Segundo TRE quase 20% do eleitorado cearense já fez o recadastramento biométrico



Faltando 41 dias úteis para o final do processo de revisão biométrica no Estado do Ceará, mais de 1 milhão e 200 mil eleitores já compareceram aos cartórios para coleta da impressão digital, o que corresponde a 19,88%. Só no ano de 2015, até 18/01/2016, 816.630 eleitores foram recadastrados, o que representa 12,97% do eleitorado do Estado. Aqueles que ainda não compareceram, têm até o dia 18 de março para procurar o cartório eleitoral do seu município. 


Até agora, 16 municípios já encerraram os trabalhos de revisão eleitoral. Porém, o recadastramento obrigatório continua em 46 cidades cearenses: Altaneira, Amontada, Aratuba, Banabuiú, Barbalha, Baturité, Bela Cruz, Brejo Santo, Capistrano, Caridade, Cariré, Caririaçu, Cariús, Crato, Farias Brito, Frecheirinha, Granjeiro, Groaíras, Horizonte, Irauçuba, Itaitinga, Itapagé, Itapipoca, Itapiúna, Itarema, Jardim, Jati, Jucás, Maracanaú, Marco, Meruoca, Miraíma, Missão Velha, Mulungu, Nova Olinda, Ocara, Paraipaba, Paramoti, Penaforte, Porteiras, Quixeré, Santana do Cariri, Tejuçuoca, Tianguá, Várzea Alegre e Viçosa do Ceará.

Os eleitores de Sobral, Alcântaras, Forquilha, Aquiraz, Eusébio, Crateús, Ipaporanga e Juazeiro do Norte já votaram em 2014, através da biometria. Em 2015, mais oito municípios encerraram os trabalhos de recadastramento: Ibiapina, Limoeiro do Norte, Camocim, Ubajara, Milagres, Abaiara, Iguatu e Quixelô.

O TRE-CE lembra ainda que Fortaleza e Caucaia também passam pelo processo de biometria, mas seus eleitores ainda não serão obrigados a se recadastrar para as eleições deste ano. Nos dois maiores municípios do Estado o recadastramento biométrico é facultativo e só deverá ser obrigatório nas eleições de 2018. O mesmo acontece em outros 31 municípios do interior do Estado: Ibicuitinga, Cascavel, Pindoretama, Pacajus, Chorozinho, Pacatuba, Guaiúba, Acaraú, Cruz, Jijoca, Maranguape, Palmácia, Aracati, Icapuí, Fortim, Russas, Palhano, Canindé, Itatira, Santa Quitéria, Catunda, Hidrolândia, Uruburetama, Tururu, Pacoti, Guaramiranga, São Gonçalo do Amarante, Aracoiaba, Quixadá, Choró e Ibaretama.

Projeto do Governo Federal prevê construção de 10 mil cisternas em escolas do Semiárido




Este ano, mais de 3 mil cisternas serão construídas em escolas públicas do Semiárido brasileiro a partir de uma tecnologia considerada simples e barata, a cisterna de placa. A aposta neste tipo de investimento começou a ser feita no ano passado, quando 1,7 mil cisternas foram instaladas. Esses reservatórios – de forma cilíndrica, cobertos e semienterrados – evitam que, em períodos de estiagem, típicos da região, as aulas e outras atividades escolares acabem sendo suspensas em função de desabastecimento.

A Escola Municipal Furtado Leite, na comunidade Pereiros, em Nova Russas (CE) recebeu a primeiras das 5 mil cisternas
que serão construídas em escolas públicas rarais do Semiárido até 2016.  Divulgação MDS/Cáritas/Crateús (CE).
O programa é novo. Vamos concluir 5 mil cisternas este ano, e nossa ideia é chegar a 10 mil cisternas em três anos, mas acredito que alcançaremos este número antes”, afirmou, hoje (20), a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, durante apresentação de balanço e desafios das ações voltadas ao Semiárido.

