O
primeiro ataque veio da Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), estatal
mineira do setor, que pôs no ar uma propaganda institucional no rádio e TV
acusando Brasília de ser responsável pelo reajuste de 14% nas tarifas que
administra. No contra-ataque, também fazendo uso de propaganda, o Governo
Federal, com aprovação da presidente Dilma Rousseff, informa que o pedido da
Cemig era de um reajuste de 29,00%, ou seja, cerca de 15 pontos acima do que
foi autorizado. No meio da confusão, o clima pré-eleitoral de 2014, já que o
ex-governador Aécio Neves, ainda com grande influência na política mineira, é
candidato à sucessão de Dilma.
Romeu Rufino lembrou que concessionários de Minas Gerais apresentou pedido de aumento ainda maior para as tarifas. |
Na
propaganda da Cemig, o ator Jonas Bloch diz: “A tarifa da Cemig não é decidida pela Cemig”. Quem define, afirma,
“é um órgão do governo federal, a Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica), que fica lá em Brasília”. E segue:
“E o governo federal, por meio da Aneel,
acaba de determinar um reajuste da nossa conta de energia elétrica da ordem de
14%”.
Petistas
e tucanos trocam há alguns anos acusações de incompetência na área energética.
O PT diz que a ineficiência na gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
provocou o racionamento no país, em 2001. Já a oposição acusa os governos do PT
de, a partir de 2003, quebrar o setor elétrico e colocar o país novamente sob
risco de racionamento. Em nota oficial, a Cemig alegou que em nenhum momento a
campanha “afronta ou desrespeita o governo federal” e nega motivação política.
Em detalhes
O
diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, chegou a convocar entrevista coletiva
para explicar como é feito o processo de reajuste das tarifas de energia
elétrica. Segundo ele, além da distribuidora ter participação intensa no
processo de reajuste, ela ainda é responsável por encaminhar um pleito de
aumento para a agência reguladora. No caso da empresa mineira, o pedido feito
pela empresa era ainda maior do que o autorizado.
“O
processo se dá por um pedido da concessionária, no caso da Cemig algo em torno
de 29,7%. A Aneel entendeu que esse reajuste seria da ordem de 14%. Essa é a
realidade dos fatos, se a Cemig ou qualquer outra divulga de maneira diferente
não temos relação com isso”, disse Rufino.
Ainda
segundo Rufino, a empresa tem liberdade para aplicar um aumento menor que o
autorizado. “A distribuidora tem a
prerrogativa, se desejar praticar um preço menor, de conceder desconto. Algumas
empresas já fizeram isso. Ela só não pode privilegiar ninguém, tem de dar
desconto a todos”.
O
texto do comercial da Aneel diz ser “falsa a afirmação da Cemig de que o
reajuste na conta de luz dos mineiros é decidido pelo governo federal”. O
anúncio do governo diz ainda que os mineiros pagam até 30% de ICMS na sua
tarifa de energia, o maior índice do país.
Via
O Povo