Dominguinhos
não era apenas o músico reconhecido. O sanfoneiro, como preferia aludir ao
instrumento que tocava em vez de acordeão ou gaita. Era também o homem de
empatia, bem-humorado, proseador e generoso. Natural, portanto, que a dimensão
de seus talentos não coubesse num único relato cinematográfico, embora o trio
de diretores Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar cumpra o mais que
ideal no documentário batizado Dominguinhos, estreia de quinta 22.
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Documentário mostra a trajetória do sanfoneiro desde a infância nos anos 1940 até a consagração na década de 70. |
Simples
assim o título para dar conta de tamanha modéstia, outro traço de personalidade
de que se tinha ideia por relatos como O Milagre de Santa Luzia, em que se faz
menor para reverenciar colegas. Mas também porque é o músico o narrador de sua
própria história, num reconhecimento de que apenas ele merece contá-la. José
Domingos de Morais morreu em julho de 2013, aos 72 anos. A essa altura a
produção do filme somava cinco anos, o que permitiu um arco completo.
Com
rico arquivo, em parte inédito, acompanha-se da infância pobre nos anos 40 em
Pernambuco, quando Dominguinhos ganhou um pandeiro e foi adotado artisticamente
na rua por Luiz Gonzaga, à consagração nos anos 70 e 80, ao lado de Nara Leão,
Gilberto Gil e Chico Buarque. Parcerias tão fundamentais quanto com a cantora
de forró Anastácia, uma de suas mulheres e com quem compôs por mais de uma
década. São vários os duelos sonoros, em especial em encontro com Gonzaga, mas
talvez impressione mais a revisão do virtuoso também na pegada jazzística. Há,
parece, sempre um Dominguinhos a ser apresentado.
Via
Carta Capital
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