A instalação de cisternas em escolas é um tipo de extensão do programa que vem sendo implantado há 13 anos. Desde 2003, foram construídas 1,2 milhão de cisternas de placas para garantir o consumo humano da população de baixa renda do Semiárido. Os reservatórios ligados a um sistema de calha que capta água da chuva tem capacidade de armazenamento de 16 mil litros, o que, segundo técnicos do ministério, é suficiente para abastecer uma família de cinco pessoas por quase um ano.

Agora, por exemplo, estamos no meio de um período de estiagem que durou cinco anos e caiu uma chuva inesperada e conseguimos encher as cisternas garantindo que essa população tenha água potável para beber, para cozinhar, para higiene pessoal para os próximos oito meses”, explicou, ao lembrar que, em 2015, foram construídas 125,7 mil cisternas.

Agricultura

Outras cisternas estão sendo construídas para atender à produção agrícola em pequena escala no Semiárido. Os reservatórios, neste caso, com capacidade de 52 mil litros ou mais, são usados para pequenas irrigações e para a criação de animais. Nos últimos quatro anos, agricultores familiares do Semiárido receberam 158 mil sistemas integrados de cisternas de placas. Apenas em 2015, foram distribuídos 53,5 mil tecnologias que incluem tanto o reservatório quanto o sistema de captação.

Tereza Campello ainda destacou que o programa tem ajudado a melhorar indicadores sociais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto em 2002 88,6% da população tinha acesso à água, em 2013, esse percentual chegou a 94,6% da população.

Outras regiões

Os sistemas foram criados para atender a famílias de baixa renda em área rural que não têm acesso regular à água, como é o caso do Semiárido, mas está sendo incorporado também pela região Norte do país. A ministra lembrou que mesmo com abundância do recurso, a população de baixa renda da região tem dificuldade de acessar água potável.

Falta água de qualidade para essa comunidade, mesmo que, muitas vezes, sejam pessoas que moram sobre palafita dentro dos rios. Estamos usando o programa na região Norte que tem uma diferença que não tem só a armazenagem de água para consumo, mas também uma pequena estrutura de saneamento, que é um banheiro e uma pia”, explicou Tereza Campello.

O programa na Amazônia ainda está em fase experimental. Até agora, 2,8 mil famílias de oito reservas extrativistas foram atendidas, e o governo gastou R$ 35 milhões instalando as estruturas nos locais.

Por que o Brasil é pior que 15 países da América Latina em incidência de natimortos?


Do BBC

O Brasil ficou atrás de 15 países da América Latina e Caribe, entre eles Nicarágua, Equador, Cuba, Colômbia e Venezuela, em um ranking sobre bebês que morrem antes do nascimento, logo depois ou durante o parto.

De acordo com o estudo, o Brasil subiu duas posições em 15 anos, passando de um índice de 12,1 natimortos por 1000 nascimentos em 2000 para 8,6 em 2015. Ainda assim, o índice é quase três vezes pior do que no Chile (3,1), país melhor qualificado da região.


Na listagem global, o Brasil ficou em 78º lugar do ranking (de 195 países), parte de um amplo e detalhado estudo feito periodicamente pelo London School of Hygiene and Tropical Medicine, da Universidade de Londres, chamado "Ending Preventable Stillbirths" (colocando um fim em casos de natimortos evitáveis, em tradução livre) e publicado nesta terça-feira na revista científica Lancet.

Natimortos, no estudo, é definido como morte do feto com idade gestacional de 28 semanas (por volta de 7 meses) ou mais.

Mas o que está por trás desse resultado? Por que o Brasil está tão mal nesse quesito na comparação com outros países de sua região?

Disparidades

Em entrevista à BBC Brasil, a médica e pesquisadora Hannah Blencowe, uma das responsáveis pelo estudo, disse que "em primeiro lugar, é preciso ter em mente que, no Brasil, a qualidade dos serviços de saúde varia muito dependendo da região do país ou da classe social", diz.

"O risco de um bebê natimorto se multiplica entre populações de baixa renda em um mesmo país."

A pesquisadora também afirma que, no caso brasileiro, apesar de não ser uma das causas diretas de um índice alto de natimortos, as altas taxas de cesáreas podem indicar um preocupante desvio de foco no acompanhamento da saúde das mulheres grávidas.

