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Em discurso curto, Aécio se despede com citação a São Paulo e sem falar de Minas


Pouco tempo depois de confirmada a reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais deste domingo (26), seu adversário no segundo turno, senador Aécio Neves (PSDB), deslocou-se da casa de sua irmã Andréa Neves, na região sul de Belo Horizonte, para um hotel no centro da capital mineira, onde fez um brevíssimo pronunciamento sobre o resultado final do pleito. Antes da divulgação da apuração, às 20h, Aloysio Nunes, José Serra e outros grão-tucanos já se reuniam na capital mineira para dar apoio ao candidato em seu discurso, de derrota ou vitória.

O candidato Aécio Neves, em coletiva após o anúncio oficial
da vitória de Dilma no segundo turno.
Acompanhado da esposa, de seu candidato a vice, a quem fez agradecimento especial, do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) e do senador eleito José Serra (PSDB-SP), Aécio agradeceu aos quase 50 milhões de eleitores que teve, para, em seguida, dizer de sua satisfação com a campanha realizada, com propostas indicando um caminho de mudança para o país.

Aécio guardou ainda duas "indiretas" para seu último discurso. A primeira, em sintonia com a análise da imprensa tradicional, reforçou a idéia de que o resultado mostra que existe um país "rachado", ao prometer que seguirá em seu mandato como senador para "unir o país em torno de um projeto honrado e de transformação". Aécio será o primeiro candidato derrotado à presidência a continuar com um mandato após o pleito. Ele segue no Senado, com vaga por Minas Gerais, até 2018.

A segunda indireta veio na forma de omissão: em seu pronunciamento, Aécio não fez a habitual menção especial ao povo mineiro. No entanto, após informar a pequena plateia de jornalistas e correligionários tucanos de que já havia telefonado a Dilma para parabenizá-la por sua reeleição, Aécio encerrou sua fala citando São Paulo: "Combati o bom combate, cumpri a jornada, guardei a fé".

O Santo Católico batiza o estado onde o tucano teve sua vitória mais expressiva, levando-se em conta que trata-se do maior colégio eleitoral do país: foram 15 milhões de votos, contra 8 milhões de votos para Dilma Rousseff. Em Minas Gerais, no entanto, estado governado por Aécio e seu sucessor Antonio Anastasia (PSDB) desde 2003, O tucano perdeu novamente, assim como no primeiro turno: foram 5,9 milhões de votos para a petista contra 5,4 milhões para o tucano. No primeiro turno, Aécio recebeu 4,4 milhões de votos, contra 4,8 milhões de votos de Dilma.

Via Diário do Centro do Mundo

Datafolha e Ibope apontam vitória de Dilma Rousseff


A presidente Dilma Rousseff (PT) chegou à véspera da eleição com 53% das intenções de votos válidos, contra 47% de Aécio Neves (PSDB), segundo o Ibope. A diferença está fora da margem de erro, de 2 pontos, para mais ou para menos. No levantamento anterior, concluído na quarta-feira, Dilma tinha 54% e Aécio, 46%. A última pesquisa antes da votação do 2.º turno, neste domingo, 26, foi feita na sexta-feira e no sábado.

Em votos totais, Dilma continuou com 49% das intenções, enquanto Aécio passou de 41% para 43%. Esses dois pontos a mais vieram dos brancos e nulos, que oscilaram negativamente de 7% para 5%. Os indecisos permanecem em 3%. Eles só vão se decidir praticamente no momento de votar.

A pesquisa mostra uma interrupção da tendência de crescimento que as intenções de voto em Dilma apresentaram entre a semana passada e quarta-feira. Como é um ponto isolado na curva, não é possível saber se a diminuição da diferença entre a petista e o tucano indica uma reversão da tendência em favor de Aécio ou se é apenas uma oscilação estatística. Mas pode ser que parte dos eleitores descontentes que antes pretendiam anular tenham decidido pelo voto útil em Aécio.

Entre uma pesquisa e outra houve o debate presidencial na TV Globo, na noite de sexta-feira, que alcançou 30 pontos de audiência – média alta para o horário. Durante o debate, o tucano questionou a presidente sobre denúncia publicada na revista Veja, segundo a qual o doleiro Alberto Youssef teria dito em depoimento à Justiça que Dilma sabia da corrupção na Petrobrás. A presidente refutou a acusação e disse que processaria a publicação por injúria e calúnia.

Também o Datafolha apresentou uma nova pesquisa, com entrevistas realizadas nesta sexta (24) e neste sábado (25). Ela mostra que o segundo turno da eleição presidencial chega ao final com uma disputa bastante acirrada.

Na conta dos votos válidos, Dilma marcou 52%, Aécio alcançou 48%.

Trata-se de um empate técnico no limite máximo da margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos.


