximas gerações de brasileiras e brasileiros que cada um tem o direito à liberdade plena. De manifestação, de associação. De crer ou não crer. E que ninguém tem o direito de se opor ao exercício desse direito.

Que se opor a esse exercício significa negar a república, a democracia e a tolerância religiosa brasileiras.

Portanto, em boa hora o Ministério Público Federal pediu à Justiça que sejam retirados símbolos alusivos a uma religião das dependências de prédios públicos federais. O espaço público é de todos, e não só dos adeptos daquela religião.

Os agnósticos e ateus, assim como as minorias adeptas a todas e quaisquer religiões, têm direito de estar nesses locais sem se constrangerem com a existência de símbolos de uma religião à qual não aderiram. Trata-se de respeitar cada brasileiro e cada brasileira no exercício pleno de suas liberdades públicas, que devem ser defendidas sempre de forma intransigente.

ROBERTO LIVIANU, doutor em direito pela USP, é promotor de Justiça em São Paulo e coordenador, no Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), de projeto sobre Estado laico.

Matéria original: Sagrada laicidade

Sagrada Laicidade. Foto/ Reprodução/ Geledés.

Atleta de Altaneira fica em 4º lugar entre 5 mil competidores em corrida no Recife (PE)


Cerca de 5 (cinco) mil competidores (as) de vários municípios do país participaram na manhã deste domingo, 17, na capital pernambucana, da Corrida Circuito das Estações Caixa - Estação Primavera.

A competição visa movimentar participantes o ano todo a partir de corridas durante as quatro estações. Com mais de 10 anos, o evento já é o principal circuito de corridas do país e apresenta nesta edição o tema “Sinta a Corrida” e envolverá mais de 270 mil corredores por 09 cidades brasileiras e da América Latina. Para além das etapas no território nacional, o evento também se dará em duas capitais da América Latina - Buenos Aires (Argentina) e Cidade do México (México).

Ravi fica em 4º entre 5 mil competidores.
Foto: Prof. Jhon Wille.
Só no Circuito da Estação Primavera ocorrida neste domingo, cinco mil pessoas saíram às 7h00 da manhã do Forte do Brum, em Recife e percorreram entre 5 e 10 Km de prova.

O altaneirense Ravi Timóteo, estudante do Curso Técnico em Redes de Computadores da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda teve, segundo seu professor de Educação Fisica, Jhon Wille que o acompanhou no evento, um bom resultado ao percorrer os 05 Km em um tempo 16min e 53s (dezesseis minutos e cinquenta e três segundos).

Ao Blog Negro Nicolau, Jhon afirmou que o quarto lugar de Ravi entre cinco mil competidores (as) é muito positivo e premia o esforço e a dedicação do estudante e atleta que divide seu tempo entre os estudos e os treinamentos. “Menino pra correr”, disse o professor. 


Ele conquistou o direito de participar deste evento quando chegou em 2º lugar na II Corrida das Escolas Públicas Estaduais do Ceará realizada no último dia 20 de agosto do ano em curso.


"Sentar na cadeira de diretora é um ato de resistência", diz realizadora do curta premiado "Mulheres Negras: Projetos de Mundo"


A cineasta Day Rodrigues

'Chegar até aqui foi um processo de cura, emancipação e conexão com a minha espiritualidade de matriz africana'

Para a feminista negra Day Rodrigues, filmar o curta Mulheres Negras: Projetos de Mundo foi, acima de tudo, um processo de cura. O filme, lançado em setembro de 2016, centra-se na fala de nove mulheres negras brasileiras, que compartilham com a diretora e com o público suas narrativas e vivências em um País marcadamente racista e misógino.

Cineasta Day Rodrigues. Foto: Reprodução/ CartaCapital.
Independente, a produção foi premiada no festival Cine PE, em Recife, nas categorias direção e júri popular e exibida em cidades tão distintas quanto São Paulo, Aracajú e Belém. Por muito tempo, porém, a produtora cultural e escritora acreditava que o projeto nunca passaria de um sonho.

Rodrigues, que também é cineasta, cita como motivos a ausência de auto-estima e a invisibilidade intelectual das mulheres negras no Brasil, problemas cuja origem encontram-se no acúmulo de violências da sociedade contra essa parcela da população.

"Não somos educadas nas escolas para desenvolver uma boa oratória, retórica ou escrever os nossos projetos. As oportunidades não batem em nossas portas como acontece para a branquitude, de forma geral", diz ela, que critica a falta de oportunidades para as negras e a elitização do cenário audiovisual.

            

Atleta altaneirense participará da Corrida Circuito das Estações Caixa - Estação Primavera, em Recife (PE)


O estudante Ravi Timóteo já se encontra na cidade de Recife. O desembarque na capital pernambucana ocorreu ao lado do seu professor de Educação Física, Jhon Wille, na tarde desta sexta-feira, 15.

O altaneirense irá participar no próximo domingo, 17, da Corrida Circuito das Estações Caixa 2017 – Estação Primavera. Criado em 2016, a competição que já é principal circuito de corridas do país apresenta nesta edição o tema “Sinta a Corrida” e envolverá mais de 270 mil corredores por 09 cidades brasileiras e da América Latina. Para além das etapas no território nacional, o evento também se dará em duas capitais da América Latina - Buenos Aires (Argentina) e Cidade do México (México).

O que diferencia o circuito dos demais são as suas quatro estações: outono, inverno, primavera e verão, tendo como finalidade colocar atletas em movimento o ano todo. Cada estação tem como premiação uma medalha especial que, unidas ao fim do ano, formam uma encantadora mandala em formato de coração – em referência ao conceito da prova em 2017.

Ravi é estudante do Curso Técnico em Redes de Computadores da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda e conquistou o direito de participar deste evento quando chegou em 2º lugar na II Corrida das Escolas Públicas Estaduais do Ceará realizada no último dia 20 de agosto do ano em curso.


Ravi Timóteo e seu professor Jhon Wille no Aeroporto Internacional do Recife - Gilberto Freyre - REC.
Foto/ Reprodução Facebook.

O moralismo cristão de “Bingo”, por Martim Barros



Na obra “Cinema brasileiro: Propostas para uma História”, há um momento em que Jean-Claude Bernardet faz um mapeamento da abordagem crítica da produção cinematográfica nacional até os anos setenta. Havia uma tendência muito forte dos jornalistas avaliarem os filmes brasileiros de acordo com parâmetros de qualidade baseados na produção europeia e, sobretudo, norte-americana. Eram boas produções aquelas que seguissem com êxito uma cartilha cinematográfica gringa: cinema made in Brazil. A postura de certa crítica brasileira mudou bastante depois disso e vivemos um tempo em que há uma discussão sólida sobre as obras feitas no Brasil, sobretudo pós-retomada. A recepção calorosa de Bingo por parte da crítica, todavia, deflagra um sintoma grave: essa espécie de complexo de vira-lata ainda se encontra presente na recepção das produções brasileiras.

Em seu Blog - Isto não significa dizer que, necessariamente, quem gostou de Bingo está caindo nessa armadilha. Entretanto, ao ler algumas reações ao filme, podemos detectar facilmente uma legitimação amparada no que o cinema norte-americano nos ensinou ser bom. Não por acaso, a comparação com Cidade de Deus (o melhor filme brasileiro desde então, há quem diga) é oportuna para escancarar o que esse tipo de pensamento esconde – muito por inocência, vale dizer. Os dois filmes obedecem a uma lógica de montagem, ritmo, uso de trilha, decupagem e estrutura narrativa muito próxima a modelos hollywoodianos. Cidade de Deus é o filme de gangster na favela e Bingo, a cinebio clássica de ascensão e queda.



Longe de mim desejar um filme “essencialmente nacional” ou algum ufanismo do tipo. Defender Bingo como o melhor filme brasileiro em anos, porém, na melhor das hipóteses, revela que a pessoa não assistiu a nenhum filme feito em nossas terras nos últimos anos – ou, quem sabe, viveu em outro planeta. Mas não sou otimista a ponto de acreditar nisso. Penso, na verdade, se tratar de um projeto de cinema mesmo, defendido por uma parcela considerável da crítica – conscientemente ou não. Um elogio a um cinema correto, bonitinho, limpo, não muito distante da Globo Fillmes, com money, que possa responder a expectativas de qualidade hollywoodiana. E significa, por outro lado, não reconhecer uma produção brasileira independente, extremamente ousada, que não circula por falta de distribuição, e não necessariamente pela ausência de um “apelo comercial”. Essa ideia mesmo do comercial merece um debate todo à parte, mas vale lembrar que foi construída com base na maior indústria do cinema, em questão, a norte-americana. Sob essa ótica, são comerciais, portanto, aqueles filmes que se aproximam dessa estética de Hollywood.

Dito isso, o filme poderia ser incrível, independente da abordagem equivocada dessa parte da crítica de cinema a que me refiro.

Não é o caso.

Bingo – O Rei das Manhãs adentra nos bastidores da televisão brasileira dos anos 80 para contar a história da Arlindo Barreto – no filme, Augusto Rezende. Barreto foi um dos intérpretes do palhaço Bozo, personagem de sucesso importado da televisão norte-americana. O filme se propõe a retratar desde a vida familiar do personagem, sua relação com filho e mãe (musa do cinema, interpretada por Ana Lúcia Torre), até sua faceta sexo, drogas e rock and roll. Apesar da comparação com O Lobo de Wall Street figurar entre alguns comentários sobre o filme, a obra de Daniel Rezende está longe da intensidade alucinada do filme de Martin Scorsese. Toda a safadeza e deboche prometidos no material de marketing de Bingo e repercurtida pelo público aparece de forma muito tímida, com certa vergonha. Em outros termos, pudor mesmo.

Quando Bingo cheira pó, não sentimos sua excitação. Parece muito mais uma concessão, algo da história que aconteceu e não poderia ser completamente negado. A câmera padece de uma frigidez quase moralista, nesse sentido: sua vida boêmia parece sem graça; suas orgias, sem tesão. Falta o pulso do ritmo de uma Thelma Schoonmaker, de uma câmera que se excita junto. Mesmo que depois se emocione, também filmando sua redenção. Ausência de compreensão de todo aquele universo, na verdade. Se em O Lobo de Wall Street, pra dar coro à comparação, vemos DiCaprio se sentindo um rei quando se droga, em Bingo não há a permissão para um êxtase desse tipo. Quando Augusto cheira pó antes de entrar no programa, por exemplo, isto se torna um sinal do cúmulo da decadência. Um grave pesado invade a cena e o nariz do personagem sangra, imprimindo de imediato um julgamento de valor, que não cabe ao diretor. Em outro momento, quando Augusto transa com Gretchen nos bastidores de uma premiação da televisão, a cena é filmada rapidamente com uma câmera por cima que se sai rapidamente do ato, pulando para uma piadinha ruim, deflagrando uma aparente timidez.

Falta no filme a malemolência, o gingado, que o próprio personagem defende para o programa do Bozo. O deboche do personagem, definitivamente, não é o bastante para sustentar Bingo, tampouco livrá-lo da caretice de seus realizadores. Certamente, os melhores momentos da obra se devem a essa vertente escrachada do personagem, alternando entre momentos de verdadeira inspiração e piadinhas ingênuas. Quando Augusto decide improvisar ao vivo pela primeira vez, por exemplo, podemos vislumbrar um potencial cômico no filme. Por outro lado, há momentos permeados por um humor tacanho, como as piadinhas lugar-comum de “perdidos na tradução”, feitas com o gringo produtor do programa – lembram um pouco o humor de Guell Arraes, diga-se.

Infelizmente, fica uma impressão de que o filme se entrega muito mais aos momentos depressivos do que aos de energia, em que podemos ver uma potência se insinuando, mas eclipsada por um dramão digno de novela – estética e narrativamente. Não somente a fotografia de luz sombria de Avenida Brasil confere esse tom a Bingo, mas, principalmente, a construção dramática mesmo das cenas de peso. Muito do enfraquecimento dessas cenas se deve também a Vladimir Britcha, que segura a onda no humor mas, definitivamente, não mantém o padrão nas cenas de maior intensidade dramática. A cena em que Augusto não comparece ao aniversário do filho, com um close crescente na veia temática do Bozo, não poderia ser mais óbvia. Ou a crise ao assistir o programa do Bingo, a qual resulta em um soco na televisão. Da mesma forma, o momento em que Augusto tenta entrar na festa sem sua fantasia e maquiagem beiram o patético. Não porque a situação em si seja ruim, mas por ser uma tecla batida no filme todo de maneira incessante e carecer de um desenvolvimento maior para podermos sentir a fúria do personagem. Rapidamente, a imprensa faz uma pergunta para Augusto, ele entra em crise, sai da festa, tenta entrar de novo, não consegue. Tudo muito corrido – sem ritmo nenhum, porém.