"Os dois problemas apontam para a mesma questão: 'A mulher está recebendo o melhor tratamento possível, um tratamento cujo foco é o bem-estar dela e de seu bebê?' Quando se vê bebês nascendo com idade gestacional de 37 semanas em cesáreas marcadas, fica claro que não."

Hannah afirma ainda estar ciente de que a epidemia de cesáreas no Brasil tem inúmeros fatores, inclusive a pressão dos médicos para se agendar uma cesárea, mesmo quando não há razões médicas claras para isso, além do fato de parte das mulheres acreditar que marcar a data do parto é algo normal.

"Esse alto número de cesáreas pode indicar que, no Brasil, há um foco muito grande na data do parto, e se deixa de lado questões mais importantes, como monitorar o crescimento do bebê e acompanhar bem de perto problemas como diabetes, que podem ser controlados."

Exemplo dos vizinhos

O estudo cita exemplos de práticas adotadas por outros países - que poderiam servir de inspiração para melhorar a situação por aqui.

Um dos casos positivos citados pela pesquisadora é a prática do governo chileno em registrar em detalhes os casos de natimortos.

"É claro que é uma tragédia. E ninguém quer falar sobre isso. Mas o governo brasileiro poderia contabilizar melhor e com mais detalhes o número de natimortos. Não é uma questão de apontar dedos, mas sim de olhar de perto para os casos e ver o que aconteceu."

Cuba também entrou no estudo como o país da região que está fazendo mais progressos na redução do número de bebês que morrem antes de nascer.

Entre as razões para esse avanço estão um atendimento médico durante a gravidez de qualidade e acessível a maior parte da população.

E a pesquisa deixa claro que um país com pré-natal eficiente precisa diagnosticar, tratar com seriedade ou acompanhar de perto fatores que podem levar à morte de um bebê.

Diabetes, pressão alta e obesidade estão no topo da lista, assim como o tabagismo. Segundo o estudo, ao menos 10% das mortes desses bebês estão ligadas à hipertensão e outros 10% a diabetes.

Os pesquisadores também afirmam que países que agem para evitar que adolescentes fiquem grávidas se saem melhor. Acompanhar com mais atenção grávidas com mais de 40 anos também é recomendável. Nos dois casos, são gestações que podem trazer mais riscos à mãe e ao bebê.

Outros fatores de riscos apontados no levantamento são infecções durante a gravidez - 8% desses bebês morrem por a mãe ter contraído malária e 7,7%, sífilis.

Consequências ocultas

Para Hannah Blencowe, outro ponto no qual o Brasil pode avançar é "aprender a lidar melhor com as mulheres e as famílias que tiveram um bebê natimorto, dando voz a eles e melhorando o tratamento, especialmente psicológico, a essas pessoas".

O estudo destaca que o impacto psicológico, social e até econômico nas famílias que perdem um bebê precisa ter mais atenção dos governos.

Novos estudos citados pela pesquisa sugerem que 4,2 milhões de mulheres em todo o mundo estejam vivendo com sintomas de depressão por terem perdido um bebê. Segundo o levantamento, elas sofrem estresse psicológico, estigma e isolamento, além de estarem mais vulneráveis a abusos, violência doméstica e a problemas familiares.

Os pesquisadores também detalham como o pai de um bebê que morreu também sofre com o luto. Metade dos pais entrevistados nos países desenvolvidos, por exemplo, disse sentir que a sociedade queria que eles esquecessem o bebê natimorto e tentassem ter outro filho.

160 anos

No geral, o estudo conclui que há uma epidemia global negligenciada: são 2,6 milhões de bebês natimortos por ano em todo o mundo.

E afirma que o avanço na prevenção dessas mortes prematuras vem sendo extremamente lento. E a grande maioria dos casos (98%) está em países de renda média ou baixa. Segundo a pesquisa, no ritmo atual de progresso, vai levar mais de 160 anos para que uma grávida na África tenha as mesmas chances de seu bebê nascer vivo do que uma mulher em um país rico.