Com Diário do Centro do Mundo/Estadão

Economia e Reforma Política marcam último debate entre Dilma e Aécio


Esperado como o ápice de uma eleição marcada por alto grau de tensão, o debate presidencial realizado pela Globo encerrou três meses de campanha com diferença marcante entre os dois candidatos. Atrás nas pesquisas de intenção de voto, Aécio Neves (PSDB) retomou a agressividade que marcou o encontro realizado na semana anterior pelo SBT, buscando as últimas cartadas para modificar o quadro favorável a Dilma Rousseff (PT).

Aécio e Dilma, antes do debate que encerrou a campanha
presidencial 2014 e que reforçou diferenças de projetos.
Essa campanha vai passar para a história como a mais sórdida da história do nosso sistema democrático”, abriu o tucano, seguindo o roteiro para um dia marcado pela denúncia feita pela revista Veja de que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham ciência de um esquema de propinas feito com verbas da Petrobras.

A petista seguiu a linha que havia guiado no vídeo exibido em programa eleitoral exibido no horário da tarde, acusando a publicação do grupo Abril de buscar um “golpe”. “É fato que o senhor tem feito uma campanha extremamente agressiva a mim e isso é reconhecido por todos os eleitores. Agora, essa revista, que fez e faz sistemática oposição a mim, faz uma calúnia e uma difamação do porte que ela fez a mim e o senhor endossa a pergunta”, afirmou. “O povo não é bobo, candidato. O povo sabe que está sendo manipulada essa informação porque não foi apresentada nenhuma prova.”

Com a falha na primeira carta na manga, Aécio sacou a segunda, afirmando ter novos documentos sobre o financiamento brasileiro ao porto de Mariel, em Cuba. Ele disse que os dados, guardados sob sigilo, revelam que o empréstimo será pago excepcionalmente em 25 anos, contra um prazo de 12 usado corriqueiramente. Dilma reiterou o que havia dito em outras ocasiões: o empréstimo é para uma empresa brasileira, a Odebrecht, e não para Cuba, e garante a criação de empregos para brasileiros.

Voltando à questão moral, tema que balizou a campanha tucana, Aécio perguntou a Dilma a opinião dela sobre o mensalão. “Se o senhor me responder por que o chamado mensalão tucano mineiro até hoje não foi julgado, por que o senhor Eduardo Azeredo (ex-governador de Minas Gerais pelo PSDB) pediu renúncia do seu cargo para o processo voltar para a primeira instância, o senhor estaria de fato sendo uma pessoa correta”, respondeu a petista. “O senhor é o primeiro a falar de corrupção, mas posso enumerar os casos de vocês que não foram investigados.”

Ainda na seara partidária, a principal diferenciação entre os dois candidatos se deu na temática da reforma política, levantada por Aécio, que voltou a advogar o fim da reeleição, proposta aprovada no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Dilma respondeu que esta não é uma questão central, e apresentou uma lista de propostas: fim do financiamento empresarial privado de campanha, paridade de candidaturas entre homens e mulheres, fim da coligação nas eleições proporcionais.

Se de fato o senhor está interessado em combater a corrupção a proposta é o fim do financiamento empresarial das campanhas. porque com o fim do financiamento empresarial, acabaremos com a influência do poder econômico nas eleições”, ressaltou. “Acho que o senhor não tem interesse na reforma política porque a única coisa que o senhor fala é sobre reeleição.”

A senhora é contra o financiamento privado?”, questionou o tucano. “Contra o financiamento empresarial”, respondeu a petista. “O seu partido, o PT, recebeu R$ 80 milhões em doações empresariais, candidata”, rebateu Aécio. “Seu partido não tem autoridade para falar sobre isso. Sua campanha é uma campanha milionária.”

Economia e gestão

Se prometia ser interessante para fugir da mesmice, a ideia da Globo de escolher eleitores indecisos para que fizessem perguntas acabou deixando mornos dois dos quatro blocos do debate. As questões selecionadas por vezes eram genéricas, por vezes traziam lugares comuns que pouco contribuíam para trazer questões novas, ainda mais depois de cinco encontros no primeiro turno e quatro no segundo.

No geral, Dilma e Aécio marcaram diferenças na economia e na gestão pública. Ela, ao comparar seu governo com o de FHC e com as marcas do adversário como governador de Minas. Ele, ao voltar a prometer eficiência e meritocracia na administração.

Dilma buscou expor o passado do PSDB na economia, especialmente na questão do alto desemprego, e recordar que o presidente do Banco Central de Fernando Henrique, Armínio Fraga, é o ministro da Fazenda de um eventual governo Aécio. “O seu governo afugentou os investimentos e a inflação, infelizmente, está de volta. A situação do Brasil é extremamente grave, e é preciso que a senhora reconheça isso”, respondeu o tucano.

No caso da inflação, você pode ter certeza de que é meu compromisso o controle da inflação”, rebateu a petista. "Vocês chegaram à obra prima de aumentar imposto e deixar uma dívida pública muito maior do que a que vocês receberam. Não há termos de comparação entre o que vocês fizeram e o que nós fizemos."

