Universidades africanas existem antes das europeias

 

(FOTO | Reprodução).


Existe um imaginário no Brasil e em grande parte do mundo, de que as universidades são construções brancas europeias quando na realidade existiam universidades antes de existir centros de altos estudos europeus.

O povo africano produziu conhecimentos sofisticados milênios antes de existir universidades na Europa. Temos exemplos de centros de altos estudos no Egito, Etiópia, Mali, Marrocos e Tunísia. Essa informação é muito importante para que se conheça e se questione a ideia de que os brancos trouxeram a civilização para o continente africano quando na realidade o continente africano é a base de todo o conhecimento existente.

Há uma disputa política desde o século 15 para que só uma voz seja reconhecida, essa voz é a da população branca do Ocidente e sua história oficial. No Brasil criou-se um imaginário de que a emoção é negra e a razão branca, mas se analisarmos mais detidamente veremos que os africanos e descendentes de forma coletiva realizavam diversos ofícios do século 16 ao 19, com suas tecnologias ancestrais africanas e legaram soluções em diversas áreas do conhecimento como agricultura, pecuária, arquitetura, mineração, metalurgia, medicina, artes, guerra, esportes, culinária e espiritualidade.

Haviam instituições de ensino superior na África antes do colonialismo asiático e europeu. Essas altas instituições de ensino produziram e transferiram novos conhecimentos pertinentes à sociedade contemporânea para entender o mundo, a natureza, a sociedade, a religião, agricultura, medicina, saúde, literatura e filosofia.

Norte da África: kmt/Kemet/Egito Antigo

Os antigos keméticos, no Vale do Nilo, estabeleceram uma organização de ensino superior – o Per Ankh, que significa “Casa da Vida” – por volta de 2600 a.C. Ficava anexa aos grandes templos do país como Sais, Menfis, Akhetaton, Abidos, Tebas, Edfu, etc. Funcionava como universidade, biblioteca, arquivo ou oficina de cópia de papiros. Seu principal objetivo era a conservação e criação do conhecimento tanto científico quanto espiritual. Servia como instituição cultural destinada a estudos avançados. Entre os ensinamentos ministrados estavam os de medicina, astronomia, matemática, doutrina religiosa e línguas estrangeiras. No século 3 a.C, durante a dinastia ptolomaica, o Serapeum, Mouseion e a Biblioteca de Alexandria serviram como organizações de ensino superior em Alexandria. No Cairo, Al-Azhar, fundada em 970 d.C, está anexa à mesquita homónima. Foi fundada como escola de teologia no Califado Fatímida, em 988, sendo uma das mais antigas universidades do mundo e serve como uma organização de ensino superior até hoje.

Tunísia

A Universidade Ez-Zitouna, em Tunis, fundada em 737 d.C. no Califado Omíada e serve como uma organização de ensino superior. É a mais antiga universidade do mundo em funcionamento.Junto com as disciplinas de teologia – como a exegese do Alcorão (tafsir) – a universidade ensinava fiqh (jurisprudência islâmica, gramática árabe, história, ciência e medicina. Também tinha um kuttab ou escola primária que ensinava os jovens a ler, escrever e memorizar textos religiosos.

Marrocos

Em Fez, Fatima al-Fihri estabeleceu uma mesquita em 859 d.C. que se tornou a organização de ensino superior, a Universidade de al-Qarawiyyin. A educação na Universidade de al-Qarawiyyin concentra-se nas ciências religiosas e jurídicas islâmicas, com forte ênfase e pontos fortes em gramática/linguística árabe clássico eMaliki Sharia, embora também recebam aulas sobre assuntos não islâmicos aos alunos. O ensino ainda é ministrado nos métodos tradicionais. A universidade é frequentada por estudantes de todo o Marrocos e da África Ocidental muçulmana, com alguns também vindos do exterior.

África Oriental: Etiópia

No século 4 d.C. durante o reinado do rei de Axum Ella Amida (ou Ousanas), a Igreja Imperial Axumita serviu como uma organização de ensino superior.

África Ocidental: Mali

No ano de 988 a Universidade de Sankore, construída no Império do Mali sob o reinado de Mansa Musa, começou como a Mesquita de Sankore, serviu como uma organização de ensino superior na cidade de Timbuctu. A Mesquita de Sankore, a Mesquita de Sidi Yahya e a Mesquita de Djinguereber constituem o que é referido como a Universidade de Timbuctu. A Universidade de Sankoré tem suas raízes na Mesquita de Sankoré, que foi construída em 988 d.C. com o apoio financeiro de uma mulher Malinke. Mais tarde, foi restaurado entre 1578 e 1582 d.C. pelo Imam Al-Aqib ibn Mahmud ibn Umar, o Chefe Qadi de Timbuctu. Imam al-Aqib demoliu o santuário e o reconstruiu com as dimensões da Caaba em Meca. A Universidade Sankore prosperou e se tornou um ponto de aprendizado muito significativo no mundo muçulmano, especialmente sob o reinado de Mansa Musa (1307–1332) e a dinastia Askia (1493–1591).

Para que nós povo negro possamos avançar é necessário uma educação que ensine para as novas gerações o real papel do continente africano, berço ancestral, para o desenvolvimento da humanidade. Nunca é demais lembrar que somos a maioria da população brasileira e não podemos aceitar a continuidade de uma educação eurocentrada que esconde a nossa importância para nós e para a humanidade. Brancos existem por volta de 8.000 anos e nós povo negro existimos há pelo menos 300 mil anos! Descolonize-se.

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Com informações da Revista Raça.

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