Um dos colegas de Hannah, a co-autora do estudo Joy Lawn, faz um apelo em sua conclusão da pesquisa:

"Precisamos dar voz a essas mães de 7.200 bebês que nascem mortos diariamente no mundo. É um erro acreditar que muitas dessas mortes são inevitáveis. Metade dessas 2,6 milhões de mortes anuais poderiam ser evitadas com melhorias no tratamento de mães e bebês durante o parto e no pré-natal."

MELHORES

1 Islândia 2. Dinamarca 3. e 4. Finlândia e Holanda (empatados) 5 Croácia
PIORES 1. Paquistão 2. Nigéria 3. Chade 4 e 5.Níger e Guiné-Bissau (empatados)

Saúde: Qual é o melhor café ou chá?


Do BBC

Esqueça o sabor. Entre o chá e o café, qual deles traz mais benefícios e qual prejudica mais a saúde?

A BBC Future analisou os estudos científicos realizados até hoje sobre os efeitos das duas bebidas sobre o corpo e a mente e apresenta aqui as evidências e traz alguns veredictos:

Contrariando o senso comum , o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café.
O fator alerta

Para muitas pessoas, uma boa dose de cafeína é o motivo principal para escolher o chá ou o café. A substância funciona como óleo para o nosso motor quando ainda nos sentimos enferrujados logo de manhã.

Baseando-se apenas na sua composição, o café ganharia de longe neste quesito: uma xícara comum de café de filtro contém de 80 a 115 miligramas de cafeína, enquanto a mesma quantidade de chá tem metade da dose da substância (40 miligramas).

Mas não é exatamente isso o que conta. Um estudo conduzido pela Unilever na Grã-Bretanha descobriu que ambas as bebidas deixam seus consumidores sentindo o mesmo nível de alerta conforme as horas passam. Também foi observado que indicadores de concentração, como tempo de reação a um estímulo, por exemplo, não apresentaram grandes diferenças entre quem tomou chá e quem tomou café.

E mais: ao ingerir uma dose dupla de chá, a bebida se mostrou até mais eficiente em aguçar a mente do que o café.

Os cientistas concluíram que a dosagem de cafeína não é tudo: talvez nossas expectativas também determinem nosso estado de alerta; ou ainda, a mistura de sabores e odores pode ajudar a despertar nossos sentidos.

Veredicto: Contrariando o senso comum, o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café. Um empate.

Qualidade de sono

As principais diferenças entre o chá e o café aparecem quando a cabeça encosta no travesseiro.

Ao comparar voluntários que consomem a mesma quantidade de cada uma dessas bebidas ao longo de um dia, pesquisadores da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, confirmaram que aqueles que preferem o café têm mais dificuldades em adormecer à noite – talvez porque a maior concentração de cafeína do produto a faça permanecer mais tempo no organismo.
Já os apreciadores do chá tiveram uma noite de sono mais longa e mais repousante.

Veredicto: O chá oferece muitos dos benefícios do café sem provocar noites de insônia. Ponto para ele.

Manchas nos dentes

Assim como o vinho tinto, o chá e o café são conhecidos por causar manchas amareladas e amarronzadas nos dentes. Mas qual deles traz os piores efeitos?

Em um artigo, especialistas em odontologia da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, parecem concordar que os pigmentos naturais do chá tendem a aderir mais ao esmalte dos dentes do que os do café – principalmente em quem usa um enxaguante bucal contendo o antisséptico clorecidina, que atrai e se “cola” a essas partículas.

Veredicto: Se você busca um sorriso perfeito, o café parece ser o menor dos males.

Um bálsamo para almas perturbadas...

Na Grã-Bretanha, é comum oferecer “um chá e um consolo” a um amigo em apuros, como se a bebida fosse um remédio para mentes angustiadas.

E na realidade alguns estudos científicos, como um realizado recentemente na Universidade College London, indicam que o chá preto pode ser um bom calmante. Consumidores da bebida tendem a mostrar uma reação fisiológica mais tranquila a situações perturbadoras, em comparação àquelas pessoas que só tomam chás de ervas.

De maneira geral, quem bebe três xícaras de chá por dia apresenta um risco de depressão 37% menor do que aqueles que não consomem nenhum tipo de chá.

Já o café não goza da mesma reputação. De fato, alguns consumidores relatam sentir que seus nervos estão mais agitados. No entanto, há indícios de que o produto contribua para proteger contra distúrbios mentais a longo prazo.

Uma recente análise de estudos científicos envolvendo mais de 300 mil voluntários, publicada no Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, revelou que uma xícara de café por dia diminui o risco de depressão em 8%.

Já outras bebidas, como refrigerantes, por exemplo, só fazem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental.

Mas é bom lembrar que, apesar dos esforços dos cientistas, esse tipo de estudo epidemiológico dificulta a exclusão de outros fatores que podem estar por trás da raiz do problema, como por exemplo a qualidade e o efeito dos nutrientes contidos em cada bebida.

Veredicto: Com base em poucas provas, trata-se de um empate.

...e um bálsamo para o corpo

Estudos epidemiológicos semelhantes indicaram que tanto o café quanto o chá oferecem muitos outros benefícios à saúde. Ao consumirmos poucas doses dessas bebidas por dia, podemos reduzir o risco de desenvolver diabetes, por exemplo.

E, como o café descafeinado oferece os mesmos benefícios, é bem possível que outros nutrientes estejam lubrificando o metabolismo para que ele continue a processar a glicose sem se tornar resistente à insulina – a causa da diabetes.

As duas bebidas também protegem moderadamente o coração, apesar de as evidências serem ligeiramente mais favoráveis ao café. Já o chá protege mais contra uma série de tipos de câncer, por causa de seus antioxidantes.

Veredicto: Outro empate. As duas bebidas são surpreendentemente saudáveis.

Veredicto final: É preciso admitir que há poucos elementos que diferenciam as duas bebidas para além do gosto pessoal. Tomando como base apenas o fato de que o chá permite uma melhor noite de sono, declaramos que essa é a bebida vencedora.

Individualidade e coletividade no movimento negro de base acadêmica, por Alex Ratts



Tudo panos, úmido murcho, como corda antes da música. udo uma roupa vasta que a mão separando ajunta. fios de uns e outros misturados, cada um com seus nomes. De rito e de longe, de muito e nenhum recurso. Tudo um risco para quem torce as costas no tanque. Como as letras na impressora antes dos livros. Tudo roupas para um corpo que se expande todo braços, segurando as peças. A quem atenta são páginas de leituras
                                                                                                      
                                                                                                       Edimilson de Almeida Pereira – Nos Varais


A encruzilhada, linha de força, entre individualidade e coletividade, é aqui analisada na constituição do movimento negro contemporâneo, especialmente nos circuitos acadêmicos. Esse aparente antagonismo entre o indivíduo e o coletivo no campo político reside no fato de que o ativismo em movimentos sociais colocou (e talvez ainda coloque) barreiras para a expressão da individualidade se apresentar com agudez posto que elementos da individualidade como o pertencimento racial e/ou de gênero são vistos como obstáculos para a construção da objetividade no pensamento científico.

Foram determinados indivíduos, com suas personalidades, que assumiram certos campos de atuação e temas de estudo. O envolvimento com o movimento negro foi bastante amplo para alguns/umas acadêmicos/as. Questionaram a sociedade, a esquerda, os movimentos sociais de classe e de gênero e o próprio movimento negro. Deram novos sentidos ao fazer político social, racial e/ou de gênero. Sabendo do custo de ser negro no Brasil, tornaram-se negros/as ativistas intelectuais. Romperam com o lugar social subalterno, enfrentaram o racismo e/ou o sexismo.

No entanto, algumas pessoas de referência neste campo tiveram suas trajetórias interrompidas com a morte em plena maturidade.