A comparação entre os governos FHC e Lula e Dilma despertou respostas repetidas das duas partes. “A grande verdade é que quem olha muito para o passado, ou quer fugir do presente, ou não tem nada a apresentar para o futuro”, disse Aécio, ao responder a pergunta sobre o setor agrário.

Vocês deixaram a agricultura a pão e água. Uma pessoa fala para o futuro, mas tem de mostrar suas credenciais. Quando falo para o futuro, mostro as minhas credenciais”, respondeu Dilma. “Me desculpa, mas o senhor falou, falou, e não apresentou nada de concreto. Nem para o presente, nem para o futuro.”

Ela buscou novamente marcar diferenças de modelos de gestão ao perguntar a Aécio sobre a falta d’água em São Paulo, assunto que já havia sido tratado no encontro da Record, no domingo.

O que estamos tendo não é apenas em São Paulo. Estamos tendo em toda a região Sudeste falta de água”, afirmou Aécio, para novamente acusar a Agência Nacional de Águas (ANA) de não atuar da forma correta na crise paulista, tema que foi central na última semana do segundo turno. “Esse aparelhamento da máquina pública é a face mais perversa do seu governo e do governo anterior. Os técnicos são nomeados por critérios políticos.”

A presidenta recordou que a responsabilidade constitucional pela gestão dos recursos hídricos é dos estados e que o único projeto apresentado neste setor ao governo federal por Geraldo Alckmin, do PSDB, recebeu financiamento da União. “Não planejar no estado mais rico do país é uma vergonha. Uma vergonha. Os estados do Nordeste estão enfrentando a mesma seca e em nenhum deles há um caso dessa gravidade.”

Dilma e Aécio fazem neste sábado os últimos atos de campanha. A petista vai a Porto Alegre (RS), onde vota no domingo, para uma caminhada com correligionários. Aécio viaja a São João del Rei, em Minas, onde visitará o túmulo do avô, Tancredo Neves.


Via Rede Brasil Atual

Ibope aponta vantagem de 08 pontos de Dilma em relação a Aécio


O Ibope divulgou na tarde desta quinta-feira (23) uma nova pesquisa para o segundo turno da eleição presidencial. O Instituto aponta vitória de Dilma Rousseff (PT) com 54% dos votos válidos. Aécio Neves (PSDB) tem 46%. Em relação ao levantamento anterior, Dilma cresceu cinco pontos e Aécio caiu os mesmos cinco. Para calcular esses votos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.

Em votos totais, quando são incluídos brancos, nulos e indecisos, o resultado é: Dilma 49% e Aécio 41%. Brancos e nulos somam 7% e 3% estão indecisos. Nos votos totais, Dilma cresceu seis pontos e Aécio caiu cinco.


Veja o gráfico abaixo e, em seguida, índices de rejeição e espontânea:

REJEIÇÃO

O Ibope também perguntou em quem o eleitor “não votaria de jeito nenhum”. De acordo com a pesquisa, Aécio Neves é o candidato mais rejeitado, com 42% de rejeição. Dilma Rousseff é rejeitada por 36%.

ESPONTÂNEA

Na modalidade espontânea, aquela em que os nomes dos candidatos não são apresentados para o entrevistado, Dilma lidera com 47%, enquanto Aécio tem 39%. Brancos e nulos somam 7% e indecisos são 6%.

OTIMISMO

Para 51% do eleitorado, Dilma sairá vitoriosa; 38% acreditam que Aécio ganhará; 10% não sabem ou não responderam.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 203 municípios entre os dias 20 e 22 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


Via Pragmatismo Político

Penúltimo debate presidencial tem tom menos agressivo e repetição de temas


O penúltimo debate entre os candidatos à presidência da República marcou uma inflexão no tom utilizado por Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Se no encontro do SBT, realizado na quinta-feira, ambos apostaram na agressividade, o evento organizado pela Record teve um retorno à discussão de propostas. A mudança não necessariamente abriu espaço a discussões novas: no centro da pauta estiveram as comparações entre gestões tucanas e petistas e o tema da corrupção.

Dilma e Aécio no estúdio da TV Record para o debate presidencial: penúltimo confronto direto
A escolha de Dilma para a primeira pergunta, a respeito do microempreendedor individual, sinalizou que o debate seria marcado por uma diminuição de tom. Na resposta, Aécio elogiou a escolha da adversária e repetiu uma tática que vem adotando desde o começo das eleições, dizendo que as principais iniciativas do PT são heranças do PSDB. "Agradeço a qualidade da sua primeira pergunta e aproveito para dizer que é isso mesmo: governar é aprimorar as boas ideias", provocou.

