Ibope mostra crise de telejornais


Os telejornais estão em crise. É o que diz o Ibope, que nunca antes, como agora, havia apresentado índices de queda generalizada em praticamente dos os principais veículos das maiores emissoras de televisão do País. Perderam pontos o Jornal Nacional, da Rede Globo, o Jornal do SBT e o Jornal da Band. Apenas o Jornal da Record se livrou da queda.


O caso que mais chama atenção, pelo tamanho do tombo, é o noticioso chefiado e apresentado por William Bonner. Confirmando a perda continuada de audiência verificada nos últimos cinco anos, o JN experimentou que, este ano, queda de 12% no Ibope, descendo aos 25,4 pontos. De janeiro a abril, o principal informativo da emissora dos três irmãos Marinho registrou média de 29 pontos. Trata-se de um declínio espetacular, uma vez que, no final da década de 1990, o JN ainda podia exibir, orgulhoso, quase 50 pontos na audiência brasileira no horário das 20h00. Esse passado glorioso, definitivamente, ficou para trás.

O Jornal do SBT, que tinha até pouco tem atrás em sua bancada a polêmica Rachel Sheherazade, não seu deu bem no Ibope com as incitações à violência promovidas pela âncora. Antes com média de 4,7 pontos de audiência, o jornal tem, agora, segundo o Ibope, 4 pontos, o que representa uma queda de 4% desde janeiro.

Na Grande São Paulo, o desastre na audiência do JN foi ainda mais forte. Nessa região central o Ibope do veículo global caiu nada menos que 9% no primeiro quadrimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2013. A média de janeiro a abril decresceu de 26 pontos para 23, 7.

O tombo foi maior no Jornal da Band. Na comparação dos primeiros quatro meses de 2014 com o mesmo período do ano anterior, o veículo ancorado pelo jornalista Ricardo Boechat experimentou redução de 14% em seu público, chegado agora a 2,9 pontos de média, contra 3,4 pontos no primeiro quadrimestre de 2013.

A exceção que confirma a regra de perda de audiência dos jornais das emissoras de tevê é o Jornal da Record, que no mesmo período analisado passou de 5,5 pontos para 6,3 pontos. O Cidade Alerta, comandando pelo jornalista Marcelo Resende, com notícias exclusivamente do campo policial, subiu de 5,9 pontos para 7,1 pontos.

Os especialistas apontam a internet, com sua velocidade na veiculação de informações de todos os tipos, como principal responsável pelo declínio dos gravariandes telejornais. Todos os dias, afinal, quase tudo que eles noticiam já foi publicado, antes, pelos noticiosos online, como Brasil 247.

Outra parcela de responsabilidade, não pequena, está nos próprios veículos. Todos muito semelhantes ao Jornal Nacional, cuja fórmula editorial data do início dos anos 1970, é fácil ver que os telejornais não se renovaram. Mudaram-se âncoras, mas a ordem sem nexo de apresentação de notícias, ausência de análise e falta de profundidade continuam sendo marcas comuns a todos eles. A seguir nesse ritmo, os antes imprescindíveis jornais de televisão perderam cada vez maior seu prestígio – e Ibope.


Via Brasil 247

Altaneira participará de premiação da Escola Nota 10


A Secretaria da Educação do Estado do Ceará – SEDUC realizará nesta segunda-feira, 19, ato de solenidade de premiação das 150 (cento e cinquenta) instituições de ensino fundamental que lograram êxito em avaliações e situações de matrículas e permanências de alunos, sendo, desta feita, Escola Nota 10.

O município de Altaneira participará do ato, uma vez que pela primeira vez na sua recente história a educação conquista esse feito.  O espaço educacional  homenageado e a ser premiado é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Joaquim Rufino de Oliveira que se adequou a dois critérios chaves, a saber: 1º - ter pelo menos 20 (vinte) alunos matriculados no 2º ano do ensino fundamental regular; 2º - ter o Indicador de Desempenho Escolar de Alfabetização - IDE-Alfa situado no intervalo entre 8,5 e 10,0.

Professor Adegildo Domingos.
O anúncio da participação foi feito pelo secretário da pasta, Deza Soares, através da rede social facebook na noite do domingo, 18. Segundo a publicação, a saída em comitiva da educação está prevista para as 05h00 da manhã e contará ainda com a presença do Prefeito Delvamberto Soares (Pros). Na oportunidade devem participar do ato o chefe do executivo estadual, Cid Gomes (Pros), o Secretário de Educação, Maurício Holanda, além do Secretário Adjunto da Educação, Idilvan Alencar, além do Ministro da Educação, Henrique Paim.