Escrevo com base em pesquisa individual e em leituras de outros/as pesquisadores/as que tratam de trajetórias de ativistas negros/as, agregando-as para problematizar a relação entre individualidade e coletividade, o que envolve a abordagem de um projeto tanto pessoal quanto político. Centrar-me-ei em alguns indivíduos que emergiram no cenário nacional nos anos 1970 e marcaram indelevelmente o movimento negro contemporâneo e o campo de estudo das relações raciais e/ou de gênero na escolha e no tratamento dos temas do racismo (em correlação com outros sistemas de opressão) e da cultura negra.

Em síntese, trabalho em duas direções: 1. A idéia de um movimento negro de base acadêmica com um projeto político; 2. Os dilemas entre individualidade e coletividade, recolocados em outras aparentes contradições, para intelectuais ativistas negros/as. Olhando para as décadas de 1970 a 1980, destacam-se as figuras exemplares de Eduardo Oliveira e Oliveira, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento e Hamilton Cardoso. Eventualmente menciono outros/as que alcançaram visibilidade pública no mesmo período ou em décadas anteriores, e que também compuseram esse cenário.

Seus percursos indicam a existência de dilemas entre: militância e academia; política e cultura; racismo, sexismo e classismo; movimentos negros e movimentos de base classista ou de gênero; e, de certa maneira, entre vida e morte conquanto se confrontaram com sistemas de interrupção da existência humana que vão desde a desumanização até a eliminação sumária (de indivíduos e coletividades inteiras). Alguns/umas vieram a morrer antes dos 60 anos de idade, por motivo de doença grave, assassinato ou suicídio.

A trajetória de intelectuais críticos de seu tempo e de seus contextos de vida indica questões específicas que podem ser compreendidas igualmente em sentidos coletivos.

No caso da formação de “intelectuais negros/as insurgentes” (hooks & WEST, 1991), especialmente aqueles/as vinculados/as ao movimento negro, há questões ligadas à construção de sua individualidade, à opção pela militância, à sua ligação com as comunidades e culturas negras, e, à continuidade de suas trajetórias enquanto acadêmicos/as e intelectuais. Coloca-se a questão da formulação e veiculação de um discurso, enquanto “vontade de verdade” (FOUCAULT, 1999), sendo o/a intelectual aquele “que procura, incansavelmente, a verdade, mas não apenas para festejar intimamente, dizê-la, escrevê-la e sustentá-la publicamente” (SANTOS, 2001). Com um “intelecto inquiridor e profundamente confrontador” (SAID, 2003: p. 29) e portadores de “saberes sujeitados” (FOULCAULT, 2005: p. 11) esses/as intelectuais se confrontaram com encruzilhadas e superaram muitas delas “ em movimento”, mas nem sempre em consonância com o movimento negro.


Segundo estudo 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes


Do BBC

A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes.

Essa é a conclusão de um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015.

Oxfam fez apelo a líderes reunidos em Fórum Econômico Mundial de Davos para que discutam e adotem medidas contra
a desigualdade.
O relatório também diz que as 62 pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo - em riqueza - que toda a metade mais pobre da população global.

O documento pede que líderes do mundo dos negócios e da política reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos, que começa nesta semana, na Suíça, tomem medidas para enfrentar a desigualdade no mundo.

A Oxfam critica a ação de lobistas - que influenciam decisões políticas que interessam empresas - e a quantidade de dinheiro acumulada em paraísos fiscais.

Ressalvas

Segundo o estudo da Oxfam, quem acumula bens e dinheiro no valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais ricos da população. Para estar entre o 1% mais rico, é preciso ter US$ 760 mil (R$ 3 milhões).


Isto significa que uma pessoa que possui um imóvel médio em Londres, já quitado, provavelmente está na faixa do 1% mais rico da população global.

No entanto, há várias ressalvas a estes números. O próprio Credit Suisse reconhece que é muito difícil conseguir informações precisas sobre os bens e dinheiro acumulados pelos super-ricos.

O banco diz que suas estimativas sobre a proporção de riqueza dos 10% e do 1% mais ricos "podem estar subestimadas".

Além disso, os números incluem estimativas colhidas em países nos quais não há estatísticas precisas.

