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Martin Luther King (1929-1968) em seu discurso na Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, em 28 de agosto de 1963. (Foto: Arquivo O POVO Doc).
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Michael
King talvez não traga a lembrança de um importante ícone na luta racial. Mas
"I have a dream" (Eu tenho um sonho), certamente, são palavras que
eternizaram na memória da humanidade a existência e essência de um ativista
político norte-americano. Martin Luther King Jr. (1929-1968), nascido em
Atlanta, cidade mais populosa e capital da Geórgia, faria 90 anos nesta
terça-feira, 15. Em quatro de abril do ano passado, completou 50 anos de seu
assassinato.
Com
um legado singular e de forte resistência na luta pelos direitos civis de
pessoas negras nos Estados Unidos da América (EUA), King Jr. é filho de Alberta
Williams King e do pastor batista Martin Luther King (1899-1984). Formou-se no
curso de Teologia, na Universidade de Boston, em 1951. Atuou como pastor,
seguindo a religião dos pais, cristãos protestantes.
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Notícia veiculada no Jornal O POVO em 15 de janeiro de 1964. (Foto: Arquivo O POVO Doc) |
Durante
a década de 50, foi instrumento de consciência e enfrentamento contra a
segregação racial e social nos EUA. Seu legado é célebre. Fazia uso de métodos
pacíficos, pois tinha no líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) e na teoria
da desobediência civil de Henry David Thoreau (1817-1862) fontes de inspiração.
Foi ele quem recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pela luta contra a desigualdade
racial, em 14 de outubro de 1964.
Estopim
Na
cidade de Montgomery, capital do estado do Alabama. Na volta do trabalho para
casa, 1º de dezembro de 1955 marcou o episódio em que a costureira e ativista
negra Rosa Parks (1913-2005) foi presa e multada por ocupar um assento
reservado para pessoas brancas dentro do ônibus. Ela se recusou a ceder a
cadeira. Na época, os negros só podiam ocupar os últimos lugares, de acordo com
determinação da lei. O protesto de Parks, apesar de silencioso, foi disseminado
rapidamente. Já que o Conselho Político Feminino organizou um movimento contra
os ônibus urbanos.
Foi,
então, o estopim para o engajamento e a liderança de Martin Luther King Jr. no
movimento antirracista e reivindicação pelos direitos civis das pessoas negras.
Quando apoiou a ação, milhares de negros passaram a caminhar quilômetros a
caminho do trabalho, causando prejuízos às empresas de transporte.
O
ato durou 382 dias, tendo fim no dia 13 de dezembro de 1956. Foi quando a
Suprema Corte norte-americana aboliu a separação racial nos ônibus de
Montgomery. No dia 21 de dezembro de 1956, Martin Luther King e Glenn E. Smiley
(1910-1993), também líder de direitos civis branco, entraram e ocuparam juntos
a primeira fileira do ônibus.
Em
1957, fundou a Conferência da Liderança Cristã do Sul e Luther King foi o
primeiro presidente. Por intermédio, organizou campanhas pelos direitos civis
dos negros. Em 1960, conquistou o acesso de pessoas negras em locais do
cotidiano, como bibliotecas, lanchonetes e parques públicos.
"I have a dream"
"I
have a dream". Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos um dia viverão
em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim por seu
caráter”, é uma de suas frases mais lembradas. Em 28 de agosto de 1963, 250 mil
pessoas ouviram seu discurso da Marcha de Washington por Empregos e Liberdade,
eternizando até hoje a força da trajetória do ativista na humanidade.
Seu
último discurso foi “I've been to the mountaintop” (Eu estive no topo da
montanha) na noite do dia três de abril de 1968, na sede mundial da Igreja de
Deus em Cristo, na cidade de Memphis. A mensagem foi um apelo à união entre os
ativistas negros e à não-violência nos protestos.
Em
1983, a lei, introduzida pelo deputado democrata John Conyers, em prol do
Martin Luther King Day (MLK Day) - Dia de Martin Luther King, foi sancionada
pelo então presidente Ronald Reagan (1911-2004). A data tornou-se feriado
nacional nos Estados Unidos em 1986 e é comemorado toda segunda semana de
janeiro por mais de 50 estados norte-americanos.
Gerou incômodo
Seu
engajamento político provocou represálias de autoridades e grupos racistas,
como o Ku Klux Klan (fundado em 24 de dezembro de 1865 nos EUA). Com ele,
membros do Partido dos Panteras (Black Panther), de forte atuação entre 1966 a
1982, e o ativista negro de direitos humanos Malcolm X (1925-1965), sofreram
violência. Martin Luther King, entre seus feitos, causou incômodo pelo seu
ativismo.
Aos
39 anos, no dia quatro de abril de 1968, há 50 anos, foi assassinado enquanto
descansava na sacada de um hotel, na cidade de Memphis. Na época, apoiava uma
greve dos agentes de limpeza da região. O tiro que interrompeu sua vida, não
encerrou o que de importante e necessário ele trouxe para o mundo, uma luta que
não era somente dele, mas de todos os negros na humanidade. (Com pesquisa
história de Fred Souza/ O POVO Dados).