Camisas que demonstram o feito já foram confeccionadas e devem fazer parte do evento, conforme publicação do professor Adegildo Domingos. 

Escolas de Altaneira poderão implantar xadrez em atividades extracurriculares


As instituições de ensino do município de Altaneira, de nível fundamental e médio podem implantar, como atividades extracurriculares, fora do horário de aulas, o jogo de xadrez.  A ideia parte de um grupo de universitários liderados por Cláudio Gonçalves e Givanildo Gonçalves.

Segundo Cláudio a ideia já foi levada até o Secretário Municipal da Educação, Deza Soares que, se mostrou favorável. Para o universitário o propósito é inserir o xadrez não só nas escolas de ensino fundamental, mas também na única de nível médio que o município dispõe. “Queremos aguçar a capacidade de raciocínio lógico do corpo discente aliado à noção de ética e cidadania”, disse. “Para tanto”, complementou, “necessitamos de parceria das instituições e dos órgãos governamentais não só em abraçar a causa, mas principalmente em contribuir para a compra dos tabuleiros”. 

Outra finalidade do projeto é utilizar o jogo de xadrez como mais alternativa pedagógica visando contribuir para um melhor aproveitamento nas disciplinas de matemática e formação humana. Se o projeto for abraçado de forma efetiva haverá anualmente campeonatos no dia do estudante nas escolas com salas de aulas de 5ª a 8ª séries e do 1º a 3º ano do ensino médio. Cláudio informou que está a procura de professores e alunos voluntários.

Vale registrar que a inserção do xadrez nas atividades educativas é uma inciativa dos Ministérios da Educação e da Cultura visando desenvolver habilidades, tais como a memorização e o raciocínio lógico-dedutivo. 

Documentário mostra a trajetória de Dominguinhos


Dominguinhos não era apenas o músico reconhecido. O sanfoneiro, como preferia aludir ao instrumento que tocava em vez de acordeão ou gaita. Era também o homem de empatia, bem-humorado, proseador e generoso. Natural, portanto, que a dimensão de seus talentos não coubesse num único relato cinematográfico, embora o trio de diretores Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar cumpra o mais que ideal no documentário batizado Dominguinhos, estreia de quinta 22.

Documentário mostra a trajetória do sanfoneiro desde a
infância nos anos 1940 até a consagração na década de 70.
Simples assim o título para dar conta de tamanha modéstia, outro traço de personalidade de que se tinha ideia por relatos como O Milagre de Santa Luzia, em que se faz menor para reverenciar colegas. Mas também porque é o músico o narrador de sua própria história, num reconhecimento de que apenas ele merece contá-la. José Domingos de Morais morreu em julho de 2013, aos 72 anos. A essa altura a produção do filme somava cinco anos, o que permitiu um arco completo.

Com rico arquivo, em parte inédito, acompanha-se da infância pobre nos anos 40 em Pernambuco, quando Dominguinhos ganhou um pandeiro e foi adotado artisticamente na rua por Luiz Gonzaga, à consagração nos anos 70 e 80, ao lado de Nara Leão, Gilberto Gil e Chico Buarque. Parcerias tão fundamentais quanto com a cantora de forró Anastácia, uma de suas mulheres e com quem compôs por mais de uma década. São vários os duelos sonoros, em especial em encontro com Gonzaga, mas talvez impressione mais a revisão do virtuoso também na pegada jazzística. Há, parece, sempre um Dominguinhos a ser apresentado.

Via Carta Capital

Judiciário é o que menos cumpre Lei de Acesso, diz estudo


Os órgãos do poder Judiciário foram os que menos se adaptaram, no âmbito federal, às normas previstas na Lei de Acesso à Informação, que completa dois anos de vigência nesta sexta-feira (16).  A conclusão consta do relatório “Monitoramento da Lei de Acesso à Informação em 2013”, produzido pela organização internacional de direitos humanos Artigo 19, que mediu a eficácia da lei em 51 órgãos públicos federais ligados ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário, de setembro e dezembro do ano passado.

