Preta Gil faltou as aulas de História: “Se não fosse a princesa Isabel, eu casaria na senzala”, diz



Prestes a se casar com Rodrigo Godoy, Preta Gil deu declarações polêmicas ao jornal “Extra”, ao explicar a escolha da Igreja do Carmo, no Rio de Janeiro, como local da cerimônia.

Preta e o pai, Gilberto Gil
 Visitei várias e a que mais amei foi a Igreja do Carmo (Antiga Sé). Ainda mais quando descobri que a Princesa Isabel tinha sido batizada lá. Isabelzinha deu a liberdade para gente, se ela me libertou é lá mesmo que eu vou casar. Se não fosse ela, eu estava casando na senzala”, disparou a cantora.

Sobre a possibilidade de novamente ser Rainha de Bateria, Preta descarta totalmente. Não repetiria jamais. Foi uma experiência inacreditável. Com todas as coisas ruins e boas, o saldo foi positivo. Tive que lidar com a superação. Eu não tinha preparo físico nem emocional e sofri preconceito. Mais uma vez, sem querer, tive que levantar uma bandeira. A verdade é que nunca fiz as coisas na minha vida para levantar bandeira”, conclui.

Vamos Nós

De duas uma. Ou a Preta faltava as aulas de História do Brasil ou seu professor tinha uma visão muito distorcida da construção da história do país. Vou preferir a primeira opção. Mas ainda assim, não justifica pois há uma infinidade de informações que ajudam a desconstruir  o mito do heroísmo da Princesa Regente da época, a Isabel.  A Preta com essa declaração demonstra ter falta de conhecimento da historiografia brasileira. (Da Redação do Informações em Foco)

Em Sessão marcada por tumulto, Câmara aprova PL que autoriza contratação de serviços temporários


Com uma sessão extremamente tumultuada os nove parlamentares que formam o legislativo do município de Altaneira aprovaram na tarde desta quarta-feira, 18, dois projetos de leis oriundos do poder executivo.

Os dois projetos sob as numerações 001/2015 e 002/2015 fazem referência ao reajuste dos vencimentos dos servidores da estrutura administrativa municipal e a contratação de funcionários por tempo determinado, respectivamente e, haviam sido apresentados em sessão ordinária realizada na última terça-feira, 10. Em reunião marcada pela manhã do dia 18 da Comissão Permanente os pareceres foram emitidos e apresentados à tarde para serem analisados, apreciados e votados. 

Vereadores em Sessão Extraordinária marcada por tumulto.
Foto: João Alves.
Os textos dos dois projetos supracitados foram alterados pela Comissão Permanente o que causou no momento da discussão desconfortos entre os demais parlamentares, motivando, em grande parte o tumulto que perdurou toda a sessão extraordinária. A presidenta da Casa era o principal alvo dos tumultos, sendo ora causadora, ora sofredora. O principal embate se deu entre os vereadores Flávio Correia, Deza Soares e Edezyo Jalled, todos do Solidariedade e, a presidente Lélia de Oliveira (PCdoB). Para Deza, Lélia não tinha pulso para exercer a função que lhe foi incumbida e que muitos dos desrespeitos ao regimento era proporcionado pela própria Lélia, sendo estes argumentos vire e mexe reforçado pelos edis citados acima.

O tumulto seguiu até mesmo durante a votação dos PLs. Primeiro porque Lélia não seguiu a ordem regimental e escolheu aleatoriamente os parlamentares para emitir seu voto e segundo, não aceitou os pedidos da bancada de sustentação a administração para que uma das emendas fosse apreciada em separado.

Balbúrdias à partes, os projetos seguiram para votação. O de nº 001/2015 foi aprovado por maioria simples e com ressalvas, reduzindo os valores das gratificações e mantendo o incentivo aos Agentes de Combate as Endemias e aos Agentes Comunitários de Saúde. Já o que trata da contratação dos temporários, o 002/2015, a legislativo o aprovou, porém com emendas que reduzem o prazo de contratação de um ano com possibilidade de prorrogação por igual período para apenas quatro meses, sem prorrogação, tendo o município que realizar concurso público dentro desse prazo. Os textos seguem agora para a análise do poder executivo.

O líder da bancada situacionista, Deza Soares, arguiu que esse prazo não é suficiente para que o executivo se organize em termos de licitações, análise de cargos e também financeiramente. “Concurso não se faz do dia para a noite”, reforçou.

Já o prof. Adeilton (PP), líder do grupo oposicionista, afirmou que quatro meses é tempo suficiente para a realização do certame.






Entidades afimam que texto sobre 'marco da biodiversidade' aprovado atende ao capital privado



A votação do Projeto de Lei (PL) 7735/14 – do Poder Executivo, que estabelece novas regras para a pesquisa e exploração do patrimônio genético de plantas e animais nativos do país – colocou de um lado deputados voltados para a defesa das comunidades tradicionais e, de outro, o lobby dos setores farmacêuticos e cosméticos. O texto, considerado um retrocesso pelos primeiros, segue agora para apreciação no Senado, onde tem prazo de 45 dias para a votação.

Projeto aprovado na Câmara pode fazer ciência sobre
biodiversidade brasileira apenas elevar lucros de empresas.
O projeto, anunciado como "marco da biodiversidade", é um facilitador para o acesso aos conhecimentos científico, indígena e tradicionais já acumulados, abre as portas para a criação de novos produtos a partir desses elementos, como a produção de medicamentos e cosméticos a partir de ervas.

O texto aprovado na Câmara incluiu uma emenda apresentada pelo PSC (partido de Marco Feliciano), que anistia algumas centenas de milhões de reais em multas anteriormente aplicadas por atividades irregulares praticadas por empresas em biomas brasileiros , a chamada biopirataria.

Em linhas gerais, o PL libera os laboratórios de autorização prévia em casos de apropriação de recursos naturais em terras indígenas e tradicionais, e estabelece que as empresas pagarão 1% de royalties ao governo pelo desenvolvimento do produto (podendo cair para 0,1%) e só depois de o produto entrar na fase de comercialização.

Para completar, o projeto limita a participação do governo em todos os processos de exploração do patrimônio natural do país, por meio de um conselho fiscalizador.

Entidades ambientais apontam que o PL – caso passe pelo Senado e seja sancionado por Dilma como se encontra – servirá exclusivamente aos interesses diretos de empresas nacionais e multinacionais.

Soberania e dívidas

"Não somos contra a pesquisa ao nosso patrimônio genético por estrangeiros, mas entendemos que tal pesquisa deveria estar vinculada à participação nacional. Precisamos garantir a defesa da soberania nacional e o avanço do conhecimento tecnológico brasileiro para não repetir erros históricos das patentes feitas por entes externos e ver nossa biodiversidade na mão de outros", discursou, durante a votação, a deputada Luciana Santos (PCdoB- PE) – uma das mais resistentes à aprovação do texto.

Luciana apresentou uma emenda ao PL para determinar que a pessoa jurídica sediada no exterior só poderia acessar patrimônio genético ou conhecimento tradicional, assim como a remessa de material ao exterior, se fosse associada a alguma instituição nacional de pesquisa científica e tecnológica. Sua emenda, no entanto, foi rejeitada.

Os deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Sibá Machado (PT-AC, líder do partido na Câmara), também tiveram suas emendas rejeitadas. Paraense que viveu a vida inteira no Acre e conhecedor da realidade da Amazônia, Machado propôs a mudança da regra de isenção de pagamento de royalties pelo acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado realizado antes de junho de 2000, quando a MP 2.186-16/01 disciplinou o tema pela primeira vez. De nada adiantou: a isenção continuou sendo mantida no teto.

O único destaque aprovado pelo plenário, que partiu de uma emenda apresentada pelo PSC, reinclui no texto um trecho do projeto original vinculando o perdão de dívidas com multas ao cumprimento de um "termo de compromisso da regularização do acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradicional associado realizado em desacordo com as regras atuais". Nada de mais simples: a empresa que for isentada do pagamento de multa terá que se comprometer a regularizar sua situação – o que nem precisaria ser incluído numa lei para ser determinado.

Defesas

"Foi um verdadeiro banho que os deputados defensores do nosso patrimônio tomaram. Agora é trabalhar para ver o texto ser modificado no Senado, se é que isso é possível", afirmou Adriana Ferreira, do Instituto SOS Mata Atlântica, que acompanhou a votação.