A Oxfam afirmou que o fato de as 62 pessoas mais ricas do mundo acumularem o equivalente à riqueza dos 50% mais pobres da população mundial revela uma concentração de riqueza "impressionante", ainda mais levando em conta que, em 2010, o equivalente à riqueza da metade mais pobre da população global estava na mão de 388 indivíduos.

"Ao invés de uma economia que trabalha para a prosperidade de todos, para as gerações futuras e pelo planeta, o que temos é uma economia (que trabalha) para o 1% (dos mais ricos)", afirmou o relatório da Oxfam.

Tendência

A Oxfam verificou que a proporção de riqueza do 1% dos mais ricos vem aumentando a cada ano desde 2009 - depois de cair de forma gradual entre 2000 e 2009.

A ONG britânica pede que os governos tomem providências para reverter esta tendência. A Oxfam sugere a meta, por exemplo, de reduzir a diferença entre o que é pago a trabalhadores que recebem salário mínimo e o que é pago a executivos.

A organização também quer o fim da diferença de salários pagos a homens e mulheres, compensação pela prestação não remunerada de cuidados a dependentes e a promoção de direitos iguais a heranças e posse de terra para as mulheres.

A ONG britânica quer também que os governos imponham restrições ao lobby, reduzam o preço de medicamentos e cobrem impostos pela riqueza em vez de impostos pelo consumo.

As grandes mulheres negras da história do Brasil em cordéis




Talvez você nunca tenha conhecido a trajetória de sequer uma mulher negra na história do Brasil. Mesmo na escola, nas aulas sobre o período da colonização e da escravidão, é provável que você não tenha lido ou ouvido falar sobre nenhuma líder quilombola, nem mesmo sobre líderes que foram tão importantes para comunidades enormes.



Essa ausência de conhecimento é um problema profundo no Brasil. Infelizmente, na escola não temos acesso a nomes como o de Tereza de Benguela, por exemplo, que recentemente se tornou símbolo nacional, quando o dia 25 de Julho foi oficializado como o Dia de Tereza de Benguela. Ainda assim, há grandes chances de que essa seja a primeira vez em que esse nome lhe salta aos olhos.

Para conhecer as histórias de luta dessas mulheres, é preciso mergulhar em uma pesquisa pessoal, que antes de tudo precisa ser instigada. Mas se as escolas e Universidades nem mesmo mencionam a existência de mulheres negras que concretizaram grandes feitos no Brasil, como a curiosidade das pessoas será despertada?

Na prática, as consequências dessa ignorância são muito graves. Não  aprendemos que mulheres negras foram capazes de conquistas admiráveis ou que lutaram bravamente, até mesmo em guerras contra a escravidão, e crescemos acreditando na ideia de que as mulheres negras nunca fizeram nada de grandioso e nem marcaram o país como outros grupos de pessoas. A tendência de muita gente é associar a bravura, a inteligência e a estratégia somente a figuras masculinas, sobretudo aos homens brancos, que são notavelmente mais registrados, memorados e citados em aulas de História.

Com essa falta de referências a mulheres negras, muito racismo continua a ser perpetuado. Mas como podemos reparar os imensos estragos causados por essa omissão? Neste início de ano, como parte de uma tentativa de espalhar informação sobre as histórias de grandes mulheres negras, lancei mais cordéis biográficos que contam suas trajetórias e conquistas. Em sala de aula ou passando de mão em mão, a Literatura de Cordel pode servir como um rico material para que essas histórias sejam repassadas e discutidas.

Nos novos cordéis, é possível conhecer Zeferina, líder do quilombo de Urubu, Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa, Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia, e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil. Passo a passo, grandes injustiças históricas podem ser eliminadas, trazendo à tona a memória de guerreiras e mulheres negras brilhantes que foram de enorme importância para o Brasil.

Para começar, leia aqui no Questão de Gênero o cordel que conta a história de Tereza de Benguela, disponível gratuitamente.

Para conhecer todos os cordéis, visite a página de Jarid Arrais

Acima de tudo, fale sobre essas mulheres, conte que elas existiram e busque por mais nomes e mais referências. Esse conhecimento é libertador e fundamental para combater o racismo e o machismo.