Estudo aponta necessidade de Judiciário e Legislativo
facilitarem acesso da população a informações de interesse
público.
Em uma avaliação usando o conceito de “transparência passiva”, que diz respeito à divulgação de informações por um órgão público mediante uma solicitação formal, o Judiciário foi o poder que menos respondeu a pedidos de informações, o que mais demorou para dar retorno às solicitações e o que menos ofereceu respostas satisfatórias, na comparação com órgãos ligados aos outros dois poderes.

Os órgãos do Judiciário também não estão se saindo bem em relação aos requisitos de “transparência ativa”. Isto é: segundo o estudo, esses órgãos não estão divulgando, em local de fácil acesso e via internet, informações produzidas ou mantidas por eles que sejam de interesse coletivo – por exemplo: números de telefones e endereços, informações relacionadas a projetos específicos e audiências públicas.

No Judiciário, a pesquisa considerou o Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os cinco tribunais regionais federais , além do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério Público do Trabalho e do Conselho Nacional do Ministério Público.

Mais avançado

De acordo com o levantamento, os órgãos do Executivo federal foram os que implementaram, de maneira mais completa, a Lei de Acesso à Informação, tanto no que diz respeito à transparência ativa quanto no que se refere à transparência passiva. Trinta e oito foram alvos da pesquisa.

Na avaliação da diretora-executiva da Artigo 19 para a América do Sul, Paula Martins, o aspecto cultural ainda desponta como grande desafio a ser enfrentado. “Alguns funcionários públicos ainda têm dificuldades para compreender a lógica da premissa de abertura. Parece, no entanto, que isso tem se tornado cada vez mais uma exceção”, disse.

No total, foram feitos 474 pedidos de informação a 51 órgãos federais. Os temas dos pedidos variaram de questões sobre a implementação da Lei de Acesso a gastos com viagens, auxílio-moradia ou publicidade oficial.

Ao todo, 448 (94,5%) foram respondidos. Todos os 18 pedidos foram respondidos pelo Legislativo (Câmara e Senado); dos 350 pedidos feitos ao Executivo, 346 (98,9%) foram respondidos; e houve retorno para 84 (79,2%) dos 106 pedidos apresentados a órgãos do Judiciário.

Em relação à qualidade das respostas, a organização considerou satisfatórias 316 (66,7%) de todas as 448 respostas obtidas. Na avaliação da Artigo 19, o Executivo se destacou: 248 respostas (70,9%) foram satisfatórias.

No Legislativo, das nove respostas dadas pela Câmara, apenas 77,8% foram satisfatórias. E das nove dadas pelo Senado, somente 33,3% foram consideradas satisfatórias. Pouco mais da metade (54,7%) das 84 respostas encaminhadas pelos órgãos do poder Judiciário foi considerada satisfatória.

Apesar de estar mais avançado em relação aos outros poderes, o Executivo não cumpre o mínimo exigido pela lei no que diz respeito à divulgação, de forma espontânea ao público, de informações atualizadas, principalmente de eventos que exigem a participação popular.
Para avaliar a transparência ativa, a organização usou como critérios as informações institucionais, programas e projetos, lista de documentos classificados, perguntas e respostas mais frequentes, participação popular e e conteúdo executivo-orçamentário.

Nesse caso, o maior problema detectado foi a ausência de informações para facilitar a participação popular. Dos 38 órgãos do Executivo analisados, apenas dez (26,3%) divulgam algum tipo de informação sobre audiências públicas e consultas populares.

No entanto, ainda de acordo com a pesquisa, em 100% dos órgãos do Executivo analisados é possível encontrar em seus portais ao menos os nomes dos servidores públicos e seus respectivos cargos ou o endereço da repartição e os números de telefones para contato.
Quatro órgãos não divulgam nenhuma informação sobre programas e projetos. São eles: Secretaria de Direitos Humanos, Ministério do Esporte, Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e o Gabinete de Segurança Institucional.

O relatório diz que oito órgãos do Executivo cumprem todas as obrigações mínimas previstas na Lei de Acesso: os ministérios da Educação, das Cidades, das Comunicações, do Desenvolvimento Social e do Trabalho e Emprego e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a Secretaria de Políticas para Mulheres e a Secretaria-Geral da Presidência da República.

Congresso Nacional

Apenas o item que trata da obrigação de divulgar informações institucionais é cumprido pelo Legislativo federal, segundo o relatório, que diz que nem a Câmara nem o Senado atenderam aos requisitos da transparência ativa totalmente.