Sem a agressividade em jogo, a comparação entre os governos Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e Lula e Dilma, do PT, voltou a ganhar espaço, repetindo o que ocorrera no encontro realizado pela Band. A presidenta recordou a tentativa da gestão tucana de votar no Legislativo, em 2001, um projeto que transformava direitos trabalhistas em questões a serem debatidas diretamente na relação entre patrão e funcionário. "Este projeto, no entanto, o presidente Lula foi eleito e enterrou este projeto. Vocês naquele momento conseguiram um recorde nacional e internacional: 11 milhões e 500 mil trabalhadores desempregados no Brasil".

Aécio respondeu que tem um histórico de respeito aos direitos trabalhistas e voltou a repetir que vai discutir uma alternativa ao fator previdenciário, criado em 1999 pelo governo FHC, do qual foi deputado e presidente da Câmara. "Mais uma vez eu a convido: vamos debater o presente, vamos apontar caminhos para o futuro", afirmou. "O que seu governo vai fazer para que o Brasil volte a crescer, saia da lanterna do crescimento na região? As pessoas estão extremamente preocupadas com o futuro".

As considerações finais marcaram também uma diferença clara entre o que buscam Dilma e Aécio para vencer uma eleição tão acirrada. “Dois projetos de Brasil estarão em jogo. Um que garantiu avanços e conquistas para todos. Outro que condenou o povo brasileiro ao desemprego e ao arrocho salarial. O Brasil que eu represento é um Brasil que quer que todos cresçam”, afirmou a petista, que claramente escolheu mandar uma mensagem aos eleitores que enxergam na ascensão social uma conquista individual: “Ninguém é uma ilha nem ninguém consegue crescer sozinho. Você cresceu porque o Brasil mudou. Pra vida mudar foi preciso governar olhando para todos os brasileiros.”

Também na busca por uma mudança de rumos que desequilibre a balança, Aécio chegou a mirar o voto do Nordeste, região na qual sofre sua pior derrota para o PT, acusando o governo de atrasar obras importantes para os nordestinos. Nas considerações finais, novamente evocou a ideia de que a má gestão é o traço central do governo da adversária. “Temos, sim, dois projetos para o país. Um representado pela candidata oficial, que se contenta em comparar o presente com o passado, talvez sem ter muito a apresentar para o futuro.”

A disputa na seara econômica teve tema batido com a retomada, por Aécio, da questão da inflação, que vem pautando sua campanha desde o início. O candidatou voltou a criticar a afirmação da adversária de que os preços estão sob controle, comparando o Brasil aos casos de Chile e México.

Dilma afirmou que é descabida a comparação entre um país do tamanho do Brasil e alguns de seus vizinhos, e recordou que empregos foram mantidos, mesmo em um cenário de crise internacional. A respeito da inflação, ela voltou a demarcar diferença com a proposta do eventual ministro da Fazenda de Aécio, Armínio Fraga, que promete uma taxa de 3% ao ano até o final do mandato - atualmente a meta vai de 2,5% a 6,5%, mais frequentemente próxima do topo do limite.

"Considero muito grave a taxa de 3% de inflação porque vai repetir a velha história de desemprego. Porque para ter 3% vocês vão triplicar o desemprego, ele vai a 15%, vocês vão aumentar a taxa de juros", acusou, recusando a ideia de Aécio de que não se deve debater o passado. Ela considera preocupante que a figura central da economia num eventual governo tucano seja Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC e que nos últimos anos se dedica a ser consultor de bancos e de investidores do mercado financeiro. "Vocês sempre gostaram de plantar inflação para colher juros. Essa sempre foi a sua política. E vocês governaram, sim, o Brasil. O governo Fernando Henrique Cardoso, você foi liderança. Não lave suas mãos. Você tem responsabilidade e tem de responder por elas."

Corrupção

A questão da corrupção novamente apareceu como um dos temas centrais do debate. Também sem novidades no tom do discurso. De um lado Aécio evocou denúncias contra a Petrobras para dizer que há um problema grave de gestão e que o PT elevou os desvios na administração pública a níveis inéditos. De outro, Dilma recordou escândalos envolvendo quadros do PSDB que acabaram engavetados e afirmou que em sua gestão as instituições têm autonomia para investigar.

Por que ao longo de todos esses anos não se tomou nenhuma providência para impedir que essas ações continuassem?”, indagou o tucano, citando especificamente se Dilma confia no tesoureiro do PT. João Vaccari Neto foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como intermediário de pagamento de propinas.

A petista recordou que o mesmo delator citou o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra como distribuidor de pagamentos no Congresso para esvaziar uma CPI ocorrida em 2009. Dilma afirmou ainda que Aécio disse que não se pode confiar na palavra de um criminoso sob acordo de delação premiada quando os desvios envolviam políticos do PSDB no esquema do Metrô de São Paulo, mas agora parece dar confiança a tudo que diz Costa. Ela prometeu tomar providências quando as investigações forem concluídas, sem se precipitar em julgamentos que depois de mostrem equivocados.

