E se a Tais Araújo não fosse a Tais? Por Pedro Antonio no Curvas e Poesia


Taís Araújo é chamada de macaca na sua página do Facebook e o assunto toma as redes sociais. A polícia se envolve e logo teremos os racistas atrás das grades com todo louvor e aplausos do público. Aí eu pergunto: se a Taís não fosse a Taís, será que teria acontecido da mesma forma? Quantas negras são chamadas de macaca e nada acontece? Muitas, meus amigos, muitas. Mas é preciso que uma atriz global sofra o crime para que ele seja apurado, porque senão, é mais uma macaca na multidão.

Vivemos num país atrasado, o país da "carteirada" onde filho de alguém importante ou um sobrenome de "respeito" burla qualquer processo e passa na frente. Vamos exemplificar: se uma negra que serve o café no camarim fosse chamada de macaca por um ator global, será que teria a mesma repercussão? Provavelmente não. Por aqui, negro e pobre não tem vez e nem voz. Negro na universidade? É cota. Negro na balada? É segurança. Negro correndo na rua? É ladrão fugindo. O táxi não para, mas a viatura chega junto. E se o negro se revolta, dizem que ele está se vitimizando. Tremenda estupidez.

Muitas negras são chamadas de macaca todos os dias, mas só a Maju ganhou uma hashtag. Muitas mulheres têm seus cabelos crespos chamados de esponja, mas só a Taís Araújo teve o direito de ser ouvida. Muitas meninas tiveram suas fotos íntimas divulgadas na internet, mas só a Carolina Dieckmann ganhou uma lei com o nome dela. Muitos meninos negros são expulsos de estabelecimentos, mas precisou ser em uma loja "chique" da Oscar Freire para ganhar repercussão. E agora eu me pergunto: eu que sou uma negra anônima, como eu fico?

Quando “o sofrimento alheio não comove o opressor”, por Nêggo Tom em reposta a Luana Piovani


Caríssima, Luana Piovani!


Li a respeito do seu questionamento sobre que tipo de preconceito a Taís Araújo teria sofrido e se alguém poderia lhe esclarecer melhor. Pois bem! Com o devido respeito que lhe tenho como atriz, pois sou fã do seu trabalho, e como apreciador da sua postura não hipócrita e sempre autêntica diante das câmeras, o que me faz crer que você é o que é, e não "doura pílula", venho por meio deste artigo tentar responder a sua pergunta.



Tenho certeza de que você tem conhecimento que tivemos um período historicamente ordinário no qual seres humanos viviam sob o regime de escravidão. Por acaso isso aconteceu no Brasil também. E também por acaso, esses seres humanos escravizados eram negros trazidos da África em navios chamados "negreiros" e obrigados a trabalhar de graça, dia e noite para os colonizadores europeus. Que por acaso eram brancos. Essas pessoas, Luana, eram vistas e tratadas como verdadeiros animais. Eram acorrentados. Era-lhes privado o direito de ir e vir. Não tinham dignidade. Não tinham escolha. Não tinham liberdade. E caso ousassem a querer ter, eram castigados. Açoitados da forma mais vil e covarde. Isso quando não era-lhes tirada a vida como punição.

Essas pessoas, Luana, eram vendidas como se fossem animais de estimação ou aparelhos de uso doméstico. Por acaso, quem as traficava eram brancos. Essas pessoas, que por acaso eram negras, eram tidas como "sem alma", pelos senhores colonizadores e até mesmo por alguns sacerdotes representantes de Deus da época. Afirmação usada para legitimar a escravidão e os maus tratos a eles destinados. Toda referência à cor negra era usada como ofensa. Negro era um substantivo quase sempre acompanhado de um adjetivo desqualificante. Negro fujão. Negro safado. Negro abusado. Compará-los a um macaco também era uma brincadeirinha comum na época, para desqualificar o indivíduo e igualá-lo a um animal primitivo e de raciocínio limitado.

Luana, não eram poucas as menções pouco elogiosas às características étnicas dos negros. Seus cabelos eram considerados ruins. Cabelo duro. Cabelo carapinha. Seus narizes eram achatados. Nariz de batata. Suas bocas eram grandes. Beiçolas. Seus traços eram marcantes demais. Tudo visando a inferiorização da etnia para que se justificasse cada vez mais a sua exploração e segregação. Ainda hoje, Luana, alguns brancos se utilizam dessas referências para tentar nos ofender. Talvez numa atitude insana e nostálgica de retornar ao passado, onde tudo era permitido e ninguém era punido por isso. Era tão bom poder maltratar as pessoas e não ter que responder por isso. Hoje é tudo muito chato. Nem uma piadinha de preto se pode contar mais. Não posso mais chamar meu coleguinha de escola de Mussum, tição, suco de asfalto. Tá ficando sem graça! Afinal, o sofrimento alheio não comove o opressor.

Você perguntou se ela foi sacaneada na internet, né? Não! Ela não foi apenas sacaneada, Luana. Ela e muitos outros negros foram ofendidos na sua essência. Na sua honra. Na sua autoestima. No seu direito de serem como Deus os fez e com as características que a natureza os abençoou. Você disse que é "blaster sacaneada e xingada na net" e ninguém nunca saiu em sua defesa. Talvez seja porque nunca fizeram piada com a sua cor. Com os seus cabelos. Talvez seja porque nunca lhe dirigiram ofensas racistas nas redes sociais. Talvez seja porque a sua etnia nunca foi escravizada nesse país. Nunca foi explorada, chicoteada, açoitada. Talvez seja porque é considerado normal um branco ser protagonista de uma série de TV ou postar fotos glamourosas no facebook sem que cause estranheza. Afinal, somos um país europeu, não é verdade?

Em suma, Luana, acho esses ataques racistas algo orquestrado, sim. Não pelo PT ou pela esquerda, como os escravocratas modernos disfarçados de democratas querem fazer a sociedade acreditar. A intenção é manter acesa a chama do preconceito racial. Rende polêmicas. Estimula-se hashtags hipócritas do tipo: somos todos fulano. É plataforma política para os aproveitadores. É deleite fascista. Tem sabor de champanhe e caviar para alguns da elite europeia tupiniquim. É crueldade gratuita. É instigar o ódio de uma etnia contra a outra. É fazer com que racistas mais tímidos sintam-se incentivados a praticar a sua estupidez de forma pública e notória. É tentar fazer com que se enxergue com naturalidade o desrespeito ao outro. É tentar intimidar minando a autoestima. É atacar as políticas de afirmação social.

Uma ferida jamais cicatrizará se ficarmos mexendo nela a todo instante. Mas existe uma "junta médica" paralela, cuidando para que essa ferida nunca cicatrize. É a tal novela de época que vira e mexe está no ar, não para contar a história, mas apenas para te fazer lembrar que a senzala um dia abrigou os seus antepassados. E que por sorte você não está lá ainda. É o enredo do folhetim que coloca os negros apenas como personagens de apoio, como se na vida real fossemos apenas serventes da realeza branca do pau Brasil. É o filme publicitário que escolhe e a etnia que julga superior e mais vendável para falar do que é bom e a outra etnia inferiorizada pela patologia de mentes brilhantemente perversas, para falar do que é ruim ou secundário, porque a imagem do negro não é vendável.

Não existe vitimismo. Existe um sistema perverso que manipula as pessoas como bem entende, se aproveitando da podridão de sentimentos contida na alma de muitos que se dizem humanos. Não se engane Luana! Quem trata alguém com diferença ou indiferença e preconceito pelo fato desse alguém ser negro, branco, índio, gordo, magro, pobre, rico, gay, hétero, cristão, ateu, flamenguista ou vascaíno, tem sérios problemas. Talvez seja o preconceituoso e o racista quem não mereciam estar no convívio da sociedade. Talvez seja o racista, o mal do qual precisamos nos livrar para construirmos um mundo melhor, mais igual e mais justo. Precisamos nos humanizar. Precisamos ser mais educados e respeitosos com as diferenças. Enquanto não agirmos como seres de fato educados e humanos, sugiro que usemos a hashtag: #SOMOSTODOSPORRANENHUMA!

Saudações!

