Impossível
não comentar o famoso panelaço realizado por setores de classe média e alta de
algumas cidades do sul, sudeste e centro-oeste do país, durante o
pronunciamento da presidenta da república, realizado domingo último em rede
nacional.

Porém,
para quem testemunhou — felizmente não de corpo presente, com receio de ser com
eles confundido — a Presidenta Dilma ser mandada tomar no c… e vaiada por um
público maciçamente de classe média e alta durante a abertura dos jogos da Copa
de 2014, deixando o mundo inteiro boquiaberto, para dizer o mínimo — sim,
aquela Copa que não iria acontecer, onde haveria quebra-quebra, os ônibus,
metrôs e trens não funcionariam, os aeroportos não ficariam prontos, etc. —,
depois o hino chileno ser vaiado durante a solenidade que precedeu ao jogo
disputado pelo Chile com o Brasil (que vergonha!), confesso que não vi nada
demais no panelaço ou nas vaias. Claro que o som das vaias e panelas não lhes
satisfazem, e o xingamento machista execrável haveria de vir: vaca!, bradaram
os covardes.
Mas
como dizia, o panelaço e as vaias são próprios da democracia. O que me deixa
intrigado, tentando considerá-los resultantes de uma construção mental
racional, é contra o quê, exatamente, batiam.
Seria
porque em apenas dois meses de governo Dilma há maior transferência de renda do
que a soma dos oito anos de mandado do governo FHC? Seria porque a empregada
doméstica de alguns teria passado no ENEM e a filha dos patrões, não? Seria,
ainda, porque mais de quarenta milhões de brasileiros teriam ingressado na
classe média, a viajar de avião até para o estrangeiro, sentados na poltrona ao
lado da irresignada paneleira? Ou simplesmente seria porque a corrupção, ao ser
combatida como jamais o foi antes do governo Lula, ao atingir servidores
subalternos e altas autoridades do país atingem, também, os que lhes fornecem o
combustível à sua existência, a propina milionária, o financiamento empresarial
de campanha?
Há
alguns anos atrás tentaram mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, reduziram
o seu papel e pretendiam entregá-la, completamente, ao capital privado. As
denúncias de corrupção não iam à frente. Veio o governo Lula e a Petrobras
tornou-se umas das maiores empresas petrolíferas do mundo.
Agora,
o maior vício de que padece boa parte dos brasileiros, a corrupção, está sendo
de lá extirpada, espera-se com a amplitude necessária.