De acordo com o documento, a preocupação da Câmara em cumprir os itens de transparência ativa estabelecidos pela Lei de Acesso se restringiu a divulgar informações sobre nomes de funcionários da repartição e seus cargos, endereços e números de telefones dos responsáveis por cada área e alguns dados sobre a participação popular, como, por exemplo audiências públicas a serem realizadas e registros de atas anteriores.

A Artigo 19 destacou que, no Judiciário, nenhum órgão segue todos os critérios de transparência ativa estipulados. Somente um dos critérios, o de divulgação de telefones e endereços dos órgãos públicos (informações institucionais), estava sendo cumprido por todas as instituições. A organização constatou que dados sobre participação popular não foram divulgados por nenhum órgão, o que impossibilita acesso a registros de audiência pública ou outros meios de participação de forma facilitada nos portais na internet.


Via Congresso em Foco

Presidente do núcleo negro do PSDB é loira


Aécio Neves e Candida Bentes.
Talvez seja preciso instituir cotas para negros dentro do Tucanafro, que é o núcleo negro do PSDB. A presidente da entidade em Roraima, delegada Candida Bentes, é loira.

É justo que uma pessoa branca abrace a causa racial e também lute, ao lado dos negros, por igualdade de condições e pelo fim da discriminação de cor. Mas parece inusitado que um cargo de liderança para questões raciais seja exercido por uma loira, sobretudo num país repleto de negros, mulatos e mestiços.

A explicação reside no distanciamento histórico do PSDB dos movimentos sociais — movimento negro incluso. Prova disto é que é raríssimo encontrar simpatizantes, filiados, candidatos ou políticos eleitos negros dentro da legenda, até mesmo na Bahia, estado com o maior número de autodeclarados pretos no Brasil.





Com O Cafezinho/Pragmatismo Político

Intolerância Religiosa a todo vapor: Juiz afirma que Candomblé e Umbanda não representam religião


A intolerância religiosa e os preconceitos em relações ao candomblé e à umbanda sempre infiltraram os poderes da República e as instituições do Estado que se pretende laico. E talvez pelo fato de essa infiltração ter sido sempre negligenciada, apesar dos seus efeitos nocivos, ela tenha feito desabar um cômodo do Judiciário: a Justiça Federal do Rio de Janeiro definiu que umbanda e candomblé "não são religiões". Tal definição - que mais se parece com uma confissão pública de ignorância - se deu em resposta a uma decisão em primeira instância do Ministério Público Federal que solicitou a retirada, do Youtube, de vídeos de cultos evangélicos neopentecostais que promovem a discriminação e intolerância contra as religiões de matriz africana e seus adeptos, já que o Código Penal, em seu artigo 208, estabelece como conduta criminosa, “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.

Adeptos do Candomblé em IV Caminhada contra a
Intolerância Religiosa em Juazeiro do Norte-CE.
Em vez de reconhecer a existência da ofensa - e não há dúvida para qualquer pessoa com um mínimo de discernimento e senso de justiça de que a ofensa existe - a Justiça Federal do Rio de Janeiro desqualificou os ofendidos; considerou que não "há crime se não há religião ofendida". Para tanto, a Justiça Federal do Rio conceituou umbanda e candomblé como cultos a partir de dois motivos absolutamente esdrúxulos (ou seria melhor dizer a partir de dois preconceitos?): 
1) candomblé e umbanda deveriam ter um texto sagrado como fundamento (aqui a Justiça Federal ignora completamente que religiões de matriz africana são fundadas nos princípios da transmissão oral do conhecimento, do tempo circular, e do culto aos ancestrais); e 2) candomblé e umbanda deveriam venerar a uma só divindade suprema e ter uma estrutura hierárquica (aqui a Justiça Federal do Rio atualiza a percepção dos colonizadores do século XVI de que os indígenas e povos africanos não tinham fé, não tinham lei nem tinham rei). Pergunto: Há, na decisão da Justiça Federal, pobreza de repertório cultural, equívoco na interpretação da lei ou cinismo descarado?

A decisão judicial fere claramente dispositivos constitucionais e legais, além de violar tratados internacionais como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica, ratificada pelo Brasil em 1992 e que dispõe sobre a garantia de não discriminação por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões, políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. Esse pacto diz ainda que o direito à liberdade de consciência e de religião implica na garantia de que todos são livres para conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como na liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos afirma que ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente às limitações existentes em leis e que se mostrem necessárias à proteção da segurança, da ordem, da saúde ou da liberdade.

Juazeiro foi palco da IV Caminhada Contra
a Intolerância Religiosa.
Ou seja, se há uma liberdade religiosa a ser limitada é a daquelas religiões que usam dos meios de massa para difamar e promover a intolerância contra outras religiões e divulgam práticas que põem em risco a saúde coletiva, como pedir que pessoas abandonem tratamento de câncer ou aids em nome de orações!

Ao ratificar esse Pacto, o Brasil assumiu desde 1992 o papel de um país que tem a obrigação de respeitar direitos. Infelizmente, o Poder Judiciário, que tem a função de "dizer o direito", de aplicar as leis, assim não o fez, simplesmente negando a interpretação dos ditames constitucionais e disposições supranacionais de direitos humanos.

Já foi noticiado que o Ministério Público Federal recorreu dessa decisão, mas precisamos ficar atentos a essas manobras que perseguem, acuam e tentam destruir o que não está de acordo com o que o fundamentalismo religioso determina como correto. E não resta dúvida de que essa decisão judicial é fruto do fundamentalismo religioso que avança sobre os poderes da República. Não podemos nos esquecer de que todos estamos sob a garantia de que podemos promover reuniões livremente para realizar cultos de qualquer denominação - um direito individual e coletivo previsto na Constituição Federal, artigo 5º, inciso VI.

O ataque à umbanda e ao candomblé é também um ataque de viés racista por se tratar de religiões praticadas sobretudo por pobres e negros. Mas é, antes, uma disputa de mercado. O que os fundamentalistas pretendem com os ataques à Umbanda e ao Candomblé é atrair os adeptos - e, logo, o dinheiro deles - para suas igrejas. E como vivemos sob uma cultura cristã hegemônica, que se fez na derrisão e repressão das religiões indígenas e africanas, é óbvio que as igrejas fundamentalistas levam a melhor nessa disputa de mercado e em suas estratégias de difamação.

O que esperamos do Judiciário é o mínimo de justiça que possa colocar freios à intolerância e à ganância dessas igrejas e seus pastores; e possa assegurar a pluralidade religiosa pautada no respeito e sem hierarquias entre as religiões.


A Análise é do Deputado Jean Wyllys e foi publicado originalmente no Carta Capital

Conheça os jovens revolucionários às avessas


O estereótipo do jovem, principalmente após a década de 1960 e, em especial, das revoltas de maio de 1068, é formado por características como a rebeldia, o questionamento da autoridade dos pais, a liberação sexual e o uso de drogas. Entretanto, os estereótipos são sempre uma simplificação pobre da realidade, ainda mais num país tão fora dos padrões e difícil de classificar como o Brasil. Por isso, alguns jovens fazem questão de contrariar esta definição ao adotar ideias e comportamentos bem diferentes.

A internet tem sido um meio bastante usado por esses jovens para se reunirem, trocarem afinidades e expressarem sua opinião a respeito dos temas citados acima – e muitos outros. Rafael de Carvalho é um deles: em 2013, o administrador de sistemas de 25 anos criou o Canal da Direita, presente como canal no Youtube e página no Facebook (esta última com 77.454 curtidas). Segundo ele, “nossa missão é, antes de tudo, ajudar a formar uma oposição pró-Brasil ao invés de partidária como vemos por aí”.

Rafael avalia que o Brasil, especialmente a juventude, é vítima de uma doutrinação do pensamento de esquerda, presente em universidades e no meio cultural. “Apesar de ter a hegemonia política e cultural nas mãos, a esquerda não tem toda a juventude aos seus pés. Se tivéssemos no Brasil uma educação aliada à formação política sem doutrinação, certos políticos que chegaram ao planalto não seriam eleitos nem para vereador”. Esta percepção é compartilhada por Weverlim Cavalcante, estudante de direito em Maceió, 18 anos, criador da página UJC (União Juventude Conservadora, 3.473 curtidas no Facebook): “Quando o PT entrou no poder começou a haver uma doutrinação pesada do marxismo, leninismo, gramscismo, entre outras teorias comunistas, que foi moldando os modos de pensar da nossa juventude”.

O professor e pesquisador da FESPSP, Rodrigo Estramanho de Almeida, 31 anos, discorda da ideia de que as universidades sejam pólos esquerdistas: “professor não é a única classe que forma opinião política, e não há dados para provar que eles pensam assim. Não existe relação de causa e efeito, o perfil tem a ver com passado, história, construção da realidade, instituições”. Todavia, ele aponta para um perfil progressista da juventude paulistana, como notado na pesquisa O jovem e o futuro na cidade de São Paulo, coordenada por ele e produzida pelo Núcleo de Pesquisa em Ciências Sociais da FESPSP. Quase metade dos 409 entrevistados concordou totalmente com a afirmação “As recentes manifestações políticas são positivas para a cidade de São Paulo”. Este desejo por mudança, expressado nas ruas em junho de 2013, é, para Rodrigo, uma mostra da insatisfação do jovem brasileiro com a ordem política e social atual, o que nos impede de classificá-lo como conservador (no sentido de querer conservar a ordem vigente ou voltar a alguma anterior).

Apesar desse desejo por mudanças, Renato Essenfelder, professor do curso de jornalismo na ESPM e no Mackenzie, 33 anos, observa tendências conservadoras em alguns jovens. “Embora o discurso público seja um, em privado vejo o conservadorismo arraigado: a menina que faz sexo é depravada, o homossexual que demonstra afeto em público é sem vergonha, o usuário de droga é marginal ou ‘lesado’”. Além de professor, Renato escreve crônicas no blog Males Crônicos, do Estadão, e recebeu muitas críticas em seu texto, explicitamente irônico, Ai, que

Saudades da ditadura. “Foram mais de 500 comentários, e pelo menos 70% eram pró-ditadura. Não sei dizer quantos dos internautas eram jovens, o público era muito heterogêneo”.

A adoção desse papel de minoria mal-representada é um ponto-chave para entender o motivo de alguns jovens – a até ex-rebeldes como o músico Lobão – assumirem posições conservadoras. Essa postura é resumida claramente por Rafael de Carvalho: “numa sociedade coletivista como a nossa, que crê que os interesses das abstrações sociais (classe, raça, gênero etc.) são mais importantes que o indivíduo, o jovem conservador é o verdadeiro revolucionário”. Rodrigo Estramanho, por sua vez, percebe uma contradição neste posicionamento e acredita que “isso é uma confusão semântica enorme, que deriva de uma confusão em relação à realidade. Quem é conservador quer manter ou voltar a uma situação. Isso é um ponto de vista, não vejo que esteja assim”.

No campo político, Rodrigo nota a presença de “questões religiosas e institucionais, que orientam certo tipo de comportamento” e acabam por influenciar candidatos progressistas, impedindo-os de assumir opiniões como a defesa do aborto. “Precisamos avançar muito no debate dessas questões”, completa. Em relação a esses temas, Weverlim é taxativo ao declarar sua oposição ao “aborto, pedofilia, prostituição, redução da maioridade sexual, casamento homo afetivo e a legalização das drogas”, colocando a discussão de direitos, como o casamento entre homossexuais, no mesmo grupo de crimes como a pedofilia.

Como referências do pensamento conservador atual, Weverlim cita “a família Bolsonaro, Rachel Sheherazade e Paulo Eduardo Martins”, acrescentando que na UJC Margareth Thatcher e Ronald Reagan também assumem esse papel. Renato Essenfelder lamenta a influência de Bolsonaro e Sheherazade por seu discurso raso: “Um país que teve Roberto Campos, para citar um político, e Paulo Francis, para ficar em um jornalista, não pode se contentar com eles”.

Apesar de usar um tom aparentemente radical na defesa de suas ideias, o discurso desses jovens alia-se ao pluralismo para o desenvolvimento da sociedade, pois “sendo assim, haverá um equilíbrio ideológico e social”, nas palavras de Weverlim. E como todos os opostos e rivais na história, esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo nos costumes, parecem não sobreviver sem o outro. “Precisamos incentivar a diversidade, as vocações”, diz Rodrigo. Para ele, o conservadorismo de uma parcela dos jovens, assim como a popularidade de figuras conservadoras, os protestos de junho de 2013 e a Comissão da Verdade, “são sintomas de democracia”. “Precisamos definir o Brasil que queremos, e é a juventude que vai fazer isso”, conclui.


A análise é do Jornalista Luiz Vendramin Andreassa e foi publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo