Mais uma vez o Judiciário barra reforma tributária: os ricos não querem pagar o pato


Na semana passada, sem muito alarde, a reforma tributária brasileira sofreu mais um duro golpe. O Ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu extinguir, sem analisar o mérito, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) proposta pelo Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), a qual pedia a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).

Do Justificando - A ADO é uma espécie de ação que só pode ser proposta por algumas autoridades nos casos em que uma norma constitucional não esteja sendo posta em prática por omissão de um dos Poderes. No caso do IGF, a Constituição (art. 153, VII) prevê a regulamentação do imposto através de lei complementar, mas, mesmo após quase três décadas, tal lei ainda não foi criada.

No caso em questão, Alexandre de Moraes decidiu extinguir a ação por acreditar que o Governador Flávio Dino não demonstrou a pertinência temática para seu pedido. Isso porque os governadores, apesar de legitimados a propor uma ADO no STF, devem demonstrar qual o interesse de seu Estado no pedido, ao contrário de outras autoridades como o Presidente ou o Procurador Geral da República, que podem ingressar com a ação independente da pertinência.

Fato é que, mais uma vez, uma simples canetada freou qualquer possibilidade de mudança no injusto sistema tributário brasileiro. Caso semelhante ocorreu quando Haddad, então prefeito de São Paulo, viu sua proposta de mudanças no IPTU ser barrada também pelo Judiciário em 2013. Paralelamente, desde a redemocratização, o Legislativo vem se omitindo quando o assunto é a reforma tributária, e os editoriais de jornalões da grande mídia sempre chiam quando o aumento de impostos para os mais ricos surge como solução a cada nova crise econômica do país.

Com a forte reação de setores da elite conservadora, bem simbolizada pela campanha “Não vou pagar o pato” protagonizada pela FIESP, o Brasil segue tendo um dos sistemas tributários mais injustos do mundo. Segundo levantamento do IBPT, mais de 41% dos rendimentos dos brasileiros são “consumidos” por tributos. Mas para além do problema de que o povo não vê o retorno dessa arrecadação na forma de serviços públicos de qualidade, uma análise mais detalhada demonstra que ela é feita de maneira desigual. Isso porque, desse total arrecadado, mais de 56% se dá através da tributação do consumo da população, enquanto apenas 44% incide sobre renda e patrimônio.

Deve-se lembrar que a maior parte do consumo tributado é de bens de primeira necessidade, consumidos por qualquer brasileiro, e que as prateleiras de supermercado não conseguem fazer distinção entre os consumidores pobres e ricos na hora de incidir impostos, salvo em raros casos de artigos de luxo. Segundo o IBPT, 42,43% da arrecadação tributária sobre o consumo é relacionada com gastos com habitação, 23,81% com transporte, 14,73% com alimentação e 5,45% com vestuário.

Esse sistema que prefere a cobrança de impostos sobre o consumo, ao invés de renda e patrimônio, aumenta ainda mais a desigualdade do país, além de doer mais no bolso dos mais pobres. É o que chamamos de sistema tributário regressivo, em contraste com o progressivo, que se caracteriza por cobrar mais dos mais ricos através de impostos sobre renda e patrimônio. Não à toa, em 2011 o IPEA constatou que os 10% das famílias mais pobres do país destinavam 32% de sua renda para pagar tributos, enquanto os 10% mais ricos dispunham apenas de 21% de sua renda para tanto.

Como contraponto à regressividade do sistema tributário brasileiro, temos vários exemplos mundiais de sistemas progressivos, que dão ênfase na cobrança de impostos sobre a renda e o patrimônio, desonerando o consumo da população. Tais sistemas não só aquecem o mercado interno como contribuem para a redução de desigualdades, pois permitem que o Estado foque sua arrecadação em impostos onde é possível distinguir se quem os paga são pobres ou ricos.

É possível, por exemplo, diferenciar se a família que reside em uma casa é de uma classe alta ou não ao analisar o tamanho do terreno construído, o bairro em que se localiza e o valor de mercado do imóvel. Dessa forma, pode-se cobrar um alto imposto sobre uma mansão de um bairro nobre ao mesmo tempo que se isenta o morador de uma favela. Essa diferenciação não é possível sobre um saco de feijão à venda no mercado, por exemplo.