Relator da matéria, Alceu Moreira (PMDB-RS), alegou que o objetivo do PL é "resolver a dificuldade observada hoje por várias empresas para cumprir as regras atuais", o que, segundo afirmou, as fazem desistir de incorporar produtos da biodiversidade brasileira em suas linhas de pesquisa ou substituir extratos e substâncias nativas por similares sintéticos ou plantas de outros países.

Moreira também contestou as acusações de que comunidades tradicionais não foram ouvidas. Argumentou que o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) – a quem cabe dar autorização prévia para o início das pesquisas –, conforme colocou no seu relatório, terá de ser reformulado para assegurar maior representatividade da sociedade civil, com a composição dividida entre órgãos federais, setor empresarial, academia, população indígena, comunidades tradicionais e agricultores.

Processos

Embora a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, não tenha se pronunciado sobre a votação do "marco da biodiversidade", ela já afirmou anteriormente que o Executivo considera a legislação atual "confusa" e que considerava real a necessidade de uma nova regulação sobre o assunto.

A ministra costuma lembrar, em suas declarações, de alguns casos que terminaram em disputas na Justiça, como a ação movida contra a Natura por índios que vivem perto da fronteira com o Peru. A empresa foi acusada de não ter pedido autorização para o uso do conhecimento sobre o murmuru, planta que tem capacidade hidratante. O caso ainda vai ser julgado em definitivo pelo STJ.

Até ser totalmente definida, a questão ainda deverá ser alvo de ampla discussão pelos outros poderes e pela sociedade. Além de ainda poder provocar muitas outras ações na Justiça.

Em Sessão Extraordinária, Vereadores de Altaneira podem votar projetos sobre reajuste salarial e contratatação temporária


Foi publicado no Diário Oficial dos Municípios do Estado do Ceará no último dia 13 de fevereiro o edital nº 01/2015, sob a responsabilidade da Câmara de Altaneira, na pessoa da presidenta Lélia de Oliveira com mandato na casa pelo Partido Comunista do Brasil – PCdoB, convocando os demais vereadores para a sessão legislativa em caráter extraordinário a ser realizada nesta quarta-feira, 18/02.

De acordo com o edital publicado, o encontro tem como principal objetivo apreciar, discutir e votar dois projetos de leis de autoria do poder executivo. O primeiro deles, não necessariamente nessa ordem, sob a numeração 001/2015 faz alusão ao reajuste dos vencimentos dos servidores da estrutura administrativa municipal e, o segundo sob o nº 002/2015 refere-se a contratação de funcionários por tempo determinado.

O assunto da reunião extraordinária ganhou corpo nas redes sociais, tendo como referência o horário em que ocorrerá o encontro. O servidor público João Alves, conhecido popularmnete por Garoto Beleza, divulgou na noite desta terça, 17, informações em que afirma ser as 15 horas, mesmo horário das sessões ordinárias. No entanto, havia a expectativa de que os vereadores iriam se reunir às 10h00 da manhã, tão logo se encerraria as discussões da Comissão Permanente. Ante o desencontro de informações, o parlamentar professor Adeilton (PP) citou a publicação no Diário Oficial dos Municípios do Estado do Ceará, em que o horário é às 15h00.

O jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho atribuiu o desencontro de informações a “falta de transparência das ações do Legislativo que tem portal, mas não é atualizado”. Ele frisa ainda que a presidenta “gastou nos últimos dois anos importância superior a R$ 15.000,00 com a manutenção do portal”.

Até o fechamento desta matéria nenhum parlamentar com perfil na rede social facebook comentou o fato e a presidenta Lélia de Oliveira não possui conta em nenhuma das redes sociais.

Conheça cinco formas de combater o racismo na infância


A Fundação Cultural Palmares divulgou em sua página na rede social facebook cinco formas que, se bem trabalhadas na infância pode contribuir de fato e de direito para termos pessoas com respeito às diferenças étnica-raciais e com um sentimento de pertencimento. 

São formas e atitudes que devem nortear os pais na educação dos filhos para o combate a um dos maiores cânceres sociais que emergiu no Brasil desde sua invasão no século XVI, que estão abaixo elencadas:

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e as pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

3. Ajude a escola de seus filhos a adotar a postura de ensinar sobre a história e a cultura da população negra e sobre como enfrentar o racismo.

4. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

5. Não deixe de denunciar. A discriminação é uma violação de direitos.

Mulheres altaneirenses aderem à prática do ciclismo



A significante adesão das mulheres ao pedal é uma crescente no Cariri, no Ceará, no Brasil e no mundo, em Altaneira temos a pioneira Heloisa Bitu, que tenta atrair as meninas da cidade para pedalar nas Trilhas da região. A empresária Brenda Somora prefere a estrada, mas já se ventura com sua colega em algumas trilhas.

As altaneirenses Heloisa e Brenda se aventura em duas rodas. (Foto: Fabrício Ferraz).
 Para cuidar do corpo e da mente, como forma de reencontrar a autoestima e a confiança, ou como uma simples opção de aventura e lazer, elas estão literalmente invadindo as trilhas e as estradas com suas bicicletas e levando beleza e alegria para o ciclismo.

Heloisa já declarou que a compra de sua bicicleta foi uma das maiores conquistas dos últimos anos e tenta incentivar outras mulheres a aderir ao esporte.

Na cidade do Crato um grupo formado por cerca de 52 mulheres, de diversas faixas etárias criado há quase cinco anos e apelidado de "Pedal do Batom" realiza passeios semanais pelas trilhas da Chapada do Araripe. A empresária Manoela Soares é uma das comandantes do Pedal do Batom.

Manoela Soares na trilha Sítio Poças.
O jornal Diário do Nordeste publicou nesta semana uma matéria sobre as aventuras das elegantes ciclistas do Pedal do Batom e suas aventuras na Floresta Nacional do Araripe.

São muitas as referências históricas que relacionam a bicicleta como um símbolo de liberdade para as mulheres, que encaram esta máquina de duas rodas como um veículo com o qual se alcançava um novo mundo, uma nova concepção de vestuário e uma nova interação com a sociedade. A bicicleta mudou a perspectiva pela qual as mulheres enxergavam o mundo, e também de como o mundo deveria as enxergar.

A Revista da Bicicleta publicou também uma excelente reportagem ilustrada com imagens riquíssimas ressaltando que é cada vez mais comum avistar uma mulher sobre uma bicicleta.

Rompidas diversas barreiras, quebrados inúmeros preconceitos, elas estão aí, em todas as vertentes ciclísticas, pedalando pelos mais variados fins e para os mais diversos destinos. Embora não exista estatística oficial, mesmo em atividades consideradas radicais, como a prática do mountain biking, um universo ainda dominado pelos homens, é possível verificar um crescimento da presença feminina”, escreveu Anderson Ricardo Schörner para a Revista da Bicicleta.

Este ano Heloisa Bitu promete representar a Trilha Sítio Poças em diversas competições como forma de divulgar o esporte para as meninas da cidade de Altaneira.

Rede Globo: O racismo “Tá no Ar” ou “Quer açoitar quantos?”



Interrompemos esse programa para apresentar um comercial do século XIX:
Extra, extra, atenção! Não compre escravo hoje!
É que amanhã é dia de mega promoção aqui nas “Escravas Bahia”.
Cabindas, Guinés, Angolas! O Feitor ficou maluco!
Quer açoitar quantos?
É isso mesmo! Compre dois escravos de engenho e leve uma ama de leite inteiramente grátis!
Venha conhecer novas filias: Pelourinho e Pedra do Sal!

Escravas Bahia: Servidão total pra você!”

Esse foi o roteiro interpretado por Marcius Melhem, em um quadro do programa “Tá no Ar”, que foi ao ar na última quinta-feira (12/02) pela Rede Globo, em que os atores “brincam com comerciais de TV”.

Já abordamos várias vezes neste Blog o debate sobre os limites do humor, aliás, assunto recorrente. Só para citar um dos casos, lembro o infeliz “Baú do Baú do Fantástico”, de novembro de 2013, quando Bruno Mazzeo dá vida a um repórter que faz a cobertura da abolição da escravidão no Brasil. Triste!

Preciso aqui repetir o “clichê” – verdadeiro à meu ver -, de que a rede globo de televisão é sim produtora de conteúdos ideologicamente comprometidos, sempre a serviço de determinados interesses políticos e econômicos e que sua arte, na maioria das vezes, tem sempre a intencionalidade de reforçar estigmas, estereótipos e valores, tudo isso com dois intuitos fundamentais: vender produtos de seus anunciantes e formar a opinião coletiva.

O Programa “Tá no Ar”, criação de Marcelo Adnet, Marcius Melhem e Maurício Farias e que conta com outros atores de peso como Danton Melo e Mauricio Rizzo, desde sua estréia em 2014, vem sendo comemorado pela crítica justamente pelo humor ácido e em grande parte, pela crítica à própria programação da rede globo e das tv’s tradicionais. Sei que muitos responderão è este texto com argumentos de defesa à liberdade de expressão, de crítica ao politicamente correto, de acusação ao “coitadismo negro” ou de erro na percepção, já que a intenção do programa teria sido exatamente o contrário: criticar e denunciar a forma como a TV expõe os negros. Um equívoco.E explico: Empresto o pensamento da professora e ativista negra Adriana de Cássia, quando da polêmica sobre o conteúdo das charges do jornal francês Charlie Hebdo, que resultou no triste assassinato de diversos artistas, sem a intenção de comparações desproporcionais, mas pertinente:

A ideia de raça que organiza o entendimento do que é o racismo se estabelece a partir de uma constante social, não biológica, que relaciona determinados traços fenotípicos a uma expectativa de desenvolvimento cognitivo e de comportamento social determinando, dessa maneira, tanto o lugar dos grupos sociais na estrutura quanto a expectativa que as pessoas tem em relação a esses grupos.”

Mesmo que a intenção dos humoristas do “Tá no Ar” tenha sido criticar o racismo na televisão brasileira, há de se perguntar: “Os grupos que reivindicam direitos para a população negra fazem piada com a escravidão? O Movimento Negro faria? É possível também argumentar que o programa usa a estratégia da ironia para expressar uma idéia antirracista, entretanto, a imagem deveria falar por si mesma, não poderia dar margem para outros tipos de interpretações. Se, ao observar a imagem, é possível uma interpretação racista, a tarefa fora, neste aspecto, mal sucedida. Outra questão: Houve uma pesquisa dirigida à população negra para aferir como se sentem, tendo sua imagem e sua história satirizada em rede nacional? Eu, como descendente de pessoas escravizadas não me senti confortável com a piada. Tampouco achei graça em ouvir a “mega-promoção” em que a ama de leite sai de graça, depois da compra de dois escravos homens. Afinal, impossível não associar à minha mãe, irmã, filhas e à todas as mulheres negras brasileiras, principais vítimas da violência racista e machista em todos os níveis. Assim, a peça teatral da maneira como foi construída, reforça a lógica racista da representação.

E repito o que já escrevi aqui quando da análise do humorístico do Fantástico: Um regime de escravidão que durou 388 anos; Que custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus descendentes; e que fora amplamente denunciado como um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, deve ou pode ser motivo de piadas?

Quantas cenas de “humor inteligente” relacionado ao Holocausto; Ou às vítimas de Hiroshima e Nagasaki; Ou às vítimas do Word Trade Center ou – para ficar no Brasil – às vítimas do incêndio na Boate Kiss, assistiremos como fruto da boa intenção de roteiristas que não sabem do que falam ou do cinismo dos grandes meios de comunicação? Ah, mas homens e mulheres postos à venda e nos lembrando que sempre fomos – negros e negras – tratados como mercadoria, desumanizados e coisificados, em rede nacional e à mercê da gargalhada coletiva, isso pode! E com direito a status de humor crítico e inteligente.

Se é verdade que a crítica e a autocrítica são elementos da concepção de “Tá no Ar” e da iniciativa da emissora, eles falham no momento em que não rompem com a lógica de manipulação das representações e reforçam estereótipos raciais, colocando-se assim como um veículo de comunicação que, através de tal conteúdo, fortalecem e fomentam o racismo.

É preciso estar alerta. Fugir à regra da cognição racista é tarefa das mais difíceis. Se a missão é combater o racismo, não se pode utilizar da mesma lógica estrutural que organiza o pensamento racista. Portanto, nada de piadas sobre a escravidão, por favor!