Agora, a minha diferença pra você é que mandei investigar quando soube que tinha essas características”, afirmou. “Nunca impedi a investigação. Nunca impedi que falassem, que olhassem ou que verificassem o que estava acontecendo.”

Em nova pergunta sobre a Petrobras, Aécio buscou demonstrar que a má gestão prejudicou trabalhadores que decidiram investir em ações da empresa por estímulo do governo Lula. “Acho estarrecedor”, respondeu Dilma. Ela recordou a mudança de nome, de Petrobras para Petrobrax, como um caminho para a privatização, e declarações dadas por Aécio no final do governo FHC no sentido de transferir rapidamente o controle da empresa. “Vocês venderam 30% da Petrobras a preço de banana. Na época a Petrobras valia R$ 15,5 bilhões. Hoje a Petrobras passou do patamar de R$ 100 bilhões. Vocês não têm a menor moral de falar de valor da Petrobras.”

O tucano prometeu melhorar a maior estatal brasileira com “profissionalização” da gestão, mesmo argumento de que se valeria no debate sobre o papel dos bancos públicos. Aécio afirmou haver um “grande terrorismo” em relação ao que se fará com essas instituições em seu eventual mandato. “Fizemos as privatizações que precisavam ser feitas, e os bancos públicos vão ser fortalecidos no nosso governo”, defendeu.

Na resposta, Dilma novamente recordou declarações dadas recentemente por Armínio Fraga, que, em debate com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicitou seu desejo de diminuir o papel dos bancos públicos. “Terrorismo é o que faz seu candidato a ministro da Fazenda. Quando alguém diz que no fim não sabe o que vai sobrar dos bancos públicos, eu se fosse funcionário do BB, da Caixa ou do BNDES ficava com as três pulgas atrás da orelha.”


Via Rede Brasil Atual

Aécio Neves e mais 60 candidatos são financiados por empresas que praticam trabalho escravo


Empresas flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão doaram dinheiro a 61 candidatos que disputam a eleição deste ano. Outros seis candidatos são, eles próprios ou suas famílias, donos de empresas que submeteram trabalhadores a esta situação. O levantamento foi feito pela ONG Transparência Brasil e considera todas as doações feitas a estes políticos entre 2002 e este ano, levando em conta a prestação de contas parcial divulgada no início de setembro pelos candidatos.

O único candidato à presidência na lista da instituição é o candidato à presidência Aécio Neves (PSDB). Os candidatos ao governo são Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Fernando Pimentel (PT-MG), Marconi Perillo (PSDB-GO), Tião Viana (PT-AC) e Wellington Dias (PT-PI). Entre os postulantes ao Senado, estão na lista Antônio Anastasia (PSDB-MG), Helenilson Pontes (PSD-PA), Mário Couto (PSDB-PA), Paulo Rocha (PT-PA), Perpétua Almeida (PC do B-AC) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Os partidos com o maior número de candidatos financiados por estas empresas são o PSDB, com 11, o PT, com 10, e o PSD, com 8. A lista ainda pode aumentar com as novas doações, já que a totalidade delas só será conhecida após a eleição, em novembro deste ano.

Já os candidatos que a família possui empresas onde foram flagrados casos de trabalho escravo são: João Lyra (PSD-AL), Camilo Cola (PMDB-ES), Urzeni Rocha (PSD-RR), Camilo Figueiredo (PR-MA), Camilo Figueiredo Filho (PC do B-MA) e Janete Riva (PSD-MT), que anunciou sua candidatura após a renúncia do marido, José Riva (PSD-MT), barrado pela Lei da Ficha Limpa.

As empresas da lista que mais financiaram campanhas foram a Laginha, com R$ 4.371.006, a Marabá, com R$ 3.047.310, e a Eplan, com R$ 872.410.

Metodologia

A organização cruzou os dados de seus projetos sobre doações eleitorais (Quem Quer Virar e Às Claras) com a ‘lista suja’, divulgada semestralmente Ministério do Trabalho e Emprego. A lista do ministério inclui empresas e cidadãos em cuja propriedade tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos ao trabalho escravo. A Transparência Brasil também buscou os nomes de donos, sócios e administradores à época do flagrante entre os doadores.

O Código Penal considera trabalho análogo a escravidão “a submissão de empregados a trabalhos forçados ou jornada exaustiva, condições materiais ou psicológicas degradantes (violando sua dignidade e seus direitos fundamentais), restrição de locomoção (como cerceamento de meios de transporte e retenção de documentos ou objetos pessoais), servidão por dívida e vigilância ostensiva a fim de reter o empregado no local.”

Atualmente, deputados e senadores tentam afrouxar o conceito de trabalho escravo descrito no código. Este movimento é uma reação à aprovação de uma emenda à constituição que destina à reforma agrária (no campo) ou à moradia (na cidade) os locais onde forem encontrados trabalhadores escravos.



Com Pragmatismo Político/Carta Capital

Aécio Neves será julgado por desvio de R$4,3 bilhões da saúde


Por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, período em que ele foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer ainda esse ano. Se culpado, o senador ficará inelegível.

Desde 2003, a bancada estadual do PT denuncia essa fraude e a falta de compromisso do governo de Minas com a saúde no estado. Conseqüência disso é o caos instaurado no sistema público de saúde, situação essa que tem se agravado com a atual e grave epidemia de dengue.

Recurso

Os desembargadores Bitencourt Marcondes, Alyrio Ramos e Edgard Penna Amorim negaram o provimento ao recurso solicitado por Aécio Neves para a extinção da ação por entenderem ser legítima a ação de improbidade diante da não aplicação do mínimo constitucional de 12% da receita do Estado na área da Saúde.

Segundo eles, a atitude do ex-governador atenta aos princípios da administração pública já que “a conduta esperada do agente público é oposta, no sentido de cumprir norma constitucional que visa à melhoria dos serviços de saúde universais e gratuitos, como forma de inclusão social, erradicação e prevenção de doenças”.

A alegação do réu (Aécio) é a de não ter havido qualquer transferência de recursos do estado à COPASA para investimentos em saneamento básico, já que esse teria sido originado de recursos próprios. Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?


Com Revista Fórum/Pragmatismo Político

Definido: Aécio “Never”, o “Radical”, é formalizado como candidato a presidência


O discurso de Aécio Neves na convenção que formalizou sua candidatura e o clima geral do evento revelam um interessante processo político.

A direita está radicalizando o processo eleitoral como não se via desde a eleição de Fernando Collor, em 1989.

Aécio Neves é oficializado como candidato a presidência.
Aécio parece estar se esmerando em repetir a gestual e a retórica daqueles tempos de “não me deixem só”…

A história, entretanto, apenas finge que se repete, porque rios carregam a mesma água mas não correm por terrenos iguais.

O radicalismo depende de crises profundas para ser bem sucedido.

O que, exceto na histeria jornalística, não parece ser o caso do Brasil neste momento e, nos próximos meses, parecerá ainda menos.

Dependem também de não existirem posições entre o sim absoluto e o não total.

Eduardo Campos, pelas posições odiosas em relação que assumiu em relação ao governo do qual, até ontem, fazia parte e, ainda, pelo evidente artificialismo de sua aliança com Marina Silva, escolheu não ser um caminho alternativo. O esvaziamento evidente de de sua candidatura, que nenhuma pesquisa manipulada conseguirá esconder,  mostra isso.

Os tucanos, entretanto, parecem ter aberto mão de se abrir ao centro.

Parecem, ao contrário, ter conseguido o paradoxal.

Deixar de ter Serra como candidato para praticar uma campanha mais odiosa e feroz.

Para falar em linguagem futebolística, nestes dias de Copa, o PSDB apela para o chutão contra um adversário que, como é evidente no caso do PT que tem a retranca do governo e um craque capaz de jogar sozinho no ataque, o Lula. Mas que perdeu o meio-campo, a capacidade de articular e ter uma linha intermediária que defenda e ataque.

Aécio Neves vai para as urnas vestido de radical.

O que o leva mais perto do que seria Serra.

E a muito longe do que o levou o neto de Tancredo ser um político eleitoralmente bem sucedido até aqui.


No Nordeste, Aécio quer enganar ao dizer que representa a mudança


O pré-candidato à presidência da República pelo PSDB, senador Aécio Neves, principal representante da direita neoliberal e conservadora e principal adversário da presidenta Dilma Rousseff, aproveitou a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (9) para fazer novos ataques ao governo.

O senador mineiro disse nesta sexta-feira (9), durante encontro com empresários em Maceió (AL), que o resultado da pesquisa Datafolha demonstra “fragilidade do atual governo”. Para o tucano, esta “fragilidade” está em “todas as áreas”. Usando uma retórica como sempre mentirosa, fez críticas vazias ao governo federal: “O conjunto da obra é muito mal feito pelo atual governo”.

Na sequência do périplo, Aécio demonstrou a sua desfaçatez ao tentar vender a imagem de representante “da mudança”: “É isso que o PSDB representa. Mudança no que diz respeito à compreensão do papel do Estado, mudança na busca da eficiência do setor público, mudança naquilo que para mim é essencial da vida publica, os valores éticos e morais”. Mas Aécio é político do retrocesso, identificado com um dos piores governos de toda a vida republicana brasileira, o de FHC (1995-2002).

As forças democráticas e progressistas brasileiras sabem qual a concepção de Estado defendida por Aécio – o Estado mínimo neoliberal, apanágio da oligarquia financeira e algoz dos trabalhadores. E o povo brasileiro conhece bem o que são os valores éticos e morais dos tucanos que lideraram um dos governos mais corruptos dos últimos tempos que chegou a cometer a imoralidade de aprovar a emenda da reeleição, que favorecia FHC, por meio da compra de votos de parlamentares.

Do lado do governo, a pesquisa Datafolha foi recebida com a maior tranquilidade, até porque a presidenta Dilma lidera os resultados em todos os indicadores.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou, em Cuiabá (MT), durante reunião na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), nesta sexta-feira, que seria muito estranho que agora, com três candidatos de maior potencial, a eleição fosse decidida no primeiro turno, lembrando que o PT e seus aliados não ganharam no primeiro turno em 2002, 2006 e 2010.

O ministro mostrou-se confiante na reeleição da presidenta Dilma. “Não tenho dúvida, com todo respeito aos adversários, que quando a eleição começar e nós conseguirmos mostrar nossa obra nos últimos 12 anos, nos últimos quatro anos, venceremos a eleição”, afirmou.


Via Portal Vermelho/Agência

As estratégias de Dilma, Campos e Aécio



Dilma Rousseff

Em nenhum momento, o governo Dilma Rousseff abandonou as políticas sociais. Pelo contrário, aprofundou-as com o Brasil Sorridente, a manutenção da política de reajustes do salário mínimo e isenções da folha que permitiram a ampliação do mercado de trabalho formal.
Seu problema é a postura política em relação aos movimentos sociais (e não só em relação a eles) e aos sindicatos. Sempre os viu de cima para baixo, ela como um poder concedente, não como uma igual, lembrando muito mais a postura de um Getúlio Vargas do que de um Lula.

Dilma sempre se viu como a defensora dos excluídos, dos setores não organizados – o que é uma característica positiva extraordinária.

Os desassistidos não têm quem os defenda, por vulneráveis são pouco exigentes e, também, extremamente reconhecidos a quem os ajuda.

Já os movimentos organizados são petulantes.

Experimente quebrar lanças em favor de determinado movimento social – ou sindical. Ao final do processo, as lideranças dirão que tudo foi possível devido à sua própria pressão política. Políticos sensíveis à causa jamais concedem; são “obrigados a ceder” graças ao espírito de luta das lideranças do movimento.

É irritante, sim, mas essa petulância é um importante sinal de autoafirmação, daqueles recém chegados ao jogo político. É necessário paciência e maturidade para tratar com eles e acompanha-los em seu processo de amadurecimento, entender e aceitar o jogo político das lideranças.

Dilma não parece ter paciência para esse jogo.

Esse é o busílis da questão, o ponto central de desgaste do estilo Dilma em relação a quase todos os setores organizados da sociedade, de movimentos sociais a empresariais.

No atual estágio de desenvolvimento social brasileiro, há pouco espaço para o estilo concedente de Getúlio. O governante tem que se comportar como o líder articulando forças, tratando as lideranças da sociedade como iguais, sem impor soluções.

Em seu período de governo, Dilma procurou a aliança com os chamados setores produtivos da economia, geradores de emprego e desenvolvimento. Mesmo com todas as políticas em relação ao setor, com a ampliação do crédito público, das compras governamentais, das isenções tributárias, Dilma perdeu a batalha tanto junto ao mercado financeiro como ao empresarial em geral– devido ao seu estilo centralizador.

Com seu discurso de ontem, jogou a toalha em relação à conquista do público empresarial e passou a apostar as fichas nos segmentos populares.

Mas atuou com o mesmo estilo com que contemplou setores industriais: do alto do seu poder de presidente, concedeu aos trabalhadores e miseráveis a correção da tabela do Imposto de Renda, o reajuste do Bolsa Família e a manutenção da política de reajustes do salario mínimo. E tudo isso acompanhado de mudanças radicais na retórica.

Essas mudanças de retórica exigem uma estratégia cautelosa de transição que não foi seguida, para não passar a ideia de oportunismo em um momento crítico da sua candidatura

O discurso tem a vantagem de mostrar que Dilma não está inerte. Rompido o imobilismo, é possível que corrija as vulnerabilidades centrais, a teimosia encruada. Mas, para isso, terá que avançar muito além da retórica e cortar na própria carne –na parte central de seu temperamento e estilo de governar.

A reconstrução da credibilidade passa por mudanças ministeriais, para um Ministério de primeira grandeza, por mudanças no estilo autocrático de gestão, pela criação de instâncias de participação da sociedade dotadas de capacidade efetiva de influir em políticas públicas. E pela capacidade de tratar a chamada sociedade civil organizada – de movimentos sociais a empresariais – como um igual.

Eduardo Campos

Já Eduardo Campos está preso a dilemas complexos.

Sua estratégia inicial era se apresentar como um continuador melhorado do governo Lula. Para ganhar massa eleitoral, no entanto, teve que juntar seus ideólogos nacionalistas aos formuladores mercadistas e antidesenvolvimentistas de Marina Silva.

O discurso popular ficou comprometido e ele passou a dedicar todos os esforços para conquistar o público empresarial.

Não avançou muito. A esta altura, parece claro que os grupos de mídia e os maiores grupos empresariais paulistas fecharam com Aécio Neves.