No sertão dos Inhamuns há uma cidade fantasma – Cococi e seus sete habitantes



Cococi já foi cidade e hoje é distrito de Parambu, no sertão do Ceará. Os sete moradores da localidade vivem da agricultura de subsistência.

Distrito fica a 27 km de Parambu. O único acesso é por estrada de piçarra. Foto: André Teixeira/G1.
O distrito de Cococi perdeu o status de cidade em 1979 e hoje pertence ao município de Parambu, no sertão dos Inhamuns no Ceará. Sete pessoas de duas famílias vivem na ex-cidade que já abrigou duas mil pessoas. Só restaram duas casas e a igreja entre as ruínas. ''Não acontece nada na maior parte do ano”, diz Maria Lobo, uma das moradoras.

A cidade é de grande importância para a história da região dos Inhamuns. De acordo com a diretora do Museu dos Inhamuns, Dolores Feitosa, foi lá que chegaram os primeiros habitantes a essa área do sertão cearense.

Para Clenilda, na maior parte do ano não "acontece nada" em
Cococi. Foto: André Teixeira/G1.
O lugar começou a declinar por causa da estiagens. “As pessoas foram saindo atrás de melhores condições de vida para seus filhos, para que eles pudessem estudar em centros mais desenvolvidos, porque Cococi estagnou”, diz a curadora do museu.

Os moradores contam que o terceiro e último prefeito da ex-cidade deu um calote na população e fez uso irregular de verba pública, o que revoltou e fez com que o restante da população abandonasse o local.

Atualmente, as poucas casas do local estão em ruínas. A vegetação destruiu a câmara municipal e a prefeitura. O telhado da maior parte das casas já desabou e o moinho de vento não puxa mais água para os sete moradores que ainda habitam o local.

Somente duas casas e a igreja estão conservadas. Maria Clenilda Lobo, de 40 anos, é matriarca de uma das famílias do Cococi. Ela mora com dois filhos e vivem da agricultura de subsistência. Para Maria, Cococi é uma “cidade fantasma onde não acontece nada na maior parte do ano”.

Igreja fica lotada durante novenário e "muda a
cara" de Cococi. Foto: André Teixeira.
Já Ana Cláudia, dona de casa e chefe da segunda família do distrito de Cococi, pensa diferente. “Aqui sempre vêm historiadores, pesquisadores interessados na história do Cococi. Também temos sempre visita de pessoas que vêm gravar entrevista e filme por aqui”, diz Ana.

De 29 de novembro a 8 de dezembro, Cococi realiza um novenário que “muda a cara do local”, como diz Ana Cláudia. O distrito recebe cerca de 300 pessoas por dia, que lotam a igreja de Nossa Senhora. A igreja é preservada pelas duas famílias de Cococi e é o prédio mais conservado da área.

Os católicos vêm das cidades vizinhas e criam um comércio paralelo durante os dias do novenário. Maria Clenilda aproveita a lotação para vender churrasco, cerveja e refrigerante. Em um dia de missa ela consegue cerca de R$ 80. O que ela ganha durante os 11 dias da novena é mais do que durante todo o resto do ano.

Alunos da EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, por ocasião de visita a I Mostra de Ciência, Cultura e
Tecnologia, do Cariri Oeste, da EEEP Antonia Nedina Onofre, em Assaré. Foto: Prof. Jhon Wille.
Na manhã desta sexta-feira, 06 de novembro do ano em curso,  os alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Raimundo Moacir Alencar Mota, em Assaré, expuseram trabalho intitulado “Resgatando Nossa História – Cococi, um passado em ruínas”, durante a I Mostra de Ciência, Cultura e Tecnologia, do Cariri Oeste da Escola Estadual de Educação Profissional Antônia Nedina Onofre, no mesmo município. As exposições temáticas receberam várias visitas de outras instituições de ensino, inclusive alunos e professores da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, localizada no município de Nova Olinda.

Por dentro da influência da cultura indígena



É provável que você conheça alguém chamado Ubiratan ou Jacira. Pode ser também Iracema, Tainá, Cauã ou Jandira. Quem vive ou já visitou o Rio de Janeiro, com certeza ouviu falar em Tijuca, Itaipu, Ipanema, Jacarépaguá, Itapeba, Pavuna e/ou Maracanã. Em São Paulo, quem não conhece Itaim, Itaquaquecetuba, Butantã, Piracicaba, Jacareí e Jundiaí? Não importa onde se viva, qualquer brasileiro já teve contato com uma infinidade de palavras de origem indígena, sobretudo da língua tupi-guarani (união entre as tribos tupinambá e guarani), como carioca, jacaré, jabuti, arara, igarapé, capim, guri, caju, maracujá, abacaxi, canoa, pipoca e pereba.

Torração de farinha: Alimento descoberto pelos índios que faz
parte de nossa cultura (foto: Chang Whan/Divulgação).
Mas não foi só na língua portuguesa que tivemos influência indígena. Sua herança e contribuição para a formação da cultura brasileira vai além: passa da comida à forma como nos curamos de doenças. Os índios, através de sua forte ligação com a floresta, descobriram nela uma variedade de alimentos, como a mandioca (e suas variações como a farinha, o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju e o guaraná, utilizados até hoje em nossa alimentação. Esse conhecimento das populações indígenas em relação às espécies nativas é fruto de milhares de anos de conhecimento da floresta. Lá, eles experimentaram o cultivo de centenas de espécies como o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o tomate, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate e o guaraná.

Bolsa Karajá: artesanato da tribo indígena (Foto: Marcio
Ferreira/Divulgação)
Outro benefício que herdamos da intensa relação dos índios e a floresta é em relação às plantas e ervas medicinais. O conhecimento da flora e das propriedades das plantas os fez utilizá-las nos tratamento de doenças. Por exemplo, a alfavaca que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é digestivo, antitóxico, combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres intermitentes (que cessam e voltam logo) são descobertas dos índios utilizadas no nosso dia a dia.

O artesanato também não fica de fora. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e escamas de peixe são utilizados em diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com uma aldeia indígena.

Cerâmica figurativa: artesanato indígena (Foto; Mariana Maia/Divulgação).
Segundo Chang Whan, pesquisadora e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro, embora nós tenhamos o costume de separar a cultura indígena da cultura brasileira, essa dissociação não está correta. “A cultura brasileira resulta da conjunção de muitas influências culturais, inclusive temos todas essas contribuições dos índios, com a influência na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na culinária e no tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais. Portanto, não devemos fazer essa dissociação”, explica.
 
Confecção de canoa em tribo indígena (foto: Chang Whan/Divulgação)

A maldição de Tutancamon, sugerido pela professora Valéria Rodrigues



As lendas e mitos que cercam as pirâmides atraem muitas pessoas e reforçam o lado misterioso que cerca a antiga cultura egípcia. Esse mistério começou a ser instigado com a febre de escavações e expedições arqueológicas que tomaram conta das antigas cidades egípcias. Em 1923, um grupo de pesquisadores comemorou a descoberta da tumba de um faraó com mais de 3000 anos de existência.

Este faraó era o lendário Tutancamon, que teve sua múmia encontrada ao lado de artefatos em ouro, bacias cheias de grãos e uma inscrição egípcia prometendo que a morte afligiria todo aquele que viesse a perturbar o sono do faraó. Mesmo com seu tom ameaçador, aquele e outros avisos não foram capazes de sanar a cobiça dos saqueadores de tumbas que violaram o descanso de diversas outras múmias. Será que a maldição atingiria aqueles que ignoravam o silencioso aviso?


Em meio a tantas lendas, o arqueólogo Howard Carter resolveu embrenhar-se na região do Vale dos Reis à procura dos artefatos pertencentes a algum faraó egípcio. Chegando por ali por volta de 1916, a equipe liderada por esse pesquisador não acreditava nos avisos que diziam ser impossível encontrar algum tesouro arqueológico entre tantas escavações inacabadas. Seis anos depois, Howard ainda não havia conseguido encontrar pistas de um desconhecido rei egípcio que havia sido enterrado naquela região.

Obcecado por suas hipóteses, tentou organizar uma última escavação em uma região ocupada por algumas cabanas. Depois de remover as rudimentares construções do local, as primeiras escavações foram presenteadas com o encontro de uma escadaria. Alguns dias depois, a equipe de Carter percebeu que se tratava de um acesso a uma passagem obstruída. Aquela descoberta impulsionou um trabalho mais intenso que, logo em seguida, desbloqueou um corredor que dava acesso a uma outra porta.

A porta possuía um lacre visivelmente quebrado e, posteriormente, reconstruído. Tal indício diminui as expectativas de Howard Carter em encontrar um tesouro arqueológico intacto. Depois vencer o obstáculo de uma última porta, a equipe arqueológica deparou-se com uma sala abarrotada de artefatos de grande detalhe e um trono revestido em ouro. Nessa sala percebeu a existência de uma outra porta onde, por uma fresta, identificou-se um novo cômodo.

Após essas descobertas, Carter teve a astúcia de fechar os acessos àquele local e lançar um monte de entulho na via de acesso a escadaria. Meses depois, levantou uma maior quantidade de recursos e especialistas para trabalharem naquele grande achado. Voltando à primeira sala, retirou e catalogou todos os seus objetos. Dessa vez, abriu o segundo cômodo e lá deu de cara com uma enorme urna funerária que ocupava quase todo o espaço do lugar.

Em quase três meses de trabalho, removeu outras três urnas menores depositadas dentro da urna maior. No interior da última urna descobriu um pesado sarcófago feito em pedra. Após contar com o auxílio de um guindaste para remover o tampo de pedra, Howard Carter retirou um véu de linho que cobria uma bela máscara mortuária feita em ouro, vidro e pedras coloridas; e um ataúde no formato de um corpo. Depois disso, duas novas camadas de máscaras e ataúdes foram retirados do interior do sarcófago.

Passados tantos obstáculos, a equipe de arqueólogos vislumbrou o corpo do faraó Tutancamon queimado e enrijecido pelas resinas utilizadas em seu processo de mumificação. A mais valiosa descoberta arqueológica da época foi alcançada depois de anos de dedicação. No entanto, a riqueza da descoberta reavivou os rumores da famosa maldição de Tutancamon. Já na primeira vez que descobriu a escadaria, o canário de Carter foi comido por uma cobra, indicando o primeiro mau presságio.

Na época em que a tumba foi descoberta, o empresário Lorde Carnavon – financiador da equipe de Carter – foi um dos primeiros a conhecer o sarcófago. Logo em seguida, o empresário teve uma ferida infecciosa provocada pela picada de um mosquito. O estado febril acabou levando-o à morte em poucos dias. Antes de morrer, disse à irmã que Tutancamon o havia convocado. No dia em que faleceu, o cachorro do empresário foi vítima de um enfarte fulminante.

A notícia da morte de Lorde Carnavon logo agitou os esotéricos e supersticiosos sobre as maldições daquela tumba faraônica. Depois do ocorrido, Arthur Mace – integrante da equipe de Carter – morreu repentinamente no mesmo hotel em que Carnavon passou seus últimos dias. Joel Woolf, dono das primeiras fotos de Tutancamon, e Richard Bethell, secretário de Carter, também faleceram em condições inexplicáveis. Nessa mesma funesta coincidência se juntaram a irmã e a mulher de Carnavon.

Ao longo de seis anos após a descoberta, trinta e cinco pessoas ligadas à descoberta da múmia de Tutancamon morreram em condições misteriosas. Para combater as lendas e explicações sobrenaturais, cientistas levantaram a hipótese de que alguma substância tóxica ou fungo venenoso fora criado na época para que ninguém viesse a profanar aquela sala mortuária. Outros ainda chegaram a afirmar que os egípcios já conheciam a energia atômica e teriam depositado urânio nas tumbas.

Durante o século XX, o alvoroço causado pela maldição das tumbas acabou perdendo sua força mediante outras tranqüilas descobertas arqueológicas. Mesmo que as explicações científicas para as tragédias fossem plausíveis, o desencadear de tantas mortes não consegue ser explicado satisfatoriamente como uma simples eventualidade. O desconhecido ainda encobre esse episódio.