Centrais Sindicais e Dieese vão divulgar pelo país efeitos da 'reforma' da previdência



As centrais sindicais e o Dieese abriram hoje (23), em São Paulo, uma jornada de debates que vai percorrer todas as capitais brasileiras e algumas cidades do interior para detalhar a proposta do governo de mudanças na Previdência e suas consequências para os trabalhadores. "O projeto limita, retarda (a entrada no sistema), arrocha, exclui. Essa proposta amplia o número de excluídos", afirmou o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, que detalhou o funcionamento do "aposentômetro" criado pela entidade. Oitenta entidades participaram da abertura, que também foi transmitida pela TVT.
 Da RBA


A estratégia das centrais é ampliar o número de atividades pelos municípios, envolvendo o Legislativo, entidades de classe, associações comerciais, para levar informações que contradigam o discurso oficial. O presidente da CUT, Vagner Freitas, destacou as consequências da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287 para as economias locais, na medida em que grande parte dos municípios é dependente de recursos vindos da Previdência e do salário mínimo, cuja política de valorização também está ameaçada. A 13ª Jornada de Debates do Dieese já tem atividades marcadas em quatro estados: Amazonas (11 de março), Bahia (dia 9), Mato Grosso do Sul (10) e Roraima (também 9).

Vagner Freitas, presidente da CUT: "É o maior assalto aos direitos dos
trabalhadores na história do Brasil." Foto: Roberto Parizotti/CUT.

"Não é reforma, é demolição", disse o presidente da CUT. "É o fim da Previdência Social como instrumento público. É o maior assalto feito aos direitos dos trabalhadores na história do Brasil", afirmou, acrescentando que não é possível fazer emendas na PEC – parte dos dirigentes defende essa estratégia. "Não tem remendo." Segundo o dirigente, a maneira de barrar a "reforma" é com mobilização na rua e influenciando os parlamentares em suas bases eleitorais. As centrais acertaram para 15 de março um dia nacional de paralisações e protestos.

"Só avançamos quando nos unimos", disse o vice-presidente da UGT Antonio Carlos dos Reis, o Salim. "Este é o momento de impedirmos essa reforma. Querem acabar com o direito dos trabalhadores. É preciso fazer o debate não só nos sindicatos. "Se o dirigente da CUT usou o termo "destruição" para se referir à PEC, Salim falou em "implosão"."

Pouco tempo

"É fundamental que os trabalhadores conheçam o que está em debate, o que pode ser votado no Congresso e o os prejuízos que eles podem ter", comentou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. "Eu acho que deve ter reforma, para que o agronegócio pague. Há muita gente que não paga previdência. Os grandes clubes, as grandes universidades não pagam."

O tempo para esse debate é curto, conforme lembrou o presidente da Comissão de Direito Previdenciário da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carlos Alberto Vieira de Gouveia. De dez sessões da comissão especial da Câmara em que será possível apresentar emendas, cinco já foram realizadas. E há propostas ainda piores em andamento. "O jovem não vai conseguir entrar e o velho não vai conseguir pagar", afirmou Gouveia. Segundo ele, os principais devedores da Previdência têm débitos de aproximadamente R$ 3 bilhões e há outras fontes de recursos, que deveriam ser destinados ao sistema, usados para outros fins.

A OAB também está apresentando emendas à PEC. Durante a mesa de abertura, o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, faria um apelo para que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), presidente da Força, apresentasse uma emenda unitária com a entidade. Segundo o dirigente, este é um "momento chave" para os trabalhadores.

"Nossa estratégia é ganhar tempo para conscientizar melhor", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PR), líder da bancada do PT, que participou da abertura da jornada. "Hoje, a correlação de forças é totalmente contrária a nós, mas a gente começa a ver mudanças nisso, principalmente em relação à reforma de Previdência. Na Câmara dos Deputados, a gente já sente que a base não está indo com a proposta como ela veio. Acho que a sociedade está vendo que a mexida é para tirar mesmo seus benefícios."

Ela disse otimista quanto às possibilidades de barrar a PEC, mas afirmou que isso só será possível com muita mobilização nas ruas. "Se for uma discussão entre as paredes do Congresso Nacional, nós perdemos", alertou Gleisi.

Conquista da sociedade

"O descontentamento (na população) já é visível", avaliou o secretário de Formação Sindical da CSB, Cosme Nogueira, dirigente dos servidores públicos de Minas Gerais. "É um retrocesso que será marcado na nossa história, que está no caminho inverso ao de uma sociedade mais justa." Ele também fez referência à proposta de reforma trabalhista (Projeto de Lei 6.787): "É mentira dizer que vai criar emprego. Tudo baseado no achismo. Crescimento é que vai gerar emprego, com justiça social."

Para Paulo Barela, integrante da CSP-Conlutas, o que acontece no Brasil se insere em um contexto internacional em que, para garantir a manutenção do sistema financeiro, são propostas reformas que atingem os direitos sociais. Entre estes, a Previdência, sistema baseado na solidariedade entre as gerações, "uma conquista lindíssima da sociedade". Ele afirmou que a seguridade social é uma obrigação do Estado e não é voltada para dar lucro. "O grande problema da Previdência não é de déficit, mas de sonegação. Por que não se ataca essa via?", questionou.

Depois de "destruição" e "implosão", o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho, referiu-se à proposta do governo Temer como o programa "minha cova, minha vida". "Uma PEC não pode ser discutida em 10 sessões, tem de ser amplamente discutida com o povo brasileiro", afirmou. Para Luizinho, os trabalhadores, nas próximas eleições, têm de se preocupar mais com o Parlamento. Segundo ele, em alguns dias de panfletagem em locais no centro de São Paulo foram colhidas 1 milhão de assinaturas contra as reformas da Previdência e trabalhista. O dirigente afirmou que é preciso se "rebelar" para não se tornar "escravos" da concentração de renda.

O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, disse que o objetivo do governo é transformar a Previdência "em instrumento bancário", referência ao estímulo à privatização do sistema. "O governo está pagando a conta para quem o pôs no poder. Temer e esses deputados odeiam o povo pobre", afirmou, pedindo "sangue nos olhos" e também se manifestando contra a apresentação de emendas. "Não tem o que emendar. Achamos que o momento não é de negociação, de reduzir danos."

O diretor-executivo da CTB Eduardo Navarro referiu-se à "reforma" como "desforma", um caminho para a destruição do Estado de bem-estar social e transformação do Brasil em colônia. "Está em risco todo o sistema de seguridade social, inclusive o SUS. Outras reformas estão vindo. Temos de transformar 2017 em ano de jornada popular", afirmou. Segundo ele, os atos de 8 (Dia Internacional da Mulher) e 15 de março (dia de paralisações) serão os primeiros momentos de resistência.

Blogueiro altaneirense cria grupo no whatsapp para comemorar 7 anos de atuação na rede

O advogado e Blogueiro Raimundo Soares Filho com forte atuação nas redes sociais através do seu Blog de Altaneira (BA), registrou na noite da última terça-feira, 21, a passagem do sétimo aniversário do “diário na rede” que leva o cognome do município.

Em artigo, Soares fez um balanço das postagens e da receptividade dos leitores. Seguindo a mesma linha desde que registra as passagens de ano, o blogueiro lembrou o primeiro post que foi ao ar às 08:20h. do dia 21 de fevereiro de 2010, com o título “Aviso Importante” – relatando que o blog não visava fins lucrativos, mas tão somente promover e divulgar o Município, propiciando um espaço para discutirmos política, cultura e outros temas de interesse coletivo.

Segundo ele, o diário tem tomado muito do seu tempo, mas também tem proporcionado grandes alegrias, principalmente pela credibilidade conquistada e pelo respeito recebido dos altaneirenses e de centenas de pessoas de outras localidades. O portal, que é um dos mais acessados da região, já ultrapassou a marca dos 2.530.000 acessos.

A novidade este ano é que para além das já tradicionais formas de divulgação dos artigos – facebook e twitter - Soares se rendeu ao whatsapp. Ele criou um grupo que agrega até o fim desta matéria 70 (setenta) membros. Na justificativa, ele afirmou que o grupo facilitará o contato com os leitores e que atendeu a pedidos de vários amigos. 


Imagem usada no artigo e no perfil do grupo no Wahatsapp/ Raimundo Soares Filho.

Serra, citado na Lava Jato, deixa o Ministério das Relações Exteriores



O ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), pediu demissão na noite desta quarta-feira (22) ao presidente Michel Temer. Ele alegou que enfrenta problemas de saúde, que atrapalham as constantes viagens internacionais que precisa fazer em função do cargo. O pedido de exoneração foi aceito por Temer. Em carta divulgada pelo Palácio do Planalto, Serra afirma estar triste com a decisão e que atuará em favor do governo assim que reassumir o mandato no Senado, de onde está licenciado. Desde que chegou ao Itamaraty, em maio do ano passado, sua cadeira é ocupada pelo suplente José Aníbal (PSDB-SP). O mandato dele vai até 2022.

A carta de demissão foi entregue pessoalmente ao presidente no Palácio do Planalto. “Segundo os médicos, o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses”, afirma o agora ex-ministro, sem detalhar a doença. Há dois meses ele se submeteu a uma cirurgia de descompressão e artrodese da coluna cervical. A passagem dele pelo ministério foi marcada por confrontos diretos com o governo da Venezuela, em contraposição à política anterior, de aproximação entre os dois países.

Ao voltar ao Senado, Serra mantém o foro privilegiado. Ou seja, só poderá ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), corte também responsável por seu eventual julgamento. O tucano, que foi duas vezes candidato à Presidência da República (2002 e 2010), é citado nas delações da Odebrecht. A Procuradoria-Geral da República ainda analisa as declarações dos executivos da empreiteira. De acordo com delatores, Serra foi beneficiado com R$ 23 milhões em doações ilícitas do grupo, por meio de caixa dois, em sua campanha de 2010. Parte do dinheiro, segundo eles, foi repassada no Brasil e outra, em contas no exterior. A prestação de contas do candidato aponta que a Odebrecht doou R$ 2,4 milhões para sua candidatura naquele ano – nove vezes menos do que o citado nas delações.


Leia a íntegra da carta de demissão do ministro José Serra aqui 

Passagem de Serra pelo Itamaray foi marcada por embates com a Venezuela. Foto: Gerdan Wesley/ PSDB.

Homofobia: Levy Fidelix pagará R$ 25 mil por declaração sobre “aparelho excretor”



A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo manteve a condenação do presidente do PRTB, Levy Fidelix, foi multado por ‘prática de discriminação homofóbica’. Fidelix deverá pagar R$ 25.070 por ter feito declarações homofóbicas durante debate das eleições de 2014.
Do DCM

A multa foi estipulada em 1.000 UFESPs. O valor da UFESP para o período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017 é de R$ 25,07.

A denúncia de discriminação homofóbica foi formulada pela Coordenação de Política para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, contra Levy Fidelix.

Durante o debate de 2014, a candidata Luciana Genro (PSOL) fez uma pergunta a Fidelix sobre suas políticas para a defesa dos direitos da chamada comunidade LGBT, de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, no caso de ser eleito. Na resposta, o candidato do PRTB associou a homossexualidade à pedofilia e a doenças mentais e fez uma espécie de conclamação da maioria para o “enfrentamento” da minoria sexual.


Aparelho excretor não reproduz”, disse Fidelix. “Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar – fez muito bem – do Vaticano um pedófilo.”


‘É preciso ensinar índios a pescar’, diz novo presidente da Funai



O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antonio Fernandes Toninho Costa, que assumiu o cargo em janeiro deste ano, provocou sua primeira polêmica frente ao cargo ao declarar, ao jornal Valor, que é preciso que as aldeias “sejam auto sustentáveis” e é preciso “ensinar os índios a pescar”.

Ainda na entrevista, Toninho Costa disse que o momento da “Funai assistencialista” não cabe mais. A afirmação não foi bem aceita pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). “Talvez ele pudesse inverter as palavras, deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar. Ele é que está chegando agora, então seria bom ensinar (a ele) o rumo, abrir o espaço para um diálogo com os povos indígenas que são aqueles que sabem para onde querem ir”, afirmou o secretário-geral do Cimi, Gilberto Vieir, em entrevista à TVT.

O secretário-geral do Cimi disse que a indicação de Toninho Costa, no primeiro momento, agradou os movimentos sociais que atuam junto aos povos indígenas e lembrou que o novo presidente da Funai viveu muitos anos em áreas de demarcação, trabalhando diretamente com os indígenas e possui comprovada formação acadêmica na área.

Entretanto, Gilberto lembra que a Funai terá dificuldade mais para atuar nas questões de saúde, educação e nos conflitos de terra em áreas críticas, como no Mato Grosso do Sul, pois a fundação atua com poucos colaboradores e um orçamento cada vez mais enxuto, por causa da política de cortes na área social promovidas pelo governo Temer. “Ele pega a Funai em um momento extremamente conturbado, na parte financeira, nas próprias iniciativas que o governo Temer tem feito, com uma portaria limita a demarcação de terra. É esse o contexto do presidente da Funai, que tem o orçamento reduzido”, explica.

O Cimi também chamou a atenção para a presença de Michel Temer, na sexta feira passada (17), no ato de posse do novo presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), agora sob o comando do deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).

A aproximação de Temer com a bancada ruralista é sinal de que cada vez mais as demandas do agronegócio terão prioridade, em detrimento dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. “Ele (Temer) declara que quando olha para o futuro, ele olha os ruralistas, ou seja, então se você trabalha para os ruralistas, você vira as costas para os povos indígenas.”


Cimi: "Talvez ele pudesse deixar os indígenas ensinarem a Funai a pescar e mostrar para onde querem ir".