Três dos principais impostos progressivos que existem, e que tem maior capacidade de distribuir renda, são justamente os impostos sobre renda, grandes fortunas e heranças e doações. No Brasil, este último é conhecido como ITCMD, cuja arrecadação compete aos governos estaduais e as alíquotas raramente ultrapassam pífios 5%. São Paulo, por exemplo, possui uma alíquota única de 4% e, a exemplo de outros Estados, não possui faixas de progressividade. Por isso mesmo o ITCMD representou, em 2014, apenas 0,25% do total da arrecadação da Receita Federal. A situação contrasta com a alíquota de outros países mais iguais e desenvolvidos. A média dos países da OCDE, por exemplo, é de 15%. Na Bélgica, na França e no Reino Unido, ela ultrapassa os 40%, e no Japão ela chega a 55%. Nos EUA, sede do capitalismo liberal mundial, o valor chega a 30%.

Quando o assunto é imposto de renda, mais uma vez o Brasil fica atrás. Enquanto o país apresenta uma alíquota de baixa progressividade com um percentual mínimo para os não isentos de 7,5% e um máximo de apenas 27,5%, países mais desenvolvidos não têm medo de cobrar altas alíquotas para as classes mais ricas. Nos EUA, as faixas vão de 10% a 35% e, na Austrália, de 15% a 45%. O Brasil está atrás da média de alíquota máxima dos países da OCDE (41,58%), da América Latina (31,87%) e da União Europeia (33,78%).

Já na questão do imposto sobre grandes fortunas (IGF), o Brasil segue sem uma legislação que o regulamente, apesar da cobrança estar prevista na Constituição. Países desenvolvidos e com bons índices de igualdade social como Holanda, França, Suíça, Noruega, Luxemburgo, Hungria, Espanha e Islândia adotam o tributo. Aliás, nestes dois últimos países, o IGF surgiu justamente como uma medida para combater os efeitos da crise econômica de 2008. Nosso vizinhos Uruguai e Argentina também são adeptos do imposto.

Já no Brasil, a criação do IGF continua esbarrando na inércia do Legislativo e, agora, na caneta do Judiciário. Em tempos de crise econômica, a elite política e financeira não se envergonha de propor austeridade e cortes de direitos na área trabalhista como soluções mágicas para o país. Ao mesmo tempo, ignoram estudos que apontam que a criação do IGF, mesmo com uma alíquota média bastante baixa, de apenas 1%, e incidindo apenas entre os 5% mais ricos do país, poderia ter uma capacidade arrecadatória de 100 bilhões de reais ao ano, algo semelhante à extinta CPMF.

Projetos para aumentar a arrecadação do país de forma mais progressiva, ou seja, cobrando mais de ricos e menos de pobres, não faltam. O PLS 139/17 e o PLS 534/11 tratam justamente da criação do IGF. Já a PEC 96/15 permite à União cobrar um imposto adicional sobre grandes heranças e doações. Em oposição à reforma tributária, porém, para além de discursos meritocráticos vazios, muitos pontuam que a criação de impostos como o IGF poderiam fazer os donos de patrimônio e capital migrarem com seu dinheiro e seus investimentos para outros países com uma carga tributária menor.

Tal preocupação tem, sim, certa legitimidade. Aliás, é justamente por conta dela que Piketty, em “O Capital no Século XXI”, defende que a discussão aconteça de forma global, propondo a criação de um imposto mundial. Mas Piketty não se limita a constatar tal risco e observa, também, que a construção de um Estado fiscal e social em países subdesenvolvidos foi, principalmente entre os anos 80 e 90, sabotada pelos interesses de países ricos, que já haviam construído seu desenvolvimento social em cima de uma política tributária mais justa que a nossa. Isso é facilmente comprovado pela diferença gritante, já exposta acima, entre as alíquotas máximas de impostos sobre renda e patrimônio no Brasil e em países europeus.

Fato é que o Brasil ficou muito atrasado quando o assunto é a construção de um sistema de cobrança de impostos mais progressivo. Falamos de um sistema que cobra mais dos pobres, praticamente isentando grandes patrimônios de uma classe alta que tem poder suficiente para controlar canetadas dentro do Judiciário e do Legislativo e editoriais com frases de efeito na grande mídia.

É inacreditável que se pense que uma pequena melhoria em um sistema tão defasado como o brasileiro possa ser uma medida antieconômica que afaste investimentos. A sociedade brasileira não pode ser refém de uma pequena elite econômica, muito menos ficar à mercê das decisões de um Judiciário antidemocrático.

O ministro do STF, Alexandre de Moares, decidiu extinguir, sem analisar o mérito a ADO.
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF.

Prefeitura de Altaneira abre processo seletivo com vagas para nível médio e superior


A prefeitura de Altaneira, por intermédio da Secretaria de Saúde, tornou público o processo seletivo com vagas para nível médio e superior para vários cargos.

Regulado pelo Edital 001/SMS/2017, a seleção visa a contratação e formar cadastro de reservas de pessoal para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS) por tempo determinado.

Do Site do Município - Serão 24 (vinte e quatro) vagas imediatas. Para os cargos de Assistente Social, Dentista, Educador Físico, Nutricionista e Veterinário serão ofertadas uma vaga. Fisioterapeuta, três e, Médico Plantonista, cinco. Para os de nível médio, as contratações foram centradas no cargo de Técnico de Enfermagem com 11 vagas.

Estão sendo ofertadas remunerações de R$ 1.039,00 e R$ 3.444,76, para o cumprimento de jornadas de trabalho de 20 a 40 horas por semana, de acordo com o cargo pretendido.

Os interessados podem se inscrever de forma gratuita entre os dias 08 e 09 de junho do ano em curso, das 8h00 às 11:30mim e das 13:30mim às 17h00, na Secretaria Municipal de Saúde situada na Avenida Santa Tereza, S/N.

A seleção constará de duas fases - análise de curriculum vitae ou Lattes e entrevista e ambas possuem caráter classificatório e eliminatório. A entrevista será realizada nos dias 26, 27 e 28 de junho de 2017. Já a documentação para análise de currículos deve ser entregue no ato da inscrição.

O resultado final está previsto para ser divulgado no dia 04 de Julho de 2017, site do município www.altaneira.ce.gov.br, na fanpage do Governo Municipal e nos Murais do órgãos administrativos.


Sede da Secretaria de Saúde de Altaneira. Foto: Divulgação.



Conheça 5 novos livros para pensar sobre as condições do negro no Brasil


Uma jovem cordelista recupera biografias de grandes mulheres negras desconhecida dos brasileiros. Uma renomada historiadora e antropóloga investiga a trajetória de um dos mais importantes (e desprezados) escritores negros do País.

Do CEERT - Um africanista de 75 anos mergulha nos fatos e personagens que construíram o continente que está na base da formação do Brasil. Um famoso astro da TV revisa o curso de sua vida tomando como ponto de partida a identidade negra.

Para encerrar, um negro africano escravizado em Pernambuco narra os horrores que sofreu antes de fugir para os EUA.

Cinco livros que abordam de forma singular o significado de ser uma pessoa negra no Brasil - no passado e no presente - chegaram (ou chegam este mês) às livrarias.



A historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz passou mais de dez anos debruçada sobre obra e a vida de Afonso Henriques de Lima Barreto, escritor negro e marginal responsável por, pelo menos, duas obras singulares na literatura brasileira: Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) e Clara dos Anjos (1922). O resultado dessa empreitada chega às livrarias no mês de junho sob forma de uma ousada biografia.

Catatau de mais de 600 páginas, Lima Barreto: Triste Visionário explora a trajetória do escritor carioca a partir da questão racial. "Ele achava que os negros só poderiam ser socialmente integrados através da luta e do constante incômodo. Por isso, denunciava que a escravidão não acabou com a abolição, mas ficou enraizada nos menores costumes mais simples", disse a autora à Revista Cult.

Com escritos que criticavam o racismo, a corrupção e o feminismo vigente que, segundo a o escritor, excluías as mulheres negras, Barreto teve ainda uma dolorosa experiência uma dolorosa experiência manicomial, que também foi registrada em livro, Cemitério dos Vivos, publicado postumamente. "É um autor de muito alento para essa nossa agenda contemporânea neste momento em que a República vive uma crise tão forte, e que os nossos valores democráticos e direitos de cidadãos estão sendo colocados tão em questão", afirma Lilia.


Filha e neta de cordelistas do Ceará, a escritora Jardi Arraes pesquisou durante 4 anos a trajetórias de mulheres negras que defenderam seus direitos e batalharam por seus espaços em solo brasileiro. Até então estavam às margens da História oficial, quinze desses enredos de vida foram adaptados para a literatura de cordel - tipo de poesia popular escrita em folhetos geralmente na forma rimada.

Na lista de grandes mulheres negras estão princesas e rainhas africanas como Aqualtune, Zacimba Gaba e Na Agontimé, sequestradas como escravas para o Brasil, mas que por por aqui lideraram revoltas e mantiveram quilombos fortes e hoje são inspirações para a população negra invariavelmente oprimida do País.

"São mulheres de épocas diferentes, de estados diferentes e que lutaram batalhas diferentes. Entre escritoras, ativistas, líderes quilombolas e de revoltas contra a escravidão, escolhemos 15 heroínas negras que marcaram nossa história e nos deixaram um legado importantíssimo", explicou a autora de 26 anos ao HuffPost Brasil.

Além dos perfis em cordéis, a edição traz todas as histórias também em formato de prosa. O projeto gráfico e as ilustrações de Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis são assinados pela designer e ilustradora negra Gabriela Pires.


Aos 38 anos de idade, Lázaro Ramos é hoje um dos artistas mais populares na defesa de uma maior representatividade negra na mídia. Além de atuar na televisão, teatro e cinema e escrever livros infantis, o astro soteropolitano também comanda o programa Espelho, na TV Brasil, que traz entrevistas com personalidades da cena cultural brasileira – abordando em geral assuntos ligados à questão racial no Brasil.

Em junho, o ator lançará pela editora editora Objetiva (do Grupo Companhia das Letras) seu primeiro livro destinado ao público adulto, Na Minha Pele. A obra não é uma autobiografia.

Segundo o ator, trata-se de uma seleção de textos que propões diferentes conversas com o leitor. "Ele tem uma seleção de depoimentos, opiniões e dúvidas sobre diversos temas: afetividade, política afirmativa, coragem, estética, estratégia de sobrevivência e inspirações", explicou o artista em entrevista ao jornal O Globo.

Ao que parece, o livro contém todos os ingredientes para reverberar e provocar boas discussões na internet, ambiente que o ator e sua esposa, a atriz Taís Araújo, são ativos. "As redes sociais têm exercido um papel fundamental na difusão dessas vozes, propagando novos valores, questionando regras tidas como estabelecidas, oferecendo novas percepções estéticas (...) Destampou-se um número grande de desejos e vozes que não se calam e se expressam. E nós, enquanto nação, precisamos ter capacidade para lidar com isso", afirmou o ator.


Pesquisador, romancista, cantor e compositor, Nei Lopes acaba de lançar seu Dicionário de História da África - Séculos VII a XVI, pela editora Autêntica, em parceria com José Rivair Macedo. Aos 75 anos de idade, o intelectual procura com seu novo trabalho ressaltar que os africanos foram os protagonistas na construção de sua própria História.

O livro explica as diferentes etapas de formação do continente, mostrando desde a organização social até a criação de Estados e Impérios. O leitor tem acesso também às informações referentes aos embates entre cristianismo, o Islã e religiões tradicionais no continente e também sobre as disputas em torno das rotas de comércio.

Africanista autodidata, Lopes tem formação em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em recente entrevista ao jornal O Globo, ele revelou que começou a fazer pesquisas e escrever livros sobre a África "porque havia e ainda há um desconhecimento muito grande em relação à história e à cultura africanas e afro-brasileiras".

Também autor de outros dois livros que abordam a diversidade e a riqueza do continente africano - Bantos, Malês e Identidade Negra (1988) e Novo Dicionário Banto do Brasil (2003) -, o autor propõe uma visão de africanidade para além do ponto vista da escravidão.

"Esse dicionário mostra o fundamento do continente. A África não era uma selva só, essa visão que Hollywood ajudou a moldar. Construir essa visão da África foi um projeto estudado. Aí nossos filhos e netos ficam com a autoestima no pé", explicou.


Mahommah Gardo Baquaqua nasceu em uma família muçulmana no final dos anos 1820, no reino de Bergoo (atual Benin), na África Ocidental. Na juventude, se tornou escravo onde vivia. Em 1845, foi traficado para o Brasil, desembarcando em Pernambuco, onde serviu de escravo a um padeiro.


Dois anos depois, ele escapou numa embarcação comercial. Liberto por abolicionistas de Nova York, seguiu para o Haiti e depois para o Canadá, onde escreveu sua autobiografia.

Lançada em 1854 nos EUA, a Biografia de Mahommad Gardo Baquaqua estava restrita ao círculo acadêmica até maio deste ano, quando ganhou finalmente uma versão em português pela Editora Uirapuru. Relato da escravidão do Brasil em primeira pessoa, a obra traz detalhes do cotidiano da época, dos ambientes sociais e familiares e dos duros castigos que os negros escravizados sofriam no País.

Em entrevista à revista Trip, o tradutor e organizador do livro, Lucciani Furtado, falou sofre o destaque que Baquaqua dá à descrição da violência que sofria em solo brasileiro: "Há uma ênfase na violência sofrida por ele e por outras mulheres e homens escravizados. Somente a escrita pode dar importância a esses detalhes e, mesmo assim, por muito tempo as pessoas se recusaram a acabar com a escravidão. A brutalidade de um trauma violento pode ser mais fácil de suportar do que a brutalidade da insignificância", explicou.

Furtado passou quase seis anos trabalhando no livro, que traz também retratos e registros de documentos inéditos da época. Segundo o tradutor, Baquaqua era uma pessoa especial que todos gostariam de ser. "Se ele sofreu foi porque teve que enfrentar contingências sobre-humanas. E ele foi um verdadeiro herói", disse.

Curso de Ciência Sociais da URCA promove Jornada do Pensamento Social Afro-brasileiro



A Universidade Regional do Cariri (URCA) será palco nos dia 06 (seis) e 07 (sete) do corrente mês da Jornada do Pensamento Social Afro-brasileiro. O evento que é promovido pelo Curso de Ciências Sociais, a partir da iniciativa do professor André Álcman, faz parte do encerramento da disciplina “Introdução ao Pensamento Social Africano”.

A Jornada tem o apoio do Centro de Humanidades, da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (Produn) e visa contribuir para o desenvolvimento de um processo ensino-aprendizagem voltado para a promoção do respeito e a valorização do que foi pensado e produzido pelos africanos e afro-brasileiros.

Os (as) participantes poderão usar a ação como atividade complementar e obter certificação.
O professor Alex Baoli, um dos que irá aprestar trabalho divulgou na noite deste domingo, 04, a programação completa da Jornada que contará com mesas-redondas, exibição de filmes e lançamento de livros, conforme abaixo discriminado:

PROGRAMAÇÃO

DIA 06/06, às 13h30

Mesa: “As lutas contra o Colonialismo Português em África: os Casos das Independências de Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe”. Prof. Ricardino Jacinto Dumas (UNILAB)/Prof. João Luís do Nascimento Mota (URCA)

15h

“Da captura à ascensão do subalterno feminino no romance ‘Um defeito de Cor’, de Ana Maria Gonçalves”. Alex Baoli (URCA)

“O Estético Transgressor: geração tombamento e as novas formas de fazer política”. Tiago Alexandre dos Santos e Kaio Cardoso (URCA)

“Madagascar Olodum”: a música como instrumento de protesto e resgate histórico-geográfico. Franklin Saraiva (URCA)/Janaina Leite Silva (URCA)

“O silenciamento negro e a resistência através da música contemporânea”. Lira Sousa (URCA)

“Na rua, no beco: infância afrodescendente na comunidade rural Bebida Nova!” Hayane Mateus (URCA)

18h30

“Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC): contexto, experiências, limites e desafios no Universo dos espaços escolares e universitários e luta pelo Bem Viver”. Maria Eliana de Lima (GRUNEC)

“Concepção de gênero, feminismo e Movimento Negro: reflexão acerca dos fluxos de Representação”. Eudivânia da Silva (UFRN)

“A criminalização da pesquisa científica: o trabalho antropológico e a ameaça aos direitos territoriais de povos indígenas e quilombolas”. Profa. Juliana Monteiro Gondim (UECE)

20h

Mesa: Caminhos da Educação Afro-Brasileira na Relação Universidade - Educação Básica - Movimentos Sociais. Profa. Zuleide Fernandes de Queiroz/Profa. Cícera Nunes (URCA) / Profa. Maria Telvira da Conceição (URCA)

Dia 07/06, às 13h30

Exibição de Curtas Metragens

África 50 (1956), de Rene Vautier; O tigre a gazela (1976), de Aloysio Raulino e Alma no olho (1973), de Zózimo Bulbul.

Discussão: Ythallo Rodrigues (Filmes de Alvenaria/ O Berro Filmes)

15h

“O Pensamento Social Africano: Dilemas e Perspectivas”. Prof. André Álcman Damasceno 
(URCA)

16h

Lançamento do Livro: “Cabo Verde e Guiné-Bissau: as relações entre a sociedade civil e o estado”. Ricardino Jacinto Dumas (UNILAB)

Dia 08/07
A Partir das 18h


Discotecagem de Vinis na Feira Cariri Criativo (Refesa/Crato): Sonoridades Afro-Brasileiras, com André Álcman.


O pobre de direita ou o metaleiro de direita, quem é mais alienado?



A maioria dos headbangers (ou metaleiros) que conheço são reacionários mesmo. É por essas e outras que costumo brincar que Metal é nome de lixo. Quem nunca jogou uma latinha de cerveja numa lata de lixo reciclável escrito metal? Metaleiro alienado de direita no Brasil transforma o movimento em lixo, mas um lixo reciclável, ou seja, o cara pode abrir a mente se entender que o gênero, em sua raiz, é um movimento de protesto contra a sociedade conservadora.

Do Pragmatismo Político - Um artigo do jornalista Bruno Silvestre no site WikiMetal diz tudo: “Judas Priest, AC/DC, Twisted Sister, Motley Crue e Mercyful Fate são exemplos que fizeram a elite conservadora arrancar os cabelos e não medir esforços para censurá-los”. Dentro do espírito de contestação que o Rock and Roll representa, era para o metaleiro ser, por natureza, no mínimo alguém contra o estabilshment.

No Brasil, infelizmente, há muito nazistinha “bolsominion” e afins propagando que o Metal representa as ideias conservadoras de extrema-direita. Um exemplo disso foi dado pelos caras da banda Tihuana, que ressuscitou uns anos atrás com o hit “Tropa de Elite”. Eles estavam numa pior e se transformaram numa banda decadente cover de Legião Urbana para ganhar uns trocados. Era o Urbana Legion. Onde iam, apresentavam a bandeira do Brasil com discurso coxinha pró-impeachment. Tiveram que sair correndo de muita cidade administrada pelo PT.

Eu vi a figura do roqueiro ser associada à Direita quando estava na Marcha Antifascista, no início desse mês, e os organizadores estavam repassando a rota que faríamos e foi falado sobre a Galeria do Rock.

— Passaremos na frente daquela Galeria do Rock, cheia de reacionários de extrema-direita e vamos vaiar os caras.

Entre os próprios “antifascistas”, havia muita gente no maior visual roqueiro, principalmente punks, o que fez o plano de vaiar a Galeria do Rock soar contraditório.

Chegamos na avenida São João, em frente à galeria, os manifestantes pararam ali e começaram a provocar os roqueiros, que disputavam espaço nas marquises para assistir à manifestação. Eram xingados e a maioria não estava entendendo nada. Alguns davam joia para os manifestantes, apoiando a causa.

Então rolou um protesto dentro do protesto. Metaleiros que estavam lá entre anarquistas, comunistas, GLBTs e o povo da esquerda se juntou e cantou: “caiam na real, o metal não é fascista”, algo do tipo.

Jogo o Metal no lixo quando vejo metaleiros como o Phil Anselmo da banda Pantera terminar seus shows bradando ódio e fazendo saudações nazistas. Mustaine, Tom Araya e Bruce Dickinson são tudo reaça também. É uma pena.

Uns comentários interessantes que li no artigo falavam coisas do tipo: “sou fã do Death Splatter, mas não vou sair por aí empalando as pessoas”. Outro dizia: “pior de tudo é Headbanger com a camiseta do Che Guevara, Fidel Castro ou mesmo do Lula molusco”.

Nunca se esqueçam que o rock nasceu do blues, dos negros, é som de negão. Pode existir White Metal fascista, bandas que defendem a Ku Klux Klan, mas esses caras estão viajando na maionese, usando muita droga estragada e estragando um movimento que nasceu para ser de esquerda.