Campos tem o apoio da ala influente, mas restrita, ligada ao Banco Itaú, e dos apreciadores de seu estilo de gestão, nada muito além disso. Sua última cartada será a mudança física para São Paulo, para um corpo a corpo com o mundo empresarial.

Para conquistar espaço junto a esse público, cometeu a impropriedade, ontem, de prometer uma meta de inflação de 3%, que, se fosse viabilizada, jogaria o país em uma recessão considerável e acabaria com a conquista do pleno emprego.

Foi uma mudança de retórica tão radical quanto a de Dilma. E, por radical, deverá provocar mais desconfianças do que adesões.

Aécio Neves

Conseguiu fechar acordo com a mídia. Tem apoio do mercado financeiro, dos grupos empresariais paulistas e conseguiu a adesão do ainda influente grupo de financistas de Fernando Henrique Cardoso.

Isolou José Serra trazendo para sua campanha alguns dos principais serristas, como Aloysio Nunes, Alberto Goldmann e o inacreditável Andréa Matarazzo – para cuidar das finanças (!).

Serra tentou uma rabeira no bonde através de balão de ensaio empinado pela colunista Sonia Racy – de que FHC estaria bancando sua candidatura para vice de Aécio. É mais fácil a torcida do Atlético torcer para o Cruzeiro do que consumar-se essa dobradinha.

Nos próximos meses, os grupos de mídia concederão a Aécio algo que sempre foi sonegado quando era adversário de Serra: visibilidade para o modelo mineiro de gestão.

Em 2010, os jornais preferiam falar dos problemas de contabilização de gastos de saúde do que nos avanços ocorridos em alguns setores. Hoje em dia, tecem loas aos avanços na educação.

Aécio terá que enfrentar desafios muito maiores.

Não dispõe de nenhuma proposta efetivamente popular e de nenhum plano para o futuro. Mostra o futuro acenando com o passado do governo Fernando Henrique Cardoso.

No plano econômico, limita-se ao financismo estéril da política monetária – que, em qualquer plano de governo, deveria ser apenas um apêndice, não o ponto central.

Na sua luta com Campos – para passar para o segundo turno – irá aprofundar os ataques a Dilma e a levantar a bandeira do moralismo, auxiliado pela onda denuncista dos grupos de mídia.
Serão as eleições mais vazias de ideias das últimas décadas.

Não haverá nem o tempero de José Serra. Com Serra na parada, pelo menos havia uma bandeira civilizatória em jogo: a soma das mentes democráticas contra aquele que passou a simbolizar as forças mais obscurantistas, totalitárias e inescrupulosas do país.

O nebuloso 2015

Os próximos anos não serão de bonança. Não há mais espaço fiscal para benesses, há o aprofundamento dos déficits externos e a necessidade de corrigir preços represados.
Mais que isso. Por obra dos grupos de mídia, mas muito como consequência dos tempos atuais, se aprofundará o descrédito nas instituições e a sensação de que tudo é corrupção.

Os três candidatos inspiram muito mais desconfianças do que certezas na maneira de administrar esse novo cenário.

No caso de Dilma, há o desafio de recuperação da credibilidade perdida junto aos agentes econômicos, que certamente piorou com o discurso de ontem. Ganham-se eleições sem seu apoio; mas dificilmente se governa com a credibilidade baixa junto a eles.

Os desafios de Aécio e Campos são maiores.

Ambos conseguiram montar alianças políticas e impor-se em seus respectivos estados em cima de acordos de cúpula. Praticamente liquidaram com a oposição, enquadraram as respectivas Assembleias Legislativas e a mídia estadual.

Governar um estado – mesmo um estado complexo como São Paulo – é tarefa facílima para um governador. Até Geraldo Alckmin consegue.

Já o jogo político nacional é muitíssimo mais complexo.

A eleição de qualquer um deles significaria um pesado desafio de montagem das novas alianças, de preenchimento dos cargos na máquina pública e, principalmente, de administração política dos conflitos sociais. E, qualquer um que seja eleito, terá de carregar o pesadíssimo fardo da subordinação ao poder reconstituído dos grupos de mídia em um momento em que as redes sociais atrapalharão o atendimento das demandas midiáticas e de aliados.

Aécio acumulou mais experiência nacional com a presidência da Câmara e do PSDB, mas restrita aos acordos de cúpula. Campos restringiu-se ao nordeste.

Lula, com mais facilidade, Dilma com menos, conseguiram estabelecer diálogos com movimentos sociais e permitiram avanços em várias áreas ligadas à inclusão. A panela de pressão não explodiu – inclusive porque as condições da economia facilitaram.

Seja qual for o resultado das eleições, 2015 será ano de muitas emoções.

Até agora, nenhum dos três candidatos conseguiu construir sua utopia para apresentar em forma de plano de governo.

A análise é do Luis Nassif e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político