Corro o risco de chover no molhado, mas ainda me impressiona as cinebiografias padecerem dos mesmos defeitos. Será que, ao realizar uma cinebio, as pessoas envolvidas não se dão ao trabalho de assistirem nenhum outro filme desse tipo? Divagações a parte, talvez os maiores problemas de Bingo residam nesses vícios do gênero. Desde a já comentada higienização da vida do artista (maneirar nas cenas pesadas) até  a correria ao tentar abarcar coisas demais e não dar conta de resolver nenhuma dramaticamente. Dentro desse arco clássico de ascensão e queda, não conseguimos nos empolgar o suficiente com a ascensão, pois quando esse período da vida do personagem começa, a queda já míngua toda a efervescência. Portanto, acabamos por não lamentar tanto a queda, pois somos privados do êxtase da ascensão. Quando o palhaço começa a fazer sucesso e a aproveitá-lo, já se inicia imediatamente sua jornada ladeira abaixo. Uma cena bem didática para ilustrar isto é a dele esfregando na cara dos diretores da emissora “Mundial” o ibope do seu programa, atingindo o primeiro lugar nos piques de audiência. Uma cena que deveria ser de muita euforia, porque representa literalmente o auge da carreira do personagem. Porém, tal como filmada, ao modo de um filme de horror, torna-se um prelúdio para o caos, um anúncio da decadência.

O desfecho de Bingo coroa todo o pudor da obra de Daniel Rezende: arrependido, depois de uma vida regada a sexo e drogas, Augusto se redime através da religião e dos Alcoólicos Anônimos. Há quem diga: mas se trata de uma história real, não poderia ser diferente. De fato, Arlindo Barreto se apresenta até hoje em igrejas como palhaço. O meu problema é como Rezende filma isto, quase emocionado com essa redenção: finalmente o personagem se livra do mundo das drogas, feio e bobo, e encontra a felicidade nos palcos da igreja. Longe da irônia final de O Lobo de Wall Street, por exemplo. É como se tudo fosse filmado aguardando por esse final “catártico”, o arrebatamento final. Sem a safadeza, tampouco a audácia, do programa de televisão no qual se baseou, Bingo aparece como um produto fruto de seu tempo: moralista, puritano e careta.

Brasil colônia: Trump quer que Temer tome medidas contra a Venezuela


Já dizia o ex-presidente Lula que houve um tempo em que o Brasil “falava grosso” com países vizinhos e “fino” com os Estados Unidos. Esse tempo está voltando.

Além de abrir empresas estatais como a Petrobras para companhias norte-americanas, ou ainda conceder parte da Amazônia à iniciativa privada, o governo Temer agora resgatará o papel de país imperialista diante dos vizinhos.

Do Portal Fórum - Na próxima segunda-feira (18) o presidente norte-americano Donald Trump receberá Temer em Nova Iorque para um jantar junto com os presidentes da Colômbia e do Peru. No encontro, de acordo com um alto funcionário da Casa Branca, é esperado que Temer leve propostas para minar ainda mais o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

Adoraríamos ver o presidente Temer vir preparado para discutir mais ações que o Brasil poderia tomar”, disse à Folha de S. Paulo o funcionário. “Não há dúvida de que o Brasil pode ter um grande papel, e o presidente Trump está muito interessado em ver o presidente Temer se pronunciar sobre isso”, completou, mostrando o quanto o Brasil, na visão dos norte-americanos, já voltou a ser um quintal de seu país.


A Venezuela, maior produtora de petróleo do mundo, vem sofrendo inúmeras sanções dos Estados Unidos diante da negativa do governo Maduro de ceder aos interesses econômicos norte-americanos. Grupos de direita e a mídia tradicional da Venezuela há anos são influenciados e apoiados pelos Estados Unidos e, com a divisão do país, o presidente venezuelano convocou uma nova Assembleia Constituinte em que se saiu vencedor. Desde então, as sanções contra o país só aumentaram e, liderados pelos Estados Unidos, países como Brasil e Argentina não reconheceram